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Language:
Português brasileiro
Stats:
Published:
2024-12-18
Updated:
2025-06-30
Words:
13,794
Chapters:
3/?
Comments:
56
Kudos:
404
Bookmarks:
69
Hits:
8,447

How Much is Your Life Worth?

Summary:

When Severus Snape disappears without a trace, Hogwarts finds itself immersed in a shadow of uncertainty and unease. The absence of the young Slytherin should have gone unnoticed. Yet, against all expectations, his disappearance reverberates throughout the school, like a whisper in the midst of the silent chaos of the hallways. There are no clues, no goodbyes, no explanations. Just the sudden and terrifying absence of a name that, for so long, seemed to mean nothing.

Questions begin to arise, but the answers seem to slip away. Snape’s absence becomes a painful void, an emptiness that, in its inexplicability, grows and consumes all those around. Hogwarts, which for so long had been seen as a safe haven for its students, now feels the weight of an overwhelming uncertainty. How hard can it be to win the game when you’re playing with one less pawn?

*This fanfic is written by a Brazilian writer. Please use the translator*

Notes:

Essa é minha primeira fanfic nesse fandom e eu já estava nele há um bom tempo, mas devido a autora me afastei por volta de 2012/2014 e estou voltando agora para achar as coisas… bem diferentes com certeza. Não tem muito que eu possa dizer sobre essa fic além de pedir que não criem expectativas de irei manter postagens constantes. Escrevo muito de acordo com a inspiração e o tempo que tenho disponível entre trabalho e faculdade, o que não é muito.

Sobre os personagens: apesar de ser uma fanfic focada no Severus não pretendo isenta-lo de sua própria culpa embora talvez possa soar assim num primeiro momento. Ele passou por muitos traumas que a maioria das pessoas sequer imaginaria e ainda está aprendendo a lidar com isso. Gostaria que essa historia fosse principalmente sobre evolução pessoal e sobre se libertar de algo que nos machuca ao invés de tentar devolver essa dor ao mundo. Sobre busca reconhecimento e validação em si mesmo e não deixar que o medo de uma experiencia ruim lhe prive de conhecer algo novo só porque é intimidador. Todos os personagens terão (dentro das minhas habilidades de escrita) seus erros e acertos apontados e criticados.

Sobre a narrativa: a historia é narrada em terceira pessoa focando principalmente em severus snape vivendo uma vida longe de qualquer um que já o conheceu e livre dos julgamento que isso poderia causar. Haverá momentos focados em outros personagens e como eles tem se desenvolvido depois do desaparecimento de snape. Lily e snape são dois dos personagens que mais assombram a narrativa original e eu queria ver o impacto que causaria um deles não agir conforme o esperado. A narrativa NÃO será linear, ou seja, enquanto hogwarts descobriu recentemente sobre o desaparecimento de snape e tenta entender como ele fugiu, Snape já esta com um plano formado e se estabelecendo lentamente em uma vida isolada (pelo menos é o que ele planeja). A historia provavelmente será longa tendo um foco inicial na investigação e em como snape constrói sua nova vida de forma independente enquanto se mantem fora do radar. Se você gosta de construção de universo como eu será uma delicia, se não paciência. Os personagens iram se encontrar em algum momento no futuro e as coisas ficaram mais agitas a partir daí.

Sobre o snape chines e a mitologia e cultura chinesa: fiz essa escolha porque além de eu pessoalmente sempre ter enxergado o snape como uma pessoa com descendência asiática, acho que a mitologia chinesa seria muito interessante de se explorar no universo de Hogwarts (todas as mitologias na verdade, mas não podemos esperar mito de alguém que batiza uma escola de CASTELO BRUXO e põem a américa latina inteira pra estudar nela), também tem alguns pensamentos da china antiga que eu gostaria de explorar (especialmente a ideia de que não era desagradável um homem ter uma aparecia mais feminina, a relação deles com o cabelo e beleza num geral e todo o pensamento sobre dragões e seitas de cultivo). Se você já leu alguma novel xianxia chinesa ou algum gênero de fantasia sobre cultivação vai tirar de letra, mas caso não não será uma leitura difícil já que parte do processo de amadurecimento do snape envolve justamente ele entender que hogwarts não é o centro do mundo e existem muitas outras formas de se entender e utilizar magia. Além disso vou deixar um pequeno sumario nas notas finais sempre que usar algum termo em mandarim ou latim. Por fim reforço mais uma vez que EU SOU BRASILEIRA, então por mais detalhada que seja minha pesquisa eu ainda posso cometer erros de representação já que estarei retratando uma cultura que não é a minha em um tempo e local que não vivo. Sintam-se livres pra correções respeitosas nos comentários. Qualquer possível gatilho estará escrito nas notas finais com um pequeno resumo da cena. Cada capitulo eu tento fazer com uma musica em mente que é o titulo desse mesmo capitulo. não precisa ouvir enquanto lê se não quiser mas acho uma experiencia bem interessante

Uma boa leitura e nos vemos nas notas finais.

(See the end of the work for more notes.)

Chapter 1: The Other Side Of Paradise

Chapter Text

Não houve sinais quando Severus Snape desapareceu. Ele simplesmente sumiu. Sem rastros ou sinais. Desapareceu tão completamente que até dizer que ele desapareceu não parecia certo. Talvez tenha morrido. Talvez nunca tenha existido. Sua presença sendo apenas um vulto escuro pelos corredores coloridos e agitados do paraíso infantil que Hogwarts havia se tornado. Não havia carta de despedida para amigos (ele tinha?). Não havia carta de suicídio para inimigos (isso ele tinha). Não havia cama revirada, um pé de meia esquecido na fuga ou qualquer pessoa, fantasma ou quadro que o houvesse visto. Não fosse por aquela única cadeira sobressalente na sala de aula, repentinamente vazia, ele não seria mais que imaginação. Claro que um desaparecimento como aquele não poderia passar batido por muito tempo (mas passou). Crianças curiosas faziam teorias. Adultos preocupados faziam perguntas.

 

— Não o viram sair? — As sobrancelhas franzidas de Mcgonagall se tornaram comuns desde que o mistério começou.

— Parece que a senhora também não — Wilhelm respondeu com falsa inocência, seus olhos observavam a fênix do diretor como se fosse a única coisa suficientemente importante para observar.

— Eu não era colega de quarto dele por cinco anos, senhor Wilkes — seus olhos pareciam ter uma resposta muito mais grosseira para dar.

— Que coincidência! Também não fomos — Wilhelm respondeu encarando com seu olhos inocentes e sorriso cínico.

— Meninos, sabemos que todos estão preocupados com o desaparecimento do senhor Snape — Avery riu, desconcertando Slughorn por um momento — mas não podemos encontrá-lo se não sabemos quando ele desapareceu.

A garganta de Mulciber estava seca e ele queria gritar. Não era segredo que quando estava com raiva Mulciber não fazia questão alguma de esconder, mas agora ele queria apenas gritar. Era essa pessoa que era o responsável pela sua casa? Mulciber sabia exatamente quando Severus Snape desapareceu. Quando começou e terminou de desaparecer. Mas ele não diria. Ele não tinha qualquer intenção de ajuda-los a corrigir suas incompetências. Era culpa deles. Era tudo culpa deles. Severus Snape foi embora e a culpa era deles.

— Adoraríamos poder ajuda-los, professores, mas, vejam só que coisa — Avery disse com falso humor — fazia muito tempo que Snape não dormia na própria cama — Avery deu de ombros descontraidamente — talvez tenha achado uma mais confortável. Não sei, ele nunca nos contou.

— Há quanto tempo ele não está dormindo com vocês? — Os olhos de Mcgonagall estavam levemente arregalados e Mulciber quis se convencer de que aquela preocupação era para Snape (nunca seria).

— Hmmm — Wilkes levou o dedo à boca em pose pensativa — Acho que a última vez que o vi lá foi… desde o Dia do Lago, não foi, Mulci? Desde o Dia do Lago ele não apareceu mais, mas já estava levando suas coisas embora antes disso, não era?

— Às vezes ele procurava alguma coisa pelo quarto, lembrava que não estava lá e ia buscar em outro lugar. As primeiras coisas a irem foram os livros e os papeis, depois uma ou outra roupa e depois o baú dele inteiro. Depois do “Dia do Lago” não havia um fio de cabelo lá. Não sabemos para onde ele ia. Nunca perguntamos e ele nunca contou — Mulciber falou pela primeira vez, esperando que aquela resposta pudesse finalmente pará-los de desperdiçar tempo.

— Entendo — Dumbledore falou pela primeira vez. Sua presença tão incomumente silenciosa que era quase esquecida. A repercussão do sumiço de Snape pegou todos de surpresa. As teorias ficavam mais criativas a cada dia e era óbvio que se algo não fosse feito elas encontrariam um caminho para fora dos muros do castelo (já encontraram) — O senhor Snape sempre foi um garoto de talentos notáveis. Parece que acabamos de descobrir mais um… — A risada era leve para aliviar o clima (não funcionou).

 

<<<

 

A alegria típica do café da manhã era contagiante. A agitação da segunda-feira dominava a escola com crianças correndo por todos os lados se preparando para as aulas e os professores acompanhando os pequenos diabos em suas artimanhas criativas. A alegria que tentava resistir desde que Severus Snape foi dado como desaparecido foi varrida para debaixo do tapete assim que o primeiro profeta diário foi desenrolado. As letras grandes e garrafais anunciavam:


MISTÉRIO EM HOGWARTS: CÉSAR PRINCE QUESTIONA SOBRE ESTUDANTE DESAPARECIDO

Por Isabela Montague

Segunda-feira -20 de Novembro de 1976

 

O recente desaparecimento de Severus Snape, estudante da Casa Sonserina, tem gerado grande especulação nos corredores de Hogwarts, apesar de o caso ter sido tratado até agora de maneira interna e discreta. Embora o desaparecimento de Snape tenha ocorrido há dias, não foi até a recente manifestação de César Prince, um dos membros mais notáveis da isolada e antiga família Prince, que o incidente atraiu a atenção pública. A família Prince, conhecida por sua extrema reserva e raras aparições, tem estado no centro das especulações, especialmente porque, até o momento, nenhum pronunciamento oficial foi feito por Alvo Dumbledore, atual diretor de Hogwarts, sobre o desaparecimento do aluno.

Não há informações claras sobre quando ou como ele desapareceu, e, por enquanto, os feitiços de rastreamento e outros métodos mágicos utilizados em sua busca não deram resultado. A única pessoa a demonstrar interesse público no caso foi César Prince, que, sem qualquer explicação clara, se pronunciou recentemente sobre o ocorrido. A relação entre a família Prince e Severus Snape, até o momento, permanece um mistério. Embora especulações sobre uma possível conexão entre os dois circulem, nada foi confirmado oficialmente. A família Prince, por sua história e seus vínculos com magia antiga e poderosa, sempre manteve um perfil discreto, o que faz sua intervenção no caso ainda mais intrigante.

A intervenção de César Prince levantou questões sobre o que está sendo realmente investigado. Por que, afinal, alguém da estirpe dos Prince se interessaria por um aluno como Severus Snape, cuja origem e status social o colocavam em uma posição distante das figuras mais influentes de Hogwarts? E por que a escola, sob a liderança do diretor Dumbledore, não se pronunciou até agora sobre o que ocorreu? A falta de explicações oficiais levanta ainda mais questões sobre o que está sendo deliberadamente ocultado.

Enquanto as autoridades de Hogwarts continuam a lidar com o caso internamente, os bruxos aguardam por uma possível declaração de Dumbledore, cujas palavras podem lançar luz sobre a verdadeira natureza do desaparecimento. A única certeza, por ora, é que a intervenção da família Prince trouxe à tona um mistério que, até então, permanecia no anonimato.

