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Rating:
Archive Warning:
Categories:
Fandom:
Relationships:
Characters:
Additional Tags:
Language:
Português brasileiro
Series:
Part 1 of Vivendo Outra Vez
Stats:
Published:
2022-10-08
Updated:
2022-12-22
Words:
34,782
Chapters:
20/60
Comments:
20
Kudos:
129
Bookmarks:
13
Hits:
3,369

A Vida Perante Meus Olhos

Summary:

Luffy sorriu, “Meu tesouro? Vocês podem tê-lo, se vocês puderem encontrá-lo. Mas vocês nunca vão conseguir.”
Lâminas cortaram seu pescoço, e o poderoso Rei dos Piratas deu seu último suspiro.
E então ele acordou.

Ou: O Rei dos Piratas Monkey D. Luffy viaja de volta no tempo. Ele decide que vai bagunçar um pouco as coisas.

Notes:

Essa é uma tradução de um incrível trabalho que li recentemente aqui nessa plataforma. Com a permissão de quem escreveu, Vallmo_05, estou postando com os devidos créditos. Mais uma vez, gostaria de agradecer pela honra e ratificar que eu amei de paixão tudo escrito.
É uma coleção de pequenas histórias que se passam desde o momento que Luffy acordou no passado e o futuro que ele vai mudando o rumo dos acontecimentos. Atentem-se, por favor, às notas iniciais para identificar o período de acordo com a idade dos personagens.

Chapter 1: Prólogo

Chapter Text

Monkey D. Luffy, o Rei dos Piratas, viu muito em sua curta vida. Ele viu uma ilha no céu, uma ilha que estava no fundo do mar, e até viu uma ilha que estava meio em chamas e meio congelada. Ele fez amigos onde quer que fosse, colecionando pessoas preciosas como nobres colecionavam joias. Ele tem o Melhor Espadachim do Mundo como seu Primeiro Imediato, o Melhor Atirador como seu amigo próximo, e um Yonkou como seu aliado mais próximo.

Ele também tinha muitos inimigos; afinal fez amigos e inimigos a cada passo. O governo mundial estava atrás dele apenas por ser livre, como se fosse um crime sonhar e alcançar esses sonhos. Ele foi perseguido e perseguido e perseguido pela única razão de ser um homem que viu tudo o que o mundo tinha para oferecer. Ele viu a ilha no céu, a ilha no fundo do mar, viu ilhas que abrigavam Samurais e até aquelas que tinham dinossauros.

Ele encontrou o One Piece.

Luffy não apenas viu vistas majestosas, não apenas viu inúmeras batalhas contra oficiais da Marinha que constantemente acreditavam que poderiam brigar com ele, não apenas viu a vida. Ele também viu a morte. Muitas mortes. A morte de pessoas com quem ele se importava mais do que qualquer coisa no mundo. Ace, Sabo, Nami, Chopper, Robin, Franky – todos que ele amava.

Luffy ia ver seu próprio fim também. E, sim, talvez fosse um pouco clichê, mas antes de ir ele tinha feito um baita estrago. Ele sorriu no palanque ao qual estava acorrentado, apesar do quanto queria chorar – por sua tripulação perdida, pela incrível aventura que teve, pela vida que viveu sem arrependimentos – e disse ao mundo, assim como o rei antes dele, que seu tesouro era deles para reivindicarem.

Eles só tinham que encontrá-lo.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Luffy piscou, acordando, e sua visão encontrou um telhado de madeira, roncos preenchendo seus ouvidos. Ele podia sentir um pé contra sua lateral, uma mão em sua testa e o que parecia ser cabelo encaracolado em suas bochechas. Ele estava deitado em um colchão fino, um cobertor descendo seu quadril e a camisa vermelha em seu corpo magro – muito fino e pequeno – de barriga para cima.

O Rei dos Piratas sentou-se lentamente, piscando para tentar sair de seu torpor enquanto olhava para as pessoas ao seu redor. Ace e Sabo, seus irmãos, dormiam pacificamente ao lado dele, sem nenhuma preocupação.

Luffy piscou, sua mente tentando entender o que ele estava vendo. Ele levantou uma mão e olhou para ela antes de tocar a cicatriz sob seu olho. Ele levantou a camisa, olhando para o peito, que anteriormente estava marcado com um grande e proeminente X, e ele apenas... encarou. Isso era algum tipo de vida após a morte? Porque ele sabe que morreu.

Ele sabe que sua vida acabou e morreu sem arrependimentos, assim como prometeu ao irmão que faria.

Então... Por que ele estava olhando para seus irmãos? Seus irmãos que ainda por cima pareciam crianças?

Luffy levantou a mão e deu um tapa no rosto de Ace rapidamente. Olhos escuros se abriram e Ace soltou um grito raivoso, fuzilando-o com um olhar enquanto acariciava sua bochecha vermelha.

"Que diabos, Luffy?!" ele gritou, Sabo se remexendo ao lado deles.

Luffy virou-se para Sabo, franzindo os lábios, e então o esbofeteou também.

“Oi!” Sabo ladrou.

Ambos atacaram Luffy, e ele riu quando sua cabeça bateu no chão. Se esta fosse sua vida após a morte, Luffy estaria contente. E se fosse mais do que uma vida após a morte, se ele de alguma forma conseguiu voltar no tempo, ele estaria contente com isso também. Talvez desta vez, ele conseguisse salvar seus irmãos e seus nakamas.

Luffy sorriu aquele seu característico sorriso D e riu porque, porra, ele não era o Rei dos Piratas por qualquer motivo.

Chapter 2: Conhecimento, Ações, Verdades

Notes:

Luffy: (20) 7 anos

Ace/Sabo: 10 anos

Chapter Text

“Não podemos sair hoje.” Luffy disse com um olhar severo, sem deixar espaço para protestos.

Era raro ver o irmão mais novo ficar assim tão sério. Era uma situação que parecia como tentar mover uma pedra com apenas um bastão – algo muito difícil de fazer sem o bastão quebrar.

Normalmente, quando seu irmão ficava assim, Sabo e Ace escutavam e concordavam com qualquer que fosse seu capricho – mas não porque tinham medo de ir contra o que seu irmão dizia, mas porque ele sempre parecia saber o que ia acontecer.

Mas hoje era o dia perfeito para roubar alguns nobres e jantar e correr por aí. Aquele lugar que servia ramen estava chamando seus nomes!

“Confiem em mim.” Luffy disse, e foi quando Sabo percebeu o medo em seus olhos.

“Luffy, por que não?” Sabo perguntou em vez disso.

“Seu pai.”

Duas palavras, apenas duas, e Sabo sentiu o pavor inundar seu corpo. Como Luffy sabia quem era seu pai em primeiro lugar... Sabo não tinha ideia de que forma isso poderia ter acontecido. Ele tinha sido cuidadoso em manter sua herança escondida de seus irmãos, porque estava com medo.

“Eh, Sabo, você conhece seu pai?” Ace perguntou, com suspeita em seu olhar.

“Sim,” Sabo baixou a cabeça, sem razão para mentir se Luffy já sabia, “Desculpe, eu menti sobre ser órfão.”

“Por que diabos você mentiu?” Ace franziu a testa, mas ele apenas parecia curioso, não zangado.

“Eu nasci nobre,” Sabo respondeu, cuspindo a palavra, “mas eu odeio a minha vida lá. Então eu fugi!”

“Ok,” Ace deu de ombros, “Então vamos ficar longe de High Town hoje, tanto faz. Vamos tomar café da manhã.”

“Eu quero jacaré!” Luffy gritou animadamente, e Sabo se sentiu leve com a forma como Ace se virou com um sorriso nos lábios – sempre tentando esconder sua afeição.

“Esperem por mim!”

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

As mudanças em Luffy foram sutis, mas os dois irmãos notaram. Meses atrás, Luffy acordou um dia e simplesmente mudou. Ele ainda era Luffy, sem dúvida, mas ele era diferente – consumido por um peso que nenhuma criança deveria carregar, nem mesmo eles.

Ele tinha essa presença ao redor dele, que era diferente do bebê chorão que não conseguia dar um soco sem tropeçar em si mesmo ou socar o próprio rosto. Duas semanas após essa mudança sutil acontecer, a mira e a capacidade de Luffy de usar o poder de sua Akuma no Mi eram praticamente perfeitos. Ele podia dar socos com facilidade, até transformou sua perna em um chicote!

Foi fácil deixar rolar porque, vamos ser sinceros, era sobre Luffy que eles estavam falando! Isso provavelmente era normal. Mas um dia ele simplesmente... desapareceu. Um bilhete foi deixado em seu travesseiro com giz de cera colorido, que Sabo nem sabia onde Luffy havia conseguido, dizendo a eles que ele voltaria. Eles esperaram pacientemente pelo retorno de seu irmão (na realidade, não, Ace praticamente subiu pelas paredes em sua preocupação silenciosa e Sabo tentou manter sua mente fora dessa apreensão conversando consigo mesmo depois que Luffy já havia partido há uma hora, pelo menos), mas eles acabaram correndo para Dadan quando Luffy não voltou para casa naquela noite.

Cinco dias depois, Luffy voltou com seu grande sorriso alegre, um gigante e uma criança juntos dele.

“Estes são Cora-san e Torao!” Luffy os apresentou alegremente, acenando com as mãos para enfatizar quem era quem, mas os irmãos não se importaram muito na hora.

“Para onde diabos você fugiu!?” Ace gritou, acertando Luffy na cabeça.

“Estávamos preocupados!”, acrescentou Sabo.

“Eu não estava preocupado!” Ace gaguejou com o rosto vermelho quando percebeu que estava abraçando seus irmãos.

“Shishishi! Desculpe!” Luffy sorriu um pouco envergonhado, "Eles estavam em apuros.”

“Como você poderia saber disso?” Ace perguntou, quase um sorriso de escárnio “E outra coisa, como você conseguiria os ajudar se eles estivessem em apuros. Esse cara é enorme!”

Luffy piscou para eles, “Tamanho não tem nada a ver com força, Ace.” Ele disse prestativo. “De qualquer forma! Eles vão morar com a gente a partir de agora!”

Dadan piscou. Uma, duas, três vezes, “NÃO! Vocês três pirralhos já são suficientes!”

“Torao é médico!” Luffy disse, como se isso ajudasse a situação.

“Não queremos impor!” O gigante, Cora-san, disse nervosamente, acenando com as mãos.

“Isso não é um problema!” Luffy disse, radiante. “Torao é Nakama, e você é o tesouro do Torao, então você também é Nakama. Eu protejo meus Nakamas.”

Sabo sem perceber prendeu a respiração enquanto observava seu irmão. Mais uma vez, ele estava vendo outra pessoa, alguém mais velho e mais sábio e que passou por mais do que se poderia imaginar. Ele piscou, e seu irmãozinho estava olhando para ele, olhos castanhos arregalados e curiosos.

“Torao é minha responsabilidade.” Ele disse assertivamente.

“Ok, Luffy.” Sabo cedeu, “Contanto que ele possa caçar, eu não vejo problema”.

“Nem ferrando!” Ace gritou, encarando-os com um olhar cortante, “Ele tem que saber roubar as pessoas também!”

“Ah, e cozinhar!” Luffy acrescentou, mesmo sendo ele quem queria que o garoto e seu pai ficassem.

A julgar pela inexpressividade do garoto, ele percebeu isso também.

“Espere!” Luffy disse de repente, batendo o punho na palma da mão, “Eu esqueci, eu preciso de um Den-Den! Makino!”

E então ele estava indo embora, deixando seus irmãos correndo atrás dele com pressa. A julgar pelo suspiro sofrido de Dadan e seu grito de que eles não podiam ser pesos mortos, os dois estranhos que Luffy arrastou para casa estavam aqui para ficar.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Quando o Den-Den Mushi de Shanks começou a tocar, ele estava um pouco tonto. Como a festa da tripulação para celebrar Shanks sendo oficialmente rotulado como um Yonkou começou, as bebidas foram rapidamente esvaziadas. Ele observou quando Benn respondeu ao caracol, sua expressão se transformando em confusão, então preocupação antes de acenar para Shanks.

“Quem é?” Shanks perguntou, sorrindo enquanto lhe entregavam o receptor.

“SHANKS!” A voz distinta de Luffy gritou pelo caracol e Shanks fez uma pausa, o terror percorrendo suas veias.

Luffy não ligaria a menos que estivesse em algum perigo real, Shanks tinha certeza.

“Shanks, você nunca vai acreditar no que eu vou contar!” Luffy disse, o caracol copiando a expressão sombria da criança.

“Conta para mim, Âncora.” O aperto do Yonkou no fone aumentou com sua preocupação. Luffy deveria sorrir, não franzir a testa.

“Eu viajei no tempo.” O garoto disse, completamente sério.

“O quê?” Shanks perguntou, sem esperar por essa notícia.

“Sim, eu estava sendo executado e então, bum, eu era criança de novo!” Luffy disse, maravilha em sua voz.

Executado?” Shanks engasgou. “O quê? Por quê!?”

“Shishishi! Eu fui para Laugh Tale, encontrei o One Piece, descobri o que aconteceu durante o Século Perdido e me tornei o Rei dos Piratas, mas então o Governo estava na minha cola muito mais do que antes, então minha tripulação estava sendo perseguida como rebanho!” Luffy começou a divagar, “E eles acabaram... Bem, minha tripulação, eles…” Houve uma pausa e uma respiração profunda, antes da voz do outro lado da linha continuar. “Eu deixei que me pegassem porque todos tinham... se ido... então eu estava sendo executado. E então acordei com meus irmãos e estou tão pequeno!”

A bile chegou até a garganta de Shanks.

Ok. Então.

Âncora sabia algumas coisas que apenas aqueles no (mas não necessariamente limitados ao) navio de Roger deveriam saber. Laugh Tale era uma das partes principais, inclusive.

Mas, puta merda, Luffy realmente passou por tudo isso.

“Ok,” Shanks engoliu o vômito, “E você me ligou porque...?”

Ele ainda estava processando, não julgue.

“Eu preciso de um favor.” disse Luffy.

“Ok…” Shanks murmurou, porque puta que pariu, Luffy era o Rei dos Piratas! Ele também foi executado, porra, “O que posso fazer, carinha? Quantos anos você tem, afinal?!”

“Eu tinha vinte anos, mas tenho sete agora!” Luffy disse alegremente. (Tão jovem, mas Shanks deixou esse pensamento de lado.) “Eu queria saber se isso realmente é real.”

O coração de Shanks rachou com o tom quebrado que sua pequena Âncora proferiu seu medo.

“Eu não posso dizer com certeza absoluta, mas isso aqui é o mais real possível, Âncora.” Shanks disse suavemente.

“Certo, ótimo!” Luffy gritou, “Shanks, você é um Yonkou agora, certo? Você provavelmente não pode sair muito do Novo Mundo, mas só para você saber, eu sou o Rei dos Piratas! Você não precisa mais ficar longe!”

O coração de Shanks aqueceu, “Eu vou te visitar em breve, Âncora”. Ele prometeu.

“Yay!”

Depois que a ligação terminou, Shanks virou a tripulação curiosa olhando para ele e sorriu.

“Vamos festejar duas vezes mais! A promessa de Luffy foi cumprida!”

Uma grande comemoração soou no convés através dos gritos animados junto com canecas de álcool subindo.

Chapter 3: Haki, Espadas, Zoro

Notes:


Luffy: (20) 7 anos

Ace/Sabo: 10 anos
Law: 14 anos

Chapter Text

“Ei, Luffy,” Law perguntou ao mais novo dos quatro, “como você sempre parece saber onde estamos?”

“Eu também estava me perguntando sobre isso.” Sabo murmurou, enquanto cortava o urso cozido sobre o fogo.

“Sim, você nunca fez nada parecido até alguns meses atrás.” Ace comentou, estreitando os olhos.

“É por causa do Haki.” Luffy disse, babando sobre a carne assada, “Eu posso ensinar vocês se vocês quiserem, shishishishi!”

“O que é Haki?” Sabo se inclinou para frente.

“Bem, tem três formas! E eu posso ensinar a você e a Law dois deles.” Ele disse.

Law franziu a testa, "Por que você não pode nos ensinar todos os três?"

“Por que Ace pode aprender todos eles?” Sabo perguntou, fazendo uma careta enquanto Ace sorria.

“É que você tem que nascer com esse tipo de Haki!” Luffy disse alegremente. “Eu sei que você não tem, Sabo, mas Law talvez poderia ter. Só que agora, Ace é o único que pode usá-lo.”

“Ha!” Ace sorriu, orgulho brilhando em seu olhar.

“Bem, o que isso faz?” Sabo mostrou a língua para seu irmão mais velho.

“O Haki da Observação é um dos que podem ser aprendidos e permite que você sinta os ataques antes de acontecerem e coisas assim! Haki do Armamento é tipo uma armadura? Eu posso ensinar isso a vocês.” Ele franziu a testa pensativo, antes de morder um pedaço da carne de urso, “Haki do Conquistador permite que você use sua força de vontade para deixar as pessoas inconscientes.” Ele resumiu.

“O quê?” Sabo engasgou. “Isso é tão legal!”

Ace franziu a testa, “Eu posso usar esse Haki?”

“Como isso funciona?” Law perguntou, sempre o cético do grupo. “Parece bom demais para ser verdade”.

Luffy sorriu, “Só me seguir!”

“Ei, você comeu todo o urso!”

“Só me segue!”

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Luffy ficou frente a frente com o Tiger Lord. Seus irmãos pegaram nervosamente suas armas, mas não era necessário, pois isso era uma demonstração.

“Apenas observem!” Luffy disse a eles, sorrindo enquanto colocava o chapéu em cima da cabeça.

Ele caminhou para frente sem ouvir as preocupações dos outros três e puxou o braço para trás. Um soco regular sem força real por trás dele que só serviu para deixar o tigre furioso, e Luffy sorriu alegremente enquanto virava as costas para o animal.

“Luffy! Cuidado!” Ace gritou enquanto os dedos de Law se moviam instantaneamente para criar um Room.

Luffy se esquivou da pata que vinha em sua direção, fechando os olhos. “Este é o Haki da Observação!” Ele gritou para seus irmãos, esquivando-se de outro golpe.

Ele esperava que seus irmãos estivessem tão animados quanto ele se lembrava que estava quando Rayleigh lhe mostrou isso! Quando ele abriu os olhos, as bocas de seu irmão estavam abertas e seus olhos arregalados.

Luffy sorriu. Revestindo seu braço com Haki do Armamento, ele mostrou como sua pele não vacilou sob as garras do tigre gigante. Ele explicou o Haki que estava usando, antes de pular alguns metros para trás.

“E isso,” ele disse, soltando um pulso de Haki do Conquistador em uma explosão controlada, “é Haki do Conquistador.”

O tigre caiu com um estrondo alto, e Luffy se virou para seus irmãos.

“Estão prontos para aprender!?”

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“E o que é que isso deveria ser?” Law perguntou, olhando para a espada com a qual seu irmão o acordou, literalmente, empurrando-a em seu rosto.

Cora-san parecia preocupado atrás de Luffy, roendo as unhas enquanto usava aquele avental rosa ridículo que Sabo lhe entregou alegremente uma semana depois que Law e Cora-san se juntaram à família. O adoslecente raramente o via sem ele, já que o mais velho estava sempre tentando cozinhar algo novo para eles - mesmo que na maioria das vezes ele precisasse ter alguém cuidando dele, seja os bandidos ou um dos irmãos, para que ele não queimasse a casa inteira.

“Esta é a Kikoku. Sua espada.” Luffy disse, aquele estranho brilho de sabedoria estavam outra vez em seus olhos.

Law se perguntou o que seu irmãozinho sempre parecia saber.

“Eu nunca vi essa espada antes.” Ele disse calmamente.

"Bem, é sua." Luffy insistiu. “É uma espada amaldiçoada, mas não se preocupe, está adormecida. Eu não consigo ouvir nadinha!”

Law pegou a espada e se assustou com o quão certo parecia se encaixar em suas mãos. “O que você quer dizer com você não consegue ouvir?”

“Bem, Kikoku está dormindo, então não fala.” Luffy disse, como se isso explicasse qualquer coisa.

Ace soltou uma risada, cansado, “Lógica do Luffy.”

“Lógica do Luffy.” Sabo concordou.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Zoro estava ocupado no meio de uma partida quando Koushirou foi chamado à porta do dojo. O esverdeado continuou a lutar, porque ele precisava de toda a experiência que pudesse para finalmente derrotar Kuina!

“Zoro,” Koushirou chamou assim que ele venceu a luta, enviando um sorriso arrogante para seu rival. O dono do Dojo entrou na sala com um garoto usando um chapéu de palha atrás dele, “Seu amigo está aqui para vê-lo. Ele disse que era uma emergência.”

Zoro não tinha amigos. E ele realmente não sabia quem era aquele garoto.

“Oi, Zoro!” o garoto cumprimentou, sorrindo para ele.

O esverdeado piscou para ele, franzindo a testa. O garoto simplesmente sorriu, praticamente saltando no lugar cheio de energia.

“Hm,” Kuina lhe enviou um sorriso presunçoso, provavelmente tirando sarro dele porque esse garoto magricela dizia que era amigo de Zoro.

“Ei, Luffy,” outro garoto entrou na sala com uma longa espada pendurada no ombro, seus olhos correndo pela sala. "Tem certeza que esse é o garoto?"

“Sim! Esse é o Zoro!” Luffy, aparentemente, disse com um sorriso. “Ele é forte. Ele será o Maior Espadachim do Mundo um dia.” Ele informou, e Zoro sentiu sua respiração falhar.

O garoto acabou de…

Olhos dourados percorreram seu corpo, antes do pré-adolescente murmurar. "Se você diz."

“Ele vai!” Luffy disse, determinação em seu olhar, “Eu não tenho qualquer um como meu Nakama, Torao.”

“Zoro, o Maior Espadachim do Mundo?” Kuina estava boquiaberta, olhando para o garoto com os olhos arregalados.

Zoro não estava muito diferente, então não podia culpá-la.

Ninguém nunca acreditou nele quando ele disse que seria o maior, eles apenas riram e disseram que não era possível. Mas esse garoto declarou para todos ouvirem sem qualquer dúvida em suas palavras...

“Zoro,” Torao, aparentemente, disse, “Que tal um duelo?”

Zoro sorriu, olhando para Koushirou pedindo permissão. O homem assentiu depois de um momento, e Torao entregou sua espada para Luffy, pegando uma de bambu do barril.

O duelo foi acirrado no começo, mas Zoro acabou perdendo por apenas um segundo. O garoto era rápido, mais rápido que Zoro, mas ele não parecia ter uma técnica – provavelmente era novo na arte da esgrima. Mas o menino de chapéu de palha apenas sorriu.

“Zoro, junte-se à minha tripulação.”

“Ha?”

Luffy apenas riu alto, “Eu sou o Rei dos Piratas! Eu preciso dos melhores para minha tripulação!”

Torao apenas encostou a espada em seu ombro, um pequeno sorriso nos lábios.

“Por que eu iria querer um fraco como meu capitão?” Zoro perguntou sem rodeios.

O sorriso de Torao cresceu e Luffy apenas piscou, confusão aparente em seu rosto.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

"Ei, por que vocês estão me seguindo?" Zoro questionou os dois garotos que o seguiam.

Luffy e Law (que aparentemente não queria ser chamado de Torao por ninguém além de Luffy) junto com outros dois meninos, Ace e Sabo, não saíram do seu lado desde que ele deixou o dojo. Os dois meninos que não tinham entrado carregavam canos de metal, provavelmente suas armas, e não lhe deram nenhuma atenção, falando com Law sobre o que lhes vinha à mente.

Mas Luffy? Luffy não deixava o esverdeado sozinho. Ele não falava, mas tinha uma presença forte, andando ao lado de Zoro com um sorriso largo que deixava o espadachim desconcertado.

“Por que diabos vocês estão me seguindo?!” Zoro repetiu quando ninguém respondeu sua pergunta.

O menino sardento lançou-lhe um olhar afiado, "Luffy decidiu que você tem potencial, então ele quer que você se junte a nós."

“Shishishi!” Luffy estendeu os braços enquanto falava, “Zoro é muito forte!”

“Por que você é o capitão?” Zoro apertou os olhos para o tampinha. Se ele tivesse que adivinhar, ele diria que o adolescente magricela, Law, era o capitão. Ele tinha aquele ar de autoridade.

“Ele não é o capitão,” Sabo respondeu, sorrindo, “Nós todos vamos fazer nossas próprias tripulações e zarpar quando tivermos dezessete anos, mas Luffy é o mais forte de nós, então quando ele quer treinar alguém, é porque ele sabe que eles têm potencial.”

Zoro olhou para o garoto que estava tentando pegar uma borboleta. “Ele é o mais forte?” ele repetiu apontando para Luffy, sem se impressionar.

“Sim,” Ace bufou, “Não sei como diabos, mas ele é forte.”

Zoro revirou os olhos, “Eu não tenho tempo para isso. Eu preciso treinar”.

Isso pareceu chamar a atenção de Luffy, que virou para ele e enviando-lhe um sorriso diferente, muito diferente do outro. Tinha um ar de selvageria junto com a estranha sensação de saber de algo que ninguém mais sabia, e o garoto disse, “Ne, Zoro, eu posso treinar muito você. Posso não conhecer espadas como você, mas sei de algo que pode ajudar com isso.”

Zoro apertou os olhos, “E o que seria isso?”

Luffy sorriu e apontou para trás de Zoro. Havia um grupo de pessoas que estava andando, espadas na mão e sorrisos sombrios em seus rostos. O esverdeado os reconheceu como as pessoas que desafiaram o dojo meses atrás e tiveram suas bundas chutadas de forma espetacular. Zoro ficou tenso, sabendo que eles não seriam amigáveis.

“Oi, chefe, é o pirralho que derrotou Kajuki!” um dos homens gritou. “E ele está com alguns outros pirralhos.”

“Vamos ensinar uma lição para eles.” outro sorriu, puxando sua espada da bainha.

Zoro cerrou os dentes, ele não queria que essas crianças se machucassem, mesmo que fossem extremamente irritantes. “Saiam daqui,” ele falou entre dentes para eles.

Law sorriu maliciosamente, dando de ombros. “Eu não vejo porque deveríamos.”

“Heh, eu estava querendo um pouco de ação,” Ace sorriu, batendo seu cano contra sua mão.

“Eu fico com o grandalhão!” Sabo disse em voz alta.

“Shishishi!” Luffy riu, passou por Zoro e parou na frente dos homens. “Vocês querem machucar Zoro?” ele perguntou, parecendo inocente e ingênuo enquanto inclinava a cabeça para o lado.

“Isso mesmo, garoto.”

Luffy abaixou a cabeça, uma carranca puxando seus lábios, e ele disse friamente, “Ninguém machuca meu Nakama.”

Os homens caíram como moscas sob o olhar do menino e Zoro o olhou com admiração.

“Não é justo, Luffy.” Sabo lamentou.

Luffy apenas riu, virando-se para olhar para Zoro com um sorriso largo e confiante. “Minha tripulação é uma tripulação de sonhadores! Qual é o seu sonho, Zoro!”

A resposta de Zoro foi tirada de dentro dele, “Eu vou ser o Maior Espadachim do Mundo!”

“Junte-se à minha equipe, Zoro!” Luffy declarou, “E vamos realizar nossos sonhos!”

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“AQUI NÃO É UMA CRECHE, SEUS PIRRALHOS!”

“Obrigada, Dandan!”

Chapter 4: O Yonkou, O Rei dos Piratas, O Coração

Summary:

As ondas balançavam suavemente o Sunny. No fundo, o sol poente lançava lindos raios de laranja, rosa e lilás contra o vasto oceano.

Law estava morrendo.

...Até que ele não estava mais, mas que caralhos...?

Notes:

(Primeiras duas cenas/flashback) Luffy: 20 Law: 27

(Terceira cena em diante: Luffy (20.5) 7.5 Ace/Sabo: 10.5 anos Zoro: 9.5 Law: 14.5

Chapter Text

As ondas balançavam suavemente o Sunny. Ao fundo, o sol poente lançava lindos raios de laranja, rosa e lilás contra o vasto oceano.

Law estava morrendo.

A Guerra entre a Marinha e o Rei dos Piratas e seus aliados havia exterminado todos, espalhando-os pelos mares. Mortos. Os Chapéus de Palha não existiam mais, a única coisa que provava que eles viveram eram os sussurros de todos, falando de suas mortes recentes. Apenas o Rei dos Piratas, Monkey D. Luffy permaneceu da tripulação de sonhadores. Os Piratas do Coração tinham apenas dois membros vivos após a guerra, e logo seria zero.

Law estava morrendo.

Sem dúvidas e sem discussões, ele ia morrer.

Ele era um médico; ele conhecia os sintomas da morte quando os via. Também não havia nada que ele pudesse fazer, então ele estava apenas esperando seu tempo acabar.

Seria muito em breve.

“Law.”

Law olhou para seu lado, onde Luffy estava sentado. Eles ficaram em silêncio por um tempo, algo que era novo para o mais hiperativo. Eles estavam simplesmente apreciando a companhia um do outro naquele fim de tarde.

“Sim?” Law perguntou, sua voz rouca e fraca.

“Eu vou me entregar”. O Rei dos Piratas disse, como se estivesse recitando uma verdade.

Law fechou os olhos, o vento soprando em suas bochechas e cabelos. Ele sabia que Luffy odiava ficar sozinho a ponto de achar que a morte era melhor. Com Penguin em coma sem sinais de acordar, Luffy estaria sozinho quando Law morresse. E quando Law morresse, Penguin também morreria, porque nenhum médico tentaria ajudá-lo – ninguém por perto, e Penguin estava vivendo com tempo emprestado.

“Eu tinha esperança que...” Law parou, sabendo que esperança e Luffy não combinavam muito bem.

“Eu sei,” Luffy murmurou, olhando para o mar.

Tinham injetado em Law uma versão líquida de Kairoseki. Uma veneno diabólico que consome a energia de usuários de Akuma no Mi, lenta e progressivamente, até que nada reste. Até que ele estivesse morto. Não havia como parar, Law percebeu. Suas habilidades ainda estavam lá e ainda podia usá-las, mas nem assim elas o salvariam ou ajudariam sua condição.

Law era um Yonkou derrotado, e logo morreria. E deixaria Luffy sozinho.

Ele se odiava, um pouco, por isso.

Deixar Luffy sozinho significava que a primeira pessoa – além de Cora-san – que Law amou mais do que a si mesmo morreria. Ele seria responsável pela morte de duas pessoas que amava por serem alguém precioso para ele.

Ele não deixaria Luffy se sentir sozinho, mesmo que ele se entregasse e permitisse sua execução.

Law inalou profundamente e ergueu a mão. Os dedos de Luffy se fecharam ao redor dos seus instantaneamente, com um olhar duro, “Não”.

“Deixe.” Law disse, quase em uma súplica.

A mão de Luffy caiu depois de um momento, e Law chamou um Room. Sua energia diminuiu significativamente, mas ele não vacilou. Ele colocou a mão no peito e puxou. Os olhos de Luffy se arregalaram quando ele percebeu o que estava acontecendo, e moveu sua camisa para o lado, permitindo que Law pegasse seu coração também.

“Você não vai morrer sozinho, Rei dos Piratas”, disse Law, sorrindo.

Os olhos de Luffy se encheram de lágrimas quando Law colocou seu coração em um corpo assustado. A sensação era estranha, ter um coração que não era o seu batendo no peito. As pontas dos dedos de Law roçaram a fenda entre suas peles, olhos dourados levando a visão à memória antes de colocar o coração de Luffy em seu peito.

E então Law se inclinou, com a mão na bochecha de Luffy e seus lábios se encontraram. Uma, duas, três vezes. Não foi a primeira vez que se beijaram, mas sem dúvida seria a última.

E então Luffy se levantou e foi embora.

Caminhando para sua morte, e tudo que Law podia fazer era assistir.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Law sentiu os batimentos do coração em seu peito desacelerar.

Lentamente, diminuindo, desacelerando.

Até que parou.

Seu coração também desacelerou.

Lentamente, diminuindo, desacelerando.

Seus lábios se contraíram em um sorriso, lágrimas se acumulando em seus olhos enquanto observava o mar pela última vez.

E seu coração também parou.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Law acordou e a primeira coisa que seus olhos focaram foi um telhado de madeira. O que, aliás, não deveria existir ou ser possível acontecer.

Porque ele morreu. Ele sabe que morreu.

Law olhou para o lado e piscou lentamente para a visão que sua mente tentava entender. O rosto adormecido de Portgas D. Ace estava muito perto do dele, e Law pode ver um familiar cabelo verde na barriga do garoto. O Yonkou sentou-se lentamente, examinando a sala atentamente.

Havia quatro outros meninos na sala, todos eles crianças e facilmente reconhecíveis como pessoas que Law já havia conhecido. Pessoas que Law viu morrer ou que sabia com certeza que suas vidas tinham terminado. O Revolucionário Sabo era fácil de identificar, mesmo sem a cicatriz no olho, mas talvez a cartola na beirada da sala, um chapéu de palha e o chapéu de Law ao lado, ajudassem.

Braços e pernas entrelaçados, travesseiros jogados em direções aleatórias e cobertores cobrindo pouca pele, Law sentou-se em uma sala cheia de pessoas que deveriam ser adultas e estar mortas. Ele mesmo incluído.

“Mugiwara-ya!”, ele sibilou sombriamente com os olhos fixos no rosto do Rei dos Piratas.

Luffy não se mexeu, ainda babando no cotovelo de Sabo.

Law rosnou baixinho, agarrando a bochecha de Luffy e puxando. Sua pele estalou de volta ao lugar e os olhos do menino se abriram.

“Torao...?” ele murmurou, com a voz banhada por sono pesado em seu tom um pouco alto demais.

“Mugiwara-ya,” Law olhou para ele, “Que diabos?”

“Torao.” Luffy parecia muito mais acordado ao levantar e encarar Law com espanto.

Law foi abrir a boca, mas Luffy agarrou seu braço e o puxou para cima. Ele foi arrastado para fora de uma casa na árvore e para um rio próximo. Luffy olhou para ele, hesitação em seus olhos, e Law odiava isso. Hesitação e Luffy não deveriam se misturar, nem agora, nem nunca.

“Torao?” Luffy perguntou suavemente, olhos arregalados piscando.

“Luffy,” Law soltou um suspiro, e se sentou. Ele tinha a sensação de que precisaria. “Por que estamos vivos? Estamos vivos?”

“Não sei.” Luffy admitiu, franzindo a testa, “Acordei aqui, acho que viajamos no tempo de alguma forma! Pedi para o Shanks investigar, mas ele ainda não encontrou nada.”

“Há quanto tempo você já está aqui?” Law perguntou curiosamente, tentando encontrar em sua mente qualquer razão lógica de como isso poderia ter acontecido.

“Hm, seis meses?” Luffy perguntou pensativo, lábios franzidos em pensamento. “Você acabou de se lembrar de tudo, né?”

“É.” Law concordou, recostando-se.

Ele pensou por um longo momento, antes de suspirar. Apenas um motivo foi destacado em sua mente, mesmo que fosse ridículo.

“Você morreu com meu coração em seu peito, e eu morri com o seu.”, Law disse. “Pode ser que isso tenha algo a ver com tudo isso?”

Luffy sorriu, “Quem se importa, Torao! Podemos mudar tudo!”

Law sorriu levemente. Isso parecia atraente; a visão de Luffy sendo Luffy era algo que ele não via há semanas – não depois que Zoro caiu em batalha e Luffy era o último Chapéu de Palha.

“Eu não acho que ninguém mais se lembra,” Luffy continuou, “E eu tenho certeza que eles não vão mesmo. Principalmente se é por causa de toda essa coisa de compartilhar corações.” ele acenou com a mão, “Mas tudo bem. Eles não deveriam ter que se lembrar de tudo isso.”

Law suspirou, pressionando a mão na testa. Quando ele imaginou morrer, ele não pensou que isso envolvesse voltar no tempo.

“Quantos anos eu tenho?”, ele perguntou, a voz desprovida de qualquer emoção.

“Torao tem cerca de, hm, quase quinze.” Luffy disse, balançando a cabeça. “Eu tenho sete anos e meio!”

Então Cora-san já tinha falecido... e Law já tinha a Ope Ope no Mi.

Uma memória repentina explodiu atrás de seus olhos, uma de um menino de chapéu de palha empurrando uma fruta em forma de coração goela abaixo depois de derrotar os homens que encurralaram Cora-san. E outras memórias de Cora-san que geralmente estava vestido com um avental rosa com babados.

Cora-san estava vivo por causa de Luffy...

Law olhou para Luffy com os olhos arregalados, “Você salvou Cora-san.”

“Cora-san é o tesouro precioso de Torao,” Luffy disse simplesmente, como se esse motivo fosse bom o suficiente.

Para Luffy, sempre seria.

Law encontrou-se estendendo a mão, e Luffy o encontrou no meio do caminho. O pequeno acariciava seu cabelo enquanto Law descansava a cabeça no ombro do outro.

Luffy era a única pessoa que Law amava de uma forma diferente de todo o resto. Seu amor pelo outro era infinito e vasto, e ele faria tanto pelo mais novo. O lugar de Cora-san no coração de Law era diferente, o amor que uma criança teria por seus pais, e sempre seria assim. Ele ansiava por dias em que Cora-san não tivesse morrido, que ele ainda estivesse torcendo por ele e colecionando suas recompensas. Law sentiu muita falta de Cora-san.

Mas Law amava Luffy. E ele o havia perdido apenas alguns minutos atrás, pelo menos para ele, e ele... ele precisava disso. E ele poderia dizer que Luffy queria isso também.

Depois de alguns minutos, Law se recompôs e se endireitou. Ele precisava ver Cora-san, e a julgar pelo sorriso de Luffy, o mais novo entendeu.

“Você se lembra do caminho para os Bandidos?” Luffy perguntou a ele.

“Sim,” Law murmurou, acenando com a cabeça.

“Ok,” Luffy bocejou, “Boa noite, Torao!”

“É quase de manhã,” Law respondeu de volta instantaneamente.

“Bom dia, Torao!” Luffy riu, voltando para a casa da árvore com um aceno.

E Law subiu em direção à Cabana dos Bandidos, pulando sobre as raízes das árvores e esquivando-se de galhos baixos como se ele já tivesse feito isso muitas vezes antes. Ele tinha feito, na verdade, mas isso não importava.

Ele abriu a porta da cabana, sem se importar em assustar aqueles que estavam ou não acordados, e olhou para Cora-san que tinha os olhos arregalados expressando preocupação.

Law não chorou muito quando Luffy morreu porque sabia que logo se juntaria ao mais novo. Não chorou muito quando sua tripulação caiu, nem quando os Chapéus de Palha também se foram. Ele estava preparado para a morte de Luffy, e todos sabiam que havia uma grande possibilidade de que eles poderiam morrer naquela guerra.

(Tinha muito a se fazer – tentar permanecer vivo, por exemplo – para sequer lamentar sua tripulação morta adequadamente.)

Ele não estava preparado para a morte de Cora-san. Ele não havia preparado sua mente para lidar com a dor e o luto, e nunca preparou mesmo anos e anos depois.

Então, vendo Cora-san novamente, vivo com sua maquiagem no rosto e aquele estúpido avental rosa, Law chorou.

E chorou, chorou, chorou.

E Cora-san o envolveu em seus braços em troca, confuso e preocupado, mas vivo e isso era tudo que Law precisava.

Chapter 5: Akuma no Mi, Família, Piratas

Notes:

Ace: 18

Sabo: 17-18
Luffy: (29) 14-15
Law: (35) 21
Zoro: 16-17

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ AKUMA NO MI ⋅.} ────── ⊰

Portgas D. Ace suspirou pela décima vez naquele dia, bufando para si mesmo. Ele comeu uma Akuma no Mi exatamente seis meses atrás, e ainda não se acostumou. Claro, ele tinha um controle muito bom - graças ao seu irmãozinho e às lições de seu irmão mais velho sobre como controlar dois dos três tipos de Akuma no Mi. Entretanto, mesmo com essas lições em mente, manter seu corpo como carne humana diferente do fogo puro tinha sido uma jornada difícil.

Não ajudava que Sabo o provocasse a ponto do cabelo de Ace pegar fogo. Claro, o moreno imaginou o pequeno sorriso de Law, em seu olhar a diversão vendo toda a cena, e então a risada alta de Luffy, e isso não ajudou a tornar a experiência melhor.

Ele comeu a Mera Mera no Mi por acidente quando seu primeiro imediato empurrou para dentro ele quando eles estavam tentando descobrir se a fruta nas mãos de Ace era uma Akuma no Mi ou não, e a fruta foi enfiada em sua boca, e ele a engoliu. Sua tripulação passou horas se desculpando por fazê-lo comer literalmente uma Akuma no Mi, e ele ficou de mau humor por um dia antes de enviar carta(s) para seus irmãos, contando-lhes sobre seu novo status de âncora de navio.

E obviamente todos eles responderam com cartas contendo vários níveis diferentes de zoação.

Bando de bastardos, todos eles.

Apesar de não comer propositalmente a Akuma no Mi, Ace conseguiu dominá-la, e ele se orgulha de dizer que seu novo apelido é “Ace dos Punhos de Fogo”. O que é muito foda se perguntassem para ele. Claro, o título de seu irmão mais velho era muito legal, ele tinha que admitir. Cirurgião da Morte tem aquela entonação que faz seu irmão emburrado por falta de sono parecer assustador. O que realmente era um problema, Ace lembrou-se da vez que vagou pela floresta sem a cabeça nos ombros porque ele irritou o outro D. depois de uma noite de insônia, e Law tinha apenas sorrido e se oferecido para tirar os braços quando Ace gritou irritado para ele colocar seu corpo no lugar.

O que ele nunca vai contar a ninguém. Nunca.

Pensar em Law fez Ace pensar em Luffy, e em como o mais novo deles estava planejando zarpar em seu aniversário de dezesseis anos. Ele reuniu sua tripulação ao longo dos anos desde que tinha sete anos. Todos eram bem unidos e bastante forte para novatos. Ele tinha uma navegadora, Nami, o atirador e mentiroso, Usopp, o espadachim que empunhava o Estilo de Três Espadas, Zoro, o cozinheiro, Sanji, e Ace tem certeza de que Kuina se juntaria a eles depois que Luffy a fez gritar seu sonho para todos ouvirem quando ele tinha onze anos e deixou Zoro de volta em sua ilha por alguns meses.

Pensar em Luffy também fez Ace pensar em como ele sentia falta de seus irmãos. Sabo já estava na Grand Line com uma grande recompensa de duzentos milhões, que ele conseguiu depois de ser um pirata oficial por quase sete meses. Law estava com uma recompensa de duzentos e cinquenta milhões, algo que Ace sabia que era de propósito. Afinal, o mais velho poderia ter uma muito mais alta, mas ele estava tentando ficar fora do radar, portanto, queria parecer mais fraco.

As pessoas sempre olhavam para o número e decidiam sua força. Law era na verdade um dos mais fortes dos irmãos. Ele estava praticamente empatado com Luffy, que era o mais difícil de vencer porque ele era realmente um monstro. Ace ainda não tem ideia de como o mais novo aprendeu Haki quando ele tinha sete anos sem um professor de verdade (porque ele se recusava a acreditar que o Velho Rayleigh lhe ensinou tudo quando Luffy tinha saído da ilha de Dawn por três semanas no máximo antes de aprender Haki) e então decidiu ensinar eles. Ace sabia o quão difícil era aprender Haki, especialmente em uma idade tão jovem.

Entretanto Luffy sempre foi misterioso assim e Ace desistiu de tentar entendê-lo há muito tempo.

"Capitão," Deuce chamou, dando-lhe um olhar desacreditado, "Esta ilha está coberta de neve, nós vamos de verdade ficar aqui?"

“Ei,” Ace riu, “eu posso ir sozinho.”

"Como se nós fossemos deixar." Cassy disse com uma sobrancelha levantada.

Ace sorriu, "Então vamos!"

⊱ ────── {.⋅ FAMÍLIA ⋅.} ────── ⊰

“Ei, Tio Shanks!” Ace chamou enquanto entrava na caverna que atualmente abrigava os Piratas do Ruivo.

Shanks sorriu. “Firecracker! Muito tempo sem te ver, garoto.”

Ace sorriu, acomodando-se na frente de seu tio enquanto sua tripulação apenas olhava boquiaberta para ele.

“TIO!?”

“Ah, sim, Shanks está gamado no meu pai.” Ace olhou por cima do ombro, “Eu não disse para vocês?”

“Obviamente não!”

“Eu não estou gamado no C-Corazón…” Shanks se atrapalhou.

“Ok, claro,” Ace acenou com as mãos sem dar importância para a desculpa fajuta e nem um pouco elaborada, “De qualquer forma, você sabia que Luffy já quer zarpar? Maldito pirralho, está dois anos adiantado!”

Shanks riu. "Você sabe que ele não faria de outra maneira." Ele disse com certeza, “O garoto vai ficar bem.”

Ace fez uma careta, “Ainda assim, Sabo e eu partimos quando tínhamos dezessete anos e Law partiu quando tinha quase vinte.”

Shanks sorriu, “Você honestamente achou que aquela ilha manteria Âncora por mais dois anos lá?”

Ace riu, “Acho que não.”

“Mas deixando isso de lado,” o sorriso de Shanks era tão afiado tanto quanto seu olhar, “Se importa em dizer ao tio Shanks por que diabos você está indo atrás do Barba Branca?”

⊱ ────── {.⋅ PIRATAS ⋅.} ────── ⊰

“Gurarara! Você tem coragem, garoto! Navegue esses mares como meu filho sob a minha bandeira!”

“Vá para o inferno, Velhote!”

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Queridos irmãos e Pai e Dadan,

Fui sequestrado por um velho chamado Barba Branca. Não chorem por mim se eu morrer.

Portgas D. Ace”

“Maldito idiota.” Law resmungou, com um sorriso no rosto.

A sete ilhas de distância, Sabo sorriu e então riu para o oceano ouvir. Um mar longe dali, Luffy gargalhou na floresta, resultando em sua navegadora dando-lhe um olhar confuso antes de bloquear um ataque de Zoro. Em uma pequena ilha no reino de Goa, dois adultos soluçaram.

“Ace, seu idiota!” Corazón chorou. “Você não pode me chamar de pai e esperar que eu não me preocupe!”

“Ace foi sequestrado pelo Barba Branca!” Dadan soluçou em seu lenço.

“Eu preciso ligar para Shanks!” Corazón gritou, tropeçando em seus pés enquanto corria para o Den-Den.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Os piratas do Barba Branca assistiram com reações diferentes quando seu irmão/filho mais novo invadiu o convés, agarrou o News-Coo que entregava as notícias diárias pelo pescoço, enfiou várias cartas em sua bolsa junto com alguns belli, rosnando, "É melhor você falar para aqueles idiotas que eu vou queimar os traseiros deles! Eu sei que eles riram de mim!”

O News-Coo parecia ter desistido de qualquer esperança enquanto olhava para o moreno, mostrando que esta não era a primeira vez que isso acontecia. Ele crocitou, o som parecia julgador e repreensivo.

“Ah, e diga a Cora-san que eu não sinto muito,” Ace então sorriu audaciosamente e girou nos calcanhares, “Barba Branca, lute comigo!”

Um certo imediato suspirou profundamente, já preparado para a levantar voo quando gritaram que o outro foi lançado ao mar.

“Por que você não simplesmente se junta a nós, yoi?” Marco perguntou quando puxou um Ace encharcado e o jogou no convés. "Pops quer te chamar de filho, o que há de tão errado com isso, yoi?"

“Eu já tenho um Pai!” Ace disparou em resposta. “Eu não posso chamar de pai o Barba Branca! Cora-san me criou, não ele!”

Era isso...?

Marco olhou para o capitão do navio, os ombros caindo quando viu o brilho em seus olhos.

“Por que você não me chama de Avô?” Barba Branca sugeriu. “Ainda não tenho um neto”.

“Meu avô me bate toda vez que me vê porque não sou um marinheiro.” Ace comentou, negando.

Isso era preocupante.

Ace colocou a mão no queixo, murmurando em pensamento: “Que tal Grandpops?”

“Gurarara! Bem-vindo a bordo, neto!” Barba Branca disse alegremente.

“Eu me pergunto o que é que o Tio vai dizer quando souber disso.” Ace sorriu alegremente, e Marco sentiu um calafrio descer seu corpo ao olhar para o mais novo membro dos Barbas Brancas.

Ele tinha um mau pressentimento.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Ei, Grandpops,” Ace bateu na porta do quarto do capitão, entrando quando Barba Branca permitiu.

“O que foi, meu filho?” Barba Branca perguntou calorosamente.

“Então, uh,” Ace entrou no quarto, sentando-se ao pé da cama quando solicitado. “Meu pai biológico era Gol D. Roger.” Ele disse hesitante. "E eu entendo se você não quiser que eu me junte à sua tripulação mais..."

“Gurarara!” Barba Branca riu, “E eu que pensei que você tinha algo importante perturbando sua cabeça! Quem se importa com o sangue que você herda, você é filho do mar!”

E Ace se viu virando membro de outra família tão diferente por quem ele daria seus sonhos, que representavam sua vida.

Chapter 6: Roubando Navios, North Blue, Chef

Notes:

Luffy: (20.5) 7.5
Law: (27) 14.5
Ace/Sabo: 10.5
Zoro: 9.5

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ ROUBANDO NAVIOS ⋅.} ────── ⊰

“Eu quero juntar minha tripulação,” Law disse no momento em que conseguiu falar com Luffy sozinho.

Luffy assentiu em compreensão. “Então vamos!”

Law suspirou, “Precisamos de um navio, Luffy.”, ele disse, movendo Kikoku para o outro ombro.

A lâmina era tão longa quanto sua altura, então ele parecia um pouco bobo a carregando. Ele não atingiria seu surto de crescimento até os dezesseis anos se essa linha do tempo se movesse como a original, então acabaria ficando baixo assim por um tempo. Mas Law não empunharia nenhuma outra espada. Kikoku era dele, e ponto.

“E?” Luffy inclinou a cabeça para o lado, “Isso não é um problema.”

Law levantou uma sobrancelha enquanto Luffy ria como um louco e gritava por uma "Reunião de Irmãos".

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Eu não posso acreditar que vocês roubaram um navio!” Corazón gritou, quase histérico enquanto olhava para o navio que os irmãos lhe mostravam.

Não era um navio grande, mas também não era pequeno. Tinha uma cozinha, um quarto de tamanho relativamente decente dedicado à medicina (algo que Law estava praticamente babando para colocar as mãos depois de estar em uma floresta por cinco meses e alguns dias), e um quarto grande o suficiente para todos dormirem. Corazón tinha seu próprio quarto se quisesse, mas por enquanto era o quarto de navegação de Sabo.

Zoro sorriu orgulhosamente enquanto olhava para o navio, “Nós escolhemos o mais bonito, o que você acha?”

“O que eu acho!?”, Corazón gritou. “Vocês roubaram um navio!”

“Nós pagamos por ele...” Luffy resmungou um pouco emburrado.

E não era necessariamente uma mentira. Eles pegaram dois pequenos sacos de tesouro de dentro do buraco onde guardavam o que roubavam dos nobres, deram para o cara que originalmente era dono do navio e o compraram. Então, eles não roubaram. Eles negociaram.

“Com que dinheiro?” Corazón olhou para eles com desconfiança.

“Nós temos economizado!” Sabo gritou de volta.

“Sim, nós roubamos pessoas!” Ace cruzou os braços, bufando.

“Ace!” os irmãos sibilaram.

Corazón lamentou, abaixando o rosto em suas mãos, “Rapazes…”, ele gemeu.

“Nós roubamos de piratas...?” Luffy ofereceu.

“Acho que é o melhor que vou conseguir.” Corazón suspirou.

⊱ ────── {.⋅ NORTH BLUE ⋅.} ────── ⊰

“Estou saindo,” Law quando Luffy prendeu a capa que tinha alegremente entregue a ele – algo que ele roubou de um nobre que ele parecia odiar severamente. Law assumiu que era o pai de Sabo porque no momento em que Sabo olhou para ele, ele estremeceu e o pegou para fazer o pano parecer um manto normal (arrancando as penas douradas e a maior parte do design), entregou-o a Law com um aceno de cabeça, antes de dizer a Luffy que eles deveriam ir àquele lugar sempre que tivessem a chance.

Não era preciso ser um gênio para ver que Sabo odiava seus pais.

"Law", Corazón tropeçou em seus pés enquanto tentava seguir seu filho, "pelo menos leve um de nós com você!"

“Eu serei rápido.” Law disse, sorrindo levemente. “Tchau, Pai”.

“P–Pa–Pai!?” Corazón apontou para si mesmo, os olhos arregalados e o queixo caído.

Law soprou o ar pelo nariz, suas bochechas coradas, "Sim, Pai, e daí?" ele murmurou.

O sorriso de Corazón era como olhar para o sol. “Tome cuidado, Law! Eu amo você!"

Law saiu correndo do navio o mais rápido que pôde. Ele pode não ser aquele adolescente de quatorze anos emocionalmente constipado que foi originalmente, mas ele ainda era emocionalmente constipado mesmo em seus (mentalmente) trinta anos. Ele demonstra seu amor por Luffy através de ações, e ele pode mostrar seu amor por seus irmãos facilmente, mas eles não eram o tipo de pessoa que diziam essas coisas. Corazón era, no entanto, e Law ficou envergonhado por quão feliz ficou ao ouvir essa declaração.

Demorou um pouco para chegar ao North Blue, mas com a ajuda do Haki do Conquistador de Luffy que domou o Rei dos Mares, Unagi (um nome bem original, Law sabe), a viagem pelo Calm Belt foi rápida e fácil. Zoro ainda estava um pouco cauteloso em torno de Unagi, apesar do peixe estar literalmente ao redor dos irmãos sempre que Luffy se aproximava da praia – aquela coisa estava seriamente obcecada pelo mais novo, e Law não sabia se deveria se preocupar ou não.

A neve macia sob seus pés formava um som familiar para seus ouvidos enquanto caminhava. Ele viveu nesta ilha desde que Cora-san morreu e partiu quando ele estava no final da sua adolescência. Era o lugar mais próximo do que poderia chamar de lar antes do Polar Tang e dos Piratas do Coração, e mais tarde Luffy e sua tripulação. Law fez uma pausa quando sentiu presenças familiares e sorriu embaixo da gola de seu casaco.

Bepo, Pinguim, Shachi. Ah, como ele sentia falta de seus velhos amigos.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Uau! Um urso!" Sabo se espantou no momento em que Law e sua tripulação embarcaram.

“Desculpe,” Bepo disse nervosamente, aproximando-se de Law.

"Ele fala!" Ace exclamou surpreso.

“Sinto muito”, Bepo repetiu e Law sorriu.

“Oi, Bepo!” Luffy cumprimentou, caminhando até o Mink com um aceno, “Torao! Estamos prontos para ir?”

Law olhou para os membros mais novos de sua estranha família – porque essas pessoas eram novas, de certa forma – e assentiu. “Sim, acho que estamos.”

“Pessoal, este é Bepo, Shachi e Pinguim. Eles fazem parte da minha tripulação.” Ele informou antes de se voltar para os primeiros tripulantes dos Piratas do Coração. “Pessoal, esta é minha família. Que é Ace, Sabo, Luffy, aquele é o Zoro, e esse é Cora-san.” Ele fez uma pausa antes de apontar para o Rei do Mar saindo da água, “Esse é o animal de estimação do Luffy, Unagi.”

Pinguim e Shachi encararam com os olhos arregalados enquanto Bepo soltava um grito de surpresa.

“Shishishishi! Vamos zarpar!”

⊱ ────── {.⋅ CHEF ⋅.} ────── ⊰

Sanji estava com tanta fome. Fazia dias que ele não comia nada, e o velho passou muito mais dias ainda. Sanji nem sabia como ele havia durado tanto tempo, já que ele tinha dado ao outro toda a comida por algum motivo estúpido que o loiro não conseguiu entender.

Não era como se ele merecesse. Ele não queria viver se o velho morresse.

Foi por isso que ele acabou nessa situação; ele era muito mole para ser um Vinsmoke, e já tinha aceitado isso. Mesmo assim, agora isso não o fez se sentir melhor. Nem um pouco.

Sanji não queria morrer. Havia tantas coisas que ele ainda queria fazer. Ele queria viver uma vida que fosse sua, sua para tomar decisões, sua para cometer erros, sua para viver. Ele queria encontrar o All Blue, queria se tornar o melhor chef de todos os tempos, queria encontrar pessoas que realmente se importassem com ele e o deixassem ser ele mesmo.

Entretanto Sanji não ia conseguir nada disso, já que ele ia morrer.

“Ei! Law! Tem gente ali!”

Sanji levantou a cabeça e viu um navio no vasto oceano.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Law mordeu o lábio enquanto observava seus mais novos pacientes. Ele reconheceu Perna Negra facilmente, mesmo que ele estivesse todo pele e ossos e fosse uma criança, mas o que o preocupava era como ele e o velho estavam desidratados e, francamente, famintos com severo grau de desnutrição.

O navio não tinha muitos suprimentos médicos, mas Law conseguiu estabilizá-los o máximo que pôde, e agora eles só tinham que esperar.

“Luffy-ya, isso aconteceu originalmente?” Law perguntou.

Porque se não, eles estavam mudando o futuro em uma velocidade assustadora e quem sabe por quanto tempo eles poderiam manter seu conhecimento do que ainda estava por vir e confiar nele efetivamente.

“Sim,” Luffy assentiu.

Law relaxou. Ele gostava de saber das coisas, especialmente agora que ele poderia planejar a queda de Doflamingo novamente e ter outra vitória satisfatória. E se eles não estivessem mudando o futuro muito drasticamente, ele estava contente.

“Eles vão ficar bem?” Luffy perguntou, olhando para Sanji com um olhar que Law estava muito familiarizado. Desespero, esperança, medo, preocupação…

O Rei dos Piratas dessa vez nunca teria uma razão para ter esse olhar no rosto; não se Law pudesse garantir.

“Ele vai ficar bem. Vai demorar um pouco para se recuperar totalmente, mas ele vai.” Law disse. Ele pegou sua espada e a manteve em seu ombro, “Eu vou sair, Luffy.” Luffy assentiu, olhos fixos em seu Nakama, e Law saiu do quarto silenciosamente. Tudo ficaria bem.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

"Ei, Sanji," o loiro olhou para um de seus salvadores, um menino mais novo que ele, e engoliu nervosamente com o olhar intenso nos olhos de Luffy.

“S-Sim?” Sanji gaguejou.

“Estou criando uma tripulação de sonhadores, qual é o seu sonho?”

⊱ ────── {.⋅ OMAKE ⋅.} ────── ⊰

“V–Vocês trouxeram mais.”

“Heh, esses três estão com Law, esses dois estão com todos nós.”

“Ace, você também não…”

"Nós vamos cuidar do Sanji!"

“Não, eu não vou – SEUS MALDITOS PIRRALHOS, VOCÊS NÃO PODEM ESPERAR QUE EU CUIDE DESTE VELHO!”

Chapter 7: Coração, Rei das Trevas, Revelações

Notes:

Luffy: (20.5) 7.5
Law: (27) 14.5
Ace/Sabo: 10.5
Zoro/Sanji: 9.5
Corazón: 26.5
Shanks: 27.5

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ CORAÇÃO ⋅.} ────── ⊰

Se lhe dissessem há um ano que seria pai de quatro filhos indisciplinados, Donquixote Rosinante teria rido na cara de quem falasse tanta insanidade. Ele nunca teve a intenção de se apegar a Law, e menos ainda de ser salvo por uma criança de sete anos que tinha um Rei dos Mares de bicho de estimação e o arrastou para o East Blue, dizendo que agora eram família.

Mas, ainda assim, se você perguntasse a Rosinante, ele diria que amava seus meninos com todo o coração e isso nunca mudaria, mesmo que eles estivessem determinados a lhe dar cabelos grisalhos antes dos trinta anos. Os quatro planejavam ser piratas, mas Rosinante não via problema nisso.

Claro, ele era da Marinha. Só que ele estava teoricamente aposentado. Então, ele não via nenhum problema além do que eles estariam arriscando suas vidas. Se fosse sincero, Rosinante foi para essa vida porque tinha uma dívida e essa era a única forma que ele tinha pensado na época. Ele era um Tenryuubito de nascimento e tinha vergonha de sua herança (e de seu irmão), mas estava tão, tão feliz por estar vivo.

Porque ele conheceu Law e Ace e Sabo e Luffy, e então Zoro, Bepo, Shachi, Penguin e Sanji. Aqueles dois garotos foram colecionando pessoas como piratas colecionavam tesouros e isso estava deixando Rosinante louco de preocupação, mas ele os amava não importava o que acontecesse.

Mesmo quando ele precisava repreender Law sobre a remover partes do corpo de seus irmãos, ou quando ele precisava ter outra conversa com Ace sobre seu sangue não significar nada, ou quando Luffy ficou preso literalmente entre uma pedra e uma situação complicada, ou quando Sabo quebrou mais um dente e o sangramento não parou (e não, ele não entrou em pânico, ok), eles eram seus meninos. Rosinante faria qualquer coisa por eles, inclusive os protegeria com sua vida.

Então, quando a porra de um Yonkou e o fodendo Rei das Trevas Rayleigh começaram a vagar pela a ilha, casualmente perguntando onde Luffy estava, ele entrou em pânico. Porque Luffy era seu garoto, mesmo que ele acordasse gritando algumas noites, mesmo que corresse de cabeça para o perigo sem pensar, mesmo que ficasse preso literalmente entre pedras e situações complicadas, e mesmo que Rosinante tivesse todos os fios de cabelo cinza antes de completar trinta anos, ele era seu filho.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Oh, Corazón,” Makino sorriu tranquilamente quando Rosinante entrou em seu bar, carregando uma cesta cheia de coisas que os irmãos decidiram que a outra precisava.

Ele tem certeza de que eles colocaram um pouco de ouro dentro da cesta, então ele não deixaria Makino ir de volta sozinha para caso ela fosse parada por alguns bandidos, por mais improvável que fosse de acontecer já que os bandidos tinham medo de chegar perto deles. Rosinante achava que era por causa de seus filhos e sua força poderosamente bizarra. Não era como se ele se importasse com a caminhada de qualquer maneira, isso o deixava trabalhar seus músculos doloridos, uma vez que seus filhos decidiram que ele precisava participar de seus treinos também. Ele realmente tinha que admitir, seu Haki nunca foi tão forte.

(Quando ele perguntou a Luffy onde ele aprendeu Haki, o mais novo afirmou que “Ray-san” o ensinou por dois anos, o que apenas levantou mais perguntas do que respostas.)

“Eu estava prestes a subir a montanha, você me trazer tudo aqui certamente facilita as coisas!” Makino disse alegremente.

“Bom dia, Makino.” Rosinante disse, olhando para a porra do Yonkou que estava casualmente sentado ao lado do fodendo Rei das Trevas Rayleigh, sua pele arrepiada, mas um sorriso agradável em seus lábios. Ele era um espião; ele podia mascarar seu pânico com facilidade. “Os garotos queriam entregar isso eles mesmos, mas estão em algum lugar fazendo sabe-se lá o quê.” Ele suspirou profundamente, cabelos grisalhos, ele relembrou. Ele só podia esperar que eles não tivessem incendiado nada hoje, Ace era conhecido por ter sua própria obsessão por colocar fogo nas coisas (...ou pessoas).

E ele realmente rezava para que Sabo não tivesse roubado a casa de um nobre novamente, e que Luffy tivesse ficado fora de problemas por um dia, o incidente do ninho de abelhas de ontem ia assombrar seus pesadelos por um bom tempo, e também que Zoro não tivesse se perdido e acabasse em outra ilha como aconteceu outro dia, e, por favor, que Law não voltasse para casa com o torso de uma pessoa como ele tinha feito ontem à noite–

Enfim. Deu para entender.

Makino apenas riu e pegou a cesta, “Esses quatro vão te fazer subir pelas paredes, Cora, você precisa relaxar.”

“Com vinho, espero.” Rosinante brincou e Makino sorriu.

"Acabei de receber um novo carregamento daquele vinho que você e Dadan gostam, eu ia sair para entregar quando você chegou!" Ela girou nos calcanhares, seu dedo se movendo ao longo das garrafas até parar na que ela queria.

“Você é uma santa”, disse Rosinante, sorrindo enquanto aceitava as garrafas e as guardava na dobra do braço. Ele esperava não cair, porque ele com certeza choraria se quebrasse essas garrafas.

Makino riu, “Corazón, este é Shanks! Shanks, este é o pai de Luffy, Corazón.”

Rosinante corou com a forma que foi apresentado, ele ainda não estava acostumado a ser o pai oficial dos meninos, mesmo que o próprios o considerassem seus pai, mas ele não podia deixar de se perguntar por que diabos um Yonkou precisava saber disso.

Isso lhe deixava preocupado.

"Prazer em conhecê-lo, Shanks", disse Rosinante, sorrindo educadamente.

O Yonkou parecia surpreso, olhos arregalados e boca aberta, e ele apenas o encarava. Rosinante se mexeu nervosamente, enviando a Makino um olhar questionador.

"Ah, então você é o pai do menino?" Rayleigh perguntou curiosamente com um grande sorriso enquanto terminava sua bebida, "Eu estava querendo vê-lo."

“E por qual motivo?” A voz de Rosinante dava a impressão de calma antes da tempestade, perigosa de uma forma que não era ouvida há algum tempo.

Ele costumava ser um espião da Marinha e ainda era muito forte. Não o suficiente para lutar contra duas lendas, mas ele poderia se manter por um tempo dependendo de com quem exatamente ele estava lutando. Sua Akuma no Mi foi feita para ataques surpresas e furtividade, então não é como se ele pudesse usá-la se tivesse que lutar contra esses dois.

Entretanto Rosinante era forte o suficiente sem usá-la. Seu Haki era um dos mais fortes (foram quase cinco anos sendo um infiltrado da Marinha num bando pirata, que não hesitaria em o matá-lo, logo ele precisava ser forte para subir nos ranks daquela patética família de seu irmão. Sem mencionar ser criado por Sengoku, que, caramba, ele não entrou em contato com seu pai em meses.)

(Com Ace, Luffy e Law sob seus cuidados, Rosinante não sabia se deveria entrar em contato com seu pai. Seu pai tinha uma... bússola moral complicada, e ele não estava acima de matar algumas crianças se fosse do interesse da Marinha. Será melhor para ele acreditar que Rosinante foi morto.)

“Ah, não, Corazón!” Makino balançou a cabeça, acenando com as mãos, “Shanks e Luffy são amigos!”

“Oh”, Rosinante relaxou instantaneamente, ele estava com suas costas eretas desde o momento em que notou as fortes presenças no bar, mas mudou para seu desleixo normal com as palavras de Makino, “eu juro, aquele garoto vai me dar um ataque cardíaco um dia."

Makino deu um tapinha em seu cotovelo através das várias penas. Honestamente, ela nem chegou ao cotovelo dele, mas era a intenção que contava. “Eu sei como é”.

“Bem”, Rosinante deu um sorriso aos dois piratas, “eu posso levá-los até ele se quiserem.”

"Eu ficaria muito agradecido", disse Rayleigh, de pé. Ele cutucou Shanks quando Rosinante se virou, liderando o caminho, fazendo o Yonkou sair de seu torpor.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Shanks nunca tinha visto um homem tão bonito antes, tipo, nunca. Corazón era alto, muito alto, e seu sorriso era apenas uau, e seu sorriso era deslumbrante, e seus olhos eram tão bonitos. Shanks mencionou sua altura? Ele era tão alto, tipo alto para caralho. Shanks estava sem palavras.

Ele seguiu atrás do homem mais lindo que já tinha visto em toda sua vida. Ele estava realmente tentando se comportar de forma que não parecesse que estava obviamente babando. A julgar pelo sorriso de Rayleigh, ele não estava sendo tão discreto.

“Então, o menino mora nas montanhas?” Rayleigh perguntou, olhando ao redor. "Há muitos animais aqui, certo?"

"Sim", Corazón assentiu, os olhos fixos no chão enquanto ele cuidadosamente passava por uma raiz, "Eles podem cuidar de si mesmos, mas eu ainda me preocupo..."

Shanks gostou de sua voz. Uau. Era agradável. Tipo muito boa.

Quer dizer...

“Eu não sabia que o pai de Luffy estava por perto,” ele deixou a pergunta no ar de forma casual.

“Ah, nem eu saberia, na verdade,” Corazón sorriu, sua expressão carinhosa e brilhante, “Luffy não é realmente meu sangue, mas ele ainda é meu filho.”

Ah, então Luffy de alguma forma conseguiu ser adotado. Shanks sorriu, isso era bom para sua pequena Âncora, mesmo que ele fosse tecnicamente o Rei dos Piratas no corpo de uma criança. O homem os conduziu por um caminho, parando em uma cabana e entregando as garrafas a uma mulher que quase soluçava antes de levá-los para uma parte diferente da floresta. O caminho não era tão usado, discreto, e Corazón cantarolava baixinho enquanto vasculhava sua grande capa por um momento antes de voltar com uma caixa de cigarros e um isqueiro.

“Ei! Luffy, não é justo!” o grito foi abafado, mas Shanks sorriu porque isso significava que sua pequena Âncora estava perto.

“Shishishi!”

"Luffy, você tem alguns visitantes!" Corazón chamou, soltando fumaça na direção de Shanks e Rayleigh.

“SHANKS!” todos eles ouviram.

Shanks sorriu largamente quando viu o menino de borracha correndo em sua direção, rindo alto. Segundos depois, tinha um pequeno D. em seus braços rindo alto.

“Ray-san!” Ele exclamou, de braços erguidos enquanto sorria para o ex-superior de Shanks.

(Corazón engasgou com o cigarro e Shanks observou com muita atenção enquanto ele tossia, segurando o cigarro longe da boca.)

Rayleigh o estudou com um sorriso, "Monkey D. Luffy." Ele cumprimentou claramente se divertindo com a situação.

“Ei! Cora-san!”, um adolescente com uma longa espada ladrou quando apareceu. "O que eu disse sobre fumar!?"

Corazón se assustou com a entrada repentina e seu casaco pegou fogo um segundo depois. Um menino de azul gritou que precisavam de água e outro menino com sardas apareceu e jogou um copo d'água no homem em chamas.

“É por isso que você não deve fumar, Cora-san.” O adolescente suspirou.

“Eu posso fumar se eu quiser, Law,” o homem bufou, aparentemente sem estar nem um pouco afetado por estar pegando fogo um segundo atrás.

Shanks talvez tivesse encarado e babado um pouco, mas só um pouco.

⊱ ────── {.⋅ REI DAS TREVAS ⋅.} ────── ⊰

"Então, você se tornou o Rei dos Piratas", disse Rayleigh enquanto observava o menino na frente dele.

Luffy sorriu para ele, concordando. "Sim,"

"E você tem alguma ideia de por que voltou? Shanks perguntou. “Ainda não conseguimos chegar a nenhuma conclusão”.

Law suspirou profundamente, “Antes de Luffy se entregar, nós trocamos de corações. Essa é a única coisa em que podemos pensar.”

"Vocês... trocaram de corações..." Shanks repetiu lentamente.

Luffy ria quando Law chamou um Room e literalmente removeu seu coração para demonstrar aos mais velhos.

"Entendo." Rayleigh observou os dois.

"Espere, você é do futuro também?" Shanks perguntou.

“Shishi! Torao é um Yonkou!” Luffy disse, o sorriso escurecendo um pouco por um momento antes de retornar ao normal.

“Um Yonkou, hm?” Rayleigh observou o adolescente de aparência entediada.

“É, chutei a bunda do Kaido,” o garoto disse suavemente, “Tomei o lugar dele antes da guerra começar.”

Shanks viu o aperto no longo nodachi apertar, os dedos bronzeados e manchados ficaram brancos. Luffy colocou a mão no pulso de Law e sorriu, e Law suspirou antes de desviar o olhar.

“Então, o que foi isso sobre trocar corações?” Shanks queria provocá-los sobre como era meio romântico, de uma forma mórbida, mas se conteve. “Será que tem alguma coisa a ver com isso?”

“Duvido que esse motivo que nos fez viajar no tempo”, comentou o ex-Yonkou, agora adolescente, com outro suspiro. Ele ajustou a posição de sua espada, olhando para o mar.

"Quem se importa!" Luffy sorriu. “Nós podemos parar a guerra e podemos salvar Ace e nossas tripulações!”

“Sim,” Law sorriu levemente, “mas isso vai levar tempo e esforço.”

“Shishishishi! Quem se importa?" Luffy repetiu. “É só mais uma aventura!”

Law revirou os olhos, "Só que para isso, nós precisamos de um plano."

Luffy cutucou sua orelha, "Blergh".

“Mugiwara-ya,” Law suspirou, “eu preciso que você siga meus planos desta vez.”

“Tudo acabou bem da última vez.” Luffy fez uma careta, “Bem, exceto quando você foi baleado, e então quando você foi pego pelo Mingo e acorrentado, e então quando aquilo aconteceu, mas tudo antes disso estava bem! Eu salvei seu traseiro, Torao!”

“Ouçam,” Law se dirigiu a eles, ignorando Luffy facilmente, “Precisamos estar atentos a uma Akuma no Mi chamada Yami Yami no Mi. Essa fruta basicamente começa tudo de ruim no futuro.”

"É," Luffy concordou.

"Por quê?" Shanks perguntou, franzindo a testa pensativamente. "Por que essa fruta causa tantos problemas?"

“Esta fruta pode cancelar quaisquer poderes de Akuma no Mi, mas também pode absorver outra.” Law explicou. “Basicamente, quem tiver esta fruta pode ter pelo menos dois poderes de Akuma no Mi ao mesmo tempo sem nenhum inconveniente. A pessoa que comeu a fruta em nossa linha do tempo original acabou pegando a do Barba Branca depois que ele morreu durante a guerra de Marineford.”

Os olhos de Luffy foram cobertos pela sombra quando ele baixou a cabeça.

"Barba Branca?" Rayleigh ecoou, descrença em seus olhos.

“A guerra começou porque Barba Negra pegou um de seus filhos e o entregou para Marinha com o objetivo de se tornar um Shichibukai,” Law olhou para Luffy por um momento, continuando depois de observar o garoto mais novo. “Aquele homem, na verdade, era o filho biológico de Gol D. Roger, então a execução foi ao vivo. Claro, Barba Branca não deixaria seu filho morrer, então daí a guerra.”

“O capitão teve um filho?” Shanks repetiu incrédulo com o queixo caído.

"Então o filho de Rouge viveu", disse Rayleigh, alívio transbordando em seu tom.

“Espere, você sabia?” Shanks ficou boquiaberto com seu antigo superior.

“Claro que sim, pirralho!” Rayleigh riu, "Onde está o menino?"

“Ace odeia o pai.” Luffy disse com seriedade. “Ele não vai querer nada com vocês.”

“O garoto sardento que me ameaçou com um cano?” Shanks disse incrédulo.

“Sim,” Law assentiu.

Shanks e Rayleigh trocaram olhares antes que ambos caíssem na gargalhada, "Isso é motivo de festa!"

⊱ ────── {.⋅ REVELAÇÕES ⋅.} ────── ⊰

"Então, Shanks," Shanks olhou para sua mais desejada fantasia em carne osso chamada Corazón e inclinou a cabeça para o lado. A festa havia diminuído um pouco, os garotos estavam todos desmaiados ou quase lá, e os piratas ruivos bêbados ou dormindo. Até mesmo Benn estava para lá de Bagdá, ao ponto que ele estava arrastando suas palavras e à beira da inconsciência.

Shanks poderia lidar melhor com o álcool, então ele não estava tão ruim quanto sua tripulação. Ele ter parado de beber para compartilhar histórias com o relutante Ace e seus irmãos, o que certamente também ajudou bastante. Ace obviamente não gostava de Roger, mas mesmo resistente ele não conseguia esconder como estava impressionado com tudo que ouviu.

“Luffy me contou muito sobre você, é claro que eu não achava que ele estava falando de um Yonkou, mas,” Corazón sorriu para ele, as brasas da fogueira dando um tom brilhante em sua pele, seu sorriso sincero, “Obrigado por salvá-lo. Eu estaria morto sem aquele garoto.”

Shanks riu. "Luffy é Nakama, você não precisa me agradecer."

Corazón tinha um olhar de carinho enquanto olhava para os irmãos adormecidos e suas tripulações. “Eu estava preparado para morrer; na verdade, eu sabia que ia morrer.”

Shanks mastigou a perna de javali em sua mão, prestando muita atenção, “Eu só queria que Law vivesse. E ele precisava de uma Akuma no Mi que um pirata muito perigoso estava procurando, então eu estava preparado para impedi-lo para que Law pudesse escapar. Mas Luffy apareceu do nada, forçou Law a comer sua Akuma no Mi e então nos arrastou para a boca de um Rei dos Mares.”

Shanks bufou, "É parece com o Âncora." ele escondeu um sorriso com outra mordida.

Corazón ficou nervoso de repente. “Ah, desculpe, eu não queria alugar seu ouvido! Eu só queria agradecer! Luffy é muito importante para mim, e, bem, você entendeu...”

Shanks sorriu, "Não há necessidade de se desculpar, eu não me importo." ele tirou os fios vermelhos de seus olhos, “Luffy é especial, ele ajudou a todos nós de uma forma ou de outra. Obrigado por cuidar dele, ele precisa disso.”

Corazón assentiu. "Ele é forte para a idade dele."

O loiro não fazia ideia. Executado aos vinte anos porque todo mundo que ele amava estava morto ou perto da morte, e ele decidiu que não queria ficar sozinho.

“Ne, imagine o quão forte todos eles serão em dez anos.” Shanks disse, “Você vai precisar de muito vinho, então”.

Corazón riu. Olhando seus olhos fecharem e seu sorriso largo, Shanks sentiu uma pequena parte dele murchar e morrer porque ele percebeu que estava totalmente fodido.

⊱ ────── {.⋅ OMAKE ⋅.} ────── ⊰

Shanks gemeu quando acordou, a mão se movendo para cobrir seus olhos enquanto a luz do sol queimava em suas pálpebras. Ele podia ouvir sua tripulação acordando ao seu redor e o som das faíscas que saíam da fogueira, junto com o som da água. Uma mão pressionou suavemente contra o braço de Shanks, e o Yonkou puxou sua mão para trás, espiando com seus olhos abertos.

Corazón sorriu para ele, entregando-lhe um copo de água, que Shanks pegou avidamente. Um segundo depois, Law estava empurrando um pequeno copo de lodo verde em sua mão e disse, “Beba”. Ele então se virou para Yasopp, literalmente o chutando para que acordasse, e lhe entregou o mesmo líquido estranho.

O nariz de Shanks enrugou com o cheiro vindo do lodo. Luffy riu, felizmente mais quieto que o normal, “Torao faz as melhores curas para ressaca.” Ele disse alegremente.

Corazón revirou os olhos com um sorriso, mas Shanks sabia que Luffy provavelmente estava falando por experiência e forçou o lodo goela abaixo. O Yonkou olhou para Corazón quando ele se levantou e pediu a Sabo para esfolar o crocodilo que ele e Ace arrastaram e se sentiu corar.

O loiro estava usando um avental rosa amarrado na cintura; a coisa era muito mais apertada do que sua camisa de botão com padrão de coração e mostrando seu corpo sem a camisa larga para cobrir a visão. E ele também não estava usando sua enorme jaqueta de penas, o que significava que Shanks tinha uma ótima visão de sua bunda.

"Shishishi," a risada de Luffy veio ao lado de sua orelha, e Shanks olhou encarou um Rei dos Piratas que parecia saber o que ele pensava, "Você está babando, Shanks,"

Shanks limpou a boca, maldito Âncora por ser tão observador.

“Eu sei que o crocodilo cheira bem, mas você não pode comê-lo cru!”

Ok, então talvez o mais novo não soubesse.

“Além disso, Cora-san gosta de caras, você deveria convidá-lo para sair, shishi!”

Ok, talvez ele soubesse sim...

Notes:

PS: Desculpem qualquer erro, estou virada por conta do trabalho, mas quis adiantar logo porque sei como é ficar ansiosa para ler uma história. Então, se tiver algum erro, por favor, me avisem!

Chapter 8: Zarpando, Tripulação, Recompensa recebida à Lágrimas

Notes:

Sabo/Ace: 17-17.5
Luffy: (27.5): 14
Law (33-4): 20-1
Sanji/Zoro: 16-16.5
Corazon: 33
Shanks: 34

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ ZARPANDO ⋅.} ────── ⊰

Sabo sorriu enquanto pendurava sua bolsa nas costas, seus dedos enluvados agarrando seu chapéu e colocando sob os cachos louros. Hoje era o dia, ele finalmente zarparia e estava feliz em deixar a ilha. Ele amava Dawn Island, é claro, sua família morou e cresceu aqui, mas sua “família” biológica vem lhe enchendo o saco ultimamente – apesar que na última vez que eles se cruzaram, o encontro terminou com muito Haki e uma ameaça sombria do pequeno Luffy.

Law havia zarpado quase sete meses atrás. Seus três companheiros de tripulação e ele foram empurrados em um barco por um Luffy determinado, apesar do mais velho ter dito que ele realmente deveria esperar um pouco mais. Os dois sempre se entenderam em um nível que o resto deles jamais foram capazes, então nenhum dos outros irmãos ou seus Nakama sabiam por que o mais velho ficou na ilha até alguns meses antes de seu vigésimo aniversário, mas Sabo não duvidava que o pequeno soubesse o motivo.

Quando lhe perguntaram, Luffy disse que Law estava com medo. Não de zarpar, o jovem estava obviamente ansioso para se aventurar nos mares, mas deixá-los sozinhos lhe deixava apreensivo. Saber disso fez Cora-san chorar e Dadan gritou que ela tinha algo em seus olhos enquanto enxugava seus olhos lacrimejantes com um lenço.

Ace partiu em seu aniversário apenas alguns meses atrás, e agora era a vez de Sabo. Assim como seus irmãos anteriormente, seus amigos e familiares estavam sentados na borda e esperando que Sabo zarpasse. Sanji e Usopp até conseguiram estar aqui durante o dia, apesar de morarem em outros lugares. Sanji estava com Zeff no restaurante flutuante na maior parte do tempo, Usopp voltava para sua ilha natal a cada poucos meses para ficar com sua mãe, e Nami raramente tinha tempo de vir à ilha para treinar (fisicamente, já que ela estava sempre estudando sobre a navegação em sua ilha natal) devido a sua mãe não querer que ela fosse uma pirata.

(Todos eles sabiam que Nami seria uma pirata de qualquer maneira, Bell-mère sabia disso também, mas tentou impedir que sua filha se firmasse na pirataria, mesmo sabendo que seria inútil.)

“Sabo!” Luffy gritou com seu enorme sorriso, segurando uma caixa embrulhada em suas mãos.

Ele havia dado um presente a Ace no dia em que partiu também, mas disse sem espaço para discussões que deveria ser aberto somente quando estivessem na Grand Line ou perto dela. Sabo sorriu suavemente quando recebeu as mesmas instruções e aceitou o abraço que seu irmão mais novo lhe deu, os braços do mais novo envolvendo seu corpo de uma forma que nenhum humano normal jamais seria capaz de fazer sem a fruta de borracha.

“Por favor,” a voz de Luffy era suave, apenas para os ouvidos de Sabo, “Fique seguro.”

O sorriso de Sabo suavizou e ele bagunçou o cabelo escuro, “Sempre.”

Cora-san foi o próximo, tropeçando levemente em seus pés enquanto se aproximava, e envolveu Sabo em um abraço, levantando o ex-nobre e apertando-o contra o peito.

“É melhor você tomar cuidado e me escrever muitas cartas, entendeu!” Cora-son exigiu, com olhos lacrimejantes.

Sabo o abraçou de volta com toda força que tinha, “Eu vou, pai.” ele prometeu.

Cora-san o colocou no chão depois de um longo momento, ajeitando sua cartola e sorrindo orgulhosamente. “É melhor você ir antes que eu te prenda aqui”, disse seu precioso pai.

Sabo nunca pensou que partir seria uma tarefa tão árdua. Ele nunca pensou que teria um pai que realmente o amasse.

“Fique seguro, Sabo,” Makino segurou suas mãos, apertando-as com um sorriso orgulhoso.

“Eu vou, Makino One-chan.” Sabo abraçou a mulher antes que ela lhe entregasse uma caixa, que estava embrulhada no que parecia ser uma de suas bandanas.

“Isto é apenas para uso em emergência”, instruiu, com um sorriso largo.

“Entendido,” Sabo riu, e rapidamente se moveu para Dadan. “Obrigado por cuidar de mim!”

“Maldito pirralho!” a bandida virou a cabeça, soluçando alto enquanto tirava um lenço de sua camisa. Sabo ficou surpreso quando o esperado "Saia daqui" não veio e viu a bandida que era uma espécie de mãe para ele, puxar uma pequena bolsa do bolso e entregá-la a ele. “Saia já daqui!” ela chorou.

Sabo riu e saltou para seu barco. Ele acenou até precisar começar a navegar no barco. Unagi o empurrou para fora da costa de Dawn Island, despedindo-se com um pequeno bufar que apenas Luffy seria capaz de entender, olhos lacrimejantes, e Sabo finalmente partiu em sua jornada.

Na bolsa que Dadan entregou a ele, um colar brilhante de contas vermelhas brilhava à luz do sol.

⊱ ────── {.⋅ TRIPULAÇÃO ⋅.} ────── ⊰

Não demorou muito para Sabo encontrar um membro para sua tripulação. Uma mulher de trinta e poucos anos rapidamente se tornou sua primeira companheira, seus lábios pintados de preto e seus olhos de um roxo misterioso. Índigo era seu nome. Sua motivação para ser uma pirata era irritar seus pais que queriam que ela não fosse nada além de uma boa e recatada esposa do lar ou uma marinheira. Nenhum deles se encaixava no que ela queria ser, e quando Sabo a convidou para se juntar a sua tripulação, ela concordou sem hesitar, deixando um casamento sem amor e pais furiosos para trás.

Logo, mais e mais indivíduos começaram a se juntar, e então estavam navegando em direção à Grand Line. Bindi, uma mulher-peixe laranja e verde, navegou o navio em segurança na Reverse Mountain com a ajuda de Sabo, e eles chegaram à Grand Line inteiros. O capitão ansiosamente abriu a caixa que seu irmão lhe deu de presente desfazendo a fita que a mantinha fechada.

"O que é isso?" Falan, o espadachim do navio, perguntou.

“Meu irmão me deu, ele me disse para abrir quando chegasse à Grand Line.” Disse, olhando o que tinha dentro da caixa.

Makino definitivamente ajudou Luffy a embrulhar o que estava dentro, porque estava muito bem-feito. Sabo dobrou o lenço protetor e olhou para o que parecia ser uma pulseira de formato estranho com uma agulha no centro. Havia também um livro chamado 'Log-Pose', algumas outras bugigangas e dois outros livros. Ambos foram rotulados com seu nome na bela letra cursiva de Makino, um em azul dizendo “Aventuras do Sabo” e o outro em amarelo dizendo “Jornal do Sabo”.

“Um Log-Pose?” Bindi perguntou, olhando por cima de seu ombro para o objeto na caixa.

"Você sabe o que é isso?" Sabo perguntou, cuidadosamente tirando a pulseira. Era surpreendentemente pesada, e não leve como tinha imaginado. Ele a deslizou sobre a mão e fez questão de amarrá-la ao pulso com força.

“Essa é a única maneira de navegar pela Grand Line”, disse Bindi.

Sabo pegou o livro chamado “Log-Pose”. Era claramente a escrita de Benn, e Sabo sorriu ao folheá-lo. Este não foi apenas um presente de seu irmão, mas de toda a sua família. Muito gentil da parte deles.

Uma vez que aprendeu o básico do Log-Pose, ele alegremente informou sua tripulação para zarpar.

⊱ ────── {.⋅ RECOMPENSA RECEBIDA À LÁGRIMAS ⋅.} ────── ⊰

A primeira recompensa de Sabo foi incrível. Claro, ele totalmente achava que valia mais, porém vinte milhões não é de se jogar fora para sua primeira vez lançando nome aos mares. A foto, que ele ainda não tinha certeza de quando foi tirada, era um perfil lateral dele, onde estava olhando para algo em sua frente, ao lado da câmera, sorrindo, diversão visível no brilho dos olhos. Sua arma, um cano de metal, é claro, foi levantada à vista, escurecida com Haki do Armamento (embora não desse para ver na foto), suas roupas com tema azul (que zombavam dos nobres) também foram vistas.

O que se destacou, no entanto, foram as contas vermelhas amarradas em um nó complexo segurando sua gravata.

“Wo-hoo!” Sabo aplaudiu. “Isso pede uma festa!”

(Talvez, e só talvez, ele tenha passado muito tempo com seu tio Shanks.)

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Sabo,” Rosinante fungou, nem mesmo se preocupando em esconder suas lágrimas enquanto olhava para a recompensa de seu terceiro mais velho. Dadan começou a soluçar no momento em que viu as contas contra a gravata de Sabo, mas insistiu que ela só tinha sujeira nos olhos.

PROCURADO VIVO OU MORTO: ROSI D. SABO

Aquele pirralho ia deixar Rosinante com cabelos grisalhos logo logo, mas que diabos, ele queria chorar, seu coração todo quente e derretido.

"Esse é meu filho!" Rosinante virou-se para os piratas ao seu redor na cabana dos Bandidos. “Shanks, temos que comemorar!”

“Shishishi! Vai Sabo!”

A um mar de distância, Portgas D. riu, emocionado ao ver a recompensa de seu irmão. Em um submarino, a ilhas de distância, Trafalgar D. Law sorriu.

"Está indo muito bem, irmãozinho." O cirurgião murmurou.

Notes:

Rosi D. Sabo - Rosi de 'Rosinante' e D. de Ace, Luffy e Law

Chapter 9: Preso, Vozes, Tinta

Notes:

Luffy (20.5) 7.5
Law: (27) 14.5
Ace/Sabo: 10.5
Zoro/Sanji: 9.5

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ PRESO ⋅.} ────── ⊰

Law estava pequeno. Ele não deveria estar desse jeito.

Law tinha menos resistência. Ele deveria ter mais.

Law tinha manchas cobrindo sua pele. Ele deveria ter tinta.

Law se sentia preso em sua própria pele sem tinta e odiava isso.

Sua pele tinha tatuagens, linhas escuras com significados profundos. Ele tinha um metro e oitenta e três. Ele era um Yonkou – um Yonkou derrotado.

Sua pele não tinha manchas brancas ainda desaparecendo. Ele não tinha apenas um metro e meio. Ele não era uma criança que ainda não era um pirata.

Tudo isso estava errado.

Law tinha aceitado a morte. Ele realmente estava em paz com todo esse conceito. Ele já tinha acolhido a ideia de morrer – se fosse sincero, ele imaginava que isso ia se suceder bem mais cedo do que aconteceu. Ele nunca planejou se tornar um Yonkou e nunca pensou na vida depois de derrotar Doflamingo. Uma parte dele nunca esperou sobreviver até esse confronto.

Então, ele viveu mais do que esperava. Ele estava pronto para morrer, especialmente porque teve semanas para se preparar.

Só que Law estava... feliz por estar vivo. Cora-san estava vivo, ele tinha parte de sua tripulação com ele, seus irmãos e Luffy também, e é mais do que ele esperava nos últimos meses que lutou em uma guerra tão sangrenta.

Mas ele estava preso em um corpo – em uma pele que não era dele, e ele odiava se sentir tão fora de si.

“Torao?” Luffy estava seguindo Law por um tempo, embora ele tenha tentado ser sutil sobre isso. O Haki de Observação de Law não era o melhor dos melhores, mas ainda assim era melhor que a média, então ele sentiu o menor indo até ele.

Luffy também era pequeno. Sua voz tinha um tom agudo, muito infantil. Ele não tinha sua resistência regular, por isso não podia usar seus ataques principais como Gear Second. Entretanto, o mais novo não parecia se importar em estar em um corpo que não era dele há mais de uma década. Law não era assim, não era do tipo que olhava para o lado positivo de toda e qualquer situação. Ele era analítico, gostava de fatos sobre esperança, e talvez fosse por isso que Luffy fosse tão atraente.

Onde Law planejou e planejou, Luffy não pensou.

Porque Luffy não pensou, Law tentou mantê-lo vivo.

Quando Law estava morrendo, Luffy foi junto dele.

"Torao, o que há de errado?" Luffy o perguntou, sentando-se na sua frente.

Monkey D. Luffy não era um idiota como as pessoas pensavam que era – simplório com foco de um peixinho dourado, sim, mas ele não era estúpido. Ele era observador de uma maneira que assustava Law porque todas as vezes o mais novo o deixava se sentindo nu e exposto perante seu olhar profundo. Luffy podia aprender e entender muito, mas ele que escolhia não porque via como inútil aprender quando seus nakamas já sabiam.

Mas Luffy podia ver através de Law, ver através de qualquer um, como se fosse uma janela de vidro que tinha sido limpa recentemente. E Law admirava essa habilidade tanto quanto odiava.

“Estou bem.” Law grunhiu.

“Law,” Luffy disse, levantando uma sobrancelha.

Parecia bobo naquele rosto jovem demais.

Luffy deveria ser mais velho.

Law deveria ser mais velho.

Law suspirou profundamente, “Eu não estou acostumado a ser uma criança de novo”, ele murmurou.

O mais novo sorriu para ele, agarrando sua mão. “Eu gosto das suas manchas, Law.”

O adolescente observou o outro entrelaçar seus dedos, “Eu não.”

Luffy sorriu, um de seus raros sorrisos suaves que não o faziam parecer aquela criança agitada, mas era um sincero, amoroso Law ousava dizer, “Elas mostram que, apesar de tudo, Torao ainda está vivo”.

Law odiava essas manchas.

Ele deveria ter tinta na pele.

Luffy olhou para ele por baixo de seus cílios, seu dedo deslizando sobre os remendos subindo pelo seu braço como se fosse um tesouro. Como se Law merecesse viver.

Law estava começando a pensar que sim, ele merecia, desde que Luffy olhasse para ele daquela maneira.

Law odiava essas manchas; elas deveriam estar cobertas de tinta.

Luffy as amava de qualquer maneira.

⊱ ────── {.⋅ VOZES ⋅.} ────── ⊰

Law encontrou Luffy depois de procurar por meia hora. Ele não estava na casa da árvore quando eles acordaram, nem os bandidos o viram. O menino não podia ter simplesmente desaparecido, então os irmãos e seus amigos tomaram café da manhã e foram procurá-lo. O mais velho pensou que essa situação serviu pelo menos como um bom treinamento para seu Haki de Observação.

Law o encontrou no penhasco com vista para o mar. Luffy tinha as mãos cruzadas sobre as orelhas, os olhos apertados com força e sua presença era apenas um sussurro.

Nenhum dos irmãos seria capaz de encontrá-lo com o nível de habilidade que tinham – exceto talvez Sabo que aprendeu Haki de Observação como um peixe aprendia a nadar. Talvez ele tenha se cansado de Luffy batendo em sua cabeça com uma vara sempre que ele não conseguia se esquivar.

“Luffy-ya,” Law chamou.

O pequeno se encolheu; as mãos pressionando seus ouvidos com mais força.

Law se aproximou lentamente, ajoelhando-se na frente do Rei. Olhando mais de perto, o mais velho entendeu o que estava acontecendo, e se moveu para descansar Kikoku ao lado deles. Seus dedos envolveram os pulsos de Luffy, e ele puxou o outro para mais perto, colocando a mão dele para longe de sua orelha e a outra descansando contra seu peito.

“Está tão alto”, Luffy engasgou.

“Apenas me escute,” Law disse tranquilamente, virando-se para observar as ondas.

Algo assim já havia acontecido algumas vezes e o mais velho aprendeu que a melhor maneira de acalmar o outro era fazê-lo se concentrar em uma coisa – geralmente o batimento cardíaco ou a respiração de alguém. A Voz às vezes ficava muito alta para ele, principalmente quando estava chateado ou estressado com alguma coisa, ou se ficava muito descuidado com o que se permitia ouvir.

Tudo falava quase constantemente, Luffy disse a ele meses atrás, quando eles ainda estavam em seus corpos adultos e exaustos, apenas com um punhado de seus companheiros de tripulação vivos. Normalmente, o capitão só ouvia o que queria falar diretamente com ele. Quando ele ficava assim, no entanto, ele geralmente se forçava a ouvir tudo ao seu redor, sem saber.

Demorou um pouco para Luffy se acalmar, seus dedos saindo de suas orelhas e seu corpo relaxando.

Eles não falaram sobre isso. Não era necessário.

⊱ ────── {.⋅ TINTA ⋅.} ────── ⊰

O estúdio de tatuagem era a coisa mais sombria que Law já tinha visto – e sinceramente, isso era dizer muita coisa, considerando toda sua vida. Era em um beco escuro que levou quinze minutos andando para chegar, mas Ace o levou até lá calmamente sem se importar com o ambiente, cano na mão e conversando sobre algo que Sabo e ele encontraram durante suas corridas diárias – ou seja, durante os roubos.

O tatuador provavelmente era um assassino, mas assim que Law mostrou alguns bellis, ele obteve uma pergunta resmungada do que ele queria. Ace ficou para trás, olhando com desconfiança, então não se concentrou no pedido do outro. Cora-san iria enlouquecer se voltasse para casa com todas as suas antigas tatuagens, especialmente com DEATH em seus dedos, então o mais velho estava adiando essa parte um pouco.

A camisa de Law foi removida no momento em que o artista terminou o desenho que ele queria, e a agulha estava pronta em suas mãos. Suas tatuagens originais estariam de volta em seus lugares em breve, mas ele queria adicionar outras coisas a mais. A agulha deslizou em sua pele e Law percebeu que estava sorrindo.

Enquanto ele e Ace caminhavam de volta para a floresta, o garoto mais novo olhou para ele com uma carranca, “O que você tatuou, afinal?”

Law sorriu de canto. “É segredo.”

“Pff, perdedor,” Ace bufou, obviamente desapontado.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Dois dias depois, Rosinante estava soluçando dramaticamente no momento em que viu a tatuagem na pele de seu filho.

Corazón na letra cursiva do loiro estava na clavícula de Law, e em seu ombro direito, LASL se destacava em letras volumosas.

E só para esclarecer, Ace não estava chorando como seus outros irmãos, okay.

(Exceto que ele estava sim.)

Chapter 10: Cozinhar, Força, Compromisso

Notes:

Luffy: (21.5) 8
Law: (28) 15
Ace/Sabo: 11
Zoro/Sanji: 10
Corazon: 27
Shanks: 28

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ COZINHAR ⋅.} ────── ⊰

Levou dois meses para Sanji começar a ganhar peso sem Law ficar rondando ele, e levou mais dois meses para o loiro começar a se mover normalmente. O pequeno se coçava para cozinhar, afinal fazia muito tempo desde que ele preparou alguma coisa. Corazón era um bom cozinheiro quando conseguia ficar de pé o suficiente para fazer alguma coisa e não queimar nada no processo, e Zeff até começou a cozinhar o jantar enquanto mancava na perna de madeira que Law lhe dera, resmungando sobre como ele não se importava se o velho andava ou não.

Sanji queria cozinhar.

Então, ele fez exatamente isso.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Velhote!” Sanji gritou, “Me ensine a cozinhar!”

“Por que eu deveria ensinar um berinjelinha como você a cozinhar?” o velho nem olhou para ele, mas o loiro não iria desistir facilmente.

“Eu quero cozinhar, eu quero ser o melhor cozinheiro!” Sanji insistiu. “Quando encontrar o All Blue, quero cozinhar de tudo!”

"Hm, você só parece um tampinha para mim," Zeff olhou para ele, e Sanji ficou ereto. “Descasque essas batatas, pirralho.”

⊱ ────── {.⋅ FORÇA ⋅.} ────── ⊰

“Ok, é a vez do Sanji!” Luffy proferiu, sorrindo muito feliz para alguém que estava batendo em seu nakama como boneco de pano pela última hora.

Sanji se aproximou nervosamente e deixou Luffy amarrar a venda nos olhos. Ele estava muito longe dos outros, já que estava se recuperando e não conseguiu se mover por um tempo, então ele precisava recuperar o atraso. Ele queria ser forte.

Uma vara bateu sobre sua cabeça e Sanji cerrou os dentes.

“Tente sentir o ataque,” a voz severa de Law informou, “É tudo uma questão de sentir agora.”

Sanji tentou sentir o estúpido bastão, apenas para ele bater em seu ombro. Sabo tinha sido antes dele, e só foi atingido quatro vezes em comparação com as dezessete de Ace. Sanji queria ficar bom desse jeito porque quando você assistia Sabo, você podia ver que ele sentia o ataque como Law falou.

Sanji sentiu, ouvindo atentamente e esperando.

Ele foi atingido no cotovelo.

Sanji sentiu o ataque.

Sua cabeça foi atingida em seguida.

Sanji sentiu.

Sentiu, sentiu, sentiu.

E era como se ele pudesse ver o ataque, então ele moveu a cabeça e não sentiu nada.

“Yay, vai Sanji!” Luffy comemorou atrás dele, e o loiro espiou por baixo de sua venda.

“Eu consegui?”, perguntou, confuso.

“Sim”, Law sorriu, “Dezenove tentativas, mas você conseguiu.”

“Minha vez!” Pinguim disse alegremente.

“Deixe Sanji tentar mais um pouco.” Law disse, acenando para Luffy.

O topo da cabeça de Sanji foi atingido.

Sanji sentiu e se esquivou.

Sanji sentiu e foi atingido.

Bateu, esquivou, bateu, bateu, esquivou.

No vigésimo quinto golpe, Sanji evitou com sucesso quatro golpes seguidos. Sanji sorriu enquanto se dirigia ao grupo que já tinha ido, era um começo e um muito bom!

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Cozinheiros se orgulham de suas mãos, garoto!” Zeff ladrou, "Então você não pode atacar com as mãos!"

Sanji apertou os lábios, então com o que ele deveria atacar?

“Suas pernas, pirralho,” Zeff esclareceu.

E esse foi o início do treinamento de perna de Sanji.

⊱ ────── {.⋅ COMPROMISSO ⋅.} ────── ⊰

"Sanji," Luffy disse, sorrindo.

“S-Sim?” Sanji gaguejou.

“Você quer se juntar à minha tripulação?” Luffy perguntou a ele, inclinando a cabeça para o lado.

“Pensei que já tinha me juntado...?” O loiro sentiu medo consumir suas entranhas.

“Você não podia dizer de verdade antes,” Luffy disse levemente, ainda sorrindo, “Você quer se juntar à minha tripulação, Sanji?”

Seu lábio inferior tremeu, “Sim!”

Chapter 11: Mudanças, Aceitação

Notes:

Luffy (20.5) 7.5
Ace/Sabo: 10.5
Zoro/Sanji: 9.5
Law (27): 14.5

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⊱ ────── {.⋅ MUDANÇAS ⋅.} ────── ⊰

O dia em que Law voltou no tempo tinha sido um bem difícil. Ele ficou com Corazón ou Luffy a maior parte do dia e honestamente não tinha ideia de como deveria agir. Então ele apenas continuou sendo ele mesmo, sarcástico, seco, sádico (às vezes, nem sempre, Pinguim) e lógico. Aparentemente, ele não era muito diferente de sua personalidade de quatorze anos, se a risada que Luffy soltava de vez em quando fosse alguma forma de se assegurar.

Mas, de certa maneira, ele estava diferente. Houve uma mudança entre um Yonkou veterano comparado a um adolescente de quartoze anos maduro devido traumas demais para sua idade e não era uma transição que ele pudesse suavizar. Luffy estava aqui há meses, então depois de um tempo sua mudança de personalidade não foi mais questionada. Law imaginou que os olhares atravessados iriam embora com o passar dos dias.

Quando se tratava de usar seus poderes, a maioria de suas técnicas ainda não havia sido inventadas, e ele percebeu isso pela surpresa dos outros quando usou Shambles para trocar Zoro com uma pedra antes que ele pudesse ser atingido pelas garras de um urso. Sem mencionar como ele passou de aluno para professor nas aulas de Luffy para indignação de seus irmãos.

“Por que diabos você vai nos ensinar!?” Ace rosnou no dia em que Law disse que lhes ensinaria Haki do Armamento.

“É, você não é muito melhor do que nós”, Sabo cruzou os braços, franzindo a testa.

Law sorriu lentamente, seus olhos dourados perfurando os de seus irmãos e amigos, “Quer apostar?”

Luffy apenas riu alto, “Não se preocupe, o Haki do Armamento de Torao é super forte!”

Zoro ergueu uma sobrancelha, claramente curioso, mas aceitando a resposta sem questionar. Ele acreditava em Luffy mais do que em qualquer um, então não era tão surpreendente que ele apenas agisse de acordo com a palavra do mais novo.

Os outros, porém, nem tanto.

“Droga, Luffy! Você tem dado aulas extras para ele?!” Ace fumegava.

O pequeno parecia confuso, “Não?”

Luffy era péssimo mentindo, então os irmãos acreditaram nele instantaneamente, virando seus olhos acusadores para Law. “Você treinou mais do que combinamos, não foi!?”

“Sim,” Law disse simplesmente.

⊱ ────── {.⋅ ACEITAÇÃO⋅.} ────── ⊰

Dizer que Rosinate estava surpreso era eufemismo.

Ele tinha notado as mudanças de Law, é óbvio, mas ele imaginou que era apenas porque o rapaz estava crescendo. Você sabe, tipo puberdade e coisas de adolescente! Então quando ele sentiu uma grande onda de poder vindo de onde os meninos estavam, ele nem pensou nos perigos que poderiam estar enfrentando e correu até lá.

Em vez disso, ele encontrou Luffy e Law lutando, seus braços e armas escurecidos com Haki do Armamento e suas expressões determinadas. A cena o intrigou, porque Rosinante sabia que apenas alguns dias atrás o adolescente não conseguia lutar com seu Haki do Armamento ativo por muito tempo, mas era quase como se estivesse olhando para uma pessoa diferente.

“Room!”

Luffy puxou o braço para trás antes de trazer com toda força para frente, jogando Law alguns metros para trás, parando seu ataque antes que ele pudesse fazê-lo. Sem perder tempo, o adolescente girou o pulso, trazendo Kikoku para cortar o pulso do menino.

Rosinante sabia que Law ainda não tinha sua esgrima aperfeiçoada, mas era como se estivesse assistindo a uma máquina programada. Como se seu filho tivesse usado essa arma por anos. Luffy se abaixou, caindo de costas e chutando a perna na direção de seu oponente. O membro esticou, batendo sob o queixo de Law e o fazendo voar.

Ambos caíram no chão e ficaram olhando para o céu por alguns segundos.

“Droga, Luffy-ya!” Law resmungou, "Você quebrou meu nariz!"

“Shishishi! Desculpe, Torao!” Luffy riu.

E então o mais novo sentou-se, acenando para o adolescente se aproximar. Law foi de bom grado, com rosto corado e uma carranca em seus lábios quando Luffy levantou a mão até seu nariz, limpando o sangue e colocando-o de volta no lugar.

“Agora tá melhor!” O mais novo disse, sorrindo.

Law apertou seu nariz um pouco antes de grunhir, “Melhor do que antes”.

“Shishi!” Luffy passou os braços em volta do adolescente várias vezes e o manteve lá mesmo ele tentando se desvencilhar.

O loiro sabia que algo em Law havia mudado, mas olhando para a cena à sua frente, ele realmente não se importava. Enquanto o adolescente estivesse feliz, Rosinante também estaria.

“Rapazes! Vocês estão bem – ack!”

“Shishishi! Cora-san, tem uma raiz bem aí!”

“Você está bem, Cora-san?”

Chapter 12: Duelos, Irmãos, Perguntas

Notes:

Sabo/Ace: 18-18.5
Luffy: (28.5) 15
Law: (35) 22

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⊱ ────── {.⋅ DUELOS ⋅.} ────── ⊰

“Ei, Ace,” Thatch questionou, enxugando o suor da testa e respirando pesadamente. Os Comandantes geralmente duelavam uma ou duas vezes por semana se tivessem tempo, e como o tempo estava bom e não havia nada acontecendo, estando no mar e tudo, Thatch desafiou Ace para um duelo.

Ace era um Comandante de Divisão há apenas algumas semanas, por isso tinha estado ocupado até agora, então vendo a oportunidade, Thatch estava pronto para esfregar a cara do mais novo pelo convés, apenas para ficar agradavelmente surpreso com o fato de que o moreno era muito mais forte do que ele havia previsto.

“Hm, que que foi?” Ace perguntou, parecendo somente um pouco sem fôlego. Sua forma demonstrava que ele estava acostumado com duelos frequentes e exigentes, ou apenas com batalhas em geral. Thatch não tinha tanta resistência; sua divisão não entrava de cabeça em batalhas todos os dias como a de Ace, então a diferença entre o Logia e o cozinheiro era bem grande.

“Onde você aprendeu Haki? É difícil de aprender e você não está no Novo Mundo há muito tempo.” Thatch disse, percebendo que os Comandantes presentes (não tão sutilmente) começaram a prestar atenção na conversa.

“Ah, eu sei Haki há anos,” ele abriu um sorriso selvagem antes de rir, “Meu irmão literalmente me ensinou na base da porrada.”

“Irmão?” Izou questionou, “Eu não sabia que você tinha irmãos.”

“Ah, eu tenho, nós somos quatro,” Ace apontou para a tatuagem LASL em seu bíceps em letras grossas. Bem, isso explicava a tatuagem, pelo menos. “Sou o segundo mais velho.”

“Então, seu irmão mais velho te ensinou? Eu me pergunto onde ele aprendeu, yoi.” Marco murmurou a última parte para si mesmo, pensativo.

“Ah não!” Ace riu, “Luffy que ensinou, ele é o mais novo.”

“E quantos anos você tinha...?” Thatch deixou a pergunta se estender.

“Eu tinha uns dez anos, então Luffy tinha... sete?” Ace colocou a mão no queixo, “É, Luffy tinha feito sete anos um pouco antes de quando começou a nos ensinar.”

“Sete!?”

“Huh, é,” Ace sorriu, como se isso fosse normal.

“Onde diabos um moleque de sete anos encontrou alguém para lhe ensinar Haki no East Blue?!” Haruta perguntou inconformado.

“Ah, ele disse que Rayleigh o ensinou por dois anos,” Ace disse, “Mas eu não tenho tanta certeza se isso é verdade já que ele nunca usou Haki antes de deixar a ilha por umas duas semanas para pegar nosso irmão mais velho e quando ele voltou ele era basicamente um mestre. Droga, ele nunca nos conta nada…”.

“Silvers Rayleigh?” Barba Branca murmurou surpreso.

“Sim, o Velho Rayleigh.” Ace concordou, muito casual sobre toda essa situação.

“Eu – você não sabe como isso aconteceu?” Izou perguntou, ainda um pouco chocado.

“Nah, eu parei de tentar descobrir isso há um bom tempo.” Ace acenou com a mão antes de levantá-la para massagear seu pescoço, “Não tem como explicar o Luffy. O Luffy é o Luffy.”

“Mas para o Silvers Rayleigh ensinar Haki a uma criança de sete anos…” Namur murmurou. “E ainda por cima no East Blue?”

“Luffy disse que Rayleigh o ensinou em uma ilha deserta no Calm Belt.” Ace esclareceu inutilmente para os comandantes. “Acho que ele disse por dois anos, mas não vejo como Rayleigh poderia ter ensinado Haki para o Luffy antes dos sete anos, então eu não acredito. Só que o Luffy é um péssimo mentiroso, então quem sabe, Cora-san só o ensinou a mentir de forma mais ou menos decente quando ele tinha por volta de quatorze anos.”

Barba Branca riu enquanto seus filhos trocavam olhares, obviamente querendo saber mais.

“Bom, eu tô com fome!” Ace exclamou, deixando-os sozinhos com suas perguntas.

⊱ ────── {.⋅ IRMÃOS ⋅.} ────── ⊰

Ace bocejou enquanto caminhava pelo convés do Moby Dick, os olhos lacrimejando. Ele vagou até o pequeno círculo de pessoas, curiosamente espiando por cima do ombro de Thatch.

“O que você está lendo?” ele perguntou com a voz ainda lenta do sono.

“Oh, apenas sobre um dos novatos em Paradise.” Thatch respondeu, lendo a próxima parte em voz alta para o moreno. “Trafalgar D. Law, o Cirurgião da Morte, destruiu sozinho dois navios de guerra da Marinha e deixou os destroços na costa antes de desaparecer.” O comandante assobiou. “Cacete, a recompensa dele é de quase trezentos milhões agora”.

Ace arrancou a recompensa das mãos de seu nakama, sorrindo amplamente quando o rosto sorridente de seu irmão estava de frente para ele. Fazia muito tempo que não se viam, embora cartas e recompensas pudessem mantê-lo satisfeito, ele realmente queria ver seu irmão e ouvir sobre suas aventuras.

“O que há com esse sorriso?” Thatch perguntou, um olhar curioso em seu rosto.

“Oh, você talvez conheça este Cirurgião da Morte?” Izou perguntou, provocação nítida em sua voz.

Ace viu Thatch enviar um olhar a Marco, que não conseguiu decifrar, mas seu foco era outro no momento.

“Claro que sim!” o Logia respondeu alegremente. “Eu não posso acreditar que a recompensa dele é tão grande agora! Ele me disse que queria ficar fora do radar por um tempo. Acho que ele mudou de ideia,” disse, rindo.

“Vocês dois são próximos?” Izou pressionou, “Eu nunca ouvi você falar dele antes.”

Ace era próximo de todos os seus irmãos e Law não era uma exceção. Eles cresceram juntos, então o Logia o conhecia como a palma de sua mão. Ace e seus irmãos dormiam na mesma casa da árvore, emanharanhados e empilhados, e Law também passou a fazer parte dessa bagunça desde que Luffy trouxe o adolescente para a ilha.

Inclusive, Ace estava lá quando ele fez suas primeiras tatuagens (uma das quais todos os seus irmãos fizeram quando completaram quinze anos) e também viu Law receber sua primeira recompensa. Fora que seus dedos das mãos e dos pés não eram suficientes para contar quantas vezes ele teve que arrastar seu irmão mais velho para a cama quando o outro decidiu ficar acordado para mais uma noite de estudo na biblioteca improvisada localizada ao lado da casa na árvore em que dormiam e guardavam suas coisas.

Na verdade, a única hora que Ace estava longe de qualquer um de seus irmãos era quando eles estavam roubando pessoas ou fazendo algum treinamento de Haki à meia-noite.

Dizer que eram próximos era um eufemismo.

“Sim,” Ace disse carinhosamente com um sorriso largo, “Torao é meu irmão mais velho, claro que somos próximos".

Um longo silêncio.

"O quê?" Marco perguntou as palavras saindo antes que pudesse processar completamente a informação.

Mesmo assim, ele parecia aliviado por algum motivo.

“É, Law é meu irmão mais velho.” Ace disse, inclinando a cabeça, “Eu não mencionei isso antes?”

"Óbvio que não!" Thatch riu, “Eu acho que consigo ver a semelhança, mais ou menos…” ele puxou a recompensa para perto do rosto do moreno, olhando entre os dois. "Dá um sorriso aí."

Ace sorriu.

Izou estalou a língua, "Deixa a sombra do chapéu sob os olhos."

Ace desajeitadamente fez como solicitado.

“E incline um pouco a cabeça para o lado”, acrescentou Thatch.

Eles o encararam por um momento.

“É, dá para ver.” disse Thatch.

“É, existe uma semelhança.” Izu assentiu.

“O que você acha, Marco?”, perguntou Thatch.

“Trafalgar é mais sádico, yoi.”, disse Marco.

“Ah! Você não sabe da história, a metade!” Ace deu uma risada, “Uma vez, Torao deixou um cara que estávamos caçando pela recompensa sem o corpo e fez o otário adivinhar onde seus membros estavam escondidos, e se ele adivinhasse até o final do dia, nós o deixaríamos ir.”

"O quê?"

"O quê?" Ace inclinou a cabeça para o lado, “Nós não o deixamos ir, se vocês estão se perguntando, ele não cumpriu o prazo. Torao o colocou de volta no lugar, é claro.

"Eu... Marco, eu ouvi isso mesmo?"

“Sim, yoi.”

“Entendi, bom papo, excelente conversa…”

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Caramba, esse novato está realmente dando o que falar.”

“Gurarara! Parece um pirralho atrevido!”

“De quem vocês estão falando?” Ace perguntou curioso, inclinando a cabeça para o lado.

“Os Piratas da Cartola,” Marco respondeu.

“Sabo está no jornal?”, o Logia perguntou, sorrindo. Ele então subiu no colo de Barba Branca para ler o jornal.

Parece que Sabo havia incendiado uma ilha onde moravam nobres. Ace soltou uma risada alegre, enquanto se perguntava o motivo que causou tudo isso.

“Você também o conhece?” Marco perguntou secamente.

“Sim, Sabo é meu irmão mais novo!” Ace assentiu, “Ele geralmente é o responsável, me pergunto o que aconteceu para ele perder a linha.”

“Ele parece zombar muito dos nobres, yoi,” Marco observou.

“Sim, ele odeia nobres.” O moreno respondeu, “Não ajuda muito que o pai dele também seja um, né, além de ser um grande babaca, claro”.

“Parece um pirralho interessante.”, Barba Branca disse pensativo.

Ace inclinou as costas e sorriu, olhando para o capitão, “Ele é!”

⊱ ────── {.⋅ PERGUNTAS ⋅.} ────── ⊰

“Ok, Ace,” Thatch se inclinou ao lado do segundo Comandante de Divisão, “eu sinto que eu tenho que te perguntar.”

“O quê?” Ace perguntou, embora sua boca estivesse tão cheia que não pareceu que havia dito uma palavra de verdade.

“Sua família é bem maluca, né?” Thatch perguntou ao mesmo tempo que afirmava, “Porque eu nunca tinha ouvido falar de uma família com quatro D. que são tipo super fortes, especialmente no East Blue”.

Ace inclinou a cabeça, “O que você quer dizer?”

“Você é do East Blue, não é?” Izou perguntou, “Esse mar é considerado o mais fraco, mas pelo que ouvimos de você, você e seus irmãos são praticamente monstros. Sem ofensa.”

“Nenhuma,” Ace sorriu, “Quero dizer, nós éramos chamados de Quarteto Monstruoso. Crescemos em uma floresta cheia de predadores muito grandes, e fomos criados por bandidos e um ex-espião da Marinha, ah, e nosso Avô queria que fôssemos da Marinha então ele nos jogava em lutas contra macacos, e Law tem um Akuma no Mi superpoderosa e bem roubada, mas até que a do Luffy é bem útil em batalha, mesmo que seja um pouco estranha, e isso sem mencionar o treinamento do Tio e do velho Rayleigh… E eu tenho quase certeza de que Luffy é amigo do Jinbei desde sempre, só que eu não sei como isso aconteceu.”

“Há tanta coisa que eu preciso digerir em todas essas informações que ele vomitou”, Namur resmungou, apoiando a cabeça em uma de suas mãos.

"Você, na Marinha?" Haruta soltou uma risada.

“Pois é! Era o que dizíamos para ele e ele nos batia!” Ace choramingou, relembrando a surra chamada de Punho do Amor. “E ele usava Haki! Éramos apenas crianças!”

“Eu nunca quero conhecer seu avô.” Thatch riu.

Ace murmurou, ainda parecendo chateado com a memória.

“Jinbei? Como diabos Jinbei conhece seu irmãozinho?” Izou perguntou, os olhos arregalados.

“Luffy costumava sempre me contar que Jinbei iria se juntar à sua tripulação”, disse Ace enquanto enfiava um pouco de arroz na boca, “E quando perguntei a Jinbei sobre isso, ele me falou que disse a Luffy que consideraria se entraria ou não. Mas isso não significa que meu irmãozinho estava errado, Jinbei vai ceder eventualmente.”

Silêncio absoluto tomou conta do refeitório. Ace olhou para cima, parando momentaneamente de comer e levantando uma sobrancelha.

“Jinbei concordando em se juntar à tripulação de um garoto humano?” Namur piscou algumas vezes.

Jinbei não odiava humanos como alguns homens-peixe, mas ele ainda tinha aquele desgosto e cautela regular por eles como a maioria de sua raça. Para ele concordar em ser o companheiro de tripulação de algum garoto foi honestamente a parte mais surpreendente do vômito de palavras de Ace.

“Eu... Eu só vou fingir que essa conversa... simplesmente não aconteceu.” Thatch murmurou, massageando sua testa como se estivesse com dor de cabeça.

Chapter 13: Sonhos Lúcidos, Ciúmes, Preocupação

Notes:

Ace: 19.5
Sabo: 19
Luffy: (29.5) 16
Law (36) 23

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⊱ ────── {.⋅ SONHOS LÚCIDOS ⋅.} ────── ⊰

Nas últimas semanas, Ace vem tendo o mesmo sonho. De novo e de novo e de novo, era a mesma coisa. Ele não pode alegar que entendia o que estava vendo porque na maioria das vezes ele realmente não se lembrava do sonho em si; apenas o sentimento de desamparo e ódio por si mesmo. Marco, seu namorado de quase três meses, disse a ele que estava tudo bem; nada para se preocupar na medida em que Ace estava se estressando.

(Marco se confessou a Ace um dia depois de um ataque, e eles estavam namorando desde então. Mas o relacionamento ainda era novo. Afinal, Ace cresceu em torno de seus irmãos e amigos, e apesar de admitir que teve uma pequena e microscópica queda por Sanji quando eles eram crianças, ele não tinha experiência com romance. Então, eles mantiveram o desenrolar da situação para si mesmos. Se terminassem, eles não iriam querer que afetasse toda a tripulação, portanto, apenas Pops sabia, já que ele era muito observador.)

Mas Ace não conseguia afastar a sensação de que esse sonho era importante, que ele precisava saber o que estava vendo.

Foi semanas após o primeiro sonho que deixou o Logia sem fôlego, ódio em seu estômago e afogado pelo sentimento de impotência, que ele finalmente conseguiu entender o que estava vendo. Thatch era óbvio, seu cabelo o delatou imediatamente, mas o que Ace viu o deixou passando mal. Thatch estava no chão do Moby com uma faca nas costas e seus olhos sem vida.

Ace não entendeu o que o sonho significava; ele realmente não se importava. Entretanto, o ponto estava bastante claro; Thatch foi esfaqueado pelas costas (literalmente ou fisicamente, Ace ainda não conseguiu decifrar), morrendo no convés do navio e isso era o que era importante.

O moreno teve um sonho assim antes, quando viu o bastardo do Outlook III pela primeira vez. Um sonho de Sabo sendo levado pelos Guardas de High Town, e ele acordou tremendo com o nome de Sabo em seus lábios. Luffy era o único que estava por perto e ele disse a Ace para sempre confiar em seus instintos, especialmente quando Ace tinha sonhos como esses.

O Logia aceitou desde cedo que Luffy só sabia das coisas, e que deveria confiar nele quando ele dava conselhos assim.

(Especialmente quando ele via o olhar intenso naqueles olhos normalmente infantis e felizes; a seriedade na voz pueril de Luffy ainda causa arrepios que correm pela espinha de Ace quando ele pensa naquele dia. Era como se ele não estivesse olhando para seu irmãozinho, mas para um homem que simplesmente sabia. Sabia demais. O mais velho desistiu de tentar entender Luffy, mas isso não impediu sua curiosidade de crescer cada vez mais.)

Então, Ace ouviu seu instinto e acreditou em seu sonho. Ele não sabia o que aconteceria, o sonho era bastante limitado em informações, mas ele sabia que Thatch seria atacado por trás ou traído, e Ace não deixaria isso acontecer!

⊱ ────── {.⋅ CIÚMES ⋅.} ────── ⊰

Marco honestamente não sabia o que estava acontecendo com seu namorado. Ace tem estado nervoso no último mês por causa de algum sonho que ele está tendo, e o médico honestamente não sabia como ajudá-lo com isso. Mas agora, tudo o que via em Ace era um sorriso brilhante, olhos nervosos e o fato de que o homem não saía do lado de Thatch.

Não tinha sido grande coisa na primeira vez que aconteceu, Ace era amigável em geral, mas vê-lo tocar alguém com tanta frequência naquela intensidade era novo. Marco estava feliz que seu companheiro estava finalmente saindo de sua concha, mesmo que fosse apenas com Thatch.

Mas depois do quinto dia de Ace colado junto ao cozinheiro, Marco só queria entender o que estava acontecendo.

“Hehe, acho que estou roubando seu crush, Marco~” Thatch provocou nos raros momentos em que Ace não estava colado em seu pescoço.

Marco o encarou. Ace era dono de si mesmo e podia fazer o que quisesse. Quem era Marco para dizer a Ace que ele não poderia estar perto de seu irmão? Era estúpido e infantil ter ciúmes de quanta atenção o Logia dava para o cozinheiro o tempo todo. Marco era o Primeiro Imediato dos Piratas do Barba Branca; ele não deveria ficar com ciúmes em primeiro lugar.

Mas caramba, Ace tinha realmente que evitá-lo apenas para passar um tempo com Thatch?

⊱ ────── {.⋅ PREOCUPAÇÕES ⋅.} ────── ⊰

Marco agarrou o braço de Ace e o arrastou no momento em que a reunião dos Comandantes terminou. O Logia ganiu e puxou seu braço, tentando seguir Thatch, mas cedeu depois que Marco lhe lançou um olhar severo.

"O que está acontecendo, yoi?" Marco perguntou enquanto fechava a porta atrás dele, enviando a Ace um olhar cético quando o outro começou a balbuciar desculpas. "Ace, apenas fale comigo."

Ace se atrapalhou, enquanto explicava, “"Bem, eu já tive esses sonhos antes.”

“Aqueles com os quais você estava confuso?” Marco perguntou, cruzando os braços.

“Sim,” Ace assentiu, ele parecia hesitante, “Eu realmente não posso explicar isso, mas eu sei que preciso ouvir o sonho?”

Marco levantou uma sobrancelha, “Ok, e o que o sonho está dizendo a você, yoi?”

Ace era um péssimo mentiroso, então se ele realmente estivesse preocupado com seus sonhos, Marco ouviria. E também o ajudaria, era o que nakama e namorados faziam.

“Bem, a primeira vez que tive esses sonhos, foi sobre meu irmão, Sabo. Luffy me disse para sempre ouvir o que o sonho me diz e Luffy raramente está errado quando ele fica tão sério.” Ace mordeu o lábio, “E o que eu vi no meu sonho meio que se tornou realidade, então eu sempre prestei muita atenção neles.”

Ok... Marco estava começando a ficar um pouco preocupado.

“E... E por que você está seguindo Thatch?” Marco não tinha certeza se queria fazer a próxima pergunta, mas fez de qualquer maneira, “O que você viu, yoi?”

“Thatch esfaqueado nas costas, morto,” Ace cuspiu, unhas cravadas em seus punhos.

Marco afundou na cama ao lado de Ace, processando.

“Eu não sei se ele foi traído ou apenas atacado por trás,” Ace murmurou, “Mas eu sei que ele vai morrer.”

E depois desse dia, Thatch passou a ter dois seguidores em todos os momentos.

“Eu sou apenas irresistível.” Ele brincou quando Izou levantou uma sobrancelha.

Chapter 14: Traidor, Sangue, Den-Den Mushi

Notes:

Ace: 19.5
Sabo: 19
Luffy: (29.5) 16
Law (36) 23

(See the end of the chapter for more notes.)

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⊱ ────── {.⋅ TRAIDOR ⋅.} ────── ⊰

Thatch saiu de seu quarto (sem seus dois seguidores constantes, surpreendentemente) com a Akuma no Mi que encontrou em seu último ataque debaixo do braço. Seu destino era até Izou, que tinha um dicionário de Akuma no Mi, porque o cozinheiro queria saber qual era a fruta dele. Mesmo que não quisesse ser um martelo na água, se fosse um bom poder valeria a pena.

“Thatch!” Thatch se virou ao chamar seu nome, inclinando a cabeça para o lado com um sorriso quando seu irmão acenou para ele.

“E aí, Teach?” Ele respondeu.

“Ah, essa é a fruta que você pegou da última vez?” Teach perguntou, curiosamente, seu sorriso fácil ainda em seus lábios.

“Ah, sim, eu ia ver qual é agora com o Izou.” Thatch concordou e continuou a andar. Ele precisava chegar rápido se quisesse saber qual era a fruta ainda esta noite, o outro comandante era cuidadoso com seu descanso e reagia de forma péssima quando era acordado.

“Você vai comer?” Teach incentivou a conversa.

“Hm, talvez.” Thatch coçou a bochecha, “Ainda não tenho certeza. Mas você precisa de alguma coisa?”

“Sim, eu queria falar com você bem rapidinho.” Teach respondeu. O cozinheiro pensou por um momento. Ele tinha cerca de vinte minutos antes de Izou se enfiar debaixo das cobertas, o que significava que ele poderia parar por alguns minutos para conversar com seu irmão.

“Claro, o que houve?” perguntou Thatch.

“Eu notei algo na água pouco tempo atrás, eu diria ao Comandante Marco, mas Ace e ele finalmente foram para a cama.” O outro explicou.

Thatch sorriu gentilmente, dizendo a Teach para lhe mostrar o local. Marco não estava descansando muito ultimamente, e ficou pior agora que ele estava se preocupando com a saúde de Pops junto com o mais novo hobby dele e de Ace de seguir o cozinheiro em todos os lugares.

(Isso, e o fato de que Marco obviamente tinha uma queda por Ace. Estava tão na cara! Se Ace fosse um pouco mais atento a sentimentos românticos, ele provavelmente perceberia como todo mundo já tinha notado, e Thatch não tinha certeza se isso era coisa boa ou ruim para Marco. O coitado estava ficando com os nervos à flor da pele depois que Izou lhe disse que só ele precisava contar a Ace como se sentia.)

Ninguém imaginaria que o Primeiro Imediato dos Piratas do Barba Branca estava praticamente arrancando os cabelos por causa de um garoto.

“É por aqui.” Teach indicou.

Thatch aproximou-se da lateral do navio, franzindo a testa quando não conseguiu ver nada.

“Eu não estou vendo nada”, admitiu Thatch, “o que exatamente eu preciso procurar mesmo?”

“Sabe, essa sua Akuma no Mi é algo que eu procuro há anos.”

Seus sentidos se arrepiaram e Thatch se virou rapidamente, vendo a faca nas mãos de seu irmão enquanto ela descia em sua direção.

Caralho, isso não estava acontecendo, né?

Por uma Akuma no Mi? Uma que ele provavelmente nem iria comer?

Isso não estava acontecendo, por favor, diga que não estava acontecendo...

A faca penetrou em sua pele, perfurando uma camada de músculos e nervos...

"Room."

O braço de Teach parou, caindo ao redor de Thatch e seu torso caindo para trás. O cozinheiro engasgou, olhando para o homem que andava por ali como se fosse o dono do lugar, uma longa nodachi na mão. Ele reconheceu o homem que usava jeans manchados, uma camisa azul com as mangas compridas arregaçadas, penas pretas em volta do pescoço e seu jolly Roger sobre o peito em amarelo, como o Cirurgião da Morte.

Olhos dourados focaram nos dele, dissecando-o com um mero olhar, antes que seu foco virasse para Teach que xingava enquanto tentava escapar. Como o traidor ainda conseguia se mover, Thatch não tinha a menor ideia, mas Trafalgar D. Law... bom, ele não salvou exatamente sua vida, já que tinha uma faca em seu peito e tudo mais.

Uma vez, quando ainda era um pirata novato, Trafalgar visitou o Moby com a proposta de curar seu pai.

(Thatch ainda se lembrava do adolescente magricela entregando seu coração como uma forma de mostrar que ele estava falando sério sobre salvar Barba Branca e não matá-lo. Até hoje, sente calafrios pela memória.)

Trafalgar chutou Teach, pegando a Akuma no Mi que o traidor estava tentando dar uma mordida. Thatch ficou surpreso com o olhar de pânico naquele homem que era normalmente reservado. O mundo ficou nebuloso e com um gosto metálico em sua boca, Thatch sentiu sua respiração estremecer. Law deslizou ao lado dele, e o cozinheiro não conseguia ver Teach em lugar nenhum, mas algo me disse que não precisaria mais se preocupar – ou por ele ter fugido ou por Law tê-lo matado.

Uma carranca franziu as feições afiadas de Law e ele mordeu o lábio, “Shachi, Pinguim! Preparem a sala de operações!”

“Sim, Capitão!”

“Thatch!” foi o grito de seus muitos irmãos. O cozinheiro conseguiu inclinar a cabeça, olhando para onde muitos piratas inundavam o convés.

“O que você fez com meu filho?” Barba Branca perguntou, a voz furiosa e alta.

Thatch sorriu fracamente, “Teach tentou me matar.”

“Teach?” Marco perguntou surpreso, qualquer indício de cansaço desaparecendo completamente de suas feições.

“Sim,” Thatch estremeceu quando a pressão em seu ferimento aumentou, Law berrou para sua tripulação pegar a maca e façam isso rápido, cacete! “Pra... O–onde e–ele foi?”

Aqueles imponentes olhos dourados se focaram na fruta aos pés do cozinheiro, “Esqueça isso. Concentre-se em permanecer vivo, Comandante.”

Law salvou Pops anos atrás. Thatch não tinha dúvidas de que também o salvaria.

Trafalgar o encarou por alguns segundos antes de agarrar a fruta em seus pés, encarando-a com uma expressão de puro ódio antes que a Akuma no Mi fosse tirado de suas mãos por um de seus tripulantes, Thatch sendo cuidadosamente levantado em uma maca.

“Torao!?” Ace pareceu surpreso quando empurrou seu caminho pela multidão, olhos piscando de Thatch para seu irmão. “O que diabos está acontecendo?”

Law balançou a cabeça, apontando para sua espada e depois para Ace antes de se levantar, torcendo as mãos ensanguentadas, “Está tudo pronto?”

“Apenas esperando por nós.” O cara com 'Pinguim' no chapéu disse, já correndo para o submarino.

“Ei! Coloque um IV nele, com a merda mais forte que tivermos!” Law disse, seguindo-os rapidamente. Sua voz ainda era ouvida enquanto ele desaparecia no navio, ainda gritando ordens para sua tripulação. “Seu coração estava perto de ser partido em dois!”

E todos eles ouviram seu último grito antes que o silêncio descesse sobre o mar.

“Alguém tranque essa porra de fruta bem longe de mim! Se eu tiver que ver essa merda mais uma vez, nenhum de vocês vai gostar!”

⊱ ────── {.⋅ SANGUE ⋅.} ────── ⊰

Law soltou um longo suspiro; seus dedos estavam dormentes quando ele tirou as luvas de látex. Thatch estava estável com seus sinais vitais todos regulares – ou tão regulares quanto poderiam estar, neste caso.

Seus punhos se fecharam quando ele pensou para onde aquele filho da puta do Barba Negra foi. Pelo menos agora ele não tinha a Yami Yami no Mi, uma vez que a fruta amaldiçoada estava trancada nos aposentos de Law. Ele ainda não tinha um plano concreto de como lidar com essa coisa, apesar de todos os anos que tiveram para se preparar para esse exato momento.

Ele precisaria entrar em contato com Luffy – dizer ao Rei que ele pegou a fruta – e também com Shanks. O ruivo provavelmente poderia protegê-la melhor do que Law, até que eles conseguissem uma boa maneira de lidar com isso. A princípio, eles planejaram afundá-la no oceano, mas Rayleigh trouxe à tona o fato de que existiam navios revestidos e homens-peixe. Logo, qualquer um poderia dar de cara com a fruta lá embaixo.

Luffy mencionou que alguém poderia comer e eles estavam mais inclinados para essa opção.

Eles não se importavam se uma guerra começasse depois que estivessem mortos. Contanto que seus nakama não fossem perseguidos e mortos do jeito que tinham sido, Law não se importaria. Ele não era um santo – Luffy certamente também não era, apesar do que algumas pessoas costumavam dizer. Eles eram egoístas, não davam a mínima para o futuro ou o efeito que tinham sobre ele além de como isso afetava seus amigos.

Law percebeu que soava como um babaca, mas honestamente, não se importava. Ele viu seus nakama morrerem diante de seus olhos, a maioria através de mortes brutais, sem qualquer piedade. Ele assistiu enquanto Luffy se quebrava por dentro e por fora por conta de suas tripulações perdidas, Law tinha feito o mesmo enquanto estava morrendo.

Ele ouviu o homem mais forte que conhecia, o Rei dos Piratas, chorando ao lado de sua cama quando acreditou que Law estava dormindo. Ouviu, mas nunca teve energia para enxugar aquelas lágrimas, nunca teve energia para apertar a mão que segurava a sua, nunca teve energia para dizer à única pessoa que amava mais do que tudo que estava tudo bem.

Law tinha morrido porque não tinha energia e Luffy foi forçado a assistir.

O coração de todo o mal em seu antigo futuro era Barba Negra e a Yami Yami no Mi. Livre-se de um e o outro não terá o mesmo efeito. Pelo menos era o que Law esperava.

(Ele deveria ter matado Teach ali mesmo, não deveria ter se importado com o fim da vida de Thatch. E com isso na cabeça Law quase deixou Thatch ali sangrando, quase correu atrás de Barba Negra. Mas então o rosto de Ace – as cartas de Ace passaram por sua mente, e Law hesitou. E Barba Negra escapou.)

O capitão soltou outro longo suspiro enquanto esfregava para tirar o sangue dos dedos. Ele estava acostumado a fazer isso, desde sua primeira vida. Tanto que já ficou indiferente ao ver a água manchada escorrendo pelo ralo depois que seu segundo companheiro de tripulação morreu em sua mesa de operação.

“Fique de olho nele, ok?” Law perguntou a Shachi, que estava verificando os pontos que ele e Law terminaram um momento antes.

“Claro, Capitão,” Shachi olhou para ele com preocupação, “Vá descansar. Eu cuido de tudo.”

Law assentiu e saiu da sala, fechando a porta firmemente atrás dele. Ele suspirou novamente, uma parte dele não querendo voltar para seus aposentos onde aquela maldita coisa esperava, trancada na segurança de seu quarto. Law passou a mão pelo rosto, forçando seu pânico a se acalmar.

Ele não tinha tempo para isso. Simplesmente não tinha. Não agora, não por alguns anos. Não até que a Marinha estivesse queimando embaixo de seus pés e de seus nakama.

Só depois Law poderia ceder ao pânico e às memórias esperando para destruir seu autocontrole.

Só depois disso.

⊱ ────── {.⋅ DEN-DEN MUSHI ⋅.} ────── ⊰

Law não conseguia dormir. Ele havia tentado fechar os olhos e descansar da cirurgia que deixou seus membros pesados de exaustão. Ele tomou um banho morno para tentar resolver a situação da inquietação, a energia em seu corpo se esvaindo quando a água atingia seus joelhos.

Ele não conseguia dormir com aquela fruta provocando-o, trancada em seu quarto.

Law suspirou, tateando a mesa de cabeceira ao lado de sua cama, procurando cegamente pelo Den-Den que ele sabia que estava por lá. Digitou o número pessoal de Luffy, algo que ele raramente chamava, pois eles usavam principalmente o Den-Den na Cabana dos Bandidos.

O mais novo atendeu no terceiro toque, o som das ondas batendo contra as rochas chegaram aos ouvidos de Law.

“Luffy-ya,” ele suspirou, e o Den-Den sorriu levemente.

“Torao,” Luffy murmurou. Ele parecia sonolento, talvez Law acabou por o acordar. “Você está bem?”

“Eu peguei a fruta.” Ele murmurou em resposta, não querendo levantar a voz.

O sorriso sumiu instantaneamente. “Onde? Você está bem?”

“Estou bem. Os Piratas do Barba Branca que acharam, o Barba Negra escapou.” Law disse amargamente, “Quase matou Thatch, o cozinheiro que é amigo do Ace.”

O xingamento que Luffy soltou era quase inaudível, “Mas você conseguiu a Yami Yami no Mi?”

“Sim, mas ainda não sei o que vamos fazer com ela.” Law franziu a testa, “E na verdade, não tenho certeza se eles vão me dar. É do cozinheiro”.

A expressão preocupada de Luffy foi copiada pelo Den-Den, “Law”.

O capitão estremeceu.

"Sim?", ele murmurou.

“Não tem problema estar com medo.” Luffy disse, “Tudo bem ter medo da fruta e do Barba Negra. Você não precisa ser forte o tempo todo, você sabe.”

Law fechou os olhos com força até as cores explodirem atrás de suas pálpebras. “Eu sei.”

"Não, você não sabe." Luffy cantarolou, “Shishi, mas tudo bem. Deite, Law.”

Law recostou-se em sua cama, olhando para o teto.

“Pegue suas cobertas também, você fica com frio à noite.” Luffy acrescentou.

Law puxou seus cobertores, colocando o edredom grosso sob o queixo.

“Eu te contei sobre aquele inseto legal que encontrei ontem? Shishishishi! Era um besouro-rinoceronte! Eu estava caçando javalis quando o vi e quase fui atropelado!” Luffy começou uma longa história sobre o besouro e o que ele disse quando o mais novo decidiu ouvi-lo.

Law adormeceu com um sorriso nos lábios.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Thatch vai ficar bem?” foi a primeira coisa que Ace perguntou quando Law ressurgiu de seu descanso de quinze horas – a cirurgia de quase nove horas terminando à uma da manhã e Law dando o ar das graças perto do jantar.

Law sentia-se como se fosse um morto-vivo, o que era irônico, dado seu título de Cirurgião da Morte. Ele queria mandar a merda qualquer que fosse a pessoa que lhe deu esse nome pensando que fosse lhe tornar mais assustador.

“Café.” Law grunhiu, e Ikkaku riu enquanto lhe entregava uma caneca de café expresso. Law poderia se casar com ela se não estivesse completamente apaixonado por Luffy. Ele tinha que admitir que ela era uma santa às vezes.

Law ingeriu avidamente sua bebida fumegante, fechando os olhos em contentamento enquanto colocava para dentro metade da caneca de uma só vez. Café depois de longas, longas cirurgias eram sempre os melhores. Até mesmo aqueles feitos por Luffy – embora Law admitisse que o outro ficou melhor nessa tarefa ao longo dos anos.

“Não se engasgue, Cap.” Penguin disse quando Law engoliu errado, tossindo em sua caneca.

Law lhe mostrou o dedo como resposta, terminando sua bebida. Ele olhou para o copo tristemente, instintivamente procurando por Kikoku apenas para perceber que sua espada não estava ao seu lado.

“Você realmente fica mal-humorado quando não dorme.” Ace suspirou, entregando a espada amaldiçoada de volta para seu dono. Law agarrou-a, assentindo.

“Thatch vai se recuperar. Mantenha-o em serviço leve por cerca de duas semanas, sem atividades estressantes. Eu preferiria que ele ficasse parado completamente para descansar, isso daria a ele mais tempo para se curar 100%,” Law instruiu, “Ele vai acordar em alguns dias, provavelmente.”

Ace e os Piratas do Barba Branca relaxaram.

Law só esperava que Thatch não decidisse dar uma de Luffy e destruir seu submarino, porque pelo que Ace descrevia em suas cartas, o cozinheiro e o mais novo tinham aquele mesmo brilho no olhar.

“Como podemos recompensá-lo, yoi?” perguntou Marco.

Law tinha uma piada sarcástica na ponta de sua língua, algo como não quebre o coração do meu irmão, mas Ace foi mais rápido.

“Law geralmente não pede recompensas por salvar a vida de alguém.” O mais novo disse de uma maneira alegre.

“A Yami Yami no Mi.” Law interrompeu, olhos duros e postura tensa.

Ace virou-se para ele com as sobrancelhas franzidas, enquanto Barba Branca o observava com olhos cautelosos.

“Você já tem uma fruta, Torao, por que quer outra?” perguntou Ace.

“Sim, eu também gostaria de saber.” Barba Branca grunhiu.

“Luffy,” Law suspirou, a mentira fluindo facilmente por seus lábios, “decidiu que queria.”

Ace bufou, “E é claro que você apenas segue seus caprichos. Você obviamente tem um fraco por ele, nem esconde que ele é seu irmão favorito!”, acusou brincando, tentando aliviar a tensão.

“O que o garoto quer com ela?” Izou perguntou desconfiado.

Law deu de ombros, os olhos se arrastando pela multidão enquanto outra xícara de café era entregue a ele. Mais uma vez, se o coração de Law não fosse de Luffy, ele estaria enviando para qualquer um que tivesse lhe entregado seu café suas mais apaixonadas declarações de amor.

Law fechou os olhos, bebendo a iguaria em suas mãos. “Luffy está apenas sendo o Luffy. Quem vai saber.”

“Capitão, Luffy está no Den-Den, disse que queria ver como você estava depois que você desmaiou ontem à noite.” Shachi disse no pior momento possível.

Law olhou irritado para o caracol nas mãos de seu companheiro de tripulação antes de pegar para si. “O que foi?”

“Você parece mal-humorado, shishishi” Luffy sorriu, “Você afundou a fruta?”

“Eu já te disse que não podemos fazer isso.” Law esfregou as têmporas. Ele não era pago o suficiente para lidar com toda essa merda.

"Eu estava pensando no Sabo!" Luffy proferiu.

Law fez uma pausa, abrindo os olhos e encarando o rosto determinado do Den-Den. “Você é um gênio.” Ele declarou, com admiração em sua voz, “Quando você pensa, realmente forma um plano decente”.

“Shishi!”

“O que tem o Sabo? E Luffy? Um gênio?” Ace franziu a testa, “De que diabos vocês estão falando?”

“Ace!” Luffy exclamou, “Eu não ouço sua voz desde ~sempre~! Ei! Ei, Ace está no Den-Den!”

“Ace!?” A voz profunda de Cora-san foi cortada por um som que parecia que o maior tinha caído, fazendo o Comandante da Segunda Divisão sorrir.

“Oi, Pai!” Ace gritou, empurrando Law para o lado para pegar o fone na mão, “Luffy, Pai! Faz tanto tempo!”

“Ace! Como você está? Você está comendo direitinho, né?” Cora-san perguntou nervosamente, o caracol tomando suas características mais distintas, lábios e olhos pintados.

“Sim, eles me alimentam muito bem por aqui.” Ace sorriu, “Você não está caindo muito, né?”

“Eu nunca caio!” Cora-san declarou, como se não tivesse caído um minuto atrás.

“Cora-san, você está pegando fogo de novo!” Luffy gritou, rindo.

“Huh? Ah, acho que estou.” Cora-san disse indiferente, acostumado com isso.

“Zoro! Precisamos de água!” Luffy gritou.

“De novo não!” respondeu uma voz que soava bastante como Sanji.

“De qualquer forma, Ace!” Cora-san prosseguiu, “Você seguiu meu conselho ou não? Você nunca me contou; você sabe que um pai fica curioso sobre a vida amorosa de seu filho!”

“Cora-san!” Ace respondeu, “Como se você fosse alguém para falar!”

“Estou muito contente com meu noivo, Ace!” Cora-san sorriu, provocando seu filho.

“Seu noivo é um esquisito.” Ace murmurou.

“Shishishi! Nós temos outro Pai, Ace!”

“Eu não vou chamar o Tio de Pai!” Ace disse com firmeza.

Cora-san riu, “Eu acho que ele teria um infarto se você chamasse.”

“Oh?”

“Ace.”

“Que foi?”

“Eu estou vendo seu sorriso, não chame o Shanks de Pai apenas para dar-lhe um derrame.”

Marco observou as brincadeiras entre pai e filho e franziu a testa. Ele... realmente esperava que esse Shanks sobre o qual eles estavam falando não fosse seu inimigo (melhor amigo) Shanks.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Law fechou a porta de seu submarino, jogando a Yami Yami no Mi para o alto repetidas vezes. “Defina o rumo para Yuki no Shima.” Ele disse a Bepo.

Bepo sorriu, Ikkaku lamentou.

“Essa não é a ilha particular do Ruivo?” ela perguntou.

"Sim", Law sorriu.

“Aquele lugar está sempre nevando!” Pinguim resmungou.

“E isso não é ótimo!?” Bepo perguntou animado.

“Cala a boca, Bepo.” Shachi reclamou.

"Desculpe..."

Notes:

Yuki no Shima - Ilha da Neve: é uma ilha inventada pela Valmo.

Chapter 15: Terrores Noturnos, Atirador, Recompensas

Notes:

Luffy: (20-21) 7.5
Law: (27) 14.5
Ace/Sabo: 10.5
Zoro/Sanji 9.5
Corazon: 26.5

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ TERRORES NOTURNOS ⋅.} ────── ⊰

Luffy estava acostumado com pesadelos. Quando ele realmente tinha oito anos, suas noites era atormentadas por fogo e piratas, com a sensação da mão suada de Ace apertando a sua, puxando-o para a floresta na esperança de escapar das chamas. À medida que envelhecia, ele sonhava com seu Nakama desaparecendo bem diante de seus olhos, suas mãos chegando em sua direção e seu nome em seus lábios, apenas para ele falhar em alcançá-los a tempo.

Depois disso, seus pesadelos consistiam em Ace, magma e um choroso Obrigado por me amar!

Luffy odiava essas noites.

Elas faziam a cicatriz em seu peito coçar, e mesmo agora, sem o X que ele tanto detestava em sua pele, o menino ainda podia senti-lo queimando. Uma vez mais.

Você é meu irmão, Ace!

Outra vez.

Você nunca me ouve, sempre me preocupa, Luffy!

Mais uma vez.

Obrigado por me amar!

Novamente.

ONDE ESTÁ MEU IRMÃO!?

E de novo.

Luffy silenciosamente saiu da casa na árvore, Sabo se mexeu um pouco quando o espaço entre ele e Zoro ficou vazio, mas se acomodou sem que ninguém acordasse. O mais novo não queria preocupá-los com algo que agora era um medo em vez de realidade. A única pessoa que entenderia é Torao, mas Luffy sabia que Law precisava dormir. Então, seu companheiro iria descansar e o menino descontaria sua frustração batendo em algumas árvores ou algo assim.

Luffy não era do tipo que planejava ou pensava no futuro, mas esse era um cenário completamente diferente. Havia tantas vidas em jogo - seus irmãos, os bandidos, seu pai (Cora-san era seu pai e não havia discussão. Cora-san é o que Luffy sempre imaginou de um pai.) seus Nakama e seus sonhos - então era necessário parar para pensar e planejar.

Pense, pense, pense.

Planeje, planeje, planeje.

Luffy não tinha dúvidas de que o pai biológico de Sabo os descobriria eventualmente, então eles precisavam se preparar. O Dragão Celestial que visitou Goa ainda não apareceu e o fogo ainda não começou. O menor não sabia se isso aconteceria, com tudo o que ele e seus irmãos, suas tripulações e Torao mudaram. Mas, seu instinto lhe dizia que ser cuidado nunca era demais (ah, como ele sentia falta de ter uma vida despreocupada, sem se importar com o que vinha pela frente) e ele precisava manter um ouvido atento para qualquer coisa que parecesse com Dragões Celestiais, os piratas Blue Jam e Incêndio no Grey Terminal.

Sentando no penhasco, Luffy observou o oceano, como fez por toda a sua vida, desejando um dia navegar em suas belas águas. Quando era apenas ele e Law, ansiava que o mar o engolisse inteiro. Afundando-o para que pudesse morrer cercado pelo oceano que ele desejou e amou toda a sua vida. Law estava morrendo, ficando cada vez mais fraco com o passar do tempo. Quando Luffy decidiu se entregar, o mais velho já nem conseguia mais se mover. O Rei dos Piratas o carregou pelo Sunny mesmo quando o Yonkou disse que podia andar.

Ele não podia, ambos sabiam disso.

Luffy não sentira medo daquele jeito há muito, muito tempo.

Ele viu como Law ficou mais magro, como suas olheiras dobraram e depois triplicaram. Ele tinha visto o Yonkou lutar para comer, ficar de pé, falar.

Law estava se esvaindo e uma parte de Luffy se ia com ele.

Tinha sido tão difícil ver seu amado morrer. Law era seu tesouro precioso, tão diferente dos outros. Luffy tentou sorrir, tentou ficar feliz porque sabia que era isso que o outro queria.

Só que era muito difícil sorrir enquanto assistia seu amado morrer.

Vê-lo admirar o mar, o sol brilhando em sua pele, as estrelas cintilando em seus olhos, as ondas do mar borrifando sua pele em um lindo resplendor, tudo isso e sabendo que Law não estaria lá, tinha partido Luffy em dois. Sabendo que seus sorrisos iriam desaparecer, que seu humor negro seria apenas uma memória e suas mãos calejadas, mas macias, não segurariam mais as suas.

Luffy adorava aquelas mãos, com tatuagens ou não, com manchas ou não.

Essas eram as mãos de Law independente de qualquer coisa. Mãos que seguravam Kikoku amorosamente, mãos que faziam cirurgias e salvavam vidas, mãos que seguravam as mãos de Luffy, mãos que eram confiáveis, que traziam tantos sentimentos quando roçavam sua bochecha, uma risada escapando de lábios carnudos que Luffy realmente gostava de beijar quando os dois deitavam-se emaranhados em lençóis grossos.

Mãos que nunca mais segurariam as dele, mãos que um dia cairiam flácidas e nunca mais recuperariam a força.

Tinha sido tão, tão difícil.

Foi difícil ver tudo isso sabendo que Law não viveria por muito mais tempo. Sabendo que um dia Law iria dormir e não acordaria outra vez... sabendo que Luffy teria que carregá-lo mais uma vez – desta vez sem reclamações sobre conseguir andar bem sozinho – e deixar o corpo de seu amado queimar sob o mar que os dois amavam.

Luffy não conseguiria suportar. Por isso se entregou, com o coração de seu amado em seu peito e um sorriso nos lábios, apesar de tudo.

Law ainda estava vivo, Luffy sabia. Ele podia estar menor e com o corpo menos definido, mas ele ainda era seu amado.

Ele ainda tinha aquele mesmo sorriso complementado por aquele humor sádico. Ele ainda era lindo à luz do sol, as estrelas ainda refletiam em seus olhos dourados, que ainda olhavam para o mar. Suas mãos ainda eram suas mãos, sem tinta e tudo mais, sua risada ainda era a mesma, mas ouvida com mais frequência, seu sorriso estava muito mais presente do que antes.

Law ainda era seu amado tesouro, ele ainda vivia e respirava, e estava crescendo músculos com um peso saudável. Law podia andar sozinho sem dificuldade, podia comer sozinho, podia pegar um copo de água sem apertar as mãos que derramavam mais água do que bebiam.

Mas mesmo assim Luffy não conseguia esquecer a sensação de um homem muito leve em seus braços, nem conseguia apagar a imagem de Law xingando, seu rosto cheio de aflição e vergonha quando sua mão vacilou e sua bebida caiu em seu colo.

Demorou muito para Luffy se permitir chorar, mas ele se pegou chorando todas as noites, apertando a mão de Law com força enquanto observava o peito de seu amado subir e descer fraco e constantemente com o sono.

Ele se sentiu tão inútil.

Uma parte dele ainda se sentia inútil.

“Luffy-ya, pare de pensar.”

E Luffy parou, envolto em braços fortes ao invés de muito finos, sua audição se concentrando num batimento cardíaco forte e constante em vez de um lento.

E quando ele olhou para cima, estrelas brilhavam nos olhos dourados enquanto Law observava o mar, e uma parte de Luffy que estava murcha, morta, cheia de cicatrizes e que nunca mais veria a luz do dia, voltou a respirar. Começou a viver.

Começou a curar.

Porque seu amado estava vivo e bem. Seus irmãos estavam felizes e respirando. Seus Nakama seriam salvos por ele. Luffy não era o Rei dos Piratas sem motivo; ele conseguiria fazer tudo isso. Ele salvaria seus nakama e mais alguns, com seu amado ao seu lado.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Law colocou seus braços sob os joelhos e a cintura de Luffy, carregando o garoto – homem – com facilidade. A cabeça de Luffy descansou contra seu peito enquanto voltavam para a casa da árvore, e Law não pôde deixar de pensar que o mais novo era um pouco leve demais para sua idade física.

Não é como se ele não comesse o suficiente, Law pensou, suspirando afetuosamente.

⊱ ────── {.⋅ATIRADORES ⋅.} ────── ⊰

Usopp sabia que anunciava uma invasão pirata vezes demais para a paciência dos aldeões, mas dessa vez realmente eram piratas! Eles até tinham uma bandeira preta e tudo! Ele nunca tinha ouvido falar dos Piratas LASL, mas mesmo assim!

“Piratas!” Usopp gritou, enquanto corria pela vila, “Os piratas estão aqui!”

Como sempre, todos gritaram com ele, repreendendo-no, sem acreditar em suas palavras.

Gritar que piratas estavam chegando fazia sua mãe ter esperança de que Yasopp estivesse voltando para casa, e ela precisava dessa esperança se quisesse melhorar! O menino não se importava se os aldeões não gostavam dele ou não, ele só queria que sua mãe vivesse! Usopp acabou esgueirando-se de volta para a costa, escondendo-se nos arbustos com seu fiel estilingue. Ele não viu seu pai em nenhum lugar do navio, apenas um monte de crianças que pareciam ter sua idade, talvez mais.

Estranho, pensou Usopp. Piratas não deveriam ser adultos?

Usopp mordeu a língua quando um homem muito alto saiu de dentro do navio junto com outro também alto, mas significativamente mais baixo do que o homem emplumado que seguia ao seu lado. O Pássaro Emplumado tinha facilmente três metros! Usopp nunca tinha visto um humano tão alto! Ele não achava que as pessoas poderiam ser tão altas!

E o homem parecia realmente intimidante também! O casaco preto de penas em seus ombros o fazia parecer maior ainda e isso o tornava mais assustador, seu rosto pintado e um par de óculos escuros no nariz, um cigarro entre os lábios vermelhos. Ele se ajeitou e caminhou até um urso!

Uma desgrama de urso! Esses piratas tinham um urso!

Usopp precisava dizer aos aldeões que estava falando sério! Esses caras poderiam ser problemas!

“Por que você está em um arbusto?”

E a alma de Usopp deixou seu corpo.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Luffy riu enquanto observava seu atirador desmaiar. Usopp era um colírio para seus olhos. Então, Luffy cuidadosamente pegou o outro garoto e voltou para o navio. Ele sentiu Usopp instantaneamente – provavelmente porque ele já estava procurando pelo atirador, embora uma presença no mato fosse difícil de ignorar – e escapuliu do navio antes que alguém pudesse notar.

Bem, Sabo tinha notado, se levasse em conta que ele tinha olhado em volta alarmado antes de relaxar e suspirar.

“Luffy!” Cora-san gritou em alarme, olhando o garoto nos braços de seu filho. “O que você fez? Quem é esse?! Ele está bem!?”

Law sorriu, uma pontada de alívio em seu olhar enquanto analisava Usopp. "Inconsciente. Eu suponho que ele estava com medo.”

“Shishishi!” Luffy sorriu, “Este é o Usopp, ele é Nakama!”

Cora-san balançou a cabeça com um suspiro, sabendo que era melhor apenas concordar. Todo mundo que Luffy chamou de Nakama acabou se tornando um de uma forma ou de outra, afinal.

⊱ ────── {.⋅ RECOMPENSAS ⋅.} ────── ⊰

“Ne, ne,” Luffy disse enquanto olhava por cima do ombro de Ace, braços em volta do garoto (fisicamente) mais velho. “O que é isso?”

“É uma recompensa,” Ace olhou para o papel antes de olhar para cima, “Para aquele cara.”

“Eh?” Usopp questionou, olhando várias vezes para o papel e depois para a pessoa. “Esse é Klahadore, ele é o novo mordomo da família de Kaya.”

“Nah, esse é o Kuro.” Ace e Luffy declararam juntos, ambos cutucando o nariz.

“HAAAA!?”, gritou Usopp, entrando em pânico.

“O que está acontecendo?” Sabo perguntou, batendo o cano de metal em seu ombro enquanto se aproximava com seu sorriso confiante, quase arrogante.

“Tem um pirata fingindo ser um mordomo,” Ace disse, um sorriso de gato esticando seus lábios.

“Ele vale dezesseis milhões.” Luffy disse com um sorriso malicioso.

Sabo gargalhou, “O que estamos esperando?”

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Rosinante sabia que cabelos ficariam grisalhos bem rápido num futuro bem próximo.

“Isso é um pirata que vale dezesseis milhões?” Ele perguntou a seus filhos e companhia bruscamente, todos os aldeões assistindo em choque.

“Sim!” Luffy respondeu com seu usual sorriso.

“Ele tinha veneno com ele”, disse Law, analisando o frasco entre seus dedos.

“Ele estava envenenando aquelas pessoas ricas?” Sabo perguntou, como se esta fosse uma conversa cotidiana.

“Hm, provavelmente,” Law deu de ombros.

“Quem se importa!” Ace proclamou, “Temos que entregar esse cara! Ele vale um monte!”

“Shishishishi!” Luffy jogou as mãos para cima, “CARNE!”

Zoro simplesmente sorriu, cruzando os braços. Ele parecia ridículo com três espadas muito grandes amarradas ao seu lado, mas ele provavelmente causou o maior dano após o ataque furtivo de Sabo e Ace.

Quer dizer, ele causou quando chegou lá. Ele estava um pouco perdido, embora eles só tivessem dado uma volta.

Rosinante lamentou, esfregando o nariz. “Vocês meninos ainda vão me dar cabelos brancos…”

“Háhá!” Sabo jogou a cabeça para trás, “Cora-san é tão bobo!”

Rosinante contorceu o rosto, mas cedeu, “Tá bom, acho que isso nos dá uns três dias de comida talvez, mais alguns outros suprimentos …”

Ele ainda não havia superado o apetite dos irmãos ASL. Ele tinha medo de que um dia Law decida que precisa de dois javalis e meio para cada refeição como os outros três.

Chapter 16: Admiração, Beijos, Pais

Notes:

Luffy (20.5) 7.5
Law (27) 14.5
Sabo: 10.5
Ace: 10.5-11
Sanji: 9.5
Zoro: 9.5-10
Corazon 26.5

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ ADMIRAÇÃO ⋅.} ────── ⊰

Zoro respeitava seu capitão, Monkey D. Luffy. Ele o admirava muito e sua admiração não era algo fácil de ser conquistada, mas Luffy ganhou sem nenhuma dificuldade (já o cozinheiro? Zoro não suportava aquele bastardo que usava todas as oportunidades possíveis para lhe dar uma bicuda na cabeça, o filho da mãe), tão rápido que até lhe surpreendeu. Mas o espadachim não se arrependia de se juntar à tripulação do Chapéu de Palha, mesmo tendo somente três membros oficiais sem contar com o capitão.

Os irmãos eram um bando de loucos, todos monstros com forças surreais. Sanji era um pouco mais fraco do que Sabo e Ace (que geralmente empatavam um com o outro), saindo do placar das disputas, mas ele também estava ficando muito forte sob o treinamento de Luffy e Law.

Então, quando Law mencionou que Zoro voltaria para o dojô, o espadachim ficou confuso. Ele fazia parte da tripulação do Chapéu de Palha, não era? A tripulação de Luffy? Por que eles o mandariam de volta para sua ilha (não para casa, lá ele nunca realmente se sentiu em casa. Ele não tinha pessoas esperando por ele com sorrisos felizes e abraços amorosos, ele não tinha Cora-san ou os irmãos por lá. Sua casa estava com aquela inusitada e estranha família.) depois de todo esse tempo?

“Não sabemos de espadas!” Luffy disse quando Zoro questionou o motivo, deixando escapar sua típica risada “shi-shi-shi”, “Torao aprendeu sozinho, mas Zoro luta mais com suas espadas, então você precisa aprender essas coisas, né?”

“Não se preocupe,” Law sorriu para ele, os olhos brilhando com algo que parecia satisfação (como se ele estivesse feliz por Zoro estar tão preocupado em ir embora, como se ele se sentisse aliviado por isso), “Nós iremos buscá-lo no final do mês. Você não tem uma Akuma no Mi para lutar e a arte da esgrima é complicada.”

Zoro resmungou, cruzando os braços. “Okay.”

Ele admirava Monkey D. Luffy, seu capitão, com todo o seu ser. Se indo para sua ilha natal e aprendendo toda arte da esgrima, ele poderia ajudar Luffy a alcançar seu objetivo – ajudar Zoro a alcançar seu objetivo – ele certamente iria.

⊱ ────── {.⋅ BEIJOS ⋅.} ────── ⊰

Law se sentia... desconfortável ao olhar para Luffy de vez em quando. O Luffy com quem ele estava acostumado (aquele com quem ele lutou contra Doflamingo, aquele que dividiu sua cama com ele, aquele que morreu com o coração de Law em seu peito) era… bem, mais velho. Ele tinha o corpo definido, sua forma ágil, mas musculosa, e seu rosto livre daquela gordura de bebê de sua infância. Às vezes, Law pensava no Luffy que ele conheceu e conheceria novamente em breve, e ele se sentia culpado. Porque o Luffy que ele amava era uma criança agora – bem, pelo menos fisicamente, já que mentalmente tinha quase vinte e um anos. Então, sempre que Law pensava em qualquer tipo de carinho além de um abraço lhe deixava enjoado.

Os dois não tinham nenhum título explícito para o que eram. Law tinha o coração de Luffy e Luffy tinha o de Law. Luffy era de Law e Law era de Luffy. Simples assim, nenhum dos dois nunca viu necessidade de especificar quando eram conhecidos como Mugiwara no Luffy, Rei dos Piratas, e Cirurgião da Morte, Yonkou do Mar, e não precisavam de rótulos sendo conhecidos como dois dos membros do Quarteto de Monstros. Ambos sabiam que se amavam mais do que amavam qualquer outra pessoa e que estavam juntos.

Isso era tudo que eles precisavam, na verdade.

Eles se beijaram mais vezes do que Law poderia contar. Eles dividiram a cama por meses a fio, amontoados e abraçados porque Luffy amava o contato mesmo quando estava dormindo. Eles haviam perdido tanto em suas vidas – inclusive na amorosa – e às vezes Law se perguntava como teria sido se eles tivessem tempo (se eles não estivessem correndo para salvar suas malditas vidas, perdendo tripulantes e aliados num piscar de olhos) para se beijar como adolescentes entrando e descobrindo os prazeres da puberdade. Ou como seria fazer amor, suave e lento como fazem aqueles casais estupidamente apaixonados, em vez daquele prazer rápido e desesperado (temendo que, se parassem para sentir e demonstrar, seriam encontrados com as calças abaixadas para travar outra batalha) brigar como casais normais, gritar, amar, chorar e rir um com o outro.

Law poderia se perguntar, mas ele não agiria de acordo com esses pensamentos por um bom tempo. Suas idades e diferenças de idade (fisicamente. Afinal, se Luffy pôde sobreviver a uma guerra, matar, lutar e sobreviver como Law, sua diferença de idade realmente não importava) apenas tornava as coisas bem estranhas no momento.

Law realmente não se importava em esperar. Ele nunca esteve interessado em sexo até que ficar junto a Luffy e o mais novo nem conhecia todos as particularidades do assunto até a primeira vez apressada dos dois (que foi interrompida pelo ataque da marinha e acabou com o clima). Eles passaram vários anos sem se entregar a nenhum de seus impulsos românticos ou sexuais, então Law poderia continuar por mais algum tempo.

Mas ele não podia mentir, porque era verdade que sentia falta da proximidade que vinha ao compartilhar um beijo, não importa o quão casto. Não era como se ele e Luffy tivessem tanto tempo para trocar longos beijos quando viviam no Sunny (o Polar Tang há muito destruído), mas o amor, o cuidado e a preocupação que podiam ser sentidos em um único toque de lábios eram tão íntimos...

Law sentia falta de estar perto de Luffy, mais do que apenas fisicamente. Mas com os dois sendo tão jovens, era estranho demais.

“–rao~! Torao!”

Law pulou no lugar. Seus olhos focando em Luffy.

“Hm, o que foi?” Ele perguntou, acordando de seus pensamentos.

“Todo mundo já se foi, Torao!” Luffy bufou, preocupação brilhando em seus olhos, “O jantar está pronto.”

Law estava surpreso que Luffy não o havia deixado.

Luffy fez uma expressão de quem parecia estar ofendido, provavelmente sabendo o que Law estava pensando.

“Qual o problema, Torao?” Luffy perguntou enquanto Law se levantava, tirando a sujeira das calças antes de agarrar Kikoku.

“Nada, só pensando.” Law respondeu, “Vamos comer”.

“Torao,” Luffy estendeu a mão, agarrando o pulso de Law, que se virou, levantando uma sobrancelha.

O mais novo o agarrou e pressionou um beijo suave em sua bochecha antes de sorrir e caminhar alegremente em direção a cabana dos bandidos.

Sim, ele tinha sentido saudades disso, pensou Law enquanto puxava a aba do chapéu.

⊱ ────── {.⋅ PAIS ⋅.} ────── ⊰

Sabo nunca teve um pai.

Bem, okay, ele tecnicamente tinha um pai, mas Outlook não era realmente o que se esperava de um pai.

Os pais deveriam ser amorosos, confiáveis, fortes e durões, e deveriam apoiar seus filhos no que queriam fazer (dentro do razoável, é claro). Entretanto Outlook não era amoroso ou confiável, na verdade, ele era fraco e insignificante e queria que Sabo fizesse tudo que o beneficiasse, ignorando completamente os desejos e sonhos do filho.

Sabo nunca soube como era ter um pai de verdade até conhecer Cora-san.

O homem alto era caloroso e amoroso. Ele tinha orgulho deles, mesmo que não concordasse com o que faziam, e os apoiava, não importava o que acontecesse. Cora-san era um pai. O pai de Sabo e de seus irmãos.

Sabo amava Cora-san e sabia que seus irmãos também.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Ace odiava seu pai, e ponto final.

Gol D. Roger foi um homem terrível e um pai ainda pior. Ace o odiava, o detestava de todo o coração.

Talvez, se Roger estivesse presente, se Ace não tivesse crescido em uma montanha com bandidos que, até alguns meses atrás, o consideravam um monstro, talvez ele tivesse olhado para Roger e visto um pai. Mas Ace nunca pensaria naquele homem – se é que ele poderia ser chamado assim – como seu pai.

(Mal sabia Ace que, em seu décimo primeiro aniversário, Shanks sentaria com ele e os dois teriam uma longa conversa, pois o ruivo contaria uma longa história e Ace choraria; seus irmãos sorrindo enquanto ele admitia que estava feliz por estar vivo. Naquele momento, ele refletiria que talvez Roger não fosse tão terrível quanto ele havia imaginado antes. Porém essas dúvidas e ódio a si mesmo não iriam completamente embora, uma vez que as feridas eram muito profundas, mas saber disso foi o suficiente e seria por muito tempo.

Foi o suficiente até que Ace fosse forçado a se ajoelhar numa plataforma, uma guerra acontecendo diante de seus olhos, sua família e tripulação lutando por sua vida.)

Roger amaldiçoou Ace. Toda a existência de Ace foi uma maldição – ele nunca deveria ter nascido.

Ace era um demônio, sem mais nem menos, e a culpa era de Roger.

Sempre que Ace ouvia “Papai” ou “Pai”, seus lábios se curvavam em um sorriso de escárnio, e ele fazia quem for que mencionasse essas palavras desejar não ter feito isso com seu olhar. Ele odiava qualquer menção de pais.

Mas então veio Cora-san e sua personalidade carinhosa e alegre. Cora-san, que disse a Ace que o filho de Gol D. Roger merecia viver e começou a gritar sobre o sangue não importar quando Ace disse a ele que o filho de Roger era um monstro e não deveria estar vivo. Cora-san que tropeçava em nada, mas sempre estava feliz em ajudar Ace a aperfeiçoar sua forma de luta, até mesmo dando algumas dicas sobre seus chutes.

Cora-san, que era o pai de Ace.

E ponto final.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Luffy não sabe como um pai deveria ser. Ele nem conheceu seu próprio pai. O moreno sempre pensou que era órfão até que seu Avô soltou a bomba de que ele tinha um pai quando tinha dezessete anos. Antes, quando pensava em um pai, Shanks vinha a sua mente, porque o ruivo era tudo o que Luffy imaginava quando se tratava de figuras parentais.

Só que Luffy nunca se importou por não ter um pai ao seu lado, porque ele tinha seus irmãos.

Ace se importava com seu pai – não por amá-lo, não, mas ele se importava com quem ele era. Ace realmente odiava seu pai, e Sabo sempre estremecia, medo e ódio nublando seus olhos quando seu próprio pai era mencionado. Luffy nunca teve ideia de como era ter um pai nem que fosse para odiá-lo.

Mas agora, nesta vida, Luffy tinha Cora-san. Cora-san, que foi a única pessoa que surgia na cabeça de Luffy quando ele pensava em um pai. Shanks estava claramente apaixonado por Cora-san assim como Cora-san estava por Shanks. E porque Cora-san era o pai, isso significava que Shanks tinha que ser a mãe, obviamente.

Nesta vida, Luffy tinha orgulho de dizer que seu pai era Cora-san, o homem amoroso que cozinhava para ele e o ajudava a treinar e lhe dava os melhores abraços.

E ele estava contente com isso.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Law, desde que se lembrava, sempre pensou em Cora-san como seu pai. Suas memórias sobre seu pai real eram um pouco nebulosas, mas Cora-san sempre foi uma forte presença na vida de Law, mesmo em sua morte.

Afinal, Law só estava vivo por causa de Cora-san.

Cora-san que estava disposto (provavelmente ainda está) a morrer por Law para que ele pudesse comer sua fruta e viver.

Cora-san que deu a ele os sorrisos mais brilhantes, os abraços mais carinhosos e teve uma das presenças mais fortes na vida de Law.

Law olhou para Cora-san e viu seu pai. Ele não tinha problemas em proclamar isso.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Rosinante sorriu enquanto seus meninos comiam com o vigor habitual, Shachi e Pinguim brigando pelo ensopado de javali e Bepo pegando a panela de peixe para si. Luffy, Ace e Sabo, é claro, pegaram tudo o que podiam, enquanto Law roubava de seus pratos.

Era uma visão agradável, uma que Rosinante passou a apreciar.

“Obrigado pela comida, Pai!” seus quatro filhos disseram a ele, todos sorridentes com olhares suaves.

Sim, o queixo de Rosinante caiu, seus olhos se arregalaram e seu dedo apontou para seus meninos bagunceiros quando o que eles disseram começou a ser processado por sua mente. E então ele sorriu, com lágrimas nos olhos enquanto empurrava mais comida para seus quatro meninos, seu coração quentinho e maquiagem talvez um pouco manchada.

E claro, Rosinante ligou para Shanks mais tarde para contar tudo sobre o evento, talvez só um pouco emocionado.

E óbvio, Shanks reclamou de não ser um pai também, e talvez Rosinante tenha dito a ele que ele ainda era o pai dos meninos.

E isso fez Rosinante pensar, eles tiveram quatro filhos juntos!?

(Ele realmente gostava de como isso soava. Muito mesmo.)

⊱ ────── {.⋅ OMAKE ⋅.} ────── ⊰

“Ei, Tio Shanks!”

Shanks se encolheu. Ele queria ser o Pai Shanks, não o Tio Shanks. Pai Shanks fazia parecer que era casado com Corazón e era isso que ele queria!

“Mãe!” Luffy exclamou alegre, e definitivamente não, Shanks não chorou por ser chamado assim pela criança (pelo seu filho).

Ele não tinha chorado!

(Mas Benn tinha fotos.)

(Um ano depois, Shanks totalmente não subornou Luffy para chamá-lo de "pai" em vez de "mãe" com um pedaço de carne de porco. E não, Corazón não engasgou com seu cigarro em estado de choque, porque pensou que isso praticamente os fazia casados, okay?!)

Notes:

PS: Gente, para quem acompanha, eu peço desculpas pelo atraso na tradução desse capítulo, tive que viajar para resolver um problema de família e fiquei sem acesso a um computador. Entretanto, já voltei e vou dar segmento aos capítulos de preferência com a mesma frequência de antes.

Chapter 17: Ouro, Educação, Escrita

Notes:

Luffy: (21.5) 8
Law: (28) 15
Bepo:12
Ace/Sabo/Penguin/Shachi/Kuina: 11
Zoro/Sanji: 10
Usopp/Nami: 8-9
Corazon: 27
Shanks: 28

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ OURO ⋅.} ────── ⊰

Sanji gargalhava alto enquanto corria para longe dos bandidos que o perseguiam, o vento soprando em seu cabelo e fazendo os fios dourados voarem enquanto ele chutava uma árvore à sua direita, pegando impulso para saltar. A bolsa em suas mãos foi jogada para o ar, e ele sorriu quando colocou o pé no ombro do primeiro bandido, empurrando-no em direção de outro que vinha logo atrás, para em seguida se contorcer no ar e bater com o lado do pé na cabeça de mais um desavisado.

Aterrissando suavemente, Sanji agarrou o saco do tesouro antes que pudesse cair e correu entre arbustos e árvores. Ele percorreu um longo caminho de volta para o esconderijo apenas no caso de alguém tentar segui-lo (mesmo sendo improvável com seu Haki de Observação ativo, mas era melhor prevenir do que remediar) e rapidamente escalou a grande árvore que abrigava a sua casa. Essa árvore servia como a pequena base de todos eles, onde guardavam tesouros e livros – tudo o que eles precisariam para se tornarem piratas; mapas e livros de navegação e medicina eram o que eles mais tinham.

A maior árvore da floresta servia para eles como local de descanso e relaxamento. Sanji não chamaria de lar, mas ao mesmo tempo era um dos lares deles. A cabana dos Bandidos (na qual eles não dormiam por não ter espaço suficiente) também era a casa deles. A primeira casa na árvore não era grande o suficiente para eles, pois seu pequeno grupo crescia e crescia. Todavia, esta agora tinha três andares.

O primeiro nível era o mais próximo do solo, o local onde eles tinham muitas armadilhas e uma espécie de sala para relaxar. Sofás roubados de nobres (Sanji ainda se lembrava das gargalhadas diabólicas de Luffy e Sabo quando voltavam para casa carregando um sofá sobre suas cabeças) e tapetes colocados no chão junto paredes cheias de pinturas (feitas por Makino ou, mais uma vez, roubadas de nobres. Sanji estava começando a ver um padrão) tornando o ambiente mais agradável.

(Sani perguntou por que não havia muitas janelas uma vez, e três dos quatro irmãos responderam “Inverno” como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Sanji não tinha entendido, mas confiava neles.)

O andar seguinte servia como um dos quartos de dormir, grandes com janelas de madeira que serviam para quebrar o vento gelado das estações frias e a água torrencial das estações chuvosas. O chão era apenas uma grande bagunça de roupas de cama e travesseiros, mas era a casa deles. Por fim, o nível superior servia como torre de vigia (embora eles não pudessem ver muita coisa sem aquele telescópio que Sabo encontrou no Terminal Gray no mês passado) e o quarto para os irmãos e os outros poucos que cabiam lá em cima.

Os irmãos geralmente acabavam se juntando a eles na sala principal de qualquer maneira, então a sala era geralmente usada por Law e Luffy à noite. Sanji tinha sono leve, praticamente o contrário de todos os outros naquele estranho grupo que formavam, e ele sempre acordava quando aqueles dois escapavam e subiam a escada que os ligava ao último andar.

Sanji nunca ouvia o que eles falavam, suas vozes sempre abafadas, mas eles sempre soavam tão preocupados – às vezes zangados ou tristes, e Sanji não gostava nem um pouco disso. Embora ele gostasse mais de garotas (sua mãe era uma garota e ela era a melhor pessoa do mundo. Os garotos eram maus, como seu pai ou seus irmãos -- mas seus nakama eram ótimos, mesmo que fossem garotos), ele se importava profundamente com Luffy e Law – seu capitão e seu salvador.

Sanji se perguntava o que sempre os preocupava tanto, especialmente quando eles nunca falavam uma palavra sobre isso com ninguém. Mas, se eles queriam manter isso em segredo, não cabia ao loiro contar a ninguém sobre isso.

O mini-chef subiu o último degrau da escada escondida e entrou na sala onde estavam seus nakamas. Todos os olhos se voltaram para ele, e Sanji orgulhosamente colocou o saco de ouro no chão.

“Ah,” Luffy resmungou, olhando para sua bolsa menor.

Ace bufou, “Eu sabia que deveria ter ido para o outro lado,” completou, murmurando.

Sabo ria enquanto Law dava a Usopp um olhar de “isso é sua culpa”, sua tripulação rindo dele, todos os três com sacolas maiores do que as de Law e Usopp juntas.

“Parece que ganhei, Cook”, disse Zoro com orgulho.

Sanji zombou.

Ele não se importava muito com Zoro – mas ele ainda era Nakama.

“Você apenas teve sorte,” Sanji cuspiu, “Marimo.”

"Eh? Você quer dizer isso de novo, tampinha!?”

“Eu te chamei de Ma-ri-mo, o quê?! Você é surdo também!?”

“Shishishishi!”

⊱ ────── {.⋅ EDUCAÇÃO ⋅.} ────── ⊰

“Vocês todos têm péssimos modos”, disse Kuina, em seu terceiro dia com os meninos.

“Piratas não precisam de boas maneiras”, disse Sabo, um tom de voz que fez os outros pausarem.

“É, isso aí que o Sabo disse,” Ace sorriu, “Boas maneiras são uma perda de tempo para os piratas!”

“Mas você não precisa agir como porcos!” Kuina cruzou os braços, “Você comeu toda a minha comida! Estava na minha mão!”

“Shishi! Você não foi rápida o suficiente!” Luffy riu, ainda roendo um osso.

Kuina bufou, “Ah é? Então, por favor, diga-me, capitão, por que tenho que comer rápido?” ela perguntou, muito sarcasticamente.

Zoro sorriu, exibindo os dentes, “Ajuda nos reflexos.”

Todos ao redor do fogo assentiram. Kuina fez uma pausa, “Você está falando sério?”

“Luffy, Ace e Sabo vão tirar comida de todos.” Law se intrometeu, mastigando o último pedaço de carne – o qual ele também pegou de outra pessoa, então não era como se ele pudesse falar alguma coisa, pensou Kuina consigo mesma. Embora seu apetite fosse certamente menor do que o de seus irmãos – ainda maior do que a média, no entanto. “Esses caras só fazem isso por treinamento.”

Kuina resmungou, “Ainda sim, é falta de educação tirar comida da mão de alguém.”

“Seja mais rápida, então.” Ace disse brutalmente.

Com uma carranca, ela deu um soco na cabeça do menino. Todos sabiam que ele poderia ter se esquivado, até mesmo Kuina, mas ele se deixou bater. Isso a fez se sentir abaixo dele, o que fez sua carranca aumentar ainda mais.

Seu treinamento de Haki não estava indo bem – ela não estava nem perto de seus companheiros de tripulação ou dos irmãos. Luffy – seu capitão – e Law estavam anos luz à frente de todos os outros, até de Ace e Sabo – as duas pessoas mais fortes com quem ela já lutou.

Kuina estava determinada a se tornar forte, a espadachim mais forte de todos os tempos! E Luffy era a pessoa mais forte que conhecia (ela ainda não tinha certeza de quem era o mais forte entre Law e Luffy, então naturalmente ela optava por Luffy, já que ele era seu capitão) então ele era seu objetivo.

Mas ainda assim, “TENHAM UM POUCO DE EDUCAÇÃO!”

⊱ ────── {.⋅ ESCRITA ⋅.} ────── ⊰

Cora-san tinha uma letra muito bonita. Ace geralmente não se preocupava com a forma como escrevia, não é como se ele fizesse isso com frequência. Ele sabia ler e escrever muito bem graças a Sabo – que ensinou a ele e a Luffy antes de todos os outros amigos e irmãos chegarem. O papel que eles tinham disponível era limitado antes de conseguirem um grupo tão grande de nakamas, então escrever qualquer coisa era raro.

Mas Cora-san enviava cartas para Shanks e sua tripulação o tempo todo, às vezes Ace assistia, observando a caneta deslizando graciosamente pelo papel – tal graça que geralmente faltava a Cora-san fora da batalha – e ele sempre ficava impressionado pela letra tão bonita.

Eram linhas grossas e sinuosas que eram uniformes e nítidas. Quando Ace perguntou, Cora-san lhe disse que era como se escrevia com letra cursiva, enquanto esfregava timidamente o pescoço explicando que era o que ele havia aprendido com sua família original (Dragões Celestiais, algo que Cora-san odiava mais do que Ace odiava Roger, o que de certa forma era impressionante. Talvez esse seja o motivo pelo qual Ace sempre se sentiu à vontade com Cora-san, porque ele sabia o que era odiar o sangue que corria em suas veias) e ele nunca deixou de escrever assim, porém a letra foi se adaptando ao longo dos anos para se tornar algo que tivesse um toque especial próprio.

(Law tinha o nome de Cora-san tatuado no peito com a mesma escrita cursiva, e o loiro sempre chorava quando via.)

“Ei, Cora-san,” Ace perguntou, encontrando olhos castanho-avermelhados que olhavam para ele com curiosidade. O menino sabia que seu rosto estava vermelho, mas era porque se sentia envergonhado por perguntar isso ao mais velho. “Você pode me ensinar isso aí?”

Cora-san, a única pessoa que Ace chamaria de pai de todo o coração, sorriu para ele. “Claro que posso, Ace!”

Oito anos depois, Rosinante receberia uma carta em letra cursiva fina e nítida (em uma escrita tão parecida com a dele) onde estaria escrito que Ace finalmente entendia o que era estar apaixonado, e Rosinante sorriria.

Notes:

PS: Eu não sei vocês repararam, mas tanto o Shanks, quanto o Marco tiveram suas idades diminuídas para fazerem o par com Rosinante e Ace. A Vallmo chega a comentar isso em um dos capítulos, mas só estou deixando claro.

Chapter 18: Crushes, Cartas de Ajuda, Confissões

Notes:

Ace: 19.5
Sabo: 19
Luffy: (29.5) 16
Law (36) 23

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ CRUSHES ⋅.} ────── ⊰

Ace realmente não entendia por que seus novos companheiros de tripulação trocavam olhares maliciosos sempre que ele ficava perto de Marco. O mais velho foi a primeira pessoa no navio em quem Ace realmente confiou, e nesse ano e meio em que fez parte da tripulação, essa confiança só cresceu.

E com todo seu histórico, confiança não era algo que ele facilmente dava, levou meses para poder realmente confiar nos Piratas Spade antes de se juntarem ao Barba Branca. Ace não podia simplesmente confiar em qualquer um, não como ele confiava em seus irmãos e Cora-san, mas Marco era surpreendentemente fácil de se aproximar – confiar, cuidar. Ace ainda não sabia como se sentia sobre isso.

Marco realmente era uma pessoa maravilhosa, mas ele fazia Ace se sentir um pouco mal, como se estivesse doente. O que era estranho, já que ele só ficou doente umas quatro vezes na vida no máximo.

Havia tantas pessoas a quem Ace poderia recorrer e tirar suas dúvidas - Makino, Cora-san, Sabo, Law, Sanji, Penguin, Bepo, Shachi, e, cacete, até Luffy - mas ele se viu ignorando todas aquelas pessoas em sua vida em quem confiava e foi direto para seu capitão. Grandpops era alguém em quem ele confiava muito, quase tanto quanto Ace confiava em seus irmãos (o que não era algo que as pessoas conseguiam alcançar porque o nível de confiança que tinha naqueles quatro (mais Cora-san) era impossível de se mensurar), então o moreno sabia que sempre poderia contar com seu Vô para desabafar suas preocupações.

“Ace, algo parece te incomodar. O que é?” Barba Branca perguntou no momento em que Ace se sentou ao pé de sua cama.

“Alguém que eu conheço me faz passar mal,” O moreno deixou escapar, um rubor subindo em suas bochechas quando Barba Branca ergueu uma sobrancelha.

“Ah,” O capitão tinha aquele brilho de diversão em seus olhos, "E passar mal como, meu neto?”

“Eu – bem, meu estômago fica todo,” respondeu, enquanto movia suas mãos ao redor, “Revirado? E eu não consigo pensar direito, e eu, uh, mas eu realmente confio nessa pessoa... ”, ele torceu as mãos, o rosto vermelho enquanto desviava o olhar do de seu capitão.

“Entendo”, disse Barba Branca, “E quem causa isso?”

Ace olhou para ele, “Você sabe por que isso acontece?”, perguntou, esquivando-se da pergunta.

O capitão riu, levantando seu saquê. “Você já amou alguém, Ace?”

“Meus irmãos e meus pais.” Ace respondeu, inclinando a cabeça.

Barba Branca fez um som de ponderação, “E você já gostou de alguém para ser mais que amigo?”

“Como assim?” Ace perguntou.

“Gostou romanticamente.” Barba Branca acenou com a mão grande, “Como se você quisesse sair com alguém, se casar, ou qualquer coisa parecida.”

Ace pensou nisso por um momento. “Sim.” Ele sentiu algo assim com Sanji uma vez, quando eles eram jovens. Foi muito embaraçoso, e seus sentimentos acabaram indo embora depois de alguns meses, mas isso não impediu Law de o provocar constantemente durante todo o período.

“Esses sentimentos são parecidos com o que Marco te faz sentir?” Barba Branca perguntou.

“Huh, sim,” Ace disse, piscou e então apontou com o rosto completamente vermelho, “E–Espere, eu nunca falei que era o Marco!”

“Gurararara! Eu consigo perceber, meu garoto!” Barba Branca riu, enquanto o moreno fazia uma carranca.

“Então eu gosto do Marco?” Ace perguntou mais para si mesmo do que para o capitão. "O que eu faço agora?"

“Você pode dizer a ele como se sente,” Barba Branca sugeriu, “ou você pode apenas guardar para si mesmo.”

“Mas esses sentimentos não vão embora?” Ace perguntou. “Eles foram da última vez.”

“Só o tempo dirá”, disse o capitão, sorrindo de forma tranquilizadora, “Seja o que for que você escolher fazer, não se arrependa.”

Ace não vive para se arrepender; ele prometeu a seus irmãos que não teria arrependimentos. Então, o moreno simplesmente sorriu e acenou com a cabeça e desejou uma boa noite para seu capitão. Ele saiu do quarto e sorriu enquanto se virava para ir para a ala dos comandantes.

Ele ia contar a Marco como se sentia. Não podia ser tão difícil, né? E se Marco não gostasse dele de volta, tudo bem, pelo menos ele tentou, né? A próxima vez que visse Marco, Ace definitivamente iria contar a ele como se sente!

“Ace, não sabia que você estava aqui, yoi.”

“Hã~, é~, Marco, que surpresa te ver por aqui!” Ace gaguejou, esfregando o pescoço, “Hm, foi bom te ver! Estou indo para a cama, boa noite!”

Okay, então se confessar era mais difícil do que pensava...

⊱ ────── {.⋅ CARTAS DE AJUDA ⋅.} ────── ⊰

Law resmungava para si mesmo enquanto tirava as luvas ensanguentadas de seus dedos, depositando-as no lixo ao lado da pia antes de abrir a água quente da torneira. Ele estava muito cansado, a cirurgia durou mais do que ele esperava devido a algumas complicações com os pulmões do paciente quando estavam no meio da cirurgia, o que fez usar a maior parte de sua energia.

Esfregando o sabão de suas mãos e permitindo que a água quente formigasse em suas mãos frias, Law soltou um suspiro de contentamento. Luffy poderia ligar para ele amanhã para contar sobre como sua tripulação estava indo, bem como atualizá-lo sobre a busca de Shanks e Rayleigh pela Yami Yami no Mi.

Law também está procurando pela fruta, mas o Novo Mundo era enorme apesar dele estar mirando principalmente no território do Barba Branca. Claro que não ajudava que ele precisava ficar nas sombras com Doflamingo o procurando e que ele não queria que as pessoas soubessem que ele estava por aquelas águas. Ele não tinha ideia de onde essa merda de fruta poderia estar, e o dia do desastre estava se aproximando mais rápido do que ele gostaria.

Mas, por enquanto, Law foi para seus aposentos. Afinal, tinha acabado de sair de uma cirurgia, ele precisava descansar.

“Capitão!”

“Caralho”, Law sibilou, virando-se para enviar um olhar cortante para Shachi enquanto o outro entrava na sala, “Que que foi?”

“Você recebeu uma carta de Ace,” Shachi disse, levantando o envelope que tinha um rosto sorridente e outro carrancudo desenhado sobre o papel selando a carta com segurança. Todos eles tinham desenhos próprios que mostravam quem estava enviando o quê, algo que eles faziam para o caso de alguém (seja a Marinha ou algum pirata) acabar com o News-Coo ou a carta. Eles raramente assinavam as cartas também, só para garantir.

(Em suas cartas, Luffy tinha coroas com uma fita vermelha enrolada em torno dela para representar seu chapéu de palha – e seu título de Rei. Sabo usava uma mão de dragão assinada em azul, Cora-san cobria suas cartas com corações e Law cobria suas com pontos.)

Law resmungou e acenou para Shachi colocar a carta em sua mesa. Ele iria ler depois que dormisse um pouco.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

O arco que o café fez ao deixar a boca de Law foi impressionante, Shachi tinha certeza que nunca tinha visto seu capitão cuspir café, e ele o conhecia desde sempre. Isso significa que o que quer que fosse o que Ace havia escrito foi um grande choque para o capitão que era normalmente reservado.

Do outro lado do refeitório, Law, porém, estava sentindo seu cérebro dar tela preta e reiniciar lentamente.

Ele leu certo? Nah, ele não poderia ter lido isso.

Meu irmão mais velho favorito, estou apaixonado pelo Marco e preciso de ajuda. Muita ajuda.

Law releu a frase uma, duas, três vezes e, sim, ele tinha lido certo. E essa era a caligrafia de Ace, o que significava que não foi outra pessoa que enviou a carta. Puta merda, por quê. O que em toda a Grand Line fez Ace pensar que ele poderia enviar isso para Law, de todas as pessoas, e esperar algum tipo de ajuda?

Law perguntou isso em sua resposta na próxima carta manchada de café.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“O que ele quer dizer com que ajuda ele poderia dar?” Ace sibilou, olhando para a carta que seu irmão lhe enviou. “Você sabe de tudo!”

“Woah, calma lá, Ace, o que aconteceu?” Thatch perguntou levemente, jogando um braço em volta do ombro de Ace e olhando para a pequena carta.

“Pedi ajuda ao meu irmão e ele me chamou de idiota!” Ace bufou, “Só que Torao sabe de tudo, então faz sentido eu perguntar para ele!”

Thatch apenas piscou, os olhos nas palavras escritas preguiçosamente, a tinta borrada e o papel manchado no que parecia ser café ou talvez chá, e seus olhos se arregalaram comicamente.

Se você está apaixonado por alguém, deixe de ser fresco e diga logo para ele. Você é um idiota se acha que poderei ajudar com suas paixonites de adolescente. Deixe-me dormir depois das cirurgias, vá incomodar o papai.

Além disso, sou seu único irmão mais velho, se você pretende me subornar, faça direito.

“Paixonite,” Ace bufou, pegando um pedaço de papel ao lado dele e uma caneta, enquanto Thatch pegava a carta e lia novamente, “Babaca.”

“Uh, Ace?” Thatch perguntou, olhando para seu irmão mais novo, “Você gosta de alguém?”

“Acho que óbvio, né, Thatch,” Ace bufou, torcendo a mão para escrever habilmente “Vai Se Fuder” no papel em palavras garrafais.

“De quem?” Thatch sentiu um sorriso se abrir em seus lábios. Oh-ho, se Ace falasse que gostava de Marco, Thatch não teria mais que assistir aos suspiros irritantes do médico. “Alguém do navio?”

Ace continuava resmungando para si mesmo, ao mesmo tempo que pegava um envelope e desenhava dois rostos nele antes de selá-lo. “Sim”, ele murmurou.

“Ah~?” Thatch se inclinou mais em seu espaço, “Quem é?”

Ace olhou para ele com cara de tacho, “Izou.”

Thatch caiu, “Hã?”

Ace sorriu, “Você me ouviu.”

Thatch ficou boquiaberto. Oh, ele com certeza não contaria isso para Marco.

Mas para Izou? Ele totalmente contaria para Izou.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

“Você não está apaixonado por mim, né?” Izou perguntou, com seu olhar afiado. “Você disse isso a Thatch para que ele te deixasse em paz.”

“Puff, óbvio,” Ace murmurou, olhando para o comandante, “Ele ia ficar me atazanando.”

“Você tem razão,” Izou sorriu de lado, “Então, você talvez esteja apaixonado por quem te enviou isso?”

Um envelope branco coberto de corações vermelho-rosado foi puxado de sua manga, e Izou sorriu, seu olhar sempre observando os mínimos detalhes. Havia um brilho esperançoso neles, Ace notou, mas ele estava muito ocupado sorrindo para a carta.

“Isso é do meu pai.” Ele disse, estendendo as mãos para a carta.

“Hm?” Izou lhe entregou, deslizando para se sentar ao lado de Ace.

Ace não parecia se importar com o fato de Izou estar planejando ler por cima de seu ombro e simplesmente abriu o envelope com uma gentileza surpreendente.

Você está o quê?

Foi a primeira coisa escrita, e Izou praticamente podia ver um homem em choque.

Oh, meu bebê cresceu tanto! Me diga, ele é um homem é bom? Eu sei que você não gosta muito de pessoas! Então, este homem deve ser muito especial, mal posso esperar para conhecê-lo! Não sei se aprovo ainda, mas vou perguntar a Shay sobre quem você está interessado, tenho certeza que ele o conhece.

Mas, se você quiser se confessar, nem sempre precisa ser cara a cara. Você tem problemas com esse tipo de coisa, então tente escrever uma carta para ele, ou talvez dê um presente? Se você acredita no que está sentindo, vá em frente.

Já contei sobre a visita de Shay? Ele acabou de sair da ilha, mas me disse que me amava! Quão romântico é isso tudo?! Ele até propôs! Mas eu disse que não, é muito cedo, sabe, e seria muito difícil com ele navegando no Novo Mundo. Não nos vemos com frequência e não tenho certeza se o casamento é a melhor coisa para nós agora. Mas mal posso esperar para quando estivermos realmente prontos para casarmos!

A carta terminava com outra Você e seus irmãos estão ficando tão grandes! antes de ser assinada com um coração. Izou assumiu que o coração era apenas um símbolo para manter a identidade do homem desconhecida e puxou seu leque de madeira.

Izou sorriu com o amor que pôde ver claramente ao longo da carta, especialmente quando o homem escreveu sobre esse tal de “Shay”. Foi fofo, lembrava um pouco de Marco quando ele começou a orbitar ao redor de Ace.

(Mas, quando Izou pensou nisso mais tarde, ele se perguntou se conhecia esse Shay. Não havia recompensas para esse cara, mas se ele está navegando no Novo Mundo, ele deveria ter uma.)

“Talvez escrever uma carta seja uma boa ideia?” Izou ofereceu. “Claro, parece um pouco mais impessoal, mas, aparentemente, você tem problemas com as coisas cara a cara”.

Ele guardaria essa informação com certeza.

Ace bufou, “Eu posso fazer isso,” ele disse, principalmente para si mesmo. Izou sorriu.

“Aqui, deixe-me ajudá-lo com o que você vai escrever.” Izou disse, pegando um pedaço de papel da mesa de Ace, “Para quem estou escrevendo?”

Ace corou, “Eu posso escrever–”

Izou levantou uma sobrancelha, “Para quem estou escrevendo, Ace?”

“Marco,” Ace murmurou.

Izou sorriu largamente, “Perfeito, agora então, vamos começar com o que você quer dizer.”

⊱ ────── {.⋅ CONFISSÕES ⋅.} ────── ⊰

Hoje era o dia. Marco iria confessar seus sentimentos para Ace. Ele não queria pensar na reação do moreno, ele simplesmente iria desabafar. Ace poderia muito bem não gostar dele dessa maneira, e Marco entenderia – ele era pelo menos quinze anos mais velho que o Comandante da Segunda Divisão, e isso podia ser algo que deixasse o outro incomodado. Além disso, Marco era a segunda maior autoridade do navio, alguém que já havia navegado pelos mares quando o Gol D. Roger ainda estava vivo, era complicado namorar um superior, né?

Ah, Marco estava ficando com medo de novo...

“Marco, você queria falar comigo?” Ace lhe perguntou, parecendo estranhamente nervoso.

Marco levantou a mão, esfregou o pescoço e resolveu tirar o curativo de uma vez, “Ace, eu gosto de você.”

Ace piscou para ele, seus olhos se movendo ao longo do rosto de Marco enquanto processava. Seu rosto corou e seus olhos prateados se arregalaram, sua boca se abrindo enquanto ele olhava para o mais velho.

“Ti–Tipo,” a mão de Ace voava pelo ar, “Gosta mais do que…”

"Sim, eu realmente gosto de você Ace." Marco disse, “Eu entendo se você não sente o mesmo, eu só queria te dizer.”

Ace abaixou a cabeça timidamente, torcendo as mãos, e Marco esperou que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa. E então as mãos de Ace foram para o bolso do short, onde retirou um envelope rapidamente e o entregou a Marco, o rosto escondido por mechas escuras e pela aba do chapéu.

Marco rasgou nervosamente o lacre e desdobrou a carta. A papelada de Ace era sempre apressada, escrita em linhas rápidas com tinta borrada e letras grossas e manchadas, mas havia momentos em que Marco lia seus relatórios e via uma letra cursiva que não parecia ser a caligrafia de Ace. Esta carta, no entanto? Marco reconheceu o estilo de escrita como aqueles raros relatórios, palavras claras e finas escritas graciosamente. O estilo era familiar, ele pensou como sempre fazia quando o via, mas não conseguia identificar o porquê.

Mas Marco não estava realmente focado nisso, somente no que a carta dizia.

Não sou muito bom com sentimentos, escreveu Ace, mas eu gosto muito, muito de você.

E Marco não precisava terminar o resto da carta agora. Ele sorriu, azul encontrando prata, e Ace sorriu de volta timidamente.

Parece que Marco estava preocupado por nada, ele pensou quando Ace o agarrou para um abraço.

⊱ ────── {.⋅ OMAKE ⋅.} ────── ⊰

“Oh-ho~ Marco, você tem um admirador secreto?” Thatch provocou, levantando a carta que viu na mesa de Marco. O sorriso do chef se alargou quando ele leu a carta, a caligrafia desconhecida para ele, mas as palavras tão doces que ele ficou com diabetes só de ler. “Não se esqueça de descansar, eu sei que você vai ficar acordado cuidando da papelada de novo! Eu te amo! Oh, Marco, por que você não me disse que encontrou alguém? O que aconteceu com Ace!”

Marco encarou o Comandante irritado. "Olhe direito para carta, idiota."

Thatch levantou a sobrancelha e examinou a nota novamente. O final da página tinha um pequeno símbolo, um rosto sorridente e outro carrancudo.

“O que eu deveria…” Thatch ficou boquiaberto. “ACE ESCREVEU ISSO!?”

"Huh, eu escrevi o quê?" Ace bocejou, entrando na sala.

Thatch continuava boquiaberto, erguendo a carta. Ace sorriu sonolento, “Sim, um tempo atrás,” concordou, caindo na cama ao lado de Marco.

“QUANDO ISTO ACONTECEU!?”

“Uh,” Marco murmurou em seu travesseiro, “Alguns meses antes de Teach.”

“HÃ!?”

Chapter 19: Luto, Amor

Notes:

Luffy: (21) 8
Law: (28) 15
Bepo: 12
Ace/Sabo/Kuina: 11
Zoro/Sanji/Shachi/Penguin: 10
Usopp: 8
Corazon: 27

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ LUTO ⋅.} ────── ⊰

Rosinante franziu a testa de onde estava sentado. Ele não conseguia se concentrar em nada recentemente, sua mente sempre à deriva. Mesmo durante as ligações de Shanks, que Rosinante sempre amava receber, ele não conseguia prestar atenção. Shanks não podia ligar o tempo todo, sendo um Yonkou, ele tinha deveres que precisava cumprir, e outras tripulações piratas sempre tentavam desafiá-lo, então ele geralmente estava bastante ocupado. Mas, de alguma forma, o ruivo sempre conseguia ligar para ele pelo menos uma vez a cada duas semanas e Rosinante adorava quando o Den-Den tocava e a voz de Shanks chegava aos seus ouvidos.

Mas Law estava agindo de forma estranha há um tempo e Rosinante estava preocupado.

O moreno sempre foi um enigma difícil de se decifrar, e nos últimos dias, ele parecia ter ficado mais... retraído. Rosinante conhecia seu filho há muito, muito tempo, e sabia quando o adolescente tinha algo em sua mente. O loiro viu Luffy propositalmente puxar uma conversa sobre medicina ontem – uma em que ficou acordado o tempo todo –, então Rosinante sabia que não havia sido o único que tinha percebido a diferença.

Ele também sabia que não era a melhor figura parental. Afinal, tinha ensinado para as crianças como esconder suas presenças e como mentir (bem, se até Luffy ficou um pouco melhor, o loiro achava que tinha sido um sucesso). Ele os ensinou a lutar, e até como ler as pessoas, descobrindo suas intenções. Rosinante sem dúvidas se sacrificaria por seus filhos; