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Naomi Namikaze!

Summary:

Na noite do nascimento de Naruto Uzumaki, Konoha é abalada por uma ameaça mortal. Enquanto Kushina luta para dar à luz, Minato e um grupo restrito de aliados, incluindo Biwako, cuidam da segurança do parto e do selo da Kyuubi.
Paralelamente, Kakashi, ainda jovem ANBU, protege secretamente Naomi Namikaze, filha secreta de Minato e Kushina, mantendo-a escondida de inimigos que buscam atingir o Hokage e sua família.

Enquanto Kushina sofre com as dores do parto e finalmente dá à luz a Naruto, Kakashi enfrenta um inimigo mascarado e extremamente poderoso, capaz de manipular o espaço com o Kamui. Desesperado, ele corre pela floresta com Naomi nos braços, desviando de ataques, saltando entre galhos e evitando armadilhas, enquanto a vila começa a ser alertada do ataque iminente.

Notes:

Estou tentando melhorar! Espero que gostem!

(See the end of the work for more notes.)

Chapter 1: Seja bem-vindo, Naruto Namik- Uzumaki!

Summary:

Na noite do nascimento de Naruto Uzumaki, Konoha é abalada por uma ameaça mortal. Enquanto Kushina luta para dar à luz, Minato e um grupo restrito de aliados, incluindo Biwako, cuidam da segurança do parto e do selo da Kyuubi.
Paralelamente, Kakashi, ainda jovem ANBU, protege secretamente Naomi Namikaze, filha secreta de Minato e Kushina, mantendo-a escondida de inimigos que buscam atingir o Hokage e sua família.

Enquanto Kushina sofre com as dores do parto e finalmente dá à luz a Naruto, Kakashi enfrenta um inimigo mascarado e extremamente poderoso, capaz de manipular o espaço com o Kamui. Desesperado, ele corre pela floresta com Naomi nos braços, desviando de ataques, saltando entre galhos e evitando armadilhas, enquanto a vila começa a ser alertada do ataque iminente.

Chapter Text

A noite estava fria, mais fria do que Naomi podia entender, e escura, como se o céu tivesse esquecido de acender as estrelas. Ela se aconchegava nos braços da mãe, sentindo o calor suave de Kushina envolvendo-a como uma capa protetora. Cada palavra sussurrada era como mel nos ouvidos da garotinha, cheia de carinho e promessas silenciosas de proteção.

 

“Você é minha florzinha, Naomi-chan… minha pequena luz vermelha,” murmurava Kushina, os olhos brilhando mesmo na penumbra. “Sempre estarei com você, mesmo quando o mundo parecer frio.”

Naomi não entendia direito o que significava que um bebê estava “na barriga da mamãe”, mas sentia que algo grande e importante estava acontecendo. Ela apenas apoiava a cabecinha no peito da mãe, os olhos azuis arregalados, absorvendo cada batida do coração que lhe parecia um tambor gigante de segurança.

Com cuidado, Kushina a colocou no berço, envolvendo-a numa manta macia. Naomi protestou com um murmúrio quase inaudível, mas logo se acomodou, sentindo o calor de sua mãe se afastar, e o cheiro doce que a fazia sentir segura.

Kushina encostou-se na parede, tentando respirar fundo. Uma onda de dor subiu de repente, tão intensa que a fez prender a respiração. Ela segurou uma kunai em sua mão, mas não era uma kunai comum: um selo estava gravado na lâmina, pulsando um leve brilho carmesim, como se reconhecesse o perigo que se aproximava.

E então, como se o ar tivesse se partido, ele apareceu. Minato. O Yondaime Hokage. Seus olhos, sempre atentos, agora estavam fixos nela, brilhando com um misto de amor e preocupação. Ele segurou Kushina em um abraço firme, mas suave, e sussurrou perto de seu ouvido:

“Respire… estou aqui, Kushina. Não está sozinha.”

As dores vieram em ondas mais fortes. Kushina respirou fundo, apoiando a testa no peito de Minato. “Está… muito forte, Minato… você precisa chamar Kakashi, agora. Ele precisa cuidar da Naomi,” disse entre dentes cerrados, a voz trêmula, mas cheia de determinação.

Minato assentiu, os dedos deslizando pelas costas dela, sentindo cada contração, cada estremecer do corpo que carregava o futuro da vila em seu ventre. Ele sabia que cada segundo era precioso. Kakashi era o único em quem confiavam cegamente para proteger a filha que ninguém podia saber que existia. Um segredo guardado entre eles, e mais alguns poucos: Hiruzen, Jiraiya, Tsunade… e agora, naquela noite sombria, Minato carregava a responsabilidade de proteger tanto Kushina quanto Naomi do mundo inteiro.

Naomi, no berço, dormia. Ou talvez observasse com olhos meio sonolentos, sem entender a gravidade do que acontecia. Mas podia sentir algo diferente, alguma tensão no ar, como se o vento que atravessava as frestas da janela carregasse cheiro de perigo. Ela apertou o ursinho contra o peito, imaginando que tudo estaria bem, porque a mãe e o pai estavam ali. Eles sempre estariam.

E Minato sabia, naquele instante, que a próxima hora definiria não apenas a vida do bebê que estava por nascer, mas a segurança de sua filha mais velha, a pequena Naomi, cujo destino ainda era um segredo guardado a sete chaves — uma promessa silenciosa, feita sob o manto de uma noite fria e traiçoeira.

Um gemido escapou da garganta de Kushina, baixo no início, mas crescendo como um trovão contido. A dor rasgava seu corpo em ondas impiedosas, fazendo seu corpo tremer involuntariamente. Ela apertou a mão de Minato com força, sentindo cada contração como se o próprio mundo estivesse tentando arrancá-la do chão.

“Ah… ah… Minato… dói… tanto…” sussurrou entre dentes cerrados, o rosto levemente enrugado pela agonia. Sua respiração vinha curta e irregular, cada gemido arrancando pequenas fagulhas de preocupação do coração de Minato.

Em um movimento rápido, quase desesperado, Minato se afastou, seus passos silenciosos mas velozes, desaparecendo por alguns segundos apenas para retornar segurando Kakashi pelo braço, o olhar do jovem shinobi atento e preocupado fixo em Kushina.

“Kushina! Está tudo bem?” perguntou Kakashi, aproximando-se com cuidado, mas pronto para agir a qualquer instante. A preocupação em sua voz era genuína, um reflexo de tudo que ele sabia que estava em jogo.

Kushina ergueu o rosto com um esforço doloroso, os olhos vermelhos, mas brilhando de determinação e amor. Ela encarou Kakashi diretamente.

“Tudo ficará bem… Kakashi. Você precisa cuidar… da minha doce garotinha…” disse, a voz firme mesmo em meio à dor. Ela apontou levemente para o berço, onde Naomi dormia, completamente inconsciente da intensidade daquela noite.

Minato a puxou para perto de si novamente, envolvendo-a em um abraço firme e protetor, segurando cada parte de seu corpo com delicadeza infinita, como se pudesse impedir que o mundo inteiro tocasse nela. Kushina apoiou a cabeça em seu peito, sentindo o calor e a força dele como âncoras contra a tempestade que consumia seu corpo.

“Vamos, Kushina. Levarei você para o local seguro… onde tudo vai acontecer,” disse Minato, a voz calma, mas carregada de urgência. Ele começou a se mover, cada passo calculado, cada gesto para manter Kushina estável e protegida.

Kakashi permaneceu ao lado, os olhos atentos a qualquer sinal de perigo, cada músculo do corpo preparado para agir. Ele respirou fundo, firme como uma rocha, e disse com convicção:

“Prometo… vou proteger a vida de Naomi… e a do bebê… com minha própria vida.”

Kushina sentiu a determinação de Kakashi como uma onda de confiança e calor, mesmo no meio da dor que a consumia. Ela fechou os olhos por um instante, respirando fundo, sentindo cada batida do coração de Minato junto ao seu, cada pulso de amor que emanava dele.

E naquele instante, enquanto o mundo lá fora parecia mais escuro e perigoso do que nunca, Kushina soube que não estava sozinha. Que sua filha, e o bebê que ainda estava por nascer, estavam cercados por pessoas que fariam de tudo para protegê-los. Um segredo, um amor e uma promessa entrelaçados naquela noite fria e traidora, onde cada respiração contava, cada instante era precioso… e cada vida, sagrada.

 

O tempo parecia se arrastar, cada minuto uma eternidade suspensa no ar. Kakashi rondava o quarto de Naomi, movendo-se quase sem fazer som, os sentidos aguçados como lâminas afiadas. Cada sombra, cada suspiro do vento pelas frestas da janela, era analisado com precisão. Sua postura era a de um verdadeiro ANBU: atento, silencioso, pronto para agir antes mesmo que o perigo ousasse se aproximar.

Dentro do quarto, Naomi ainda dormia, os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro. Aos poucos, os olhos azuis começaram a se abrir, ainda sonolentos e brilhantes como safiras sob a luz fraca da lua. Quando finalmente percebeu a presença de Kakashi, seu corpo paralisou por um instante, e ela fixou seus olhos nos dele.

“Caozinho…” disse com um bulhufos quase imperceptível, a voz pequena e arrastada, misto de sono e curiosidade.

Kakashi contorceu levemente os lábios por baixo da máscara, soltando um riso baixo e controlado, a risada suave e quase calorosa em contraste com a tensão lá fora. Ele se abaixou, aproximando a mão da cabeça da menina e acariciou seus cabelos, bagunçando-os levemente. Naomi bufou, emburrada, mas seus olhos brilhavam com aquela mistura de desconfiança e encanto infantil.

Era um momento raro de normalidade, um instante de leveza no meio do caos que ameaçava engolir tudo. Mas Kakashi não relaxou nem por um segundo. Cada respiração, cada som vindo do corredor, cada sombra que se movia do lado de fora ainda estava sob seu radar.

E ele nem percebeu, enquanto sorria para Naomi, que nas sombras da escuridão, do outro lado da porta, um homem observava. Seu rosto parcialmente coberto por uma máscara, revelando apenas um olho — um Sharingan girando lentamente, os tomoes girando com fúria e ódio concentrado. Cada músculo dele estava tenso, cada intenção clara: ele queria entrar, queria destruir, e a presença de Kakashi não era suficiente para intimidá-lo.

O homem nas sombras respirava ódio puro, um veneno concentrado que queimava cada fibra de seu ser. Ódio por Kakashi, que havia tirado a única pessoa que amava. Ódio por seu sensei, que falhou em protegê-lo. Ódio por ter confiado seu bem mais precioso a um “amigo” e ser traído por essa confiança. Cada gota de raiva pulsava em suas veias, alimentando uma única e cruel decisão: vingança. Não bastava destruir a vila. Não bastava machucar quem falhou com ele. Ele queria que o sofrimento fosse total, que cada pessoa sentisse a fúria que queimava dentro dele.

Com um movimento lento e calculado, ele sacou uma espada das costas. O metal brilhou por um instante, refletindo a luz da lua que escapava pelas frestas do corredor. Então, concentrando todo o seu chakra em um ponto, ativou o Kamui.

O ar ao redor dele começou a se contorcer, como se a própria realidade estivesse sendo arrancada do mundo. O espaço se enrolava, girando, sugando tudo para dentro de um buraco negro que se abria aos poucos. Em um instante, sua figura desapareceu, engolida pela escuridão absoluta. Só restava o breu mais completo, quase palpável, como se a própria noite tivesse ganhado consciência e se feito ameaça.

Dentro do quarto, Kakashi permanecia em guarda. Cada músculo alerta, cada sentido em alerta total. Ele sentiu uma intenção—não apenas hostil, mas assassina, como uma lâmina invisível prestes a cortar a vida de quem ousasse respirar. Não vinha de nenhum som, nem de nenhuma sombra visível, e isso tornava a presença ainda mais perigosa.

Instintivamente, Kakashi ergueu a mão e puxou a bandana para revelar o Sharingan. Seu olho vermelho giravam, captando mesmo os menores movimentos, analisando o ar e cada vibração. Então, de repente, uma espada surgiu do nada, avançando com velocidade mortal na direção dele.

Sem hesitar, Kakashi deu um salto lateral, o corpo se movendo com a precisão de um ANBU veterano. O metal cortou o ar onde segundos antes ele estivera, e ele imediatamente sacou uma kunai, assumindo a postura de combate perfeita.

Seus olhos se alternavam entre o inimigo e Naomi, que dormia inocente, ainda alheia ao perigo que rondava o quarto. Cada respiração dele era medida, cada movimento controlado, como se o tempo tivesse desacelerado e cada segundo pudesse decidir a vida ou a morte de todos ali.

O quarto, antes tranquilo e cheio de luz suave, agora se tornara um campo de batalha silencioso. E Kakashi sabia: qualquer erro seria fatal, tanto para ele quanto para a pequena Naomi.

 

Kakashi respirava com dificuldade, o ar pesado como se cada molécula estivesse carregada de perigo. Cada músculo do seu corpo estava tenso, cada movimento calculado, tentando ganhar tempo, tentando pensar em uma maneira de salvar Naomi e a si mesmo ao mesmo instante. O silêncio ao redor parecia apenas acentuar a presença do inimigo invisível.

“Quem… quem é você?” perguntou Kakashi, a voz firme, mas trêmula por dentro, como se tentasse manter o controle sobre algo que já ameaçava escapar de suas mãos.

O homem soltou um riso profundo, baixo e cruel, que fez o ar gelado tremer, reverberando nas paredes do quarto. “Quem eu sou… ou quem eu fui não importa,” disse, cada palavra carregada de ódio e dor. “O que importa… é que todos vocês vão pagar. Cada um. Cada um sentirá o peso do que fizeram.”

Antes que Kakashi pudesse reagir, a lâmina surgiu do nada, cortando o ar com violência e intenção pura de matar. Ele saltou para o lado, sentindo o sibilo mortal da espada raspando onde seu corpo estivera há um instante. No mesmo movimento, lançou uma série de shurikens, rápidas, afiadas, calculadas.

Mas então, o impossível aconteceu. As shurikens atravessaram o corpo do homem como se fosse fumaça, passando acima do berço, e um impacto metálico fez o suporte tremer. Naomi despertou com um sobressalto, os olhos azuis arregalados, brilhando com confusão e medo. Um choro infantil, pequeno, mas estridente, encheu o quarto — uma mistura de inocência e terror que rasgava o silêncio pesado como uma lâmina.

Kakashi sentiu seu coração disparar, cada respiração se tornando um esforço doloroso. Ele podia sentir o peso do olhar dela, mesmo enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto delicado. O mundo parecia encolher ao redor dele, concentrando-se apenas na menina que ele jurara proteger. Cada segundo sem ação parecia empurrar Naomi para o perigo mais próximo, cada movimento do inimigo invisível carregava consigo a ameaça de destruição.

Ele respirou fundo, tentando conter o pânico que ameaçava engoli-lo. Cada soluço de Naomi perfurava sua mente, lembrando-o da responsabilidade esmagadora que carregava. Cada batida de seu coração lembrava da promessa feita silenciosamente a Kushina: “Vou proteger a minha filha… e o bebê… com a minha vida.”

O inimigo, nas sombras, avançava novamente, a lâmina cortando o ar com intenção pura, e Kakashi, com o Sharingan vermelho girando, piscando entre o berço e a ameaça, sentiu o mundo se estreitar ao tamanho daquele instante. Ele estava sozinho, cercado de ódio e escuridão, tentando pensar em cada movimento, cada golpe, enquanto a inocência de Naomi ecoava em seu peito e a morte parecia querer arrastá-lo para a escuridão com ela.

O ar estava pesado, carregado de ódio e tensão, como se cada respiração pudesse ser a última. Kakashi não teve tempo para hesitar — cada segundo perdido podia custar a vida de Naomi. Seus olhos, vermelho intenso do Sharingan, analisavam cada sombra, cada espaço vazio que poderia esconder a lâmina do inimigo.

Com um movimento rápido e calculado, ele decidiu arriscar tudo. Suas mãos desenharam os selos com precisão quase automática, e de repente, a fumaça e a sombra se condensaram diante dele: um clone das sombras, sólido, pronto para agir como escudo e ofensiva ao mesmo tempo.

“Chidori,” murmurou Kakashi, concentrando uma torrente elétrica de chakra no clone, que começou a brilhar com a luz azul cintilante de pura energia. O clone avançou como um relâmpago, a eletricidade zunindo pelo ar, carregando toda a força e determinação de Kakashi em direção ao inimigo invisível, que recuou, surpreso, sentindo o impacto iminente.

Enquanto o clone distraía e atacava, Kakashi agarrou Naomi com cuidado, o corpo pequeno e frágil da menina pressionado contra seu peito, o calor dela contra sua própria pele dando-lhe força. Ele respirou fundo, sentindo cada batida do coração dela, e então correu, rápido como o relâmpago.

A janela mais próxima se aproximava, um obstáculo que não podia hesitar. Com um salto preciso, Kakashi quebrou o vidro com o impacto do corpo, sentindo estilhaços se espalharem ao redor. Ele segurou Naomi firmemente, protegendo-a com o próprio corpo, e despencou para fora, caindo no frio da noite, o vento cortando suas roupas, o coração disparado, cada segundo um fio tênue entre a vida e a morte.

O clone, carregando o Chidori, continuava a avançar, um relâmpago humano a cortar a escuridão, mantendo o inimigo ocupado, dando a Kakashi o precioso tempo que precisava. Naomi, ainda assustada, se agarrou a ele, os olhos azuis arregalados e o choro silencioso cessando, sentindo-se segura apenas pelo calor e pela presença firme daquele que jurara protegê-la.

Do lado de fora, a noite fria parecia respirar com eles, o perigo ainda pulsando nas sombras, mas naquele instante, por um breve momento, a pequena Naomi estava salva — mesmo que o mundo inteiro ao redor ainda estivesse prestes a desmoronar.

 

O quarto estava imerso em uma tensão quase palpável. Cada respiração de Kushina era um grito contido, cada contração um rasgar da própria carne. Ela gritava de dor, baixa, rouca, enquanto empurrava com toda a força que seu corpo conseguia reunir. Cada músculo queimava, cada vértebra parecia ceder sob a intensidade da dor.

Minato estava ao lado dela, os olhos brilhando de preocupação, as mãos pairando sobre a barriga de Kushina, emitindo ondas de chakra protetor que se entrelaçavam com o selo que aprisionava a Kyuubi. Ele sentia cada esforço dela, cada estalo de dor, e não conseguia manter a voz calma: estava nervoso, tão nervoso que a própria força do Hokage parecia pequena diante do sofrimento de sua esposa.

“Empurre, Kushina… está quase…” disse Biwako, a esposa do aposentado Terceiro Hokage, firme e concentrada. Sua voz era um guia, um âncora em meio à tempestade de dor que consumia Kushina.

Ela fechou os olhos, respirou fundo, e empurrou com toda a força que tinha, cada gemido saindo como um eco do próprio mundo rachado em torno dela. O ar parecia se comprimir, o tempo se esticar e cada segundo durar uma eternidade.

Então, de repente, um som cortou o ar — frágil, pequeno, mas absolutamente perfeito: o choro de um bebê. Minato abriu os olhos, atordoado, incapaz de acreditar. O mundo pareceu se inclinar, a tensão se dissipando por um instante quase divino.

Kushina deixou escapar um soluço misturado de dor e alegria, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto queria desesperadamente ver o filho que finalmente chegara. Biwako, com mãos firmes e experientes, limpou o bebê, envolvendo-o cuidadosamente antes de entregá-lo a Kushina e Minato.

Kushina o segurou contra o peito, rindo com dor e felicidade ao mesmo tempo, sentindo o calor da vida recém-chegada, a batida do coração que prometia esperança e futuro. Minato suspirou profundamente, aliviado, cada fibra de seu corpo finalmente relaxando, sentindo o peso da noite e da responsabilidade desaparecer por um instante. O mundo parecia mais leve, mais seguro, apenas naquele momento sagrado.

 

Enquanto a alegria preenchia o quarto, lá fora, nas sombras da vila, o inimigo que Kakashi havia enfrentado reaparecia. O Kamui, ainda ativo, distorcia o ar ao seu redor, sua intenção era clara: Avançar em direção a Minato e Kushina, para interromper aquele momento de paz e atacar.

O ar parecia escurecer ainda mais à medida que ele se aproximava, o ódio queimando com força total, pronto para engolir tudo e todos que ousassem atravessar seu caminho.

 

Minato sentiu a mudança antes de qualquer som, antes de qualquer movimento. Uma intenção assassina cortou o ar, gelando a sua espinha e acendendo cada sentido do Hokage. Seus olhos se abriram.

“Kushina…” começou a falar, a voz tensa, mas não teve tempo.

Um grito rasgou o ar, seguido de um choque que fez seu sangue ferver. Biwako caiu no chão, o corpo jorrando sangue, a garganta cruelmente cortada. O horror da cena atingiu Minato como um golpe físico; cada músculo se enrijeceu, cada instinto de proteção aceso ao extremo.

Mas antes que pudesse reagir totalmente, algo ainda mais brutal aconteceu: a criança, ainda recém-nascida, foi arrancada dos braços de Kushina de forma violenta, o choro silencioso sendo substituído por um grito mortal. A pequena vida que acabara de chegar ao mundo estava em perigo instantâneo.

Uma onda de ódio absoluto explodiu dentro de Minato, queimando como relâmpago dentro de suas veias. Cada traço do Hokage, cada fibra de sua força, foi consumida por uma fúria pura, incontrolável. Sem hesitar, ele avançou contra o inimigo, cada passo um clarão de velocidade e precisão, cada movimento uma promessa de vingança e proteção.

Em um instante, ele desarmou o agressor e recuperou seu filho recém-nascido, segurando-o com firmeza contra o peito. Mas o alívio durou apenas um segundo. Seus olhos se arregalaram ao notar o que se escondia sob o cobertor: explosivos, prontos para rasgar a vida que ele jurara proteger.

Sem pensar, Minato lançou o cobertor para longe, o corpo inteiro carregando força e urgência. O perigo ainda não passara. Instintivamente, ele se teleportou, sentindo a energia da técnica percorrer seu corpo como relâmpago, aparecendo ao lado de Kushina, cobrindo ambos — esposa e filho — com seu próprio corpo, formando uma parede protetora impenetrável.

O ar ao redor parecia vibrar com a intensidade da fúria de Minato, os olhos brilhando com determinação e ódio concentrado. Nenhuma força no mundo poderia tocá-los enquanto ele estivesse ali, cada fibra do Hokage concentrada em manter a vida que acabara de nascer intacta, contra qualquer ameaça, contra qualquer escuridão.

O ar estalava com a tensão, pesado como ferro aquecido, cada molécula vibrando com a fúria de Minato e a maldade concentrada do inimigo. O homem encarava Minato com apenas um olho visível, o Sharingan girando lentamente, cheio de ódio, enquanto sua mão segurava a espada que parecia absorver a própria escuridão.

Sem aviso, ele desapareceu, afundando no chão como se a própria terra o engolisse. Minato piscou, os sentidos alerta, cada fibra de seu corpo pronta para reagir, mas antes que pudesse piscar novamente, o inimigo reapareceu atrás dele, a lâmina cortando o ar com intenção pura de matar.

Minato se curvou rapidamente, o corpo quase flutuando sobre o chão, os cabelos ruivos ao vento da velocidade, e lançou uma série de kunais, cada uma girando como relâmpagos. Mas o homem sumia e reaparecia como fumaça, esquivando-se com precisão sobrenatural, cada movimento calculado para confundir e pressionar o Hokage.

“Você não vai… passar por mim!” rugiu Minato, a voz carregada de raiva e determinação. Ele ativou o Hiraishin, teleportando-se instantaneamente para frente do inimigo, tentando surpreendê-lo, mas cada vez que se aproximava, a lâmina sumia sob o chão ou reaparecia ao lado, sempre pronta para atacar.

O choque do metal ecoava no ar, faiscando quando os ataques de Minato e a lâmina do inimigo colidiam, faíscas dançando na penumbra do quarto e do corredor. Cada movimento do inimigo era imprevisível, como se o chão fosse seu próprio domínio, e ele pudesse se deslocar por qualquer ponto à vontade.

Minato sentiu seu coração acelerar, a adrenalina queimando cada nervo. Ele não podia falhar. Cada passo em falso, cada segundo perdido, podia custar a vida do filho recém-nascido e de Kushina. Ele respirou fundo, cada inspiração carregando determinação e fúria concentrada.

“Se você quer destruir… se quer espalhar morte… vai ter que passar por mim primeiro!” gritou Minato, teletransportando-se mais uma vez, agora tentando flanquear o inimigo, cada movimento medido com perfeição, cada ataque um relâmpago de pura força e velocidade, refletindo a raiva de um homem que jurou proteger tudo o que amava.

O inimigo, rindo de forma cruel, sumia e reaparecia, o chão e o ar dobrando-se ao seu redor, um mestre do Kamui que usava o espaço como arma. Mas Minato não hesitava. Cada teleporte, cada ataque, cada movimento era uma dança mortal, o tempo e espaço distorcendo-se ao redor deles enquanto a batalha explodia em pura velocidade e tensão, uma luta onde cada segundo podia decidir entre vida e morte.

 

O vento cortava seu rosto, frio e impiedoso, enquanto Kakashi corria pela floresta, cada passo rápido e preciso, cada galho um obstáculo a ser vencido. Naomi chorava nos seus braços, o som estridente misturando-se ao rugido do vento e ao bater acelerado de seu coração. Ela estava assustada, agarrada a ele, mas ele não podia parar, não podia sequer pensar em desacelerar.

Pulando de galho em galho, seu corpo parecia flutuar entre árvores, os movimentos quase sobrenaturais, cada salto uma promessa silenciosa de proteção. O mundo ao redor era um borrão, apenas a pequena forma de Naomi nos braços, quente e frágil, guiando cada passo do jovem ANBU.

Quando a floresta começou a ceder, e os limites da vila surgiram diante de seus olhos, Kakashi sentiu o chão firme sob seus pés novamente, mas não diminuiu a velocidade. Os portões da vila apareceram, imponentes e silenciosos, mas o que o surpreendeu não foi a arquitetura, e sim os dois shinobis que lá estavam.

Eles recuaram instintivamente, olhos arregalados, ao ver o estado em que Kakashi se encontrava — o corpo sujo, o cabelo despenteado, a respiração ofegante, o olhar intenso, carregado de desespero e fúria contida.

“Quem… quem é ela?” perguntou um deles, a voz hesitante, notando a pequena menina nos braços de Kakashi.

Kakashi não respondeu. Não podia. Não havia tempo para explicações, não havia espaço para perguntas. Ignorando os shinobis, ele avançou, os pés quase voando sobre o chão, a adrenalina impulsionando cada passo.

Seu destino era claro: a torre do Hokage. Cada segundo contava, cada movimento precisava ser perfeito. Naomi chorava, a voz pequena e desesperada misturada com o som de passos apressados e folhas estourando sob os pés de Kakashi.

A torre se aproximava, imponente e silenciosa, prometendo segurança, mas também carregando toda a responsabilidade de proteger a vida de uma criança que ainda não entendia o mundo em que havia nascido. Kakashi apertou Naomi contra si, sentindo seu corpo tremendo, seu choro misturado ao medo e ao frio da noite, enquanto acelerava os últimos metros, determinado a chegar a salvo, custasse o que custasse.

 

O salão da torre do Hokage estava silencioso, exceto pelo som leve dos papéis sendo organizados e o ranger do vento nas janelas altas. O Sandaime Hokage, Sarutobi, estava concentrado em suas tarefas, o semblante sério, cada gesto medido com a precisão de décadas de liderança. Ao seu lado, Danzo Shimura permanecia impassível, os olhos frios, como lâminas escondidas, tentando extrair qualquer informação sobre Minato e Kushina.

“Você precisa nos dizer onde eles estão,” disse Danzo, a voz firme, impiedosa. “Não podemos permitir que a vila corra riscos por segredos guardados por você.”

Sarutobi ergueu o olhar, pesado, cheio de determinação e resistência. “Não,” respondeu, a voz calma, mas carregada de autoridade. “Não darei essas informações. Eles confiam em mim, e eu não os trairei.”

Danzo cerrou os dentes, pronto para insistir, para pressionar ainda mais, quando, de repente, a porta foi arrombada com violência, voando para trás e batendo na parede com um estrondo que ecoou pelo salão.

Kakashi entrou, em um estado deplorável: roupas rasgadas, cabelo despenteado, respiração irregular, olhos ardendo com desespero e urgência. Nos braços, Naomi chorava, o pequeno corpo ainda tremendo, os olhos azuis arregalados e assustados.

“Senhor Sarutobi!” gritou Kakashi, a voz carregada de tensão e medo. “Konoha… Konoha está sob ataque! Vocês têm que proteger… proteger Naomi, Minato-sensei e Kushina e o filho deles!”

O Sandaime se ergueu imediatamente, o semblante se tornando ainda mais sério, cada linha de seu rosto refletindo o peso da responsabilidade. Ele avançou um passo, tentando absorver as informações, enquanto seu olhar alternava entre o jovem ANBU e a menina nos braços dele.

Danzo se inclinou para frente, os olhos brilhando com interesse e ambição, mas mesmo ele sentiu a intensidade do medo e da urgência emanando de Kakashi. Este não era um pedido qualquer; era um grito desesperado, um aviso de que a própria vila corria perigo, e que a vida daquela criança dependia de cada decisão naquele instante.

O vento atravessava a sala pelas janelas abertas, trazendo consigo a sensação de ameaça iminente. Kakashi respirou fundo, tentando recuperar o fôlego, mas não conseguiu controlar a voz trêmula:

“Eles… eles estão indo atrás de Minato, de Kushina… e de Naomi. Não podemos perder mais tempo!”

O Sandaime, com um olhar pesado, entendeu imediatamente. Não havia tempo para hesitar, não havia espaço para debates prolongados. Cada segundo perdido poderia custar vidas. Ele se virou para Danzo, firme:

“Prepare defesas… agora. Protejam a vila… cuida dela, Kakashi. Eu cuidarei do resto.”

Kakashi sentiu um alívio momentâneo, mas a tensão continuava a pulsar no ar, como uma tempestade prestes a explodir. Naomi chorava baixinho, encolhida em seus braços, e ele sabia que, apesar de estar seguro ali por um instante, a verdadeira batalha ainda estava prestes a começar.

O salão da torre do Hokage estava carregado de tensão, o silêncio quebrado apenas pelo choro contido de Naomi e pela respiração pesada de Kakashi. O Sandaime Hokage, Sarutobi, olhou para Danzo com olhos que carregavam décadas de experiência, sabedoria e um peso que só um líder podia suportar.

“Danzo,” disse Sarutobi, a voz firme, cortando o ar como lâmina afiada, “você já ultrapassou os limites. Saia daqui. Agora.”

Danzo, o rosto impassível, seus olhos frios e calculistas, tentou protestar, mas o peso da autoridade do velho Hokage não deixou espaço para discussão. Com um gesto seco, Sarutobi avançou um passo, a presença dele preenchendo a sala como uma muralha intransponível.

“Você não fará nada que coloque esta vila em risco. Saia!”

Sem mais palavras, Danzo recuou, seus passos ecoando pesadamente no chão de madeira enquanto deixava a sala, deixando para trás apenas o silêncio pesado e a sensação de iminente perigo.

Sarutobi então se virou para Kakashi, o olhar se suavizando por um instante ao notar o estado do jovem ANBU e da criança. Mas não havia tempo para alívio; o ataque se aproximava, e cada segundo contava.

Ele ergueu as mãos em um gesto rápido e preciso, murmurando comandos sutis. Sombras começaram a se mover nas extremidades da sala, deslizando como serpentes, revelando-se como os ANBU que se escondiam, silenciosos, prontos para agir. Cada um deles era uma sombra viva, movendo-se quase imperceptivelmente, olhos atentos a cada movimento.

“Vão. Avisem todos os ninjas disponíveis,” ordenou Sarutobi, a voz firme e autoritária. “Informem sobre o ataque iminente. Protejam a vila, protejam a torre, e garantam a segurança de todos os que estão sob nosso cuidado.”

Os ANBU se dispersaram silenciosamente, desaparecendo nas sombras como fantasmas, cada um levando a mensagem mortal de urgência e perigo. O ar parecia mais pesado, como se a própria vila soubesse que algo terrível estava prestes a acontecer.

Kakashi segurou Naomi ainda mais firme, sentindo o peso da responsabilidade em seus braços. Ele olhou para o velho Hokage, que respirava fundo, preparando-se para enfrentar o que estava por vir. Por um instante, o mundo parecia suspenso, cada sombra, cada som, cada respiração carregando a iminência de caos e batalha.

E nas sombras externas à vila, o inimigo ainda avançava, preparando-se para atacar o coração de Konoha, com ódio e determinação, enquanto a noite carregava consigo a promessa de uma tempestade iminente.

Chapter 2: Tensão/Tension

Summary:

Na noite do nascimento de Naruto Uzumaki, Konoha é abalada por uma ameaça mortal. Enquanto Kushina luta para dar à luz, Minato e um grupo restrito de aliados, incluindo Biwako, cuidam da segurança do parto e do selo da Kyuubi.
Paralelamente, Kakashi, ainda jovem ANBU, protege secretamente Naomi Namikaze, filha secreta de Minato e Kushina, mantendo-a escondida de inimigos que buscam atingir o Hokage e sua família.

Enquanto Kushina sofre com as dores do parto e finalmente dá à luz a Naruto, Kakashi enfrenta um inimigo mascarado e extremamente poderoso, capaz de manipular o espaço com o Kamui. Desesperado, ele corre pela floresta com Naomi nos braços, desviando de ataques, saltando entre galhos e evitando armadilhas, enquanto a vila começa a ser alertada do ataque iminente.

Notes:

Hi. 🦆

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Chapter Text

O ar ao redor parecia vibrar com eletricidade e ódio. Cada movimento de Minato era rápido como o relâmpago, cada passo calculado, mas seu coração estava dividido. Enquanto bloqueava e desviava os ataques do homem mascarado, cada golpe parecia carregado de força bruta e intenção assassina, Minato pensava constantemente em Kushina, em Naruto, e em Naomi. O inimigo era cruel e astuto, desaparecendo no chão e reaparecendo em outro ponto, sempre com a espada cortando o ar, cada ataque uma ameaça direta àqueles que ele mais amava.

“Não posso… não posso deixá-los… ferirem você, Kushina… nem meu filho…” seus pensamentos corriam tão rápido quanto seu corpo, enquanto ele desviava de mais um golpe, sentindo o impacto do ar quando a lâmina cortou o espaço onde estivera segundos antes. Ele avançou com Hiraishin, teleportando-se atrás do inimigo e acertando uma série de kunais carregadas de chakra, mas o adversário se esquivava com uma precisão quase sobrenatural, rindo cruelmente enquanto atacava novamente.

A batalha se tornou um balé mortal de relâmpagos e sombras. Minato atacava e recuava, cada movimento fluindo com perfeição, mas seus pensamentos estavam constantemente voltados para a segurança de Kushina e do bebê recém-nascido. “Eles não podem se machucar… não agora… não depois de tudo…” cada desvio, cada golpe, cada teleporte era guiado pelo instinto de proteger sua família, não apenas de sobreviver, mas de permanecer inteira e viva.

Finalmente, depois de um intenso confronto, Minato conseguiu criar uma abertura. Com movimentos rápidos e precisos, ele desferiu um ataque certeiro, afastando o inimigo mascarado temporariamente. Aproveitando o momento, ele correu para onde Kushina estava, o corpo dela exausto mas firme, segurando Naruto em seus braços. Cada passo de Minato era uma corrida contra o tempo, cada respiração uma promessa de proteção absoluta.

Eles se moveram rapidamente, teletransportando-se para o local onde Kakashi e Naomi deveriam estar, mas ao chegarem, Minato congelou. O cenário estava bagunçado, papéis espalhados, objetos quebrados, sinais claros de luta. O coração dele disparou, o medo crescendo como um fogo que ameaçava engoli-lo.

“Kakashi… Naomi… onde estão?” Sua voz carregava desespero contido, mas firme, enquanto olhava cada sombra, cada canto da sala.

Kushina, ainda sensível após o parto, sentiu o medo invadir seu peito. Segurando seu filho próximo, ela começou a imaginar os piores cenários, o choro do bebê misturando-se com seu próprio pânico silencioso.

Minato a abraçou com firmeza, sentindo a respiração dela se misturar à sua. Olhando para o filho, depois para Kushina, sua voz saiu baixa, firme e determinada:

“Está tudo bem… confio em Kakashi. Naomi está segura… e vocês também estarão. Vamos sair daqui agora. Vou levá-los para um lugar mais seguro.”

Ele sentiu o peso do mundo em seus braços — Kushina, seu filho, o futuro da vila — mas também sentiu a força da determinação, a promessa de que nada, nem mesmo o ódio e a maldade que rondavam a vila, poderia quebrar aquilo. Com cuidado, ele se preparou para mover sua família, mantendo os olhos atentos a qualquer sinal de perigo, enquanto a noite carregava o eco distante da batalha que ainda rugia.

O coração de Minato disparava no peito. Ele mal teve tempo de pensar. No instante em que seus olhos azuis se encheram de esperança ao abraçar Kushina e seu filho juntos, a sombra do homem mascarado surgiu diante deles. Um chute veloz o atingiu em cheio no abdômen, lançando-o para trás. O mundo rodou por um segundo, e ao cair de joelhos, Minato sentiu o gosto amargo da falha — por um instante havia se distraído.

— Kushina! — gritou, ao ver o mascarado se aproximando.

Kushina, pálida e exausta, respirava com dificuldade. O suor escorria por seu rosto enquanto suas mãos tremiam. Ela sabia que não tinha forças para resistir. Mesmo assim, em um ato de coragem desesperada, ela ergueu os olhos para Minato e, com confiança, lançou seu filho para os braços dele.

— cuide dele! — disse, a voz embargada pela dor.

Minato agarrou seu filho contra o peito, instintivamente envolvendo o bebê em chakra para protegê-lo. Mas antes que pudesse avançar, as correntes de chakra de Kushina se ergueram para tentar conter o inimigo. O homem mascarado apenas riu e as atravessou, e com seu olho vermelho rodando em tomoes, ativou seu poder distorcido. A realidade ao redor se contorceu, e em questão de segundos, o corpo enfraquecido de Kushina foi sugado pelo vórtice negro do Kamui.

— Kushinaaaaaa! — o grito de Minato ecoou, carregado de dor e raiva.

Um silêncio sufocante tomou o ar por um instante, quebrado apenas pelo choro desesperado de Naruto em seus braços. O coração de Minato queimava — ele queria destruir aquele homem, arrancá-lo das sombras, resgatar sua esposa imediatamente. Mas sabia a verdade cruel: se desse um passo em falso, seu filho também seria perdido.

O Yondaime apertou os dentes, o suor escorrendo em sua testa. “Ele esperou esse momento... O selo está enfraquecido, ele quer libertar a Kyuubi... Não posso deixá-lo. Kushina... me perdoe!”

Com um suspiro pesado, Minato ergueu o bebê e o aninhou com cuidado. Seus olhos faiscavam com uma mistura de raiva e determinação. Ele se levantou, e em um piscar de olhos, o espaço se distorceu ao seu redor — o Hiraishin o transportando dali.

Seu destino era claro: encontrar Kakashi e Naomi.
Proteger o que restava de sua família, salvar a vila. E depois… salvar Kushina.

 

Kakashi andava de um lado para o outro, sempre atento às sombras que se projetavam pela sala. Seu corpo estava cansado, mas seus sentidos permaneciam afiados. O coração batia acelerado, pois a qualquer instante aquele homem mascarado poderia surgir de novo, e ele sabia — se isso acontecesse, proteger Naomi seria ainda mais difícil.

Naomi, deitada sobre o futon, se mexia inquieta. Seus olhos azuis, tão vivos e inocentes, se voltaram para Kakashi com uma mistura de curiosidade e ansiedade.

— Caozinho… — a voz dela era suave, infantil, mas carregada de uma pergunta que pesava no coração de Kakashi. — Onde a mamãe e o papai estão? Quando eles vão vir me buscar?

Aquelas palavras foram como facas em sua consciência. Ele sabia a verdade: Minato e Kushina estavam no meio do inferno, lutando pela sobrevivência da vila e pelo futuro do recém-nascido. Mas como explicar isso a uma criança de apenas quatro anos?

Respirando fundo, Kakashi se agachou diante dela. Com uma mão enluvada, bagunçou levemente seus cabelos ruivos.

— Eles logo vão voltar, Naomi. — disse em tom calmo, firme, mas cheio de carinho. — Até lá, você pode confiar em mim. Eu vou proteger você.

Naomi franziu o rosto, bufando, como se não acreditasse totalmente, mas aceitou. Seus pequenos dedos agarraram a capa de Kakashi, como se aquele simples gesto fosse um escudo contra o medo que pairava no ar.

Kakashi suspirou, olhando-a nos olhos. “Sensei… Kushina-san… eu juro, mesmo que custe a minha vida, eu não deixarei que nada aconteça com ela.” (pensamento)

A sala voltou ao silêncio, mas a tensão se mantinha. Naomi, inocente, fechou os olhos e se aconchegou no futon, confiando no “cãozinho mascarado” que estava ao seu lado. Já Kakashi, mesmo imóvel, estava pronto para lutar contra qualquer sombra que ousasse se aproximar.

 

A noite ainda parecia mais escura do que antes, como se toda a vila estivesse presa em um pesadelo silencioso. Kakashi permanecia de guarda, seu corpo tenso, Naomi dormindo em um futon improvisado. O silêncio só era quebrado pelo ressoar distante do vento contra as árvores, um prenúncio de que algo ainda pior estava por vir.

De repente, uma aura familiar atravessou o ambiente. Kakashi ergueu a cabeça, o sharingan instintivamente cintilando sob a bandana. Um lampejo dourado iluminou a sala, e o coração do jovem quase parou.

— Sensei…? — ele murmurou, o corpo inteiro pronto para reagir.

Na penumbra, surgiu Minato Namikaze, o Yondaime Hokage, com Naruto nos braços. Seu semblante, ainda que firme, trazia no fundo uma sombra de dor.

— Minato-sensei! — Kakashi exclamou, correndo até ele. — Está tudo bem? Onde está a Kushina-san?!

Minato não respondeu de imediato. Seus olhos azuis, normalmente serenos como o céu, estavam agora nublados. Mas no meio da angústia, havia também o brilho de algo precioso: o pequeno Naruto, aninhado em seus braços, chorando baixinho. Kakashi percebeu, sem que fosse dito, que nada estava bem.

Antes que pudesse insistir, uma voz infantil rompeu o silêncio:

— Otousan! Otousan! — Naomi correu até Minato, o rosto iluminado pela alegria inocente. Seus olhos azuis reluziam como estrelas. — Eu estava esperando por você! Cadê a mamãe?

A pergunta golpeou Minato no fundo do peito. Por um momento, ele quase não conseguiu respirar. O sorriso que forçou parecia real demais para ser mentira, mas carregava dor.

— Ela está bem, minha querida. — respondeu, com a voz suave, enganando apenas para protegê-la.

Naomi acreditou sem hesitar. Seus olhos então se fixaram no pequeno bebê nos braços do pai. Curiosa, aproximou-se, os passos tímidos, até se ajoelhar ao lado dele.

Minato se abaixou, trazendo o bebê para perto da filha. O recém-nascido soluçava baixinho, mas quando Naomi estendeu a mãozinha e tocou o bracinho dele, o choro suavizou. Um laço invisível e imediato se formou ali — dois irmãos, unidos antes mesmo de entenderem o mundo ao redor.

O coração de Minato doeu, mas também se aqueceu. Naomi sorria, encantada, sem perceber o peso da noite que os cercava.

Kakashi, observando a cena, deixou um raro sorriso escapar, mas logo o semblante voltou a ficar sério. Ele deu um passo à frente.

— Sensei… precisamos conversar.

Minato entendeu imediatamente o tom. Olhou uma última vez para a filha, os olhos suavizando.

— Naomi, vá deitar-se um pouco, está bem? — disse com voz gentil.

— Hai! — ela respondeu, correndo até o futon, ainda olhando de relance o bebê com um brilho encantado nos olhos.

Quando ela finalmente se deitou, Minato se voltou para Kakashi. O peso que carregava agora se mostrava inteiro.

— Minato-sensei… eu quero ajudar. — Kakashi apertou os punhos. — Não importa o que esteja acontecendo, eu posso lutar, posso proteger a Kushina-san.

Minato colocou uma mão firme sobre o ombro de seu aluno. Seu toque era caloroso, mas havia nele uma despedida silenciosa.

— Por favor, Kakashi… cuide da Naomi e do meu filho. — Minato sorriu, um sorriso pequeno, doloroso, mas cheio de confiança. — É a coisa mais importante que posso te pedir.

Kakashi congelou por um momento, mas aceitou o peso sem hesitar. Recebeu Naruto nos braços, com cuidado, quase reverência. O bebê se aconchegou contra ele, e Kakashi sentiu uma onda de responsabilidade esmagadora correr por seu peito.

Quando ergueu os olhos novamente, Minato já se afastava. Sua capa branca tremulava suavemente com o vento noturno.

E então, como um raio, ele sumiu.

Kakashi ficou parado, imóvel, sentindo o peso do bebê em seus braços e o olhar inocente de Naomi sobre ele. Dentro de si, o medo crescia — mas ao mesmo tempo, o juramento também.

"Sensei… eu vou protegê-los. Custe o que custar." (Pensamento)

 

O ar estava pesado. As correntes seladoras se agitavam em um estrondo metálico, rangendo como se resistissem ao impossível. O suor escorria pelo rosto de Kushina, seus cabelos ruivos colados à pele pálida. Ela gritava — um grito que parecia dilacerar a noite. Não era apenas dor física: era como se cada fibra de seu ser fosse arrancada, cada batida do coração corrompida pela pressão esmagadora que se erguia em seu ventre.

O selo… estava se quebrando.

Com um estalo terrível, o chakra vermelho e negro da Kyuubi explodiu em todas as direções. Kushina arfou, suas entranhas pareciam queimar e torcer como se fossem feitas de fogo. A corrente se partiu em faíscas de luz, e a raposa colossal ergueu-se com um rugido que fez a terra tremer.

— GRAAAAAAAAAH!!!

 

A floresta pareceu se curvar sob o ódio puro que emanava da criatura. Cada respiração da Kyuubi era como um trovão, cada olhar, como uma promessa de destruição.

Das sombras, o mascarado ergueu sua mão, e seu Sharingan flamejou. O olhar frio, controlando com perfeição a fera enfurecida.

— Agora, Kyuubi… destrua. — sua voz era grossa, carregada de triunfo e desprezo.

As garras da raposa brilharam sob a lua. A pata desceu com fúria, esmagando o lugar onde Kushina estava presa, destruindo pedras e selos em um único golpe. A terra tremeu. Poeira e destroços voaram em todas as direções.

O mascarado riu, um riso cavernoso que parecia ecoar como mil lâminas.

E então — um clarão dourado.

O ar vibrou com a súbita presença. Minato.

Ele surgiu como um raio, a capa branca ondulando sob o impacto da chegada. Em seus braços, o corpo desmaiado de Kushina, tão frágil, tão exausta, que parecia quase se apagar em seu colo. Por um instante, o mundo parou.

Minato se ajoelhou, segurando-a contra o peito. Seu rosto, normalmente sereno, estava endurecido em uma mistura de dor e fúria. Com ternura, ele a envolveu com os braços, aproximando os lábios de sua orelha.

— Kushina… eu estou aqui. Aguente firme… por favor. — sua voz era baixa, quase um sussurro, como se tivesse medo de que ela não o ouvisse. Ele roçou os lábios em sua bochecha pálida, um gesto de amor e desespero.

Quando ergueu os olhos, a ternura se quebrou.

Seus olhos azuis, antes suaves como o céu, estavam agora afiados como lâminas de aço. Ele encarou o mascarado, e naquele olhar não havia piedade, não havia hesitação. Apenas guerra.

O vento pareceu se curvar ao redor de Minato. O chakra relampejou em seu corpo.

— Você ousou tocar na minha família… — sua voz soava como trovão contido, fria e mortal. — Eu vou acabar com você.

O mascarado silenciou seu riso por um momento. Diante dele não havia apenas o Hokage. Havia um homem disposto a rasgar o mundo em pedaços para proteger aqueles que amava.

A guerra estava declarada.

 

Minato surgiu em um lampejo dourado. O ar pareceu se rasgar ao redor dele quando apareceu na sala onde estavam Kakashi, Naomi e o bebê recém-nascido.

Kushina, desmaiada em seus braços, estava pálida, os cabelos ruivos desgrenhados colados à pele suada. Ele a colocou com cuidado na cama, ajeitando-a ao lado da pequena Naomi, que ainda olhava para tudo sem entender, mas se encolheu instintivamente contra a mãe. O bebê chorava baixinho, embalado pelo cheiro de Kushina.

Minato se permitiu apenas um instante. Seu olhar azul percorreu cada um deles — esposa, filha, filho. Tudo o que tinha de mais precioso no mundo, ali reunido, frágeis como vidro diante do caos que se erguia fora das paredes.

Ele fechou os olhos, inspirou fundo e, com um último toque suave na mão de Kushina, desapareceu em um clarão amarelo.

Tão rápido que Kakashi nem conseguiu perceber o movimento.

— Sensei?! — Kakashi chamou, mas só havia silêncio. Então seus olhos caíram sobre Kushina, deitada.

Ele correu até ela, ajoelhando-se. O sangue manchava parte de sua roupa, pequenos arranhões e cortes se espalhavam por sua pele. Kakashi cerrou os dentes, pressionando as mãos sobre o corpo dela. O chakra verde fraco brotou de suas palmas — um ninjutsu médico básico, aprendido por obrigação nos tempos de ANBU, jamais suficiente para grandes feridas. Mas era tudo o que ele tinha.

— Não morra, Kushina-san… — murmurou, a voz quase quebrando, as mãos trêmulas enquanto forçava seu chakra no corpo dela. — Eu prometi… eu prometi ao sensei…

Naomi, com olhos arregalados e cheios de lágrimas, puxava a mão da mãe, como se pudesse trazê-la de volta apenas com a força de seu pequeno coração.

 

---

Enquanto isso, do lado de fora…

Minato reapareceu no campo de batalha. O vento cortava como lâminas, carregando a energia monstruosa da Kyuubi e o ódio sufocante do homem mascarado.

O inimigo estava ali, no topo de um rochedo despedaçado, controlando a raposa como um titereiro cruel. O Sharingan dele brilhava em vermelho profundo, fendido pela escuridão do vazio de sua máscara.

— Finalmente veio… — disse o mascarado, a voz arrastada, carregada de escárnio. — Hokage.

Minato não respondeu. Não havia palavras. Apenas o silêncio de um homem cuja alma queimava de fúria.

Ele avançou.

O chão rachou sob seus pés, o espaço ao redor distorcendo-se pela velocidade absurda de seu corpo. Uma kunai especial brilhou em sua mão.

O mascarado sumiu no mesmo instante, sendo engolido por seu Kamui. Minato reapareceu atrás dele — mas a lâmina atravessou apenas o vazio.

Um chute brutal atingiu suas costelas. Minato voou pelo campo, o ar sendo arrancado de seus pulmões, mas ele se recuperou no ar, girando e fincando uma kunai no chão para teleportar-se antes do impacto.

— Você é rápido. — o mascarado zombou. — Mas não o bastante.

O chão ao lado de Minato explodiu — a pata da Kyuubi, descendo com força titânica, tentando esmagá-lo. O Hokage desapareceu em um clarão amarelo, surgindo acima da raposa, mas imediatamente uma corrente negra se estendeu em sua direção, o prendendo no ar.

O mascarado o puxou como se fosse apenas uma marionete. Sua espada surgiu no reflexo da lua, mirando o coração de Minato.

O mundo desacelerou.

O olhar de Minato viu muito mais do que a lâmina. Ele viu Naomi chorando pelo pai. Viu Kushina, frágil, entre a vida e a morte. Viu Naruto, ainda sem nome, pequeno e inocente, nascido em meio ao caos.

"Eu não posso perder. Eu não posso falhar."

Com um clarão, Minato desapareceu da corrente, surgindo atrás do inimigo em um contra-ataque relâmpago. Sua kunai cortou o espaço com violência, quase atravessando o mascarado. O inimigo apenas girou, seu corpo novamente distorcido pelo Kamui.

A luta não era apenas física. Era mental, uma batalha de tempo e de estratégia, onde o menor erro significaria o fim de tudo.

E no coração de Minato, a chama da fúria e do amor o empurrava além de seus limites.

O ar estremeceu quando o rugido da Kyuubi ecoou pelos céus. O som era tão aterrador que fez a terra vibrar, despedaçando árvores e construções ao redor. O chakra vermelho da besta inundava tudo, pulsando como fogo vivo.

O mascarado ergueu a mão, o Sharingan brilhando como brasas no escuro. Correntes negras de chakra surgiram e prenderam ainda mais a raposa.

— Agora, Hokage… vamos ver até onde sua velocidade pode protegê-lo. — disse ele com frieza.

A Kyuubi se moveu como se fosse guiada por uma mente sádica. Uma das patas gigantescas caiu sobre Minato como uma muralha. Ele se teleportou no último instante, reaparecendo atrás do monstro, kunai em punho. Mas imediatamente, uma cauda colossal varreu o ar, atingindo o solo com uma força devastadora. O impacto ergueu uma onda de choque que lançou Minato para longe.

Ele girou no ar, reaparecendo sobre uma kunai marcada antes que o golpe o esmagasse por completo. Mas assim que seus pés tocaram o chão, o mascarado estava lá — surgindo do nada, tentando agarrar-lhe a garganta.

Minato desviou, mas sentiu o frio do vazio do Kamui roçar sua pele. Um arrepio percorreu sua espinha.

"Se eu errar um movimento… é o fim."

A Kyuubi avançou novamente, obedecendo cegamente ao controle do mascarado. A boca da raposa se abriu, reunindo chakra para disparar uma Bijūdama. O chakra negro e vermelho girava como um sol da destruição, pronto para engolir tudo em um raio de quilômetros.

O mascarado não queria apenas matar Minato. Ele queria obliterar Konoha.

— Não! — rugiu o Hokage, teleportando-se acima da Kyuubi. Ele lançou uma kunai marcada no ar e apareceu ao lado da esfera de chakra, tocando-a com a palma da mão.

Com esforço sobre-humano, transportou a Bijūdama para fora dos limites da vila. No horizonte, a explosão incendiou o céu, iluminando a noite como se fosse dia.

Mas não houve tempo para respirar.

A raposa golpeou novamente. O mascarado, em sincronia, atacou junto. Era como lutar contra dois inimigos mortais que se moviam como um só.

Minato teleportava-se em rajadas de luz, desviando de caudas que derrubavam florestas inteiras e do braço do mascarado que tentava sugar-lhe a existência. O campo de batalha se tornava um caos absoluto, cada clarão amarelo de Minato competindo contra a escuridão sufocante do Kamui.

Ainda assim, seu coração ardia.

"Eu tenho que vencer. Kushina… Naomi… Naruto… eu protegerei vocês, mesmo que isso custe minha vida."

Com os olhos firmes, Minato traçou sua estratégia. Ele sabia que não poderia simplesmente enfrentar a Kyuubi de frente. Primeiro, precisava cortar o elo que a prendia ao mascarado.

— Vou separar vocês dois. — murmurou, preparando sua kunai. — E então… vou acabar com você.

O mascarado gargalhou ao ouvi-lo.

— Tente, Hokage. Tente. E veja seu desespero quando falhar!

A luta continuou, golpes trocados em velocidade absurda, caudas colidindo contra o chão e clarões de luz piscando como relâmpagos. Cada instante era um risco de morte.

Mas Minato, com o olhar afiado e a mente calculando cada movimento, preparava o contra-ataque que decidiria o destino daquela noite.

O chão já estava em ruínas. Árvores queimadas, crateras abertas pelas caudas da Kyuubi, e o céu tingido de vermelho pelo chakra monstruoso da besta. O mascarado avançava sem cessar, como uma sombra implacável, e Minato já começava a sentir o peso da luta.

"Se eu cometer um único erro, tudo acaba. Mas… é isso que ele não espera de mim."

A Kyuubi ergueu mais uma vez sua pata colossal, mirando esmagar Minato como se fosse um inseto. O Hokage lançou uma de suas kunais marcadas e desapareceu num clarão dourado, surgindo logo atrás do mascarado.

No mesmo instante, o inimigo também girou, tentando sugar Minato com o Kamui. O ar distorceu-se, puxando-o para o vazio.

Foi quando Minato sorriu.

— Agora.

Ele deixou uma kunai marcada cair no mesmo momento em que o Kamui quase o engoliu. No espaço de um suspiro, teleportou-se para fora da distorção, aparecendo atrás do mascarado. Com um movimento rápido, tocou-lhe as costas e gravou o Hiraishin no Shiki (selo de marcação especial).

O mascarado arregalou os olhos dentro da máscara.

— O quê?!

Não houve tempo de reação. Minato reapareceu à sua frente num clarão de luz e desferiu o Rasengan com toda sua força.

O impacto foi brutal. O mascarado foi lançado contra as pedras, o chão tremendo com a violência do golpe. Seu corpo atravessou os escombros, e mesmo o Kamui não conseguiu reagir rápido o suficiente para anulá-lo.

Minato, sem perder tempo, ativou um fūinjutsu em sua mão e pressionou o estômago do mascarado, selando temporariamente a conexão dele com a Kyuubi. Correntes de chakra azuis se expandiram, cortando o vínculo do controle ocular.

A Kyuubi rugiu em fúria, o Sharingan em seus olhos desaparecendo. Finalmente, a besta estava livre. Mas livre não significava segura.

Agora, sem ninguém controlando sua mente, a raposa enlouqueceu em ódio puro. Seu chakra explodiu, rajadas de energia varrendo tudo ao redor, destruindo montanhas, rachando o solo, e ameaçando engolir Konoha em uma única onda de destruição.

O mascarado tossiu sangue, ofegante, mas ainda riu enquanto se retirava para dentro do Kamui, desaparecendo em trevas.

— Impressionante, Hokage… mas veremos quanto tempo consegue segurar a raposa. Então ele some.

Minato respirava ofegante, mas não havia espaço para descanso. Agora ele tinha diante de si a verdadeira luta: conter a Kyuubi sozinha, sem ninguém a limitar.

E, mesmo exausto, ele sabia que tinha que vencê-la.

 

A floresta ao redor já não existia mais, apenas crateras e escombros. O rugido da Kyuubi fazia o chão tremer, seus olhos de ódio refletiam a destruição iminente.

Foi nesse momento que uma chuva de kunais e jutsus atravessou o ar: os ANBU surgiram das sombras, seguidos por Hiruzen Sarutobi, o Sandaime, liderando um grupo de jōnin.

— Segurem a raposa! — gritou Hiruzen, erguendo sua arma lendária, o bastão Enma, que se expandiu como uma muralha de ferro contra a pata da besta.

Os ANBU avançaram em formação, liberando barreiras de selamento e jutsus de contenção. Explosões de chakra iluminavam a noite enquanto a Kyuubi rugia, tentando se soltar, destruindo tudo à sua volta.

— Segurem a raposa! — gritou Hiruzen, erguendo sua arma lendária, o bastão Enma, que se expandiu como uma muralha de ferro contra a pata da besta.

Os ANBU avançaram em formação, liberando barreiras de selamento e jutsus de contenção. Explosões de chakra iluminavam a noite enquanto a Kyuubi rugia, tentando se soltar, destruindo tudo à sua volta.

No meio do caos, Minato surgiu num clarão dourado. Suado, ferido e com o peso do mundo sobre os ombros, ele segurava sua decisão como uma lâmina contra o peito. Ele sabia que só tinha uma escolha.

"Só os Uzumaki suportam essa besta. Mas Kushina… não podia, os únicos capazes de aguentar a Kyuubi eram Kushina e seus filhos meio Uzumaki, mas ele não podia selar a Kyuubi novamente em Kushina, pois ela está muito machucada, se selasse, ela morreria logo depois e a Kyuubi iria "morrer" e depois ressurgir novamente no mundo, correndo o risco de outras aldeias tentarem a capturar, então ele tinha que fazer isso."

 

A floresta ao redor já não existia mais, apenas crateras e escombros. O rugido da Kyuubi fazia o chão tremer, seus olhos de ódio refletiam a destruição iminente.

Foi nesse momento que uma chuva de kunais e jutsus atravessou o ar: os ANBU surgiram das sombras, seguidos por Hiruzen Sarutobi, o Sandaime, liderando um grupo de jōnin.

— Segurem a raposa! — gritou Hiruzen, erguendo sua arma lendária, o bastão Enma, que se expandiu como uma muralha de ferro contra a pata da besta.

Os ANBU avançaram em formação, liberando barreiras de selamento e jutsus de contenção. Explosões de chakra iluminavam a noite enquanto a Kyuubi rugia, tentando se soltar, destruindo tudo à sua volta.

No meio do caos, Minato surgiu num clarão dourado. Suado, ferido e com o peso do mundo sobre os ombros, ele segurava sua decisão como uma lâmina contra o peito. Ele sabia que só tinha uma escolha.

"Só os Uzumaki suportam essa besta. Mas Kushina… não posso sacrificá-la. Naomi… não resistiria. Sobra apenas… nosso filho."

Seu coração se apertou de uma forma indescritível.

Ele teleportou-se de volta ao refúgio onde estavam Kakashi, Naomi e Kushina. O ambiente era pequeno, seguro, mas carregado de tensão.

Naomi, deitada, brincava com os dedos de Kushina, sem entender o que acontecia. Seu filho chorava em seus panos. E Kushina, pálida e ainda ensanguentada, estava acordada, seus olhos marejados esperando pelo que ela já sabia.

Quando os olhos de Minato encontraram os dela, ela entendeu sem uma palavra. As lágrimas caíram em silêncio, mas logo deram lugar a um sorriso triste. Ela assentiu com a cabeça, aceitando o inevitável, mesmo que seu coração estivesse se despedaçando.

Minato se ajoelhou diante da esposa, e suas mãos tremeram ao segurar seu filho. Ele desviou o olhar para Naomi.

"Ela já entende o mundo. Já tem quatro anos. O ódio da Kyuubi a esmagaria. Ela… não suportaria. Não tenho escolha…"

A culpa o corroía. Um nó sufocava sua garganta. Ele se odiava por pensar assim, por decidir assim. Mas… era o Hokage.

Kushina estendeu a mão trêmula, agarrando a manta de Minato com delicadeza desesperada. Sua voz saiu fraca, entrecortada pelo choro:

— M-me leve comigo… é meu filho… preciso estar com ele…

Minato a olhou, e naquele instante, queria mais do que tudo ser apenas Minato — não o Hokage, não o Relâmpago Amarelo, não o protetor da vila. Queria ser só o marido dela, o pai de seus filhos.

Ele engoliu seco, as lágrimas escorriam pelo rosto, e assentiu.

— Vamos juntos. — disse, com a voz embargada.

Com um movimento suave, passou o braço ao redor dela, ajudando-a a se apoiar em seu ombro. Ela estava fraca, quase sem forças, mas mesmo assim conseguiu ficar próxima dele, sentindo o calor do homem que sempre a protegeu.

Kakashi, ao lado, observava tudo sem entender. Sabia que a Kyuubi estava livre, que a vila corria risco, mas não conseguia compreender a extensão do que Minato pretendia.

— Sensei… o que vai fazer com o bebê? — perguntou com voz aflita.

Minato apenas lhe lançou um olhar. Um olhar carregado de dor, mas também de confiança. Um olhar que dizia: cuide do que eu não poderei mais.

E antes que Kakashi pudesse dizer qualquer outra palavra, o clarão dourado iluminou o quarto.

Minato, Kushina e o recém nascido desapareceram, deixando para trás apenas silêncio e o coração do jovem Hatake apertado, sem entender… mas temendo pelo pior.

Seu coração se apertou de uma forma indescritível.

Ele teleportou-se de volta ao refúgio onde estavam Kakashi, Naomi e Kushina. O ambiente era pequeno, seguro, mas carregado de tensão.

Naomi, deitada, brincava com os dedos de Kushina, sem entender o que acontecia. Naruto chorava em seus panos. E Kushina, pálida e ainda ensanguentada, estava acordada, seus olhos marejados esperando pelo que ela já sabia.

Quando os olhos de Minato encontraram os dela, ela entendeu sem uma palavra. As lágrimas caíram em silêncio, mas logo deram lugar a um sorriso triste. Ela assentiu com a cabeça, aceitando o inevitável, mesmo que seu coração estivesse se despedaçando.

Minato se ajoelhou diante da esposa, e suas mãos tremeram ao segurar Naruto. Ele desviou o olhar para Naomi.

"Ela já entende o mundo. Já tem quatro anos. O ódio da Kyuubi a esmagaria. Ela… não suportaria. Não tenho escolha…"

A culpa o corroía. Um nó sufocava sua garganta. Ele se odiava por pensar assim, por decidir assim. Mas… era o Hokage.

Kushina estendeu a mão trêmula, agarrando a manta de Minato com delicadeza desesperada. Sua voz saiu fraca, entrecortada pelo choro:

— M-me leve contigo… é meu filho… preciso estar com ele…

Minato a olhou, e naquele instante, queria mais do que tudo ser apenas Minato — não o Hokage, não o Relâmpago Amarelo, não o protetor da vila. Queria ser só o marido dela, o pai de seus filhos.

Ele engoliu seco, as lágrimas escorriam pelo rosto, e assentiu.

— Vamos juntos. — disse, com a voz embargada.

Com um movimento suave, passou o braço ao redor dela, ajudando-a a se apoiar em seu ombro. Ela estava fraca, quase sem forças, mas mesmo assim conseguiu ficar próxima dele, sentindo o calor do homem que sempre a protegeu.

Kakashi, ao lado, observava tudo sem entender. Sabia que a Kyuubi estava livre, que a vila corria risco, mas não conseguia compreender a extensão do que Minato pretendia.

— Sensei… o que vai fazer com o bebê? — perguntou com voz aflita.

Minato apenas lhe lançou um olhar. Um olhar carregado de dor, mas também de confiança. Um olhar que dizia: cuide do que eu não poderei mais.

E antes que Kakashi pudesse dizer qualquer outra palavra, o clarão dourado iluminou o quarto.

Minato, Kushina e Naruto desapareceram, deixando para trás apenas silêncio e o coração do jovem Hatake apertado, sem entender… mas temendo pelo pior.

 

O campo de batalha era um inferno.
A Kyuubi rugia, soltando rajadas de chakra que partiam a terra e derrubavam árvores como se fossem gravetos. O céu noturno parecia arder em vermelho, iluminado pelo ódio da besta.

Na linha de frente, Hiruzen Sarutobi comandava:

— Segurem-na! NÃO a deixem se aproximar da vila!

ANBU e jōnin se espalhavam em círculo, criando barreiras de selamento que se rachavam sob o peso do chakra demoníaco. O bastão Enma expandia-se em muralhas de ferro, bloqueando as caudas colossais. Era como tentar conter um furacão com as próprias mãos — mas cada segundo comprado era vital.

E então, um clarão dourado rasgou a noite.
Minato apareceu, com Naruto nos braços e Kushina apoiada em seu ombro.

Ele olhou em volta, vendo a batalha desesperada de seus companheiros, e murmurou, quase para si mesmo:

— É agora… o sacrifício inevitável.

Com cuidado, deitou Kushina ao lado de Naruto, beijando sua testa. Em seguida, concentrou chakra e começou os preparativos.

O ar ficou pesado, carregado. O som dos rugidos da Kyuubi parecia se distorcer. E então, o Shinigami se ergueu atrás de Minato.

Uma figura gigantesca, espectral, translúcida — sua pele pálida como a morte, um olhar vazio e cruel, o cabelo desgrenhado cobrindo parte de seu rosto. Seus dentes amarelados apareciam num sorriso macabro, enquanto a enorme adaga cerimonial brilhava em sua mão. O ar gelou; até a Kyuubi estremeceu ao ver aquela entidade.

— O… Ceifador da Morte… — Hiruzen sussurrou, horrorizado.

Minato, mesmo com o coração apertado, continuou. Seu chakra tomou forma, símbolos começaram a se espalhar pelo chão, e logo um cesto de selamento apareceu diante dele, pronto para receber o impossível.

— Kushina… Naruto… perdoem-me. — disse com a voz embargada.

O Ceifador avançou, sua mão intangível atravessando o corpo de Minato para alcançar a Kyuubi. Aos poucos, a besta foi sendo arrancada, puxada, seu chakra sendo dividido. Minato tomou uma parte para si — selando-a dentro do próprio corpo. A dor era indescritível, mas ele suportava.

O restante começou a ser canalizado para o corpo frágil de seu filho recém-nascido.

— É a única maneira… Naruto, você será a chave para o futuro…

A Kyuubi, em desespero, rugiu e lutou. Com ódio descontrolado, ergueu a pata dianteira e apontou suas garras gigantescas direto para o bebê indefeso.

— NÃO! — Hiruzen correu, tentando intervir.

Mas não seria rápido o bastante.

E então, sem hesitar, Minato e Kushina se jogaram na frente de Naruto.

O impacto foi brutal. As garras da raposa atravessaram os corpos dos dois, transpassando-os. Um jorro de sangue se espalhou no ar.

— Aaaah! — Kushina gritou, cuspindo sangue, seu corpo tremendo.

Minato, ofegante, com os olhos marejados, segurou a mão dela. Sua voz fraca, mas firme:

— Kushina… Naruto… eu amo vocês… mais do que tudo neste mundo.

Os olhos azuis que brilhavam como o céu se apagaram lentamente. Sua respiração cessou. E o corpo de Minato caiu sobre ela, vazio de vida.

— Minato! — Hiruzen gritou em desespero.

Kushina, ainda consciente por um fio, chorava. Lágrimas misturadas com sangue escorriam por seu rosto. Ela sabia… sabia que nunca mais veria seu amado.

"Ele está preso… para sempre… no estômago do Ceifador… nem mesmo na morte… poderei alcançá-lo…" (pensamento)

O selo terminou. A Kyuubi foi sugada, puxada violentamente para dentro de Naruto. A besta rugiu uma última vez, antes de desaparecer em um redemoinho de chakra.

No chão, restaram apenas o choro desesperado do bebê e o silêncio sufocante da tragédia.

Hiruzen correu, afastando o corpo de Minato de cima de Kushina.

— Rápido! Chamem um médico! — ordenou.

Mas a voz fraca de Kushina o deteve:

— Não… não há nada… que se possa fazer…

Ela tossiu, cuspindo sangue. Seus olhos, marejados, se fixaram em Hiruzen.

— Por favor… cuide… da minha doce garotinha… Naomi… e… do meu filho… ele se chamará Naruto…

O nome escapou de seus lábios como um último sopro de vida.

Seu corpo fraquejou. Seus olhos, que tanto brilharam de amor e fúria, se fecharam lentamente. Um sorriso triste permaneceu em seu rosto… até que a escuridão a levou.

Hiruzen, o Sandaime, fechou os olhos por um instante, sentindo a dor esmagar-lhe o peito. Ele olhou para o pequeno Naruto, que chorava sem consolo, e pensou:

"No dia em que nasceu… já perdeu tudo. O preço da paz de Konoha será seu fardo." (pensamento)

E assim, sob a lua vermelha daquela noite, Konoha ganhou um herói… mas ao custo de duas vidas que jamais poderiam ser substituídas.

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Notes:

...💔

 

Sorry.

Chapter 3: He/Ele.

Summary:

Na noite do nascimento de Naruto Uzumaki, Konoha é abalada por uma ameaça mortal. Enquanto Kushina luta para dar à luz, Minato e um grupo restrito de aliados, incluindo Biwako, cuidam da segurança do parto e do selo da Kyuubi.
Paralelamente, Kakashi, ainda jovem ANBU, protege secretamente Naomi Namikaze, filha secreta de Minato e Kushina, mantendo-a escondida de inimigos que buscam atingir o Hokage e sua família.

Enquanto Kushina sofre com as dores do parto e finalmente dá à luz a Naruto, Kakashi enfrenta um inimigo mascarado e extremamente poderoso, capaz de manipular o espaço com o Kamui. Desesperado, ele corre pela floresta com Naomi nos braços, desviando de ataques, saltando entre galhos e evitando armadilhas, enquanto a vila começa a ser alertada do ataque iminente.

Notes:

Hi. How are you?

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

O campo estava em silêncio.
A fumaça das batalhas subia ao céu, misturando-se ao cheiro de sangue e chakra queimado. O rugido da raposa já não ecoava mais — apenas o choro de um bebê quebrava a quietude.

Os jōnin e ANBU se aproximaram, ofegantes, cobertos de ferimentos e fuligem. Os olhos deles se arregalaram ao ver os corpos caídos de Minato Namikaze e Kushina Uzumaki, imóveis, o sangue manchando a terra como uma assinatura cruel do destino.

— Yondaime-sama… — um deles sussurrou, a voz embargada.

Vários se ajoelharam, as cabeças baixas em respeito, alguns contendo lágrimas, outros cerrando os punhos de raiva. Mas nem todos conseguiram se manter firmes na reverência. Olhares começaram a se voltar para o bebê, ainda envolto em panos, com o choro alto e insistente.

Um jōnin apertou os dentes:
— Esse pirralho… Por causa dele, tantos dos nossos morreram tentando proteger a vila!

— Não diga isso! — retrucou outro, mas sua voz tremeu. — Ele é apenas um bebê…

Mas o silêncio desconfortável entre os ninjas deixava claro: muitos já viam não uma criança, mas o receptáculo da raposa que havia ceifado a vida de amigos, irmãos e mestres naquela noite.

Hiruzen Sarutobi se aproximou, o peso da idade e da dor refletido em cada passo. Ele se abaixou e tomou o pequeno Naruto nos braços. O bebê chorava, sem entender nada, seus olhos azuis brilhando em contraste com a escuridão da noite.

O velho Hokage fechou os olhos por um instante, sentindo o peso esmagador da responsabilidade. “O destino foi cruel demais com você, pequeno… no dia em que nasceu, perdeu tudo.”

E ele sabia — sabia que não poderia controlar os sussurros, os olhares, o medo. Mesmo sob ameaças, o segredo de que Naruto era o novo jinchūriki da Kyuubi correria pela vila como fogo em pólvora. Isso significava risco. Isso significava ódio.

Ele olhou em volta, sua voz grave e firme:

— Recolham os corpos de Minato e Kushina. Eles serão honrados como heróis de Konoha. Teremos um funeral digno para eles.

Os jōnin assentiram, mesmo que com os olhos marejados. Alguns choravam em silêncio, outros carregavam raiva no coração. Mas todos se moveram para obedecer.

Hiruzen então ajeitou o bebê em seus braços, embalando-o com cuidado. Naruto ainda chorava, o som ecoando como um lamento pela tragédia que jamais esqueceriam.

"E Naomi…", pensou o velho Hokage, seu coração apertando.
"Como vou dizer a ela? Como uma criança de quatro anos pode entender que nunca mais verá o pai e a mãe? Como posso tirar essa inocência de seus olhos? Ela ainda perguntará por eles, esperará o abraço da mãe, o sorriso do pai… mas a resposta será apenas o vazio."

O vento frio soprou pela noite, levando consigo o último calor que restava naquele campo. Hiruzen fechou o manto ao redor do bebê e deu as costas à cena, caminhando lentamente em direção à vila.

O peso em seus braços não era apenas de uma criança — era o peso de um futuro incerto, de uma esperança que, talvez, jamais fosse compreendida pelos homens.

E assim, enquanto os shinobi carregavam os corpos de Minato e Kushina para o luto, Hiruzen Sarutobi caminhava em silêncio, levando o herdeiro da tragédia nos braços… e com ele, o segredo que poderia tanto salvar como destruir Konoha.

 

O tempo parecia ter parado.
Kakashi estava sentado em silêncio, o corpo cansado, mas os olhos atentos, como se a qualquer momento esperasse ouvir o som familiar dos passos de Minato atravessando a porta. A ausência dos rugidos da Kyuubi lhe trazia um alívio momentâneo — talvez, só talvez, tudo tivesse dado certo.

Naomi, por outro lado, não tinha a mesma calma.
Ela estava irritada, o pequeno beiço tremido no rosto delicado, abraçada aos próprios joelhos. Seus olhos ruivos e brilhantes se enchiam de impaciência.

— Eu quero a mamãe… eu quero o papai… — murmurava baixinho, com a voz embargada.

Kakashi a olhou de canto, mas não teve forças para responder. Ele apenas esperava.

Foi então que a porta se abriu.
Hiruzen Sarutobi entrou no quarto. Sua expressão era dura, mas em seus olhos havia um peso inconfundível, o peso da tragédia.

— Kakashi… — disse em tom grave.

O jovem ANBU se levantou de imediato e se curvou respeitosamente:
— Sandaime-sama.

Mas quando ergueu os olhos, ele percebeu a dor no olhar do velho. Seu coração afundou.

— Onde estão? — perguntou, a voz vacilante. — Onde estão Minato-sensei e Kushina-san?

Hiruzen baixou a cabeça. O silêncio durou apenas alguns segundos, mas para Kakashi foi uma eternidade.
Então, a resposta veio:

— Sinto muito, Kakashi. Eles… se foram.

O mundo desabou.
Kakashi não sentiu mais as pernas. Caiu de joelhos no chão, o peito apertado, sem conseguir respirar. Seus braços se fecharam em volta do próprio corpo, como se quisessem segurar os pedaços que estavam se despedaçando por dentro.

— Não… não… — sua voz era um sussurro quebrado.

As lágrimas escorreram sob a máscara, encharcando o tecido. Ele fechou os olhos com força, mas isso não impediu que as lembranças o atravessassem como facas.
Meu pai… Obito… Rin… agora Minato-sensei e Kushina-san.
Tudo, todos… sempre lhe eram arrancados.

— De novo… — ele pensou, soluçando em silêncio. — Eu perdi tudo…

A única coisa que restava eram Naomi e o bebê. Duas vidas frágeis que agora dependiam dele… e isso apenas tornava o vazio maior.

Hiruzen o observava, a expressão carregada de compaixão. Sabia a dor que era perder tudo em tão pouca idade, e sentia um peso profundo por aquele garoto que já carregava cicatrizes demais.

Foi então que Naomi se aproximou.
Seus olhos grandes e assustados acompanhavam cada gesto de Kakashi. O choro dele a deixava confusa, com medo. Ela nunca o tinha visto assim.

— O que houve? — perguntou baixinho, sua voz trêmula.

Ela caminhou até ele e se ajoelhou ao seu lado, colocando a pequena mão sobre o braço dele. O toque inocente só fez o coração de Kakashi apertar ainda mais.

Ele não conseguia responder. Apenas chorava, quebrado, enquanto Naomi o olhava sem entender que, naquele instante, o mundo dela também havia mudado para sempre.

 

A lua se escondia atrás das nuvens, e a neblina da madrugada envolvia Konoha em um silêncio sepulcral. O campo onde os túmulos haviam sido erguidos estava lotado — shinobis de todas as idades, civis, amigos e alunos — todos reunidos para se despedir do Quarto Hokage e de sua esposa.

Duas lápides recém-cravadas na terra, lado a lado, marcavam o fim de duas vidas que haviam salvado toda uma aldeia. Entre elas, flores brancas e guirlandas feitas às pressas pelos habitantes de Konoha se acumulavam, como uma tentativa desesperada de expressar gratidão e dor.

O vento frio carregava soluços abafados.

Kakashi, parado à frente da multidão, olhava fixamente para a lápide de Minato. Seu único olho visível estava vermelho, não só de cansaço, mas da luta constante para segurar as lágrimas que insistiam em cair. Ao seu lado, Might Guy estava sério, sem o brilho costumeiro, os punhos cerrados com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos.

Asuma Sarutobi tragava um cigarro que queimava rápido demais entre seus dedos, tentando esconder o tremor.
Kurenai tinha os olhos marejados, apoiando-se em Anko, que mordia os lábios até sangrar, incapaz de conter a raiva e a impotência.

Mais atrás, uma figura chamava atenção: Jiraiya. Ele mantinha os braços cruzados, mas a expressão endurecida não escondia o quanto seu coração estava despedaçado. O discípulo que ele considerava como filho, arrancado tão cedo.

Ao lado dele, Tsunade permanecia calada, os olhos fixos no chão. Sua discípula Shizune segurava sua mão, tentando conter o próprio choro, mas as lágrimas escorriam sem controle.

Foi quando Hiruzen Sarutobi se adiantou. O silêncio caiu sobre todos. Seu semblante era de pura dor, o peso da noite passada estampado nas rugas profundas de seu rosto. Ele respirou fundo antes de falar, a voz grave, mas vacilante:

— Hoje, Konoha se despede de dois heróis. — sua voz ecoou pelo campo. — Minato Namikaze, o Yondaime Hokage, e Kushina Uzumaki, sua corajosa esposa.

Alguns shinobis abaixaram a cabeça. Outros, como Guy, cerraram os olhos para conter o choro.

— Eles deram a vida para proteger esta vila, para proteger cada um de nós aqui presentes, e até mesmo aqueles que ainda não nasceram. — Hiruzen continuou, sua voz embargada. — Minato acreditava no futuro… acreditava na próxima geração. Ele acreditava que os sacrifícios de hoje trariam paz amanhã.

Um silêncio pesado caiu novamente. Só o vento soprava.

Foi então que Jiraiya deu um passo à frente. Sua voz, rouca, quebrou o silêncio:

— Minato… você era mais do que meu aluno. — disse, os olhos marejados. — Você era como um filho para mim. Eu… eu devia ter estado aqui… devia ter protegido você.

Ele desviou o olhar, incapaz de encarar a lápide por mais tempo.

Kakashi finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa e trêmula:
— Sensei… Kushina-san… vocês me ensinaram tanto… e eu não consegui proteger vocês. — seus punhos tremiam. — De novo… eu falhei.

Guy colocou a mão firme no ombro de Kakashi. Pela primeira vez, não havia rivalidade, apenas companheirismo.
— Não diga isso, Kakashi. Eles escolheram lutar… para nos dar uma chance. Para dar uma chance à próxima geração.

Asuma tragou fundo seu cigarro e completou, a voz firme, mas carregada de emoção:
— O sacrifício deles não pode ser em vão. É nossa responsabilidade honrar essa memória.

Hiruzen fechou os olhos por um instante, tentando conter as lágrimas. Quando voltou a falar, sua voz era um misto de dor e força:

— Minato e Kushina não estarão mais entre nós em corpo… mas seu espírito, sua coragem, sua esperança… viverão para sempre nesta vila. Eles são eternos.

A multidão silenciou. Alguns shinobis choravam abertamente, outros apenas abaixavam a cabeça em respeito. As flores foram lançadas sobre as lápides, uma após a outra, até que o chão diante delas ficou coberto de branco e vermelho.

Jiraiya deu as costas ao túmulo, incapaz de permanecer ali por mais tempo. Tsunade apertou os olhos, escondendo o choro, enquanto Shizune a guiava.
E Kakashi… ficou até o fim, imóvel, encarando o nome gravado na pedra como se esperasse que, a qualquer momento, seu sensei fosse aparecer sorrindo, dizendo que tudo não passara de um genjutsu cruel.

Mas o silêncio respondia.

As ruas de Konoha ainda estavam silenciosas depois do funeral. A lua iluminava fracamente o caminho quando Hiruzen Sarutobi caminhava firme, sua capa de Hokage pesando mais do que nunca. Ao seu lado, segurando sua mão com hesitação, estava Naomi Namikaze, a pequena ruiva de olhos azuis.

Seu olhar inocente, assustado, fitava as sombras da vila. O beiço tremia. Ela não entendia por que não podia voltar para casa. Não entendia por que seu pai e sua mãe não tinham voltado.

Chegaram diante do prédio frio e austero do Centro de Interrogação e Tortura de Konoha, um local que emanava uma aura sufocante. Naomi se encolheu, agarrando com mais força a mão de Hiruzen.

Quando entraram, foram recebidos por Inoichi Yamanaka, que levantou as sobrancelhas ao ver o Hokage ali, ainda mais com uma criança.
— Hokage-sama? — perguntou, surpreso. — A que devo a honra da sua presença?

O olhar de Hiruzen estava cansado, carregado de dor. Sua voz saiu grave e lenta:
— Isto é… um segredo de classe S, Inoichi.

A expressão de Inoichi mudou imediatamente. Ele se endireitou, o semblante sério. O ar ficou pesado.
— Entendido, Hokage-sama. — respondeu em tom firme, mas seus olhos ainda se voltavam, confusos, para a garotinha.

Hiruzen suspirou fundo, como se cada palavra fosse um fardo insuportável.
— Precisamos conversar em particular.

Inoichi conduziu os dois até uma sala isolada. Desenhou selos nas paredes com rapidez, ativando-os até que o ambiente ficou envolto em um silêncio sobrenatural, sem chance de som algum escapar.

Naomi, assustada, se encolheu numa cadeira, os olhos azuis marejados. Ela não entendia por que estava ali, mas podia sentir no ar que algo muito ruim estava acontecendo.

Hiruzen se virou para Inoichi e, com a voz pesada, começou a falar:
— Inoichi… Minato e Kushina se foram. — disse em tom seco, mas a dor nos olhos denunciava o quanto aquelas palavras lhe custavam. — A Kyuubi foi selada em Naruto, o filho deles.

Inoichi arregalou os olhos, chocado.
— O… filho deles? Então o Quarto… — ele interrompeu a si mesmo, levando a mão à boca. Entendeu o peso daquilo imediatamente.

Hiruzen assentiu, a sombra de um fardo antigo recaindo sobre ele.
— E esta criança — disse, olhando para Naomi, que o observava com inocência e medo — é a filha deles. A única.

Inoichi levou um tempo para digerir. Seu peito apertava. Ele via Kushina refletida no rosto da menina, os olhos azuis de Minato brilhando como estrelas num mar de lágrimas.

— Hokage-sama… — sua voz vacilou. — O que deseja que eu faça?

Hiruzen respirou fundo, fechando os olhos por um instante antes de falar.
— Preciso… que você apague certas memórias da mente dela. — a voz grave ecoou pela sala. — O que ela viu, o que ela ouviu. Preciso que Naomi esqueça esta noite… esqueça o destino de seus pais.

Inoichi recuou um passo, o choque estampado em seu rosto.
— Hokage-sama… isso é… cruel demais! Ela é apenas uma criança!

— Eu sei! — Hiruzen estourou, sua voz finalmente revelando o peso da decisão. Ele respirou fundo, tentando se recompor. — Eu sei… mas não temos escolha. Se Naomi se lembrar… se alguém descobrir que ela é filha do Quarto Hokage… o perigo será ainda maior do que com Naruto.

O silêncio cortante caiu entre eles.

Inoichi baixou os olhos. Ele sabia. Sabia que o Hokage estava certo. Mas isso não tornava a ordem menos dolorosa. Como pai, sentia o coração se despedaçar.

Ele olhou para Naomi, a menininha que segurava a barra de sua própria roupa, tremendo, sem entender nada. Parecia tanto com Kushina que doía.

Com pesar, ele assentiu.
— Entendido, Hokage-sama. — respondeu com a voz rouca. — Farei o que for preciso.

Hiruzen fechou os olhos, pesados. Ele sabia que tinha acabado de condenar Naomi a um destino solitário, um destino sem memórias dos pais que tanto a amavam. Mas, para proteger a vila, para proteger a criança… ele acreditava que era necessário.

Naomi, inocente, ergueu o olhar para Hiruzen e perguntou baixinho, com a voz trêmula:
— Ojii-chan… quando o papai e a mamãe vão voltar?

O coração do velho Hokage quase se despedaçou naquele instante. Ele não respondeu. Apenas desviou o olhar, deixando o silêncio preencher o espaço, enquanto Inoichi começava a preparar o selo de invasão mental.

 

Na sala selada, o silêncio era sufocante. Naomi, pequenina, se agarrava ao tecido de sua roupa, olhando de um para outro, tentando entender por que os adultos pareciam tão pesados, tão sérios.

Inoichi se ajoelhou diante dela, trazendo-se à altura da menina. Seus olhos claros estavam marejados, mas ele forçou um sorriso suave, quase paternal.
— Naomi-chan… eu preciso que você confie em mim, está bem?

Ela piscou, confusa, seus olhinhos azuis — iguais aos de Minato — se enchendo de inocência.
— Onde está o otousan? E a mamãe? — perguntou de novo, a voz fina trêmula.

O coração de Inoichi se despedaçou. Ele não respondeu. Apenas ergueu a mão devagar, pousando-a na pequena testa dela.
— Vai ser rápido, prometo. — murmurou, engolindo em seco.

— Hokage-sama… — ele disse sem olhar para Hiruzen, sua voz carregada de dor. — Isso… é errado. Apagar lembranças de uma criança… ela é apenas uma garotinha que só quer os pais de volta.

Hiruzen fechou os olhos por um instante, o rosto marcado pela culpa. Mas quando abriu, sua voz saiu firme, ainda que pesada:
— Sei disso, Inoichi. Mas é a única maneira. A vila depende disso… e o futuro dela também.

Naomi ainda encarava Inoichi, sem compreender.
— Vai doer? — ela perguntou, inocente.

Inoichi sentiu a garganta secar. Ele balançou a cabeça, forçando um sorriso triste.
— Não, minha pequena… você só vai dormir um pouquinho.

Ele ativou o selo, suas mãos formando mudras com firmeza. As marcas em seu braço brilharam em azul, e lentamente um brilho suave se espalhou pela testa de Naomi. Seus olhos começaram a pesar, as pálpebras se fechando.

— Tô… com… soninho… — ela murmurou, antes de desmaiar suavemente, caindo nos braços de Inoichi.

O Yamanaka a deitou com cuidado sobre a cadeira, como se fosse vidro prestes a se quebrar. Ele respirou fundo e então fechou os olhos, colocando as mãos em posição.

— Técnica de Transferência Mental… — sussurrou, e seu chakra invadiu a mente da pequena Namikaze.

 

---

Dentro da mente de Naomi

Era um campo claro, como se fosse um sonho. Pequenas lembranças flutuavam no ar como fragmentos de vidro:

Kushina a embalando e cantando para ela.

O sorriso caloroso de Minato quando a jogava para o alto e a pegava nos braços.

O cheiro de casa, o calor da lareira, o som da voz da mãe chamando “Naomi, venha jantar!”

 

Inoichi apareceu ali como um espectador. Ele andava entre as memórias como se caminhasse sobre um campo sagrado. Seus passos eram pesados, como se cada lembrança fosse um peso em suas costas.

Então, mais adiante, os fragmentos mudavam. Mostravam o berço onde Naomi estava quando Kakashi lutava contra a figura mascarada. Mostravam o medo em seus olhos. O som de Kushina gritando em dor. O semblante desesperado de Minato, manchado de suor e lágrimas.

Inoichi parou diante dessas memórias. Suas mãos tremiam.
— Kami-sama… perdoe-me por isso. — murmurou, os olhos marejados.

Ele tocou o fragmento que mostrava Minato coberto de sangue, as correntes de Kushina gritando de dor. O fragmento se iluminou e, com um som suave de vidro se partindo, dissolveu-se no ar.

Um por um, Inoichi apagava os momentos de dor, medo e perda. Cada vez que fazia isso, sentia como se estivesse arrancando uma parte viva da menina. Seu coração gritava que estava roubando algo precioso demais.

Por fim, restaram apenas as memórias: De seu nome e seu irmão, Naruto.

Com um último suspiro, ele juntou as mãos, encerrando a técnica.

 

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De volta à sala

Inoichi abriu os olhos, suado, respirando com dificuldade. Naomi ainda dormia, respirando calma, serena, como se nada tivesse acontecido.

Ele a olhou com ternura e dor, murmurando baixinho:
— Me desculpe, Naomi-chan… você não merecia isso.

Hiruzen se aproximou, sério, mas com os olhos cheios de sombra.
— Ela ficará em segurança agora. — disse em voz baixa. — Era necessário.

Inoichi rangeu os dentes, mas apenas baixou a cabeça em silêncio. Ele sabia que não podia discutir. Mas, no fundo, sentia que aquele dia marcaria a vida de Naomi para sempre — mesmo que ela não lembrasse por quê.

 

A sala estava mergulhada em um silêncio pesado, quebrado apenas pela respiração suave de Naomi, que ainda dormia na cadeira. Inoichi permanecia em pé, os olhos fixos no chão, os punhos cerrados ao lado do corpo. Sentia-se um traidor, ainda que tivesse obedecido ordens.

Então, um leve murmúrio quebrou a quietude.

— Hnn… — Naomi mexeu a cabeça para o lado, os olhos azuis piscando devagar. Ela despertava, o olhar turvo, as bochechas úmidas como se tivesse chorado durante o sono. Seu corpo pequeno parecia ainda mais frágil diante da atmosfera da sala.

Ela olhou em volta, assustada, e com a voz trêmula perguntou:
— O-onde… eu estou? — Seus olhos marejados se fixaram em Inoichi. — Onde estão o otōsan e a mamãe?

Inoichi sentiu o coração despedaçar. Ele apertou os olhos, virou o rosto e abaixou a cabeça. Não teve coragem de encarar aqueles olhos que carregavam tanto de Minato e Kushina.

Hiruzen deu um passo à frente, a expressão grave e pesada. Ele sabia que não podia se permitir a fraquejar — não diante de Naomi, não diante da vila. Aproximou-se devagar, pousando a mão enrugada sobre o ombro delicado da menina.

Naomi o olhou, esperando uma resposta que nunca deveria ter ouvido tão cedo.

— Naomi-chan… — a voz dele era firme, mas trazia um peso cortante. — Seus pais… foram mortos durante o ataque desta noite.

A garotinha piscou, confusa. Sua boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu. As lágrimas começaram a se acumular em seus olhos, escorrendo por suas bochechas coradas.
— Mortos?… Eu… eu não… — ela levou as mãos à cabeça, pressionando-a. — Eu não consigo lembrar… deles…

O peito de Hiruzen se apertou. Ele sabia que a técnica de Inoichi havia funcionado. Naomi já não tinha mais as memórias vívidas de Minato e Kushina, apenas um vazio confuso onde deveriam estar.

Ele então a puxou para perto, envolvendo a pequena em um abraço firme, paternal, abafando o choro contido dela contra seu manto de Hokage.
— Você não está sozinha. — murmurou. — Eu vou garantir que você e seu irmão estejam seguros. Essa é a minha promessa.

Naomi soluçou baixinho, agarrando-se ao tecido das roupas dele como se fosse a única âncora que restava.

Hiruzen ergueu o olhar sério para a porta e chamou:
— Entrem.

Dois jōnins surgiram das sombras, ajoelhando-se diante do Hokage.

— Levem Naomi-chan até a nova residência que preparei. — ordenou em voz grave. — Ela viverá sob proteção constante. Um shinobi de confiança ficará encarregado de garantir a segurança dela… e do pequeno Naruto.

— Hai! — responderam em uníssono.

Hiruzen então se afastou devagar, entregando Naomi aos cuidados dos jōnins. Antes que a levassem, ele pousou mais uma vez a mão em sua cabeça ruiva.

Naomi o encarou com olhos marejados e confusos. Ela não entendia. Não lembrava.

Enquanto a porta se fechava atrás da menina, Inoichi finalmente ergueu os olhos, com o rosto devastado.
— Hokage-sama… será que era mesmo o certo?

Hiruzen não respondeu de imediato. Apenas se virou para a janela, observando a fumaça que ainda se erguia da vila. Sua voz saiu baixa, cansada, mas firme:
— O certo não existe em tempos como este, Inoichi. Só o necessário.

E o silêncio voltou a dominar a sala.

Notes:

[.-🌻☀️🍥🍅-.]

Chapter 4: Friendship/Amizade.

Notes:

Olá, eu penso em desanimar, mas as ideias surgem. Hahaah

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

A noite em Konoha parecia silenciosa, mas não era paz. Era o silêncio pesado que vem depois da tragédia. Naomi estava em um quarto estreito, sobre um colchão velho de molas que rangia a cada movimento. Não havia nada ali que lembrasse aconchego, nada que lembrasse lar. O vazio em sua mente doía mais que qualquer arranhão.

Ela se encolheu, puxando o cobertor áspero até o rosto. As lágrimas molhavam o tecido duro, e um soluço escapava sem controle. Sua voz fraca ecoou pelo quarto:

— Mamãe… papai… onde vocês estão?

Mas nada vinha. Nenhum rosto, nenhuma lembrança. Apenas escuridão.

Na sala, o shinobi encarregado da sua vigilância permanecia de pé, firme, como qualquer guarda deveria. Mas seus olhos não eram neutros. Ele olhava a porta fechada com um rancor frio, quase palpável. Dentro de si, pensava:

“Primeiro o monstro levou tantos camaradas meus, e agora terei que proteger a irmã dele? Ela também carrega esse sangue amaldiçoado. Essa criança é outro fardo para a vila.”

Mesmo sem compreender, Naomi sentia. O ar parecia pesado, como se a própria escuridão da sala quisesse sufocá-la. A menina encolheu-se ainda mais no canto do colchão, abraçando os joelhos contra o peito.

— P-por que…? — murmurou com a voz embargada. — Por que dói tanto aqui?

Ela levou a mãozinha ao peito, apertando o próprio coração enquanto as lágrimas escorriam sem parar. O medo era profundo, um medo que não vinha de algo que ela via, mas de algo que sentia.

Ela não lembrava de onde viera, não lembrava quem eram seus pais, mas dentro dela havia um buraco — e naquele buraco, agora, ecoava apenas o ódio silencioso que a cercava.

Exausta de tanto chorar, Naomi acabou adormecendo, encolhida e trêmula, como se seu pequeno corpo pudesse se esconder do mundo. O colchão rangeu levemente sob seu peso, e o guarda desviou os olhos, não com pena, mas com frieza.

 

O ranger da porta despertou Naomi de um sono inquieto. Seus olhos ainda marejados se abriram, e ela viu a figura do velho Hokage entrar no quarto. Nos braços, ele carregava um pequeno embrulho.

— oi… — murmurou a menina, erguendo o corpo devagar, ainda assustada.

Hiruzen se aproximou, os olhos carregados de pesar, mas com suavidade na voz:
— Naomi… quero que conheça alguém.

Ele se agachou diante dela, revelando o bebê enfaixado. Pequeno, frágil, choramingando baixinho.

Os olhos de Naomi se iluminaram como se a dor tivesse se afastado por um instante.
— É… é meu irmãozinho? — ela perguntou, a voz vacilante, mas cheia de esperança.

Hiruzen assentiu, com um leve sorriso triste.
— Sim… ele é Naruto. O seu irmão.

Naomi estendeu as mãos tremendo, e quando tocou o bracinho do bebê, um riso infantil escapou de seus lábios pela primeira vez desde a tragédia.
— Ele é tão pequenininho… tão fofinho… — disse, encantada, deixando que a mãozinha do bebê segurasse seu dedo. — Vou cuidar de você, Naruto. Prometo!

O guarda ao fundo observava a cena com olhos turvos de rancor. Seus punhos cerrados tremiam, e o olhar direcionado ao recém-nascido não era de ternura, mas de ódio contido.

Foi nesse instante que Hiruzen desviou o olhar para ele. Não disse nada — apenas deixou escapar uma aura gelada, uma pressão assassina que fez o ambiente se sufocar. O guarda ofegou, engolindo em seco, e deu um passo para trás, sentindo um calafrio que lhe percorreu a espinha.

O Terceiro falou, firme e gélido:
— Está dispensado. Depois… conversaremos.

O shinobi abaixou a cabeça rapidamente e saiu sem ousar contestar, a aura do Hokage ainda impregnada em sua pele.

Hiruzen então voltou os olhos para Naomi, que ainda sorria para o pequeno Naruto, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido. O contraste entre a inocência dela e o rancor dos adultos fez o velho Hokage suspirar profundamente.

“Se até meus próprios homens olham essas crianças com ódio, o que o futuro lhes reserva?”

Ele sabia que precisava de alguém confiável, alguém que jamais os veria como monstros. Seu pensamento foi imediato:

Kakashi.

O jovem Hatake tinha perdido muito, mas seu coração permanecia fiel. Hiruzen decidiu que em breve o chamaria. Ele seria o guardião que Naomi e Naruto precisavam.

O Terceiro se levantou, olhando os dois irmãos juntos. Apesar da dor que sabia que viria, uma pequena chama de esperança surgiu em seu coração.

 

Kakashi caminhava pelo corredor da torre do Hokage. Seus passos eram lentos, pesados, como se cada movimento fosse um esforço. Quando estendeu a mão para bater à porta, ela se abriu com violência.

Dela saiu Danzō Shimura, o rosto fechado em uma carranca, a bengala batendo furiosa contra o chão de pedra.
— Isso é um erro, Hiruzen… — rosnou, sem sequer olhar para trás, passando rente a Kakashi como uma sombra de má intenção.

Kakashi se afastou um passo, instintivamente. Ele sabia muito bem: Danzō não era coisa boa. O ar em volta dele parecia pesado, venenoso. Apenas observou em silêncio até que a figura desaparecesse pelo corredor.

Dentro da sala, o velho Sarutobi suspirou, recostando-se na cadeira antes de forçar um semblante mais amigável.
— Entre, Kakashi.

O jovem entrou, fechando a porta atrás de si. Ficou diante da mesa, sem saber por onde começar.

Hiruzen quebrou o silêncio primeiro:
— Como você está, meu garoto?

Kakashi ergueu os olhos, mas não havia vida neles. Apenas cansaço.
— Não estou bem. — Sua voz saiu baixa, dura. — Perder… tudo de novo… acabou comigo.

O silêncio se alongou, pesado. O Hokage respirou fundo e então falou:
— Kakashi… vou designar a você uma missão de extrema importância. Uma missão que não será registrada em nenhum pergaminho oficial.

O jovem o encarou, intrigado.

— Você será o guardião de Naomi e Naruto. —

Os olhos de Kakashi se arregalaram por um instante. Hiruzen prosseguiu:
— Desde o ataque… alguns shinobis e até civis têm olhado para as crianças com ódio. Chamam-nas de monstros, como se fossem culpadas pela tragédia.

O punho de Kakashi se fechou com tanta força que suas unhas cravaram na própria palma. Seu corpo começou a tremer de ódio.
— Como eles se atrevem…? — murmurou entre os dentes.

— É exatamente por isso que confio a você essa tarefa. — disse Hiruzen, firme. — Mas, entenda: você não deve se aproximar delas. Não deve criar laços. Sua função é ser uma sombra protetora. Nada mais. Não quero vê-lo sofrer ainda mais se o apego trouxer dor.

Kakashi engoliu em seco, lutando contra a própria revolta. Depois de alguns segundos, apenas assentiu.
— Entendido.

O Hokage fechou os olhos por um instante, como se o peso de suas próximas palavras o esmagasse.
— Há mais uma coisa que precisa saber… Naomi… — fez uma pausa longa — Naomi teve parte de suas memórias seladas. Ela não se lembra dos pais. Não se lembra do que perdeu.

Kakashi sentiu o coração despencar no peito.
— O quê…? — a incredulidade o dominou. — Como… como pôde…?

Hiruzen manteve o olhar firme, mas sua voz era pesada de dor:
— Foi necessário. Para protegê-la. Se ela lembrasse… o risco seria ainda maior. Eu carregarei essa culpa. Você apenas precisa aceitar.

Kakashi baixou os olhos. Uma mistura de choque, pena e impotência o esmagava. Naomi sem memórias… Naruto condenado a carregar o fardo de uma besta… e ele, obrigado a ser apenas uma sombra distante.

Mesmo assim, ergueu o queixo e respondeu com firmeza:
— Se essa é a ordem, Hokage-sama… então cumprirei.

Hiruzen apenas o observou por alguns segundos em silêncio, sentindo o peso cruel que havia depositado sobre os ombros de um garoto que já havia perdido tudo.

 

Os dias passavam pesados e silenciosos na pequena casa isolada. Kakashi permanecia sempre nas sombras, observando cada movimento, cada suspiro das crianças, sentindo a tensão do mundo lá fora tentando se infiltrar no refúgio frágil de Naomi e Naruto. Ele tinha se tornado uma sombra viva, um guardião invisível que não podia errar, mesmo que cada decisão seu coração carregasse como um punhal.

Naomi, ainda pequena e inocente, lutava diariamente para cuidar do irmão. Seus braços mal podiam conter Naruto quando ele chorava de fome ou medo, e cada vez que falhava em confortá-lo, o peito de Kakashi doía como se estivesse sendo perfurado por facas invisíveis. Ele os observava do telhado, do quintal, até mesmo do beiral da casa vizinha, assegurando-se de que nenhum olhar hostil, nenhuma mão assassina, ousasse se aproximar.

Houve noites em que civis covardes tentaram atacar a casa. Jogaram pedras nas janelas, chutaram portas, cuspiram palavras de ódio: “Demônios da Folha”, “Malditos!” Kakashi intervinha antes que qualquer dano pudesse ser feito. Ele se movia rápido, silencioso como uma sombra, e os responsáveis desapareciam, inconscientes ou com hematomas que fariam qualquer adulto pensar duas vezes antes de se aproximar novamente. Mas cada ataque deixava Naomi mais assustada, abraçando o irmãozinho e escondendo o rosto nas próprias mãos, chorando baixinho, e Kakashi, de longe, sentia seu coração se quebrar em mil pedaços, impotente para aliviar sua dor.

Em alguns dias, a fome se tornou uma presença constante. Naomi não entendia como poderia alimentar Naruto com tão pouco. Ela tentava amassar restos de arroz frio, dividir o pouco que tinha, e mesmo assim o bebê chorava, impaciente, suas lágrimas quentes caindo nos braços frágeis da irmã. Kakashi observava tudo, escondido entre as sombras, sentindo uma raiva silenciosa do mundo e uma culpa cortante por não poder ajudá-los diretamente. Ele sabia que não podia se aproximar, não podia criar laços, não podia mostrar-se para que eles o conhecessem — mesmo que seu instinto gritasse para correr para dentro e abraçá-los, protegê-los como um pai faria.

Uma noite, vendo Naomi se desesperar enquanto tentava acalmar o choro de Naruto, Kakashi tomou uma decisão silenciosa. Ele entrou pela janela sem ser notado, deixando sobre a mesa da cozinha uma cesta cuidadosamente preparada: pão, arroz, frutas simples, um pouco de chá, e algumas moedas para que, se fosse necessário, Naomi pudesse comprar o que faltasse. Quando a pequena acordou, encontrou a cesta e o dinheiro. Seus olhos se arregalaram, confusos, mas ao perceber que alguém — alguém invisível — cuidava dela e do irmão, um pequeno sorriso se formou em seus lábios.

— Obrigada… — sussurrou Naomi, como se falasse com um anjo invisível, e segurou Naruto com mais firmeza, sentindo uma esperança silenciosa que quase a fazia esquecer a dor que carregava em cada dia.

Kakashi observava das sombras, seu semblante sério mas seu coração dilacerado de emoção. Ele sabia que esse pequeno gesto era apenas uma gota em meio ao oceano de sofrimento que aquelas crianças carregavam, mas era tudo o que podia fazer. Cada moeda, cada cesta, cada olhar atento dele — eram atos de amor silencioso, de cuidado constante, de uma devoção que ele jamais poderia expressar abertamente.

Os dias se estenderam assim, repetitivos e cansativos, cada noite uma batalha silenciosa contra a fome, a violência e o ódio do mundo. Naomi aprendia lentamente a cuidar de Naruto, mas ainda era uma criança, e cada falha sua partia o coração de Kakashi como lâminas. Ele só podia continuar sendo a sombra invisível, a presença silenciosa que mantinha os olhos atentos, os sentidos alerta, pronto para agir antes que qualquer perigo os atingisse.

E cada vez que Naomi olhava para a cesta deixada na mesa, ou para o pequeno embrulho de moedas, seu coração infantil acreditava firmemente: havia um anjo invisível, sempre cuidando dela e de Naruto.

Kakashi, escondido nas sombras, sentia a dor de não poder ser mais. Mas ele também sentia a obrigação, o dever silencioso que lhe havia sido confiado — proteger essas duas vidas com tudo o que tinha, mesmo que isso significasse viver na distância e no silêncio, sempre observando, sempre esperando.

 

O sol já estava alto, mas a rua estreita e tortuosa de Konoha parecia ainda mais hostil naquele dia. Naomi, agora com oito anos, corria o mais rápido que podia, segurando duas tigelas de arroz quente nas mãos. Ao seu lado, Naruto, com quatro anos, tropeçava em cada pedra do caminho, a pequena mochila balançando com cada passo apressado. Seus olhos azuis, herdados do pai, estavam arregalados de medo.

— Venham aqui, seus demônios! — rugia um homem, os punhos cerrados e a voz carregada de ódio, correndo atrás deles. Ele chutava pedras no caminho, xingando-os a cada passo. — Vocês não passam de maldições!

Naruto tropeçou numa pedra maior e caiu de cara no chão. Um rasgo sangrento se formou no joelho e na lateral da boca, e ele soluçava de dor, sem forças para se levantar. Naomi parou abruptamente, o coração batendo tão rápido que parecia que explodiria do peito.

— Naruto! — gritou, correndo de volta para ampará-lo, mas o homem já estava sobre ele, agarrando-o pelo colarinho, ergueu o punho, pronto para golpear. A respiração de Naomi falhou, ela sentiu o medo encher todo o seu corpo.

— Ele é só uma criança! — ela gritou, a voz fraca e firme ao mesmo tempo. — Por favor! Deixe meu irmão em paz!

O homem a ignorou completamente, seu rosto se torcendo de raiva. Naomi se encolheu, temendo que o golpe viesse a qualquer segundo. Cada segundo parecia durar horas. O grito de Naruto misturado ao choro de Naomi ecoava pelas ruas vazias, fazendo o ar parecer mais pesado.

E então ele apareceu.

Um homem de aparência estranha surgiu como um relâmpago. Vestia um macacão verde chamativo com polainas amarelas, os cabelos cortados em um estilo de tigela que dava a ele um ar ainda mais peculiar. Mas seus olhos, cheios de energia e determinação, fixaram-se no cidadão furioso como se fossem chamas.

— Ei! — gritou, a voz firme e autoritária. — Largue essa criança agora!

Antes que o homem pudesse reagir, o estranho avançou com velocidade impressionante. Em um movimento quase impossível de acompanhar, ele empurrou o agressor para trás, fazendo-o cair de joelhos e recuar assustado. Sem perder tempo, o homem desconhecido ergueu as mãos em um gesto de alerta, e o outro cidadão, sentindo-se intimidado, começou a correr pela rua, sem ousar olhar para trás.

Naomi e Naruto ficaram paralisados por alguns segundos, encarando a figura incomum. Naruto chorava, mancando levemente do joelho ferido. O estranho, percebendo a situação, aproximou-se com cuidado.

— Ei, pequeno — disse ele, a voz calorosa e cheia de segurança. — Vamos levantar você, tá?

Com cuidado, ele pegou Naruto nos braços, ajustando-o de forma que o peso não machucasse ainda mais o joelho. Naruto gemia baixinho, segurando-se nas roupas do homem, enquanto Naomi corria para o lado dele, oferecendo apoio ao irmão.

— Tudo bem, Naruto — disse Naomi, colocando uma mão no ombro dele. — Eu estou aqui.

O homem observou aquela cena com o coração cheio de algo que há muito não sentia: ternura. Seu olhar percorreu os dois irmãos, Naomi firme e determinada, Naruto chorando e mancando, e algo dentro dele se acendeu. Ele sorriu, balançou a cabeça em aprovação e ergueu a mão em um joinha.

— Isso… isso é coragem. Muito bem, vocês dois. — Ele respirou fundo e se apresentou. — Eu sou Might Guy.

Naomi se sentiu estranha. Era a primeira vez que alguém, sem ser o vovô ou o “anjo da guarda”, demonstrava bondade e atenção genuína por eles. Ela olhou para ele, desconfiada, mas o calor nos olhos de Guy era inegável.

Naruto soltou um gemido, apertando os braços dele, ainda sentindo dor no joelho. Naomi, desesperada, não sabia como ajudar. Ela se sentia inútil; o mundo nunca tinha lhe ensinado como cuidar do irmão, e as aulas da academia só aumentavam seu sentimento de inadequação. Professores se recusavam a ensinar, e quando Naomi tentava algo, sempre a reprovavam, sem entender que ela precisava aprender desde o início.

Guy percebeu o estado dos dois irmãos e, com uma calma paternal, tomou a decisão.

— Ok, pequeno, vamos levar você para o pronto-socorro — disse, colocando Naruto cuidadosamente nas costas. — E você, mocinha, se quiser, pode vir junto comigo.

Naomi hesitou, olhando para o irmãozinho. Seus olhos azuis brilhavam de medo e preocupação. Mas quando viu o sofrimento dele, não teve dúvida. Assentiu com a cabeça, aproximou-se e se apoiou no braço de Guy, sentindo uma confiança que nunca havia sentido antes.

— Vamos, Naruto — disse Naomi baixinho, encorajando o irmão. — Eu estou com você.

Guy sorriu novamente, olhando para os dois com um orgulho silencioso, quase como um pai cuidadoso. — Certo, então. Vamos consertar isso. Não se preocupem, vou cuidar de vocês.

Enquanto caminhavam rapidamente pela rua em direção ao pronto-socorro, Naomi segurava firme a mão de Naruto. Pela primeira vez em muito tempo, sentiu que talvez houvesse alguém no mundo disposto a protegê-los — alguém que não os via como monstros ou demônios, mas apenas como duas crianças inocentes tentando sobreviver.

E naquele momento, mesmo sem palavras, uma chama de esperança começou a brilhar dentro dela, pequena, frágil, mas real.

 

As ruas até o pronto-socorro foram longas e silenciosas. Naruto choramingava baixinho nas costas de Guy, e Naomi caminhava ao lado dele, segurando firme a mão do irmão, como se temesse que alguém o arrancasse dali a qualquer momento. O coração da menina estava apertado, mas havia uma estranha confiança no homem que os ajudava.

Quando chegaram ao pronto-socorro de Konoha, Guy empurrou as portas com firmeza. O cheiro de remédios, álcool e ervas medicinais preencheu suas narinas. Enfermeiras e médicos pararam para olhar a cena: Might Guy, o shinobi de aparência excêntrica, carregando nos braços o menino que todos sabiam, ainda que em sussurros, carregar a Raposa de Nove Caudas.

O silêncio foi imediato, pesado, sufocante.

Uma das enfermeiras, ao notar o rosto de Naruto manchado de sangue e arranhões, apertou os lábios e desviou o olhar. Outra, mais velha, cruzou os braços e disse em voz baixa, mas firme:

— Ele não pode ficar aqui… Não podemos tratar esse… esse demônio.

Naomi arregalou os olhos, sentindo o coração disparar. Ela se colocou entre a enfermeira e Naruto, os braços abertos em proteção.

— Ele não é um demônio! — gritou, a voz trêmula. — Ele é só o meu irmão!

Naruto chorava, assustado, enterrando o rosto no ombro de Guy, que observava a cena em silêncio. Seus olhos escuros, antes calorosos, agora se endureceram como pedra. Ele deu um passo à frente, a voz explodindo pelo pronto-socorro como um trovão.

— BASTA! — rugiu, o eco fazendo todos na recepção se calarem. — Vocês se dizem protetores da vila, mas fecham os olhos para o sofrimento de uma criança ferida?!

Os olhares se desviaram, mas ainda havia murmúrios, olhares carregados de ódio e desprezo.

Guy respirou fundo, erguendo o queixo. Sua voz saiu mais controlada, mas firme como aço:

— Se recusarem atendimento, irei direto à sala do Hokage e contarei a ele cada detalhe dessa cena vergonhosa. — Ele olhou cada um nos olhos, sem desviar. — Vamos ver se vocês têm coragem de negar diante dele.

Um silêncio desconfortável tomou conta do lugar. As enfermeiras trocaram olhares entre si. Ninguém ousava enfrentar a palavra "Hokage". Finalmente, uma delas suspirou, derrotada.

— Tragam uma maca… — disse, contrariada, mas obedecendo.

Guy relaxou apenas um pouco, mas manteve o olhar afiado. Ele virou-se para Naomi, que ainda estava em posição de defesa, e sorriu de forma suave.

— Está tudo bem agora. Ele vai receber cuidados.

Naomi, ainda trêmula, assentiu devagar. Segurou mais forte a mão de Naruto enquanto ele era deitado cuidadosamente na maca. Mesmo choroso, o garoto a olhou com um pequeno sorriso infantil, como se dissesse que confiava nela.

Enquanto os médicos limpavam os ferimentos de Naruto, Naomi se encolheu em um canto da sala, o coração batendo rápido. Ela ainda estava em alerta, pronta para se colocar entre eles e o irmão se fosse preciso. Guy se aproximou dela, ajoelhou-se para ficar à altura de seus olhos e falou com uma calma firme:

— Você protegeu seu irmão. Isso é algo incrível. Você tem o espírito de uma verdadeira kunoichi.

Os olhos de Naomi encheram-se de lágrimas. Ela não estava acostumada a ouvir palavras de encorajamento. Normalmente, só ouvia insultos, sussurros de ódio, ou no máximo o silêncio pesado daqueles que a evitavam.

Ela fungou, passando a manga da blusa pelos olhos, e respondeu baixinho:

— Eu só… não quero perder ele também.

Guy sentiu o coração apertar. Ele queria dizer muito, queria prometer que nunca mais ninguém machucaria os dois, mas sabia que não podia fazer promessas vazias. Em vez disso, ele ergueu o polegar em um gesto firme e sorriu.

— Com esse espírito, Naomi, você nunca estará sozinha.

A menina, pela primeira vez em muito tempo, acreditou nessas palavras.

 

A luz do fim da tarde banhava a floresta de Konoha, tingindo as folhas de dourado e verde suave. Naomi caminhava distraída, com passos leves, balançando os pés descalços sobre o chão coberto de folhas secas. Era um de seus refúgios: quando a vila parecia sufocar, quando os olhares de desprezo dos adultos a seguiam pelas ruas, ela se escondia entre as árvores. Ali, pelo menos, podia respirar sem sentir ódio sendo direcionado a si.

Mas naquela tarde, um som estranho chamou sua atenção. O tilintar metálico de shurikens cortando o ar e se chocando contra madeira ecoava pela floresta. Curiosa, Naomi se aproximou com cuidado, se escondendo atrás de uma árvore grossa. Seus olhos arregalaram quando viu um garoto, aparentemente da sua idade, de cabelos pretos e expressão calma e concentrada. Ele lançava shurikens contra vários troncos, e não errava uma sequer.

Enquanto observava, maravilhada com a precisão dele, um zunido forte passou rente ao seu ouvido. Uma shuriken havia cravado no tronco bem ao seu lado. Naomi gritou assustada, caindo de bunda no chão e levando as mãos ao rosto.

— E-eu não estava fazendo nada! — disse em prantos, tentando se defender. — Só fiquei curiosa, eu juro!

O garoto parou o treino e, ao perceber que não havia malícia nela, deixou escapar uma risadinha leve. Caminhou até onde Naomi estava caída e estendeu a mão.

— Desculpe, eu não queria assustar você — disse, a voz calma, quase adulta. — Eu sou Itachi Uchiha.

Naomi levantou o olhar. Aquele gesto de bondade, tão raro em sua vida, a encantou. Com os olhos marejados, ela respirou fundo e estendeu a própria mãozinha, aceitando a ajuda. Ele a puxou com firmeza, mas de maneira gentil.

— Naomi Uzumaki — respondeu com um sorriso tímido, limpando as lágrimas que ainda escorriam.

Itachi arqueou as sobrancelhas, observando a menina ruiva de olhos claros. Itachi apenas inclinou a cabeça:

— O que você faz por aqui sozinha?

— Eu… gosto de andar às vezes. — Naomi desviou o olhar, chutando o chão com o pé. — E ouvi o barulho… Então quis ver.

Ela ergueu os olhos brilhantes para ele e comentou com sinceridade:

— Você é incrível com as shurikens! Eu tento na academia, mas… os professores nunca me deixam aprender direito. Sempre complicam as coisas pra mim e pro meu irmão. — Sua voz falhou, mas ela logo completou com determinação: — Mas eu vou tentar de novo. Dessa vez junto com ele.

Itachi ficou em silêncio por alguns segundos, o olhar sério como se estivesse avaliando não apenas as palavras dela, mas também a dor escondida nelas. Por fim, ele disse:

— Se quiser, eu posso ajudar.

O coração de Naomi disparou, os olhos se iluminaram de felicidade. Ela socou o ar, animada:

— Muito obrigada, dattebane!

Itachi sorriu de leve diante daquela energia tão diferente do seu jeito sereno. Naomi ficou tímida ao notar o sorriso e, com a voz baixa, perguntou:

— Você… gostaria de ser meu amigo?

Itachi não hesitou.

— Gostaria sim. — E estendeu a mão novamente, dessa vez como um pacto de amizade. Naomi a apertou com firmeza, quase pulando de alegria.

— Então vem, Naomi-san. Vamos treinar.

 

Treino de shuriken

Itachi entregou algumas shurikens para Naomi. Ela pegou com cuidado, os olhos brilhando. Ele apontou para alguns troncos marcados.

— Tente acertar aqueles alvos.

Ela se concentrou, respirou fundo, lançou a primeira… e errou feio. A segunda também. E a terceira passou voando longe. Naomi murchou, emburrada, enquanto Itachi acertava todas sem nem piscar.

— Não consigo… — murmurou, quase desistindo.

Então, com calma, Itachi deu alguns passos e se colocou atrás dela. Segurou suas mãos pequenas com as dele e a posicionou. Naomi ficou vermelha na hora.

— O professor… ensinou diferente… — disse baixinho, quase envergonhada.

— Seus professores estão errados. — Itachi bufou, sério. — É assim. Segure firme, gire o braço nesse ângulo.

Ele a ajudou a arremessar. A shuriken voou reta e cravou-se no tronco. Naomi arregalou os olhos.

— Eu consegui!

— Agora tente sozinha.

Dessa vez, lembrando do movimento, ela conseguiu acertar novamente. Depois mais uma. E mais uma. Logo, sorria largamente, saltitando de alegria.

— Eu consegui, Itachi! Consegui mesmo!

Ele apenas sorriu, satisfeito.

 

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Treino de controle de chakra

Depois de descansar um pouco, Itachi levou Naomi até uma árvore alta.

— Agora vamos treinar o controle de chakra. Tente andar pela árvore usando os pés.

Naomi tentou. O chakra fluía forte demais, e ela apenas rachou a casca. Tentou de novo, e escorregou, caindo de bunda. Ficou vermelha de frustração.

— Isso é impossível!

Itachi, paciente, respondeu:

— Não é impossível. É treino. Você só precisa ajustar.

Depois de muito tempo tentando, ela conseguiu subir alguns centímetros. Animada, comemorou:

— Eu consegui! Eu consegui! — mas se desequilibrou e caiu novamente.

Itachi riu baixinho. Aproximou-se, segurou sua mão e a guiou devagar, subindo com ela pelo tronco. Naomi foi aos poucos ajustando o chakra, até conseguir subir. Quando se viu em cima, deu um gritinho de felicidade.

Os dois se sentaram juntos num galho, olhando a paisagem da vila de cima. Naomi suspirou, feliz:

— Obrigada, Itachi-san!

Ele virou o rosto e sorriu de leve.

— De nada, Naomi-san.

 

O momento de paz foi interrompido quando um garoto um pouco mais velho, de cabelo preto e levemente cacheado, surgiu do nada. Ele sorria e acenava.

— Oi, Itachi! Quem é essa bela dama aí do seu lado?

Naomi ficou vermelha na hora, se atrapalhando para se levantar.

— E-eu sou Naomi Uzumaki, dattebane!

O garoto riu e piscou para ela.

— Muito prazer. Eu sou Shisui Uchiha, primo do Itachi.

Naomi ficou mais tranquila com o jeito amigável dele. Shisui ouviu Itachi contar sobre as dificuldades da menina na academia, e logo fez uma careta séria.

— Que droga. Eles fazem isso com você?

Naomi assentiu, cabisbaixa.

— Eu e meu irmão… sempre.

Shisui então sorriu calorosamente:

— Então a partir de agora você tem a mim e o Itachi como aliados. Vamos te ajudar.

Naomi arregalou os olhos, emocionada.

— Sério?! Muito obrigada!

Shisui riu e bagunçou os cabelos ruivos dela, enquanto Itachi observava em silêncio, mas claramente satisfeito com o entusiasmo da menina.

E assim, os três passaram o resto da tarde treinando, rindo, conversando, até que o sol começou a se pôr. Quando se despediram, Naomi voltou para casa com o coração aquecido. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu que tinha amigos de verdade.

 

O sol da manhã iluminava as ruas de Konoha, e Naruto corria animado pela calçada enquanto Naomi o seguia, menos agitada, mas sorridente ao ver a energia do irmão. O garoto loiro estava cheio de ideias e não parava de falar.

— Naomi, ouviu só? A gente podia pregar umas peças hoje! Tipo… pintar os postes da vila de cores diferentes, ou colocar fogos de artifício no meio da rua! — dizia ele, os olhos azuis brilhando de empolgação.

Naomi suspirou, cruzando os braços enquanto caminhava ao lado dele.

— Naruto… isso pode dar uma baita dor de cabeça pra gente. — Ela o olhou com preocupação. — E se a gente for pego?

Naruto fez uma careta, mas logo abriu o sorriso de sempre, meio travesso, meio inocente.

— É que… se a gente fizer barulho, se a gente chamar atenção, todo mundo vai olhar pra gente, dattebayo! Eu só queria que as pessoas olhassem pra gente diferente…

Naomi parou, observando o irmão. Havia tristeza escondida naquela empolgação. Ela suspirou e acabou cedendo, dando um leve sorriso:

— Tá bom, só dessa vez… mas nada perigoso, entendeu?

Naruto pulou no ar, levantando os braços em comemoração.

— Eu sabia que você ia topar!

Os dois passaram a manhã correndo por Konoha, tentando chamar atenção. Colocaram tinta colorida em baldes e jogaram em cima de algumas portas, deixaram cordas para tropeçarem e até tentaram imitar adultos importantes da vila. Naomi, mesmo relutante, ria ao ver Naruto gargalhando de alegria.

— Você é maluco, Naruto — dizia ela, tentando segurar a risada enquanto o irmão imitava um jounin sério.

Depois, resolveram ir até o parquinho. As risadas de outras crianças encheram o coração de Naruto de esperança. Ele correu até lá, chamando animado:

— Ei! Vamos brincar juntos!

Naomi o acompanhou, sorrindo de forma gentil. Mas os olhares dos pais foram pesados. Assim que perceberam quem eram os irmãos, rapidamente pegaram seus filhos pelas mãos e os afastaram, murmurando palavras amargas que Naomi e Naruto ouviram claramente.

— Não cheguem perto deles…
— Esses são os filhos do demônio…
— Fiquem longe.

Naruto parou, os braços ainda estendidos na esperança de brincar. A alegria desapareceu de seu rosto, e ele abaixou a cabeça. Naomi sentiu o coração apertar. Ela respirou fundo e colocou a mão no ombro dele.

— Naruto… não fica assim. — Ela sorriu para animá-lo. — Eu vou te apresentar meus amigos. Shisui e Itachi. Eles são super legais, tenho certeza que você vai gostar.

Naruto levantou o olhar, surpreso.

— Sério? Você… tem amigos?

— Claro que tenho, dattebane! — respondeu Naomi, batendo no peito com orgulho. — E agora eles também vão ser seus amigos.

O loiro abriu um sorriso, mais animado, mas algo do outro lado do parquinho chamou sua atenção. Uma pequena garota de cabelos azulados estava encolhida, cercada por dois garotos que a empurravam e zombavam dela.

— Seus olhos são esquisitos!
— Parece que é cega!

A menina chorava baixinho, os olhos pérola brilhando de lágrimas. Naomi seguiu o olhar do irmão e suspirou, já adivinhando o que ele faria.

— Naruto…

Mas era tarde. O loiro correu até os garotos e empurrou um deles, gritando:

— Parem com isso, dattebayo! Deixem ela em paz!

Os garotos o olharam, surpresos, mas logo riram.

— Olha só quem veio brincar de herói… o fracassado da vila! — Um deles se levantou e tentou bater em Naruto.

Mas antes que o soco acertasse, Naomi surgiu, empurrando o garoto com força para o chão.

— Covarde! — gritou ela, furiosa. — Bater numa menina é o pior que você podia fazer!

O outro garoto, vermelho de raiva, se virou para Naomi e zombou:

— Cala a boca, tomate!

Naomi congelou por um instante. O apelido ecoou em sua mente, queimando sua paciência. Seus punhos cerraram e, sem pensar duas vezes, ela acertou um soco certeiro no nariz do garoto. O sangue escorreu, e os dois valentões, assustados, fugiram choramingando.

Naomi bufou, limpando as mãos como se tivesse acabado de concluir uma tarefa.

— Isso é pra aprenderem a não mexer com a gente.

Naruto ficou impressionado, piscando algumas vezes antes de começar a rir.

— Naomi, você é incrível! — disse, ainda rindo.

Ela deu de ombros, mas não conseguiu esconder o sorriso de satisfação.

Enquanto isso, a garotinha de cabelos azuis ainda estava no chão, encolhida. Naruto se abaixou, oferecendo a mão.

— Ei, você tá bem? — perguntou com a voz gentil.

Hinata levantou os olhos marejados, o rosto corado ao ver quem estava à sua frente. Seu coração disparou. Era ele… aquele menino que já havia “salvado” ela antes — mesmo apanhando no processo. Agora estava de novo ali, estendendo a mão como um verdadeiro herói.

— S-sim… — respondeu timidamente, a voz quase sumindo.

Naruto sorriu largo, ajudando-a a levantar.

— Que bom! Esses idiotas não vão mais te incomodar.

Hinata sentiu seu rosto corar ainda mais. O corpo inteiro parecia quente, e suas mãos tremiam ao segurar a dele.

Naomi observava a cena de lado, um sorriso curioso no rosto. Ela já conhecia a garota da sala deles e, mesmo duvidando que Naruto lembrasse o nome dela, sabia muito bem o que estava acontecendo ali.

E, pela primeira vez naquele dia, Naomi percebeu algo diferente no olhar do irmão. Não era apenas vontade de brincar ou chamar atenção… era algo mais suave, algo especial.

 

Depois que os garotos correram apavorados, o silêncio tomou conta do parquinho por alguns instantes. O vento suave balançava as árvores e fazia o cabelo azul de Hinata cair sobre seu rosto corado. Ela permanecia cabisbaixa, segurando a mão de Naruto ainda com certa hesitação, enquanto pensava consigo mesma.

"Por que… por que eles são tão rudes comigo? O que eu fiz de errado?… Meus olhos não são estranhos… Eu não sou cega… eu enxergo perfeitamente… então por que todos me olham como se eu fosse diferente?…"

Seus olhos se encheram novamente de lágrimas, mas antes que uma caísse, a voz alegre e firme de Naruto a tirou de seus pensamentos.

— Não liga pra eles, Hinata-chan! — disse ele, sorrindo largo, o peito estufado como se fosse um verdadeiro protetor. — Eles são uns babacas, dattebayo! Você é incrível!

Hinata arregalou os olhos, surpresa. Ninguém… nunca tinha dito algo assim pra ela. Sentiu suas bochechas queimarem ainda mais, o coração batendo tão rápido que parecia que iria saltar do peito.

— O-obrigada, Naruto-kun… — murmurou baixinho, encolhendo os ombros. Sem jeito, começou a tocar as pontas dos dedos, encostando um no outro timidamente.

Naomi, que observava tudo de braços cruzados, não conseguiu segurar a risada. A cena era tão doce, tão inocente, que até seu coração, acostumado a endurecer diante das crueldades do mundo, se aqueceu.

— Vocês dois são muito fofos — disse ela, se aproximando e pondo uma mão gentil no ombro de Hinata. — E não se preocupe com o que as pessoas falam de você, Hinata. Você é uma menina gentil e amável. Isso é o que importa.

Hinata ergueu os olhos para Naomi, surpresa com a bondade. E, pela primeira vez naquele dia, sorriu de verdade.

— Eu… eu penso o mesmo de vocês dois… — disse baixinho, mas com firmeza.

Naruto, como sempre, não perdeu tempo. Seus olhos azuis brilharam com intensidade. Ele segurou as mãos de Hinata com força, inclinando-se para mais perto dela.

— Então… Hinata-chan! Você quer ser nossa amiga? — perguntou, a voz carregada de esperança, quase implorando, como se aquele pedido fosse a coisa mais importante do mundo.

Hinata ficou estática. O rosto dela ficou totalmente vermelho, tão vermelho que parecia que seu corpo todo estava em chamas. Ninguém… nunca tinha pedido para ser amigo dela. O coração disparou e a respiração ficou trêmula.

— S-sim… — conseguiu responder, quase sem voz.

Naruto gritou de felicidade, pulando como se tivesse acabado de ganhar o maior prêmio da vida.

— Eu sabia que sim! Agora você é nossa amiga, dattebayo! — e, sem pensar, envolveu Hinata num abraço apertado.

A pobre garota, já tomada pela timidez, não aguentou a explosão de emoções. Seu rosto ficou ainda mais vermelho, os olhos giraram e, de repente, ela desmaiou nos braços de Naruto.

— Hinata-chan?! — gritou o loiro, apavorado, sacudindo-a de leve. — Ei, ei, não faz isso! Naomi! O que eu faço?!

Naomi, ao lado, apenas cruzou os braços, bufou de leve e fechou os olhos com um sorriso divertido.

— Calma, Naruto. Ela só ficou muito nervosa. — E soltou uma risadinha, balançando a cabeça. — Você realmente não percebe o efeito que causa nas pessoas, né?

Naruto piscou, confuso, ainda segurando a amiga desmaiada nos braços.

— Efeito? Que efeito? Eu só queria que ela fosse nossa amiga!

Naomi riu mais alto, achando a inocência do irmão adorável. E naquele instante, enquanto olhava Naruto segurar Hinata com tanto cuidado, ela percebeu que, apesar de todas as dores e injustiças, havia momentos como esse que valiam a pena.

Momentos que acendiam uma chama de esperança no coração dos dois irmãos.

Notes:

Por favor, comentem o que acharam, isso me incentiva! 🌻🍥🍅👑🐶🥣🎯💨

Notes:

E aí, o que acharam?? Digam-me! ☠️👀