A verdade sobre o desaparecimento de Severus Snape, e o possível papel da família Prince nesse enigma, permanece a maior dúvida que paira sobre a comunidade bruxa. Resta aguardar por mais informações que possam esclarecer esse desconcertante episódio.


Lily não entendia muito de famílias bruxas de sangue puro (e se fosse honesta nem queria). Todas elas queriam tanto parecer importantes que era difícil saber quem realmente era alguém que você não deveria mexer. Na dúvida, ela evitava sangues puros sempre que possível (as vezes ela queria evitar o mundo bruxo). Era mais fácil e não é como se houvesse muitos sangues puros interessados numa nascida trouxa. Ela examinou o jornal mais uma vez. Tinha certeza que já ouviu esse nome nas aulas de história e escritos pelos livros da biblioteca. Ela se perguntou quão importantes eles poderiam ser considerando a sua antiguidade e todos os registros deles em eventos importantes.

Levando em conta que todo o salão estava em silêncio absoluto por um minuto inteiro, Lily compreendeu que com certeza aquela era uma família para se evitar. Ela espiou por cima do jornal a mesa da sonserina, onde estava a maioria esmagadora de sangues puros da escola, não era exagero dizer que alguns pareciam meio mortos com o quão doentiamente pálidos eles estavam. Lily olhou de volta pro jornal como se ele pudesse lhe dar as respostas das perguntas que ela ainda não sabia fazer. O jornal não lhe apresentou nenhuma resposta além do mesmo texto que seus olhos escaneavam. Sua próxima ideia foi olhar os sangues puros que ela conhecia. Mesmo Potter e Black estavam congelados.

Lily olhou para a mesa da sonserina de novo vendo o irmão mais novo de Sirius, Regulus Black, igualmente pálido. Ela sabia que embora Potter fosse rico, sangue puro e descendesse de famílias importantes, a família Potter ainda tinha um longo caminho a percorrer em questão de importância pro mundo bruxo. O que deixou Lily realmente preocupada foi ver ambos os irmão Black agirem com tamanho receio. Sirius e James pareciam entrar numa conversa mental que se tornava mais intensa a cada segundo, enquanto que Regulus ignorava seu café da manhã para escrever às pressas uma carta para alguém que Lily só podia supor ser sua família. Foi a reação desses que disse-lhe o quão importantes os Prince eram.

O caos voltou num nível de desordem que fez Lily temer que as mesas fossem viradas ou alguém fosse esmagado. Parecia-lhe que se alguém tivesse entrado no salão pegando fogo não só passaria despercebido como seria considerado um problema menor. As crianças espalharam-se pelas mesas, os sangues puros de outras casas reuniram-se na mesa da sonserina. As cores de suas gravatas foram esquecidas em favor de entender o que quer que estivesse acontecendo. Pelo canto do olho Lily viu Sirius Black levantar para aparentemente fazer o mesmo, qualquer rixa com seu irmão esquecia em meio ao desespero, antes de Potter puxar-lhe de volta para a mesa e falar algo em tom conspiratório.

Lily sentia que ia passar mal. Estava doente de preocupação e nem sabia com o que. Ela odiava como parecia que, não importa o quanto estudasse, ela nunca saberia o suficiente. Ela podia ver outros estudantes tão confusos quanto ela, todos coincidentemente nascidos trouxas como ela (Ela odiava isso. Se isso é algo tão importante poque eles não sabiam? Por que ela não sabia?). Muitas informações estavam naquele jornal, mas nenhuma delas fazia sentido agora. Ela sentia como se montasse um quebra cabeça sem a referência da caixa. As peças estavam ali mas ela não conseguia organizá-las para ver a imagem completa. Lily olhou para a mesa dos professores com esperança, mas metade deles não estava lá e a outra metade estava igualmente em pânico e conspiratória. Dumbledore não estava mais presente. Lily tentou respirar fundo, afastar o pânico da mente e se concentrar no que sabia. Uma família puro sangue está perguntando sobre Sev. Uma família puro sangue super importante está perguntando por uma criança mestiça que por acaso é o Sev. Isso é tudo que seu cérebro pouco oxigenado conseguiu fornecer.

Lily tentou ouvir o que os outros falavam, mas as conversas eram indistintas demais para formarem algo coerente. Pelo menos até alguém, um corvinal, levantar da mesa e apontar para algo no texto gritando.

— FOI ESCRITO POR MONTAGUE! ESTÁ ASSINADO POR ISABELA MONTAGUE!

Houve um segundo silêncio sepulcral antes que a agitação retornasse impossivelmente mais alta. Exclamações sobre Montague voavam para lá e pra cá. Afirmações de que aquilo não era pouca coisa. Que ninguém colocaria Montague no caso se não fosse sério. Lily queria gritar para calarem a boca, mas sua própria preocupação a impedia. Seus olhos leram o jornal congelando no nome escrito em itálico logo abaixo do título. Por Isabela Montague.

— Quem é Montague? — Sua preocupação ganhou voz, superando seu medo constante de ser vista como uma pessoa ignorante — Quem é Isabela Montague? Idaí que quem escreveu é Isabela Montague?

Quem é Montague? — Frank Longbottom, sentado perto de Alice, veio em seu socorro. Por um momento ele pareceu estar mais chocado com a pergunta do que toda a agitação do refeitório. Lily sentiu aquele medo dentro dela se contorcer de novo, mas se forçou a enterra-lo — É o que ela é, na verdade — ele se inclinou conspirativamente e as pessoas ao redor da mesa o imitaram ficando subitamente silenciosas — Esse nome apareceu pela primeira vez quando um bruxo das trevas anterior a aquele-que-não-deve-ser-nomeado estava ameaçando o mundo bruxo. Dizem que não é uma pessoa, mas um disfarce que apenas os melhores jornalistas do mundo bruxo podem usar. Quando existe uma denúncia muito forte, mas com poucas provas ou que pode comprometer a segurança da testemunha eles assinam sob o nome de Isabela Montague. Os maiores escândalos de violência e corrupção do mundo bruxo foram a público por esse nome. Não tem nenhuma confirmação dessa história, mas considerando a época que o nome foi escrito pela primeira vez ela já seria muito velha hoje em dia. A escrita dela não tem nenhum tipo de padrão. Não tem nenhum Montague no mundo bruxo além dela. Tem publicações dela em vários países e em varias línguas diferentes. Não pode ser um mestiço ou nascido trouxa porque eles só começaram a ser aceitos no mercado de trabalho muito recentemente e por último — o rosto de Frank ficou ainda mais sério e sua voz falava com uma certeza incomum — se ela realmente tivesse sido uma pessoa real é impossível que ela teria chegado viva até os dias de hoje.

Lily olhou para o papel amassado em sua mão ignorando o resto da conversa, as informações se reorganizando em sua mente e montando um cenário cada vez mais preocupante. Uma família puro sangue super importante está perguntando pelo Sev e fez uma denuncia formal do desaparecimento dele no jornal. Lily pôs as mão na cabeça agarrando os cabelos. O medo e a preocupação a deixando imobilizada enquanto cenários cada vez mais terríveis eram pintados em sua mente fértil. Oh, Severus! O que foi que você fez?

Chapter 2: Well, well, well

Notes:

são 02:38 aqui no brasil. Estou caindo de sono mas queria postar esse capitulo logo porque estou empolgada com ele e estou muito feliz que voces tenham gostado da historia mesmo que tenha apenas um capitulo. Também queria comemora que fiz meu nivelamento de ingles e eu tenho oficialmente nivel C1. Fiz algumas alterações estéticas e de alguns detalhes no capitulo anterior. Se não quiserem não precisam ler de novo já que nenhum informação importante foi alterada, mas caso queiram talvez voces notem que dei mais enfase em certos detalhes. infelizmente não tenho paciencia e nem organização suficiente pra escrever toda a historia antes de postar e por isso as atualizações serão lentas (estou tentando me organizar para postar um novo capitulo no aniversario do snape). O capitulo não foi revisado e como o anterior pode sofrer alterações em detalhes. lembranod que cada cap é o titulo de uma musica então se divirtam. Sem nenhum gatilho aqui. No proximo capitulo finalmente iremos ver como o snape anda se saindo. Boa leitura e feliz ano novo.

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Charity Burbage olhou o ambiente ao redor com um olhar que, nas palavras mais gentis, só poderia ser descrito como pura repulsa. A poeira da sala de aula inutilizada era tão densa que cobria todos os móveis como um lençol cinza de sujeira e mofo. As cadeiras estavam empilhadas ao redor da sala e bloqueavam as janelas, dificultando que houvesse qualquer iluminação ou ventilação decente. O centro da sala estava vazio com uma única cadeira onde ela deveria se sentar e a sua frente havia o birô do professor onde Alastor Moody, o auror responsável pela investigação estava escorado. A professora Mcgonagall estava ao seu lado. Sua expressão impassível vacilava e seus olhos respondiam tudo o que Charity queria perguntar. Eles não estavam nem perto de encontrar Severus ainda.

Isso é bom.

Sua pele queria coçar só de ter aberto a porta. O ambiente parecia saído de um daqueles filmes ruins de investigação criminal que seu pai adorava assistir para criticar. Ela podia entender agora. Era tão óbvio o que eles estavam tentando fazer. Para ficar mais caricato só faltava ter um lâmpada com mal contato ou moody ligando uma lanterna na cara dela. Não iria funcionar. Ela podia não ser um daqueles sangues puros que tinha o mundo bruxo na palma da mão, mas ela tinha dinheiro e conhecimento suficiente sobre o mundo bruxo pra saber que não tinha o que temer. Exceto os fungos daquela cadeira imunda em que foi obrigada a sentar.

Alastor Moody a encarava como se já tivesse decidido sua sentença e estivesse apenas esperando um pequeno vacilo para trancafiá-la em Azkaban. Pobre criatura, ele precisaria de mais do que umas cicatrizes feias, roupas velhas e um cabelo mal cortado para forçá-la a colaborar com ele em qualquer coisa naquela investigação. Ela passou o quinto ano inteiro com Severus e estava desde o primeiro, dividindo quarto com Alice Smith e suas sete espinhas de estimação: Soneca, Dengoso, Feliz, Atchim, Mestre, Zangado e Dunga. Ela podia aturar uma cara de buldogue velho.

—Senhorita Burbage — ele cumprimentou com um aceno de cabeça que Charity não respondeu — ouvi falar que a senhorita tem um gosto interessante para amigos — ele não pretendia fazer ela falar começando a insultar seus amigos, certo? Ela estava usando uma gravata vermelha pra cair em um truque tão barato? Embora talvez isso funcionasse com outros lufanos. Os lufanos “Oh! Tão justos!” e “Oh! Tão leais!” — Que tal nos contar o que aconteceu com seu novo amigo Severus Snape?

— Ele discordaria da sua última afirmação, mas eu gosto de pessoas interessantes e Sev é a mais interessante de todas. Ele é profundamente… — Charity moveu as mãos indefinidamente — ennui — ela concluiu como se aquela palavra tivesse sido a resposta final para todas as perguntas.

— Ennui? Isso é francês, não é? — Mcgonagall perguntou. Charity sorriu olhando de um para o outro. Moody parecia pedir forças ao universo para aguentar mais uma rodada de perguntas. Burbage não sabia quantos tinham sido interrogados antes dela, mas sabia que pelo menos todo o sexto ano da sonserina tinha passado na frente, em seguida o sexto ano da corvinal e agora o sexto ano dos lufanos. Se ela tivesse boa fé ela poderia dizer que essa ordem era porque aquelas pessoas eram as que conviviam com Severus com mais frequência, que foi um mero acaso os grifinórios (os Marotos) serem os últimos a serem interrogados. Infelizmente ela nunca foi religiosa e sua fé na humanidade conseguia ser ainda menor do que nas forças do destino e do acaso. Ela desviou o olhar para a chefe da casa vermelha. Mcgonagall ainda não tinha se desgastado. Ao contrário de Moody, ela estava acostumada a ensinar aquelas crianças e isso a tornava mais perigosa. Burbage sabia dos preconceitos de Mcgonagall. Grifinórios sobre Sonserinos, cérebro sobre beleza, extroversão sobre introversão e humildade sobre arrogância. Não era difícil de ver, embora ela fosse rápida em negá-los. Charity só tinha que jogar com isso.

— Sim — Charity respondeu enquanto cruzava as pernas e se inclinava na cadeira com um sorriso de canto — O ennui era o luxo de quem podia se dar ao luxo de estar entediado. Alguns erroneamente o reduzem ao tédio comum, mas essa resposta é muito incompleta. Ennui era o fardo das elites que, tendo o mundo aos seus pés, ainda assim não sabiam o que fazer com ele. Ennui é o que resulta da soma de um profundo desinteresse no mundo com ausência de propósito. Ennui não era apenas um sentimento, era uma desconexão absurda com a realidade. Ennui era a própria marca de uma vida tão cheia que, ironicamente, não tinha espaço para mais nada. Mas embora seja comumente ligado à elite, ennui não era sobre riqueza. Para a aristocracia, ele brotava de um excesso de tempo, dinheiro e conforto. Mas o verdadeiro núcleo do ennui não estava no luxo em si, e sim na constatação de que nada disso preenchia o vazio interior. Era uma crise da alma, não da posição social. Era sobre o que acontece quando os alicerces de significado desmoronam e o indivíduo se vê perdido, incapaz de encontrar algo que justifique sua própria existência — A imagem daquele garoto magricela, encurvado e de cabelos oleosos que ela observava desde o primeiro ano apareceu em sua mente e Charity engoliu o amargor que surgiu em sua boca.

— A senhorita acha que o senhor Snape fugiu porque estava se sentindo… ennui? — Mcgonagall perguntou, as sobrancelhas franzidas enquanto tentava compreender o significado daquela fala enquanto Moody parecia ter desistido completamente, nem tentado na verdade. Charity ficou desapontada que um auror com tantos anos de experiência ainda não tivesse aprendido a não julgar pela aparência. Bom pra ela pelo menos, ela podia se concentrar só na professora se Moody já estava tão cansado.

— Ele é ennui, professora. E tinha ficado mais a cada ano — Burbage bateu as unhas na madeira enquanto refletia. A mente em conflito com o coração. Racionalmente ela sabia que não deveria lhe contar nada. Nunca fizeram nada, por que querer saber agora? Se preocupar agora? Mas emocionalmente Burbage queria desabafar. Sua fúria pelas injustiças com Severus tinha esfriado. Talvez um pouco de sua apatia tivesse passado para ela.Um último presente antes de ir. Ela não queria gritar ou ficar com raiva. Ela estava assim desde que entrou na escola. Agora ela se sentia cansada e queria entender. Por que as coisas tiveram que chegar a esse ponto? Se não tivessem chegado a esse fim… se de alguma forma Severus tivesse encontrado forças para continuar lá… eles teriam percebido o quão perto ele estava de fazer uma besteira? De fazer algo que poderia se arrepender para sempre? Ela queria acreditar que sim e queria porque não sabia o que fazer se a resposta fosse não. Talvez fazer igual ao Snape. Ela tinha ouvido isso pelos corredores. Pequenos sussurros (confissões) de alunos que queriam virar as costas e não ter que voltar. Haviam tantos deles, se você parasse pra escutar.

— Por que ele foi embora então, senhorita Burbage? — Mcgonagall perguntou olhando profundamente em seus olhos. Ela havia percebido que Charity sabia, mas Charity ainda estava decidindo se ela merecia saber também.

— Porque ele não tinha mais nada que o prendesse aqui — Moody pareceu se interessar nela de novo, ajustando a posição para ouvi-la melhor. Charity confessou olhando nos olhos da professora. Pedindo, implorando que ela entendesse — tinha menos razões a cada ano. Este ano levou tudo que ele ainda podia aguentar. Ele não tinha mais nada

A professora desviou o olhar e engoliu em seco. Um minuto se passou em silêncio. As sobrancelhas dela estavam franzidas desde que Severus fugiu e não havia sinais de que ela iria fazer outra expressão tão cedo. Ela parecia pensar com cuidado no que falar. Não só pelo estado emocional da aluna na sua frente mas também porque isso ainda era um interrogatório e Mcgonagall precisava que ela continuasse falando.

— Ele e a senhorita Evans eram muito próximos, Uma pena que tenha acabado do jeito que acabou — Mcgonagall finalmente respondeu. O olhar de Burbage mudou (aquele brilho esperançoso sumiu) e aquele foi todo aviso que Mcgonagall precisava para perceber que disse a coisa errada. Por um minuto inteiro Charity não falou nada.

Ela não entendeu.

Os olhos de Burbage ficaram úmidos enquanto ela abaixava a cabeça e encarava suas mãos. As unhas, longas e bem cuidadas, estavam sem base ou esmalte. Ela e Snape pintavam toda semana. Virou uma tradição depois que Snape disse que ele só deixaria ela pintar as unhas dele de rosa se ele pintasse as dela de preto. Snape não estava aqui para pintar suas unhas, mas ela não queria pintar sozinha. Ela sabia que teria que fazer isso em algum momento, mas adiaria tanto quanto pudesse. Manteria a tradição deles tanto quanto pudesse. Porque ela era amiga dele e ele era amigo dela.

Ela ergueu os olhos encontrando o rosto preocupado de Mcgonagall. Os olhos atentos a qualquer minimo movimento que pudesse lhe dizer alguma coisa sobre seus pensamentos. Ela já olhou para ele assim alguma vez? Quando a casa dos gritos aconteceu? Quando o dia do lago aconteceu? Quando a mãe dele aconteceu? A raiva que ela pensou ter esfriado parecia querer devorá-la enquanto ela tentava digerir a fala da mulher mais velha. Foi isso que ela entendeu? De tudo que Charity falou foi isso que ela entendeu? Que era por causa de Lílian Evans? Snape largou os estudos numa das melhores escolas de magia do mundo. Uma das únicas que aceitava alunos mestiços e de baixa classe. O tempo que ele investiu em Hogwarts não iria voltar. Um diploma de Hogwarts não valia de nada no mundo trouxa. Ele poderia tentar fazer um ensino complementar e ir para a faculdade, mas como ele explicaria os cinco anos que não fez “nada”? Como ele aguentaria ser considerado atrasado quando estava na frente? Ela ao menos entendia que quando ele foi embora de Hogwarts ele não foi embora só de Hogwarts? Ele se foi. Foi pra sempre.

— É isso que você tem medo que eles comecem a dizer? — A firmeza de sua voz e a frieza de sua expressão foi traída pelos olhos lacrimejantes — Que Lílian Evans é uma vadia e que foi tudo culpa dela? Que Sev foi embora por culpa dela? — Burbage engoliu em seco espelhando Mcgonagall. Ah, como os olhos dela estavam furiosos por ouvir isso — Não foi culpa dela — Charity sorriu o que deveria ser um sorriso gentil, mas a raiva em seus olhos vermelhos o tornou cínico — se Sev fosse embora por culpa dela… ele tinha ido no mais tardar no terceiro ano. Pergunta pra ela. Pergunta o que ele falou pra ela no terceiro ano.

— A senhorita Evans será chamada para dar seu depoimento em breve

— Depois de todos os sonserinos, corvinais e lufanos? — Charity riu com cinismo — Ela deveria ter sido a primeira — Mcgonagall sentia o calor da raiva de Burbage — A quinta, na verdade — Charity se corrigiu, o sorriso cinico e olhar raivo estavam fixos nela desde aquela resposta de Mcgonagall. Se houve mudança foi apenas na intensidade.

— Todos serão entrevistados no devido tempo, senhorita Burbage — Alastor Moody interferiu — e posso garantir que a ordem não fará diferença — houve um brilho de astúcia em seus olhos e Charity sabia que ele estava falando da poção no chá e nos biscoitos. Ele não podia estar mais errado — por que a senhorita não nos conta sobre a última vez que viu severus snape? Ah. Ele voltou a se interessar nela ao que parece.

— A última vez? —Charity franziu as sobrancelhas tentando se concentrar. Ela se sentia imensamente grata por todas as vezes que snape conversou de poção com ela. Aquele pequeno obcecado. Ela sabia que tinha jeitos de se contornar uma poção da verdade. O mais fácil era simplesmente contornar com força mágica, mas ela era só uma estudante e não tinha tanta força assim. A segunda é que ela podia dançar envolta da verdade ao invés de responder diretamente. A terceira e mais difícil era que ela poderia inclusive mentir sob o efeito da poção desde que o que ela estivesse falando fosse algo que ela tivesse plena certeza de que poderia acontecer. Se, por exemplo, alguém me perguntasse se havia chance de eu trabalhar ao lado de Sirius Black e Remus Lupin sem tentar ativamente mata-los ao invés de dizer que isso é completamente inviável eu poderia dizer que com a motivação certa e se for pelo bem maior até as coisas mais impossíveis podem ser realizadas. Eu não falo a verdade, mas sim uma crença. A crença de que se fosse realmente necessário eu poderia deixar minha mágoa de lado e focar no mais importante. — Semana retrasada, na sexta-feira, dia 10 — Charity respondeu lembrando da última vez que viu severus. O verdadeiro severus dentro daquela casca oca que ele havia se tornado. Ela estava feliz que tenha conseguido se impedir de dar mais detalhes sobre que momento específico ela o viu ou isso complicaria as coisas — Os olhos dele estavam com aquele brilho astuto que ele costumava ter e embora ele parecesse mais distraído ele parecia quase… feliz. Fazia muito tempo que eu não o via tão feliz quanto na semana retrasada

— Alguma coisa muito boa deve ter acontecido, não é? — Alastor Moody perguntou

— Nada que ele tenha compartilhado comigo

— E você, que disse que ele não parecia ter mais nada aqui, não perguntou?

— Sev não é alguém que você pode forçar a fazer o que quer. É muito melhor esperar por ele. Ele demora pra se abrir, mas eu sempre achei que valia a pena esperar. Respeitar os silêncios dele. Não tenho ideia de para onde ele pode ter ido ou qual foi a gota final para ele ir, mas da última vez que o vi…— Ela lembrou agora da última vez que ela realmente o viu. Havia tanta esperança em seus olhos, como se de repente ele tivesse decidido que o mundo ainda valia a pena, que as coisas poderiam ser melhores. Como se ele tivesse recuperado a fé na vida — Ele parecia feliz.

— Mais algum detalhe que a senhorita queira compartilhar? — A professora Mcgonagall perguntou e Charity sorriu para seu deslize. Não havia absolutamente nada que ela queria compartilhar.

— Não senhora. Eu não tenho nada.

Os adultos se entreolharam num diálogo mental. Com um aceno de mão da chefe da grifinória a porta se abriu, liberando sua passagem para fora daquele cativeiro. Charity levantou e saiu da sala. Não havia necessidade de despedidas quando ela sabia que seria chamada de volta em breve. As mãos alisavam a saia tirando a poeira imaginária de sua seda italiana. Burbage sentiu algo se mover em suas costas. Com um rápido movimento de cabeça ela pode pegar pelo canto do olho o que era uma mecha de um cabelo albino na curva no final do corredor. Charity sorriu.


Relatório de Interrogatório Solicitado — RIS

N° 53 — Nov/1976

Operação Dia da Caça

 

Assunto: Desaparecimento de Severus Snape

Investigados(as): Corpo discente e docente de Hogwarts e moradores de Hogsmeade

Auror Responsável: Alastor Moody

Local: Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Data: 21 de Novembro de 1976

Interrogada: Charity Burbage

Anexo: Memória da última vez que a Srta. Burbage teve contato com o investigado.

 

A aluna Charity Burbage, sexto ano da casa Lufa-Lufa, foi convocada para interrogatório referente ao desaparecimento de Severus Snape, estudante do sexto ano de Sonserina e segundo relatos anteriores seu amigo e possível namorado. Desde o início, a aluna demonstrou descontentamento com o local utilizado para o interrogatório. Apesar de sua postura inicial de desdém, ela respondeu às perguntas de forma articulada, ainda que com notável cuidado na escolha de palavras.

Ao ser questionada sobre seu relacionamento com Snape, Burbage afirmou que o considerava a pessoa mais interessante que já conhecera. Quando provocada sobre o paradeiro de Snape, mencionou que ele era alguém profundamente “ennui”. Ao ser instada a explicar o termo, descreveu-o como uma desconexão profunda com a realidade, associada à falta de propósito e significado na vida. Apesar de sua eloquência, essa descrição parecia mais destinada a evitar fornecer informações concretas sobre o desaparecido.

Questionada sobre a última vez que vira Snape, Charity mencionou que o encontrou na sexta-feira, dia 10, sendo esta a data mais próxima que temos do dia de seu desaparecimento no momento, acrescentando que ele parecia diferente, “quase feliz”. Essa declaração foi feita de forma casual, mas a aluna se recusou a elaborar detalhes quando pressionada, limitando-se a dizer que Snape não compartilhou nada relevante com ela.

Durante o interrogatório, a aluna também demonstrou desconforto ao mencionar a estudante do sexto ano da grifinória Lilian Evans, sugerindo que muitos poderiam culpá-la pelo desaparecimento de Snape, mas negando que essa fosse a verdadeira razão. Ela chegou a afirmar que, se o desaparecimento fosse por culpa da Srta. Evans, Snape teria deixado a escola ainda no terceiro ano e solicitou que, se caso sua palavra não bastasse, a Srta. Evans fosse questionada sobre uma conversa entre ela e Snape no ano em questão.

Burbage ainda questionou abertamente a ordem dos interrogatórios, insinuando que a prioridade dada a outras casas e a demora em chamar os grifinórios, especialmente Evans, poderia indicar um tratamento preferencial ou acobertamento. A aluna afirmou que Evans deveria ter sido chamada imediatamente, reforçando sua insatisfação com a condução do processo. Ela negou ter qualquer coisa a compartilhar e foi dispensada.

Conclusão:

Embora a senhorita Burbage tenha apresentado respostas aparentemente cooperativas, sua recusa em fornecer detalhes mais específicos sobre seu último encontro com Snape, além de sua crítica à condução do interrogatório, sugere que ela está ocultando informações importantes. A declaração de que viu Snape na sexta-feira(10) antes de seu desaparecimento merece atenção especial. Recomenda-se que Burbage seja ouvida novamente e que os depoimentos dos demais alunos, especialmente Lilian Evans, sejam analisados em sequência.

 

Auror Responsável: Alastor Moody

Testemunhas Presentes: Alastor Moody, Minerva Mcgonagall, Charity Burbage e James Fleamont Potter.

 

Assinado

Isabela Montague

Notes:

a ponto de curiosidade: quando escolhi o nome da operação queria algo que brincasse com o fato snape ser um animal presa (seu patrono no caso e a briga de gato e rato que ele tem com os marotos). Acontece queo titulo tem um pequeno plot twist. Dia da caça se refere ao dia em que o caçador vai caçar se levarmos ao pe da letra, mas aqui no brasil temos um ditado que diz que um dia é o da caça (da presa) e o outro do caçador (do predador). Então do ponto de vista dos que ficaram em hogwarts é o dia de ir a caça, é o dia do caçador, mas na realidade é o dia da caça (a presa). Espero que minha explicação não tenha ficado confusa.

Chapter 3: To Build a Home

Summary:

A change of scenery can help put some things in place. A period of isolation is also a good time to reflect on what has been years of bad life decisions. The situation is not bad. It is not good either, but it could certainly have been worse. Severus now has a crumbling house to live in, stolen sandwiches and a very brave attempt to see the bright side of things.

Notes:

Oh my god! I couldn't believe that this chapter would still come out. I have no idea how many times I edited this chapter or just added more scenes. To tell you the truth, this chapter was ready a long time ago, but I always ended up finding something else that I could add or that I thought wasn't good enough. In fact, I still don't think it is. I would have liked to have made Severus much more depressed, for example, but since he's in a completely new environment, I feel like I couldn't convey this emotion as strongly because he's much more stimulated by curiosity.

It might not seem like it at first, since this is a chapter with almost no dialogue, but this was one of my most elaborate chapters. There are a lot of things that were shown here that will be revisited in the future. This chapter may be a bit dense, but I hope it won't be tiring. I tried to create some more comical scenes so that we could feel things along with Severus.

Another reason for taking so long was precisely because I couldn't think of how to organize the house. Seriously! I drew pictures, wrote, made a Pinterest board and even tried to build the house in The Sims (more than 5 times!!). Initially the house was going to have a much more Chinese look, but due to my lack of knowledge about Chinese culture and my lack of ability to describe structures I ended up just making the description of the house more vague. I wanted it to be a mix of cultures that would reflect the people who once lived there and how different they were from each other. I will still show this as Severus reorganizes the house.

Issues of race and cultural representation are things that I take very seriously since I am a black Latina woman myself and I often see extremely poorly written characters (not to mention stereotypical and insulting) and this is something that I try to avoid as much as possible. Obviously I can't promise that I'll be successful in this, since all my research would never replace the experience of a real Chinese person, but writing this chapter made me understand that a good representation doesn't mean representing the entirety of China and its culture, but rather that the little I show I show after researching its historical context and culture and how someone like Severus (who in my story is a descendant of this culture but could never experience it) could fit into it.

I tried to focus more precisely on how he feels that there is an incompleteness in him and the hurt he feels towards his mother for denying him something that he considers to be a part of him, and how he constantly searches for crumbs of this life that he could have had if things had been different.

I don't know what you expect from this chapter, but I hope that at least the more than seven thousand words can get you excited. Have a good read and see you in the final notes.

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Considerando quanto tempo a casa estava em desuso, Severus esperava que ela estivesse muito pior do que aquele estado. Um estado que já não era bom e certamente não traria orgulho algum ao grande nome Prince, mas considerando sua idade, Severus tinha imaginado algo bem pior… e maior. A casa não era humilde, mas sua aparência era simples, talvez na intenção de se tornar acolhedora. Os duendes haviam dito que esta era uma casa de descanso dos Princes. Haviam algumas interpretações que Severus poderia tirar dessa informação. Não era incomum que os sangues puros tivessem varias propriedades e que cada uma tivesse um uso especifico. Algumas famílias tinham uma "casa do castigo" geralmente um local isolado e distante da comunidade bruxa para onde seriam enviados os membro problemáticos da família. Também haviam casa feitas para descanso de membros doentes ou muito idosos e ainda haviam as casa feitas para treinamento dos herdeiros, para onde os herdeiros seriam enviados para treinarem e aprimorarem suas habilidades sem serem influenciados pelo mundo externo.

 

O jardim era o mais precário. Sem ninguém para cuidar dele algumas plantas morreram enquanto outras se espalharam pelo terreno. A casa era mais um grande chalé de dois andares do que qualquer outra coisa e Severus ficaria surpreso se tivesse mais do que uma cozinha, uma sala, um quarto e um banheiro, mas considerando que era uma casa bruxa ela poderia ser muito maior por dentro. 

 

Severus pegou a chave da casa na mão. Era uma linda chave, embora estranha. Era feita de prata com duas estátuas de dragão na ponta segurando uma pérola de jade. A peculiaridade da chave é que ela não tinha a parte onde deveria ser inserida na fechadura. Era apenas os dragões e a pérola. Ele perguntou como deveria usar uma chave como aquela mas os duendes disseram que essa era uma formação que apenas os Princes poderiam dar. Apenas mais um jeito da vida lembra-lo de que ele não era um Prince por mais que tivesse a chave e a casa de um. De acordo com os duendes a casa já estava em seu nome então as proteções não iriam rejeitá-lo. O caminho até a casa durou uns cinco minutos e Snape não pode deixar de lembrar de um Lucius Malfoy embriagado zombando de outros puros sangues e dizendo que se demorava menos de dez minutos pra ir do portão da casa até a porta de entrada então você não devia chamar sua casa de mansão. 

 

— É muito mais simples do que parece, Severus! — Lucius disse balançando a mão no ar  de forma desleixada. Algumas mexas escapavam de seu rabo de cavalo baixo que costumava estar impecavelmente arrumado e Lucius também o usava com um apoiador com um dos braços envolta dos ombros de Severus enquanto falava com o que Severus sabia que era um proximidade muito inapropriada pra um sangue puro, mas ninguém seria louco para corrigir um Malfoy e ele estava achando particularmente divertido ver essa outra faceta do seu colega sempre tão regrado. Foi ideia de Severus em primeiro lugar. Com a vitória esmagadora da Sonserina graças as estratégias de Severus e sua primeira grande vitória sobre os marotos, Severus decidiu que deveria comemorar. Se ele quebrou algumas regras organizando uma festa secreta e esgueirando ex-alunos para dentro da Sonserina… não é como se alguém fosse se atrever a dedura-lo com o quão bem ele tem estendido sua influencia na Sonserina nos últimos meses desde o dia do lago. Narcisa e Bellatrix certamente não estavam reclamando considerando que dançavam alegremente pelo salão comunal — Basta pensar em coisas que levam cinco minutos para serem feitas. Cinco minutos deve ser no máximo o tempo de você sair de um cômodo para o outro. lugares como jardins são feitos por questão estética e exibicionista. Se um jardim existisse simplesmente para exibir flores não teria porque gastar tanto tempo e dinheiro nele. Também não teria porque deixa-los a frente da mansão. O luxo do jardim deve ser uma extensão do luxo da mansão. Cinco minutos para atravessar o jardim mal pode ser chamado de caminhada. Uma mansão com um jardim desse tamanho no auge da minha generosidade poderia ser chamada de casebre, tipo o dos Avery.

 

— Perdão? Malfoy, talvez o excesso de álcool esteja confundindo a sua memoria, mas minha mansão não é um casebre — Edmund corrigiu com um sorriso forçadamente educado.

 

— A sua mansão tem um museu dedicado a história da sua família? Um quarto para seu pet? Um quarto apenas para as joias do dia a dia? Ou para sua coleção de perfumes? Uma biblioteca com livros escritos apenas pelos membros da sua família? No mínimo você tem um quarto de troféus certo? Ou você deixa todas essa coisas no seu quarto ou espalhadas pela casa? Não me diga que você é como o pobretão do Potter que ao invés de mudar de quarto apenas reformou o quarto de quando era bebê?

 

— Evidente que eu mudei meu quarto quando atingi a primeira infância. Imagina viver a vida inteira no mesmo quarto em que era um bebê? como você espera que uma criança entenda as grandes mudanças da vida se ela não faz algo tão simples quanto mudar de quarto.

 

— Não atoa Potter continua uma eterna criança, correndo por ai sujo de lama e atirando bombas de bosta nos outros — Mulciber concordou

 

— Eu só não entendo a necessidade de algo tão ridículo quanto um quarto só para perfumes ou um quarto exclusivo para um pavão que sequer pode entrar na casa— Avery se defendeu

 

—Claro que você não entende as necessidades de uma mansão se você viveu a vida toda num casebre meu bom amigo — Lucius respondeu dando um tapinha no ombro de Avery.

 

O que se seguiu depois disso foi uma briga histórica entre um Lucius Malfoy, completamente embriagado, e Edmund Avery, um deficiente físico, muito irritado usando a bengala que foi herança de seu bisavô no que sem duvida foi o dia mais desonroso da historia daquela bengala.

 

Por onde Severus olhava ele podia perceber sinais do abandono que a casa havia sofrido e resquícios de sua antiga glória. Saber que havia uma casa e algum dinheiro no nome da sua mãe no banco esse tempo todo lhe causou ainda mais incômodo. A casa estava abandonada, sim, e mesmo assim era ridiculamente mais agradável do que a que eles estavam vivendo a infância de Severus inteira. Também havia algum dinheiro em nome dela. Pelo que os duendes falaram ela não havia mexido na conta desde que havia criado alguns dias antes de fugir pro mundo trouxa. Era como uma reserva de emergência, embora ela nunca tivesse usado. Talvez ela não julgasse que a situação deles já era uma emergência ou talvez ela sabiamente percebeu que se ela aparecesse com dinheiro em casa, Tobias iria beber cada centavo de novo. Não é como se fosse muita coisa de qualquer forma. Snape estava acostumado a viver com muito menos, então ele acreditava que poderia fazer o dinheiro render dois ou três meses se ele comprasse apenas o estritamente necessário. Claro que isso não seria preciso porque ele já tinha seus planos para conseguir algum sustento. Ele não se permitiria ir para uma miséria maior do que a casa em que ele vivia em Spinner end.

 

A casa misturava inspirações europeias e chinesas. O exterior da casa era feito em sua maioria de pedras cortadas e empilhadas para dar estrutura, mas havia alguns cômodos feitos de madeira. Ela era repleta de janelas, mas Severus pôde notar que o material era mais bonito e mais rígido do que papel que normalmente era usado nas casas antigas. Puxando na memória ele podia lembrar vagamente de que as janelas de papel eram usadas apenas pelas famílias menos abastadas. Os ricos (que surpresa!) usavam outro material para fazer as janelas. Eram finas camadas de conchas unidas como uma peça só. Isso explicava o brilho bonito, mas a durabilidade das janelas. Quanto mais fino melhor e sentindo a textura do material e vendo o quanto ele era transparente Severus poderia chutar que eram menos de meio centímetro de espessura.

 

As plantas também haviam tomado conta da casa e cresciam em qualquer brecha que pudessem encontrar. Elas cobriram as diversas estátuas que haviam espalhadas pelo local e as raízes que estavam à mostra eram grossas e se embaralham de uma forma que lembrou a severidade de um ninho de cobras ou do visgo do diabo. Algumas pedras do calçamento estavam levantadas por causa das raízes das árvores que cresceram e abraçaram toda a estrutura da casa. Ele torceu para que nenhuma parte de sustentação tivesse sido prejudicada. O dinheiro era muito limitado para ele ter que construir uma nova parede, além do risco de danificar as proteções da casa. Ele tinha que se preocupar com o interior da casa primeiro. Os primeiros raios de sol estavam surgindo e o dia seria longo já que Snape duvidava que tinha um único quarto que não estivesse entupido de poeira. Seu plano por enquanto era limpar apenas quatro cômodos: A sala de estar, a cozinha, o banheiro e seu quarto. O mínimo necessário para se viver decentemente.

 

A porta era de uma madeira escura lindamente esculpida com imagens de animais como pássaros, lobos, raposas, coelhos e até um dragão chines. Na cabeça do dragão, que parecia encarar diretamente Severus, havia um pequeno buraco e Snape se perguntou se era ali que deveria encaixar a chave. Ele tentou inserir o lado sem nada, mas logo notou que a chave era muito fina para encaixar ali. Snape se aproximou do buraco e tentou espiar se tinha alguma coisa na parte interna da fechadura que poderia lhe dar uma dica sobre a chave. O esforço foi inútil e Snape voltou a olhar a chave. Ele sabia que a casa já o havia reconhecido ou ele sequer estaria tão próximo da casa, mas ele ainda tinha que entrar. Os olhos voltaram para a pedra de jade segurada pelos dragões e comparando os tamanhos Snape percebeu que só poderia ser isso, mas como ele iria tirar ela dali? Ele tentou cutucar a bola, mas ela estava grudada na ponta da haste. Ele teria que tirar os dragões dali. 

 

Ele tentou puxar os dragões ou afastá-los o suficiente para tirar a jade, mas suas tentativas foram mal sucedidas e sua insistência resultou em uma dor repentina em seu dedo que cutucava a cabeça do dragão. Severus gritou de dor e acabou soltando a chave por reflexo enquanto segurava o dedo. Havia sangue saindo dele e pequenos furos que pareciam uma mordida. Intrigado, Snape pegou a chave novamente e examinou com cuidado. O dragão que ele estava cutucando tinha um pouco de sangue na boca e sua feição parecia meio irritada. Então era realmente os dragões.

 

Snape sentou nos degraus da entrada tentando lembrar de algo que sua mãe ou os duendes pudessem ter contado ou ele tivesse lido. Sua primeira memória foi um dos poucos presentes que sua mãe lhe deu. Um lindo par de brincos de jade que ela teve na adolescência e que guardava junto com seus antigos materiais escolares. Snape se perguntou se ela sabia que ele mexia nas suas coisas. Brincos não são exatamente o tipo de presente que se dá para um garoto, especialmente no mundo trouxa, mas eram justamente os brincos que Snape mais gostava de experimentar. Ela havia dito que eles eram feitos de jade espiritual e que isso significava que eles podiam armazenar a essência da magia deles. Disse que sempre que ele se sentisse sozinho ele poderia tocá-los e ele sentiria a magia dela com ele. Foi bem na época que ele havia arruinado tudo com Lily. Ele nunca falou sobre isso com sua mãe. Ele gostaria de ter, mas lembrando disso agora ele percebeu que não foi preciso. Naquele dia Snape saiu de casa com algumas poucas notas que furtou da carteira de Tobias, furou as orelhas e nunca mais tirou os brincos desde então. Os comentários sobre um brinco tão luxuoso em alguém tão pobre quanto ele foi um caso à parte.

 

Ele olhou a chave mais uma vez. A jade era muito parecida com a de seus brincos então ele julgou que valia a pena testar. Concentrando um pouco de sua magia na ponta do indicador, Snape tocou a jade. A joia brilhou por um momento antes de voltar a sua cor normal e os dragões subitamente se moveram como se tivessem vida. Eles caminharam pela sua mão até a outra ponta da chave onde assumiram a mesma posição de antes. A joia agora estava livre e com sua essência mágica. Snape levantou indo até a porta novamente e inseriu e girou a chave no buraco. Imediatamente o dragão que estava com os os olhos e boca abertos em uma pose de ataque fechou os olhos e a boca como se tivesse descansado. Snape pode ouvir o som da tranca se abrindo e puxou a chave para fora do buraco feliz de ter conseguido abrir a porta. Exceto que sua alegria acabou rapidamente ao notar que o jade não estava mais na ponta da chave.

 

O desespero imediatamente tomou conta e Snape tentou inserir o dedo no buraco da fechadura para remover a jade lá de dentro, mas não teve resultado. Ele abriu a porta e a chacoalhou para ver se conseguia ouvir onde a jade tinha caído, mas não houve som nenhum que indicasse que ela tivesse caído dentro da porta. Snape fez um lumos sem varinha sentindo o desespero consumindo cada grama de seu ser. Não é possível que justo na sua vez ele tenha quebrado uma chave mágica de sabe se lá quantos anos de idade. Ele ajoelhou no chão tentando ver onde a jade poderia ter caído, mas se ela rolou para o lado de dentro ele levaria horas para achar e ele não gostaria de ficar numa casa abandonada no meio da floresta com a porta aberta. Ele não podia usar sua varinha porque ainda era menor de idade e seria encontrado imediatamente pelo ministério. Todo seu esforço seria em vão.

 

Sem encontrar a jade perto da porta, Snape levantou a cabeça pronto para revirar a sala inteira ou tentar um accio sem varinha quando para seu choque a maldita jade apareceu diante dos seus olhos brilhando inocentemente na testa do dragão. Severus olhou ao redor tentando entender como ela foi para ali novamente quando ele percebeu que durante sua procura ele passou pro lado de dentro da casa e o dragão que estava com a joia na testa era o dragão que ficava do lado de dentro da casa e não o de fora.

 

Ele tentou pegar a joia com a mão, mas ela não se soltava da testa. Snape sentia uma mistura de curiosidade com frustração. Ele só queria arrumar seu quarto, comer um sanduíche e dormir. Ele passou semanas preparando sua fuga. Ele não tinha tempo ou paciência para ficar brincando de pique esconde com uma pedra mágica. Pegando a chave novamente snape a encostou na jade e puxou vendo ela sair com facilidade. Ele tentou puxar a joia da ponta da chave para ver se estava solta, mas ela estava grudada novamente e logo os dragões que estavam na ponta da chave se moveram e protegeram a joia. Snape deu outro toque na joia com sua magia e os dragões foram pro outro lado deixando a jade livre mais uma vez. Pelo menos essa parte ele já tinha entendido como funcionava.

 

Snape segurou a porta entreaberta e colocou a chave novamente vendo o mecanismo ser ativado com o dragão assumindo a pose de ameaça e a jade ir para a cabeça do dragão do outro lado da porta. Agora que finalmente estava começando a entender o mecanismo da porta Snape se acalmou. Pensando em como a jade havia reagido a sua magia Snape decidiu tentar abrir a porta usando um fluxo contínuo de magia ao invés de apenas aquele toque inicial para liberar a jade. Ele inseriu a chave no buraco e girou novamente. O mecanismo foi ativado, o dragão descansou e a joia continuou na ponta da chave sem que Snape tivesse que pegá-la do outro lado, como ela deveria ter funcionado desde o início, mas o susto  de ver a chave sem a joia o deixou cego de preocupação. Isso parecia ser um sistema de defesa. Mesmo que alguém conseguisse pegar a chave e descobrir como soltar a joia se a chave não fosse usada corretamente a pedra se separaria e ficaria “quebrada”. Dessa vez, antes que os dragões voltassem para a posição de proteger a joia Snape imbuiu seus dedos com sua magia e tentou pegar a joia novamente. dessa vez ela saiu com facilidade.

 

Todo o mecanismo era intrigante. Se ele estivesse adivinhando certo a chave verdadeira era a jade enquanto que todo o resto era apenas uma proteção e uma forma de carregá-la. Considerando que ela podia ser solta Snape se perguntou se isso significava que outras jades poderiam ser colocadas no lugar. Snape decidiu fazer um último teste e inseriu a chave na fechadura novamente deixando a pérola presa na cabeça do dragão. Ele já sabia que não conseguia remover a pérola sem a chave, mas ele se perguntou se ainda precisava do resto da chave para abrir a porta. Ele tocou na joia com um pouco de magia e viu o mecanismo da porta funcionando novamente. Mais um toque e o dragão descansou. Então era apenas a pérola que era a chave da porta. Ele precisaria tomar cuidado para não perdê-la. Disfarça-la como um acessório foi uma ideia inteligente, mas fazê-la tão pequena foi um risco. 

 

Snape levantou e olhou para o local, começando a explorá-lo enquanto o lumos o seguia iluminando tudo. A sala estava empoeirada, mas não havia nenhuma bagunça no local, como se a casa tivesse acabado de ser comprada, mas o dono nunca tivesse chegado. De certo modo não estava errado. Eileen nunca assumiu a posse da casa. Olhando ao redor ele notou uma pintura que retratava uma festa onde várias pessoas dançavam. 

 

Havia uma placa de prata com os dizeres: Comemoração do décimo quinto aniversário de Eileen Prince. A placa então mudou para algo escrito em hànyǔ . Ele não sabia o que significava. Sua mãe nunca lhe ensinou mais do que algumas palavras. Na infância ele implorava que ela lhe ensinasse sobre sua família, o mundo bruxo e sua língua. Ela fazia o possível para não ter que lhe ensinar. Ele ficou magoado por muito tempo sobre isso. Como se ela tivesse um segredo que não achava que ele merecia saber. Ele já tinha tão pouco, ela não podia lhe dar nem sequer informações? No fundo o que Severus perguntava era sobre ele mesmo. As crianças começam a descobrir quem são depois de descobrirem quem são os pais. Ele já sabia o suficiente sobre o seu pai. Família miserável, vida miserável, trabalho miserável, morte miserável. Sua mãe era muito mais interessante. Ele queria tanto ser como ela. Primeiro para se distanciar de seu pai, mas depois porque ele realmente se agradava da mulher que ela era quando não estava com medo.

 

Snape olhou para o quadro novamente. Sua mãe não tinha fotos de sua adolescência então ele não conseguiu reconhecê-la com aquelas bochechas redondas e coradas. Ela dançava no centro da cena com outras três garotas que pareciam provocá-la amigavelmente, cada uma com um instrumento em mãos. Sua mãe segurava uma flauta preta simples com um texto escrito em dourado. 星星之火可以燎原 . Na verdade, aquele ponto preto no meio de uma pintura tão colorida foi a primeira coisa que Snape notou. Mas sua mãe também não passava batida. Ele nunca viu sua mãe parecendo tão viva. O cabelo preto era longo e brilhoso, ela havia o deixado semi preso com um lindo grampo de cabelo de jade verde com um enfeite de flor na ponta. Era uma flor idêntica à flor de seus brincos. Ele se perguntou se eram um par. As vestes eram uma arte à parte. Camadas e camadas de tecidos luxuosos e esvoaçantes que a faziam parecer uma criatura de outro mundo. Os tecidos eram variados tons de roxos e verdes, cada um com sua própria estampa e bordado. 

 

Seus olhos focaram nas pulseiras de jade que vários membros usavam. Elas pareciam ser feitas de jade espiritual com apenas uma jade negra e eram muito parecidas umas com as outras variando apenas na quantidade de pedras usadas. Apenas isso não provava nada, infelizmente. Em outra pintura estava um antigo líder da família Prince. Na placa ao lado da pintura tinha os dizeres Augusto Prince atual chefe da família Prince. O texto também mudou depois para hànyù.

 

Ele também tinha uma pulseira de jades, mas o que chamou a atenção de Snape foi que ele usava uma chave idêntica a de Severus como colar. Snape pegou sua chave novamente e conferiu a ponta agora vazia do outro lado. Analisando melhor ele notou uma pequena linha que poderia indicar uma tampa. Encaixando as unhas do polegar e indicador dentro da linha ele conseguiu puxar o pequeno disco de metal que servia de tampa. Virando a chave na mão uma delicada corrente de prata saiu de dentro da chave e a tampa, Snape notou servia de fecho. Ele colocou a chave no pescoço como o seu antepassado fez e olhando para seu retrato novamente ele percebeu que na chave de Augusto sua jade era preta em vez de verde. Snape concluiu então que sua teoria estava certa e que as chaves eram disfarçadas de acessórios. Snape ainda estava decidindo se aquilo era uma ideia muito genial ou muito burra.

 

Tendo resolvido o mistério sobre a chave Severus decidiu começar a limpeza. Ele não queria se iludir achando que poderia acabar a limpeza da casa em apenas um dia. Pelo menos não sem magia. Coisa que infelizmente ele ainda não poderia utilizar considerando que ele logo poderia ser dado como desaparecido e o ministério poderia rastrear sua varinha. Ele teria que achar um jeito de contornar isso. Ele viveu a maior parte da vida como trouxa na casa de seus pais então não estava intimidado pela ausência de magia, mas sabia muito bem que a vida seria bem mais complicada sem ela. Nada estava fora do lugar mas havia partes que foram obra do tempo como a tinta descascada, os papeis de parede amarelados e uma ou outra coisa enferrujada. Ele também tinha que verificar se havia mofo ou cupim nas madeiras.

 

A casa era de Eileen, ou deveria ser, mas ela nunca a utilizou já que abandonou o mundo bruxo completamente. Foi uma surpresa para Severus descobrir a sua conta quando foi ao banco. Ele não queria criar uma conta para si já que seria outra forma do ministério rastreá-lo embora os duendes fossem bastante zelosos com as informações de seus clientes. Praticamente todos os amigos sangues puros recomendaram que ele fizesse um teste de herança completo quando descobriram que ele era mestiço. Lucius e Narcisa praticamente imploraram, na verdade. Dizendo sobre como a linha de sua mãe, dependendo de qual fosse, poderia catapultá-lo até mais longe do que alguns novos sangues puros. Quem era sua mãe era um segredo que Snape guardou as sete chaves. Severus nunca teve energia para entender todas as consequências de sua mãe ter deixado o mundo bruxo. Sempre que tentava ele caia em inúmeras histórias mal-contadas sobre traição, vingança e até maldições de sangue. O fato é que se sua mãe abandonou o mundo bruxo ele nunca a abandonou. Na verdade Eileen de alguma forma parecia ter se tornado a culpada por todas as maldições e pragas existentes no mundo. Avery até disse para Wilkes uma vez que era culpa de Eileen a tal da loucura Black. Snape só não riu na cara dele porque o bastardo com certeza iria dizer o mesmo que qualquer um dos sagrados 28 sempre diziam “Há coisas que só sabem aqueles que são velhos o bastante pra lembrar”. O que era justo e Snape entendia o que eles queriam dizer com aquilo. Enquanto tudo que ele e vários outros mestiços e nascidos trouxas sabiam vinham de livros e relatos falaciosos, pessoas com a linhagem Malfoy, Avery e Black podiam ouvir da boca de seus próprios ancestrais. Mas Snape também sabia que os sangues puros escreviam a história ao seu bel prazer e escolhiam como essa história seria registrada no mundo. Haviam alunos se formando esse ano em Hogwarts que sequer sabiam o que significa os sagrados 28, ou sequer o eram os sagrados 30 e como duas famílias bruxas foram aniquiladas por comprarem briga com as famílias erradas. Os Avery quase foram uma dessas famílias inclusive. O que tornava o relato de Edmund ainda menos crível. 

 

Targaryen e Prince. Duas das famílias bruxas mais antigas do mundo inteiro. Eles tiveram muito tempo para arranjar brigas com outras famílias. Do que Severus sabia, uma das famílias dos sagrados 30 era uma família vassala aos Targaryens e o patriarca da família se aproveitando de sua posição como braço direito orquestrou um golpe para tomar os dragões. Ele quase conseguiu, mas uma Targaryen escapou. E por menor que ela fosse seu ódio queimou pela família inteira. Sem ouro, poder ou dragões não havia uma família na Europa que lhe estenderia a mão mesmo com a promessa de recompensa futura. Pedir ajuda a aliados não era seguro já que o ataque veio de um aliado. Pra quem pedir ajuda então? A criança Targaryen teve então uma ideia tão desesperada quanto inteligente. Ela buscou apoio de uma família sem alianças. Uma família estrangeira que havia chegado recentemente naquelas terras. Uma família sem bases para se sustentar e sem pessoas em quem confiar, mas que supostamente tinha um poder que beirava ao divino. A família Wángzǐ (王子). Uma família que se chamava de príncipes porque eram filhos do imperador amarelo. O primeiro imperador. Uma aliança foi feita naquela noite e pela manhã todo o mundo bruxo sabia que os Targaryens eram vingativos e os Princes poderosos. Mas aquela não foi a primeira família que os Princes apagaram. Antes disso já havia uma história sobre a segunda família que ousou zombar da herança Prince e chamar de histórias fantasiosas. Dessa família só restou o castelo e uma terra arrasada onde mesmo o verme mais podre se recusa a pisar e onde qualquer coisa viva apodrece e vira pó. A menina Targaryen se casou com o herdeiro Prince e assim os sagrados 30 viraram os sagrados 28.

 

A intenção de Severus nunca foi fazer um teste de herança porque ele sinceramente não acreditava que teria nada para ele lá. Nunca teve nada para sua mãe, por que teria para algo como ele? A intenção de Snape era apenas aproveitar uma brecha na lei que poderia ajudar a mantê-lo escondido do ministério. Acontece que quando os pais de um bruxo menor de idade morriam, o bruxo herdava as contas deles já que ele ainda não poderia ter uma conta no próprio nome a menos que os pais tivessem criado para ele. Com sua mãe morta sua conta passaria para o controle de Severus até que ele tivesse idade para abrir sua própria conta. O único problema é que ainda haveria o registro de suas movimentações, mas Severus não achava que o ministério iria tão longe procurando por ele. Ele não era o primeiro mestiço a ir embora de Hogwarts. Talvez os outros não tenham ido do mesmo jeito que ele, mas no final o resultado era o mesmo. A procura era mais intensa enquanto os jornais e a comunidade estivessem cobrando o ministério, depois eles diriam que nunca pararam de procurar pelas crianças que foram embora, mas apenas que haviam outras prioridades ou coisas mais urgentes e então diminuiriam os aurores no caso e arrastariam o caso por mais alguns meses e depois quando ninguém lembrasse o nome da criança teria apenas uma pequena nota de rodapé dizendo que o caso foi encerrado. Sua mãe não só foi a única herdeira, durante anos, que largou tudo para viver com um trouxa, como também largou sua própria magia e abandonou a família completamente. Ninguém estaria procurando por ele.

 

Muitas coisas podiam ser ditas sobre sangues puros, a maioria eram críticas bem merecidas, mas havia uma característica que Snape gostava e que era incentivada na maioria das famílias puro sangue: ser leal à família. Claro que haviam famílias e famílias. Os Black's e Malfoy's se preocupavam com a imagem da família e arrancariam qualquer um que não correspondesse aos elevados padrões familiares, mas também haviam os Mulciber's, Rosier’s, Addams e até os Potter’s que priorizaram seus herdeiros antes da imagem. E mesmo eles não veriam com bons olhos a sua mãe abandonar a família e suas obrigações para com o mundo bruxo por um homem trouxa. Como ela ainda tinha essa casa era um mistério pra Severus, já que ela só tinha isso e um pouco de dinheiro no banco.

 

Snape pensou e decidiu que deveria começar pelo banheiro e partir para a cozinha em seguida. Ele previa que aqueles não deveriam ser cômodos muito grandes e eram os mais essenciais no momento. Ele não podia usar sua varinha já que era menor de idade, então tudo teria que ser feito no estilo trouxa ou com Severus tentando usar magia sem varinha que era impossivelmente difícil. Se a limpeza demorasse, ele poderia apenas dormir na mesa da cozinha ou na banheira. Ele deu uma volta investigativa pela casa. Ela possuía dois andares. No térreo ficavam os jardins com o que Severus julgou ser uma estufa mais ao longe. Além da sala, cozinha, sala de jantar e banheiro social havia uma pequena parte da sala que era mais escondida pela escada e que parecia um local pra conversas ou um canto de leitura. Severus reparou que não havia uma lareira dentro da casa e estranhou já que os duendes haviam dito que a casa, por ser muito antiga, usava um dos primeiros sistemas de lareira bruxa do mundo e só podia ser ligada e desligada manualmente. O duendes que o atendeu foi gentil o suficiente para lhe dar um manual de como fazer isso.

 

Severus não seria ingênuo de achar que o duende que o atendeu, Gornuk, não tinha nenhuma outra intenção considerando que ele tinha ligações com a família Prince. Talvez o duende pensasse que ele poderia obter um contrato melhor. Ainda assim, Severus se sentia grato por ter sido avisado disso e ter uma forma de consertar ao invés de descobrir tudo sozinho. Ele agora teria apenas que descobrir onde eles haviam colocado a lareira se não estava na sala.

 

Subindo as escadas Snape se deparou com um corredor de tamanho médio com cinco portas sendo três quartos, um banheiro e… uma cozinha? Era bastante parecida com a que estava no andar de baixo inclusive. Severus estranhou a organização dos cômodos, mas decidiu ignorar. Snape decidiu que era melhor limpar uma das suítes por questão de conveniência. Ao abrir a porta do quarto escolhido, Snape percebeu que era um quarto feminino. Haviam inúmeros objetos, tecidos e bugigangas por todo o lado. Ele decidiu que se apenas tirasse todos os objetos ele poderia limpar rapidamente e depois olhar com calma quais objetos ele queria manter no quarto. Havia um baú perto da cama onde ficavam os lençóis de cama. Com um feitiço de encolhimento sem varinha o baú estava vazio de novo. Snape levitou todos os objetos da penteadeira e da mesa de estudos e murmurou um feitiço de encolhimento enquanto guiava os objetos para dentro do baú. Ele decidiu fazer o mesmo com as roupas e sapatos no guarda roupa e conseguiu colocar tudo em uma gaveta. Ele não poderia colocar tudo dentro do baú porque mesmo encolhidas as coisas ainda ocupavam espaço e haviam muitas peças delicadas. Ele também fez o mesmo com qualquer objeto decorativo que não fosse um móvel ou tivesse uma utilidade imediata. No fim restou apenas a cama, o guarda roupa, a penteadeira e a escrivaninha. 

 

Satisfeito com o quarto agora vazio, Snape entrou no banheiro para fazer o mesmo, mas o tamanho o surpreendeu. Pela porta de entrada ele não pensou que o banheiro seria tão grande. Um feitiço de expansão, talvez? O banheiro era um estilo europeu com pia, vaso e banheira de porcelana, era em tons de branco, verde e dourado. A banheira era similar a do banheiro dos monitores. Ridiculamente enorme, mas muito convidativa. Ele poderia nadar nela facilmente. Com mais um movimento de mão ele fez o mesmo que havia feito no quarto encolhendo tudo que não era de uso imediato e guardando no baú ou nas gavetas. Ele não moveu os baús ou as gavetas porque achou que seria mais fácil se tudo continuasse no cômodo em que pertencia. Quase nenhum frasco tinha etiqueta e Severus não conseguiria reconhecer nada que não fosse um ingrediente de poção

 

Uma vez feito isso ele fez outro feitiço para remover a poeira e lançou um aguamenti pelo chão enquanto começava a esfregar com o rodo que ele conseguiu com um accio. Ele decidiu que já que o quarto tinha poucos móveis e era do lado do banheiro ele deveria aproveitar e limpar lá também. Se ele tivesse a opção de dormir numa cama macia, fofinha e cheirosa, porque ele iria dormir numa mesa dura ou numa banheira? Ele se preocupou em jogar tanta água na madeira, mas decidiu que se fizesse rápido e usasse um feitiço secante não deveria ter problemas. Dando de ombros ele começou a lançar um aguamenti por todo o quarto e banheiro. Era muito mais rápido assim. Depois de ter inundado tudo, ele continuou a esfregar por todos os lados dos pés da banheira até o teto perto do lustre. Com a janela ele tomou mais cuidado devido a delicadeza das conchas que formavam o vidro, depois de tudo devidamente limpo e esfregando ele começou a secar o mais rápido possível para a madeira não absorver a umidade e mofar.

 

Depois de seco ele foi para o baú e retirou os lençóis que estavam guardados lá e portanto com menos contato com a poeira. A cama foi forrada e Snape retirou suas coisas de seu malão e dispôs sobre a escrivaninha. Ele não tinha mais do que alguns suprimentos básicos e materiais de poções. Por mais que quisesse levar todas as suas coisas, que já não eram muitas, Severus decidiu que isso seria um atraso maior e que não era hora para apegos. Ele levou apenas o mais útil e o resto enterrou fundo alertando apenas a Charity sobre a localização de seu feitiço mais cruel. Felizmente a casa estava num estado melhor do que ele pensava e isso significava que talvez pudesse haver algum suprimento não contaminado pelo tempo. Os bruxos não usam comida enlatada, mas haviam alguns feitiços muito bons de preservação de alimento. Se ele tivesse essa sorte então seria uma economia a mais, já que todo o dinheiro que ele tinha feito em seus anos em Hogwarts e incluindo o dinheiro que sua mãe tinha no nome totalizava apenas 192 Reges, 1 Pallium,1 Galeão, 7 Nuques e 3 sicles.

 

Eileen tinha deixado aquele dinheiro intocado por pouco mais de quinze anos então mesmo que o dinheiro inicial dela fossem apenas quinhentos galeões, ainda assim deveria haver uma quantidade maior de dinheiro do que os 192 Reges que ele encontrou. Os duendes justificaram explicando que sua mãe fez a conta às pressas e que não parecia ter realmente intenção de deixar o dinheiro lá já que havia um conta padrão de investimento que era recomendada aos jovens sangues puros como ela e que traria muito mais resultado a longo prazo, mas como não aceitou ela ficou com o investimento padrão que lhe rendia em média uns vinte galões por mês.

 

Era frustrante pensar nisso. Mesmo quando eles tinham dinheiro, parecia que nunca poderiam ter mais do que o mínimo. Severus também estranhou que sua mãe tivesse que abrir uma conta do zero no banco da Inglaterra. Ela ficou lá todo o período letivo de Hogwarts. Como ela conseguia dinheiro se não tinha conta? Era melhor não pensar nisso agora. Ele ainda tinha sala e cozinha para limpar e gostaria de dar uma olhada nos objetos de cada cômodo para decidir o que ele matéria e o que iria pro porão se é que aquela casa estranha tinha um.

 

Apesar de não entender porque havia uma cozinha no meio do segundo andar, Severus decidiu que era mais conveniente arrumar ela do que a do andar debaixo embora sentisse uma coceira na cabeça de que havia alguma coisa estranha. A cozinha era muito bonita e espaçosa. Havia uma porta quase invisível no canto da parede que Severus tentou abrir julgando que deveria ser lá o armário de limpeza. Qual não foi seu susto ao atravessar a porta antes de observar direito, ele sentiu o chão faltando sob seus pés e com um grito desesperado percebeu que a porta não dava para lugar nenhum e ele agora estava pendurado pela maçaneta no segundo andar da casa.

 

Mas que diabos os Princes tinham na cabeça? Severus segurava a maçaneta com as duas mãos para não cair mas tinha pouco apoio. Severus olhou para baixo, o que não foi sua ideia mais inteligente, apenas para notar que apesar de apenas dois andares a queda ainda seria muito dolorosa. Severus tentou se acalmar tanto quanto podia empurrando o medo para a parte de trás da sua mente. Respirando fundo ele deixou a magia se espalhar por todo o corpo enquanto se concentrava em sentir a brisa do vento passando pelo seu corpo, imaginava a leveza das folhas dançando pelo ar, os pássaros abrindo suas asas e fazendo movimentos ousados e desejava poder imitá-los. Poder sentir o que sentiam e ser tão livre quanto eles pareciam.

 

Severus começou a sentir a magia respondendo aos seus pensamentos já não era mais tão difícil segurar a maçaneta. Ele não estava mais pendurado nela a um fio de cair, mas apenas a segurando como se o chão tivesse surgido de repente sob seus pés, mas não. Um olhar para baixo confirmou o que Severus já sabia. Era ele que voava. A sensação de surpresa nunca ia embora mesmo que ele tivesse feito isso inúmeras vezes antes e até passado a noite inteira voando de Hogsmeade para o chalé Prince.

 

Severus estava na cozinha novamente, a porta bem fechada embora o coração de Severus ainda estivesse disparado. Não importa o quão loucos os Prince's pudessem ser, era impossível que eles tivessem instalado uma porta que não dava pra lugar nenhum. Os Prince’s eram do tipo loucos geniais, estudiosos de todas as áreas incluindo a guerra, não do tipo loucos varridos como os Black’s. TINHA QUE TER ALGUMA LÓGICA!

 

Severus sentou no chão e encostou a cabeça na parede olhando o lustre da cozinha até sentir a vista doer. Ele voltou a olhar para o chão se perguntando quantos outros sustos levaria daquela casa. Os olhos de Severus passaram a observar o chão empoeirado com madeiras velhas, uma ao seu lado parecia particularmente solta e Severus decidiu empurrá-la para frente para ver o quanto ela se movia.

 

A resposta foi bastante. Tanto que Severus quase atravessou o chão da cozinha e foi direto para o chão da sala de estar. Severus estava mais uma vez pendurado em algum lugar com risco de um dano cerebral grave ou uma queda bem dolorida. Severus descobriu da pior forma que aquilo era uma porta e não apenas uma madeira solta. Devido a forma como empurrou a porta, que não era de levantar ou empurrar mas sim uma porta deslizante, Snape agora estava em uma posição terrível. Ele estava ajoelhado, mantendo um péssimo equilíbrio com as duas mãos  e os joelhos que foram a única coisa que o impediu de cair direto no outro cômodo. Da cabeça até a cintura, Severus já estava na sala enquanto o resto do corpo era o que o equilibrava frouxamente e o impedia de cair. Suas mãos estavam suadas e os joelhos já doíam de ter que aguentar todo o peso do corpo. Se qualquer um dos dois cedesse a queda era certa. Severus tentava se acalmar, mas a vista da mesa de centro repleta de esculturas e coisas pontudas não estava ajudando. Ele não tinha reparado que as paredes daquela casa eram tão altas.

 

Enquanto tentava descobrir rapidamente uma forma de não destruir o resto de nariz que tinha algo chamou a atenção de Severus. Ao olhar para o cômodo ao lado da sala, onde COSTUMAVA haver uma cozinha, Severus ficou em choque ao ver que agora o cômodo era um laboratório de poções. MAS QUE PORRA? No meio de sua fúria, Severus imprudentemente se jogou para trás em um movimento rápido se jogando de volta na cozinha. Apesar de arriscado o movimento deu certo, mas Severus estava repleto de fúria e cego demais para comemorar. ele desceu rapidamente as escadas e encarou em choque o laboratório. A cozinha tinha sido trocada por um laboratório de poções completo. Analisando melhor, Severus percebeu que as janelas mostravam uma horta do lado de fora e percebeu que se a cozinha que estava no segundo andar estivesse aqui, ONDE SEMPRE DEVERIA ESTAR, a porta que dava para o nada daria para a horta e aquela porta no chão provavelmente daria para um porão.

 

Severus respirou fundo tentando buscar racionalidade. Ele viu um copo em cima de uma das bancada e decidiu que um pouco de água cairia bem. Severus segurou o copo, mas ele não se moveu nem um centímetro. Irritado, Severus começou a puxar com toda a força apenas para a alça da caneca quebrar, fazendo Severus ir ao chão enquanto a caneca permanecia, quase, intacta em seu lugar. Severus se levantou, a frustração se juntando com a raiva e o cansaço. Distraidamente, Severus apoiou o peso do corpo em sua mão que estava apoiada em cima da ponta da bancada apenas para ir ao chão novamente porque aparentemente aquele laboratório inteiro estava colado ou com super bonder ou com cuspe.

 

Desistindo de tentar entender o que aconteceu, Snape apenas aceitou que a cozinha agora pertencia ao segundo andar, que ele tinha duas portas que não deveriam ser abertas e que teria que subir todas as compras pro segundo andar. Ao chegar na cozinha, Severus tentou se consolar de que pelo menos tinha um local para comer e uma cama para dormir.

 

 A cozinha também estava organizada sendo principalmente uma questão de poeira e manchas de mofo e umidade. Havia uma mesa retangular de madeira no centro da sala que parecia servir tanto para jantar quanto para cozinhar. Em uma das paredes havia uma grande estante de madeira com diversas divisórias iguais, a maioria estava preenchida com os pratos, copos e panelas. Na parede oposta havia a pia, o fogão e as bancadas de madeira. Não havia comida em nenhum dos armários. A sua sorte tinha limites.

 

Com um feitiço simples ele removeu a poeira da cozinha e encheu um balde de água enquanto misturava os produtos de limpeza para tratar as manchas das paredes e dos móveis. Como a cozinha era o cômodo mais organizado e com menos objetos expostos ou tecidos acumulando ácaros, Severus julgou que não era preciso uma limpeza pesada como no quarto.

 

Descendo as escadas Snape deu uma olhada geral na sala para compreender o que ficaria e o que sairia. Seus olhos bateram em um instrumento familiar. Era uma linda vitrola num tom de azul bebe com desenhos de alguma flor que Snape não reconheceu. A corneta também era pintada nesse tom de azul e tinha um formato que lembra uma flor de oito pétalas, em cada divisão da corneta havia o desenho em dourado dessa flor. Ele teria que pesquisar sobre isso depois. Por enquanto ele queria apenas um pouco de música. Pegando um disco da mesa ao lado Snape o limpou e encaixou na vitrola. Ele não sabia como fazer funcionar, no entanto. Não era uma vitrola elétrica ou de manivela então como ele ligava? Olhando melhor, Snape notou que havia uma pérola de jade que encaixava perfeitamente no buraco do disco. Já acostumado com o sistema de pedras infundidas com magia, Severus depositou um pouco de magia na pérola e logo as notas musicais começaram a preencher a casa. Ele pensou em aumentar um pouco a música e depositou um pouco mais de magia na pérola ouvindo a música aumentar. Ele perguntou brevemente se havia um limite de quanta magia as joias podiam aguentar.

 

Uma vez que ele tirou a maioria das manchas ele foi para a sala e fez o mesmo processo que fez com o quarto e o banheiro. Encolheu todos os objetos e os guardou nas gavetas enquanto deixava apenas os móveis grandes. No fim a sala ficou com uma mesa de centro, dois sofás de madeira e duas poltronas. Havia dois grandes armários de madeira com portas de vidros e um armário de gavetas menor, além de uma pequena sapateira perto da porta. Todo o resto foi guardado em baús e gavetas e o chão foi esfregado tanto quanto possível. Ele tentou se consolar de que todo aquele esforço valeria a pena, pois o resto seria apenas uma manutenção da limpeza e que ele poderia fazer facilmente com um feitiço de limpeza. 

 

Após dolorosos vinte minutos, Severus finalmente havia acabado. Severus deitou no chão agora limpo com os braços abertos e respirou aliviado sentindo o cansaço se instalar no corpo. Ele fez um rápido tempus e percebeu que eram duas da tarde. Não era atoa que ele estava com fome. Ele poderia comer os sanduíches que trouxe de Hogwarts, mas ele ainda estava curioso sobre aquela horta. Talvez ele conseguiria fazer um almoço apropriado ao invés de apenas um lanche. Pelo que ele viu haviam algumas plantas que haviam sido devoradas pelos insetos, mas as outras haviam apenas crescido demais e precisavam de cuidados. talvez ele poderia fazer uma sopa de legumes. Se ele fosse rápido talvez ele ainda conseguiria ir passar rapidamente no beco diagonal. ele teria que tomar cuidado, mesmo que ele ainda não fosse dado como desaparecido os moradores ainda poderiam suspeitar de um aluno de Hogwarts fora da escola. Ele sabia bem que os vendedores sempre avisavam aos professores quando notavam algum aluno fora da escola. O aviso era dado discretamente já que os professores haviam chegado à conclusão de que pegá-los em flagrante só os faria melhorar as técnicas de fuga. Era melhor que eles se achassem espertos, era mais fácil ficar de olho neles quando estavam hiper confiantes. Ele teria que arranjar um jeito de se disfarçar e comprar tudo o que precisava hoje. Ele não tinha como garantir que poderia sair de casa novamente tão cedo.

 

Juntando coragem ele levantou do chão e foi até a horta. A grama já havia crescido além da conta e muitas folhas tinham sinais de terem sido atacadas por alguma praga. Dificilmente haveria alguma coisa que desse pra ser salva ali quando se considerava o tempo que a casa estava abandonada e agora a adição de pragas. Com sorte ele poderia limpar tudo rapidamente e em algumas semanas ele teria pelo menos alguns temperos pra colher, talvez ele até encontrasse alguma planta que não estivesse destruída. Que engraçado. Parece que ele estava começando a se tornar otimista.

 

Snape desistiu da horta por enquanto. O dia estava passando rápido e ele tinha que aproveitar a pouca vantagem que tinha. Ele subiu para o quarto e vasculhou a bolsa. Ele tirou de dentro uma caixa de correio do tamanho de um chaveiro. Com um movimento de pulso a caixa voltou ao seu tamanho normal. Os duendes de Gringotes ficaram bastante animados por um membro de uma família tão antiga quanto Prince estar sendo cliente deles novamente. Felizmente eles entenderam rápido que Snape queria discrição e logo o recomendaram a compra de uma caixa particular. De acordo com o que disseram, a caixa era conectada com diversos mercadores e lojistas do beco diagonal e do próprio banco. Para usar bastava colocar o que queria dentro da caixa junto com uma carta, fechar e “sintonizar” para qual lugar ele queria que fosse enviado. Havia uma pequena placa junto com um botão giratório, lembrava um pouco o sistema de um rádio. A cada giro do botão um novo nome aparecia na placa. Ele marcou Gringotes e separou 15 Reges. Ele escreveu uma carta breve solicitando que o dinheiro fosse trocado para dinheiro trouxa. Cada rege valia 100 libras então ele deveria receber 1.500 libras para usar no mundo trouxa.

 

Snape tinha pensado inicialmente em fazer suas compras no mundo bruxo, mas pensando melhor o dinheiro bruxo era muito mais valorizado que o trouxa então suas compras seriam muito mais baratas se ele comprasse na Londres trouxa. Isso gerava outro problema, no entanto, que era o deslocamento. No mundo bruxo ele apenas encolheria suas compras e iria embora, mas no trouxa ele não poderia. Ele também não tinha como pagar um táxi para sua residência atual. O motorista provavelmente iria ver apenas um monte de ruínas. O melhor que ele pode pensar em fazer foi levar uma bolsa magicamente expansível e fazer as compras aos poucos em lojas diferentes. Deus isso ia ser cansativo. Ele nem sequer podia aparatar ainda… Ou será que podia?

 

Snape pegou sua varinha e a encarou como se aquele pedaço de madeira repentinamente tivesse todas as respostas do universo. Não era segredo que o ministério da magia britânico tinha uma mão de ferro no controle das varinhas. Elas eram, pros bruxos atuais, uma representação física de sua própria magia. Tirar a varinha de um bruxo era praticamente incapacita-lo e torná-lo pouco diferente de um trouxa. Isso nunca fez sentido para Severus. Os bruxos nasciam com magia, era parte fundamental de seu ser, mas então havia toda aquela dependência da varinha que nunca fez muita lógica para Severus. Claro que ele sabia que as varinhas poderiam até impulsionar a magia de um bruxo já que eram feitas quase que sob medida para eles e sua magia, mas era apenas um impulso não era realmente uma necessidade. Ou não deveria. Severus sabia que o uso de varinhas não era coisa universal. Na china as varinhas eram quase acessórios, na américa latina o uso era muito variado e as crianças aprendiam a usar tanto magia com as mão quanto com varinhas e na escola de magia de Uagadou, na África, elas sequer eram consideradas uma ferramenta útil e sim uma muleta que embora pudesse ajudar a concentrar a magia em um único ponto, a longo prazo se tornava muito mais um atrapalho para o desenvolvimento da magia.

 

Logicamente falando não havia razões para que a varinha fosse tão importante, mas quando se levava em conta questões culturais e de segurança pública o uso de varinhas fazia mais sentido. A magia sem varinha era muito mais difícil de ser rastreada enquanto que a magia com varinha deixa um registro não apenas na própria varinha mas a magia ficava no local por mais tempo facilitando as buscas do ministério. Snape já havia feito magia sem varinha antes, mas ele nunca havia tentado parar de usar a varinha. talvez fosse hora de tentar. 

Notes:

That was a long read, huh?

It's kind of funny because while I revised this chapter several times, I also didn't revise it at the same time. That's because every time I revised it, I added a new scene. Until now, when I went to post this chapter, I added this scene with Lucius and Avery because I noticed that there wasn't a single dialogue in the entire chapter. And also because Lucius will appear in the next chapter, so I wanted to give you a taste of him.

There are many important little things in this chapter that aren't here for nothing, and as much as I want to tell you everything, I'm going to hold back because it'll be more interesting to show you. I'll just say that I really like politics and this fic will certainly have a lot of discussions in that sense and also a lot of rewriting of things that JK wrote because I think it's absurd that there are only 3 types of coins, the highest value being equivalent to 5 pounds. I'm also going to put conditions or limitations on certain spells/potions/objects because they would be too appealing without it.

Finally, I'm just going to say that you should pay attention mainly to the way the characters act. There's a reason why Lucius called James poor and Mulciber called him a child.

We'll go back to Hogwarts in the next chapter and I'll tell you that Lucius will have an interesting conversation with Dumbledore and the Marauders will be really fun to read after you find out some of the pranks Severus has been playing on them. His personality might seem a little strange but I promise that in future chapters this will be explained and things will make more sense.

It's now 2:55 in the morning in Brazil. What time are you reading? See you in the next chapter, which I don't know when it'll come out but I'll try not to take as long as this one. To everyone who left comments, thank you very much. You guys really encourage me with them even if it takes me a while to respond. I love you guys.

Notes:

Não sei se essa foi a melhor forma de estabelecer o mistério já que o caos na verdade já estava se desenrolando a muito tempo. A diferença dessa vez foi que agora tudo assume dimensões mais serias já que além de uma falia extremamente poderosa estar questionando todos agora sabem que há um aluno desaparecido. Nos próximos capítulos veremos as consequências da noticia ter se espalhado para fora de hogwarts.

 

Há uma pequena descrição de pânico, mas muito superficial onde lily se preocupa com toda repercussão que o profeta diário teve na escola e como todos estão preocupados e parecendo saber de algo que ela não sabe. Bem superficial, mas pretendo explorar e intensificar isso nos próximos capítulos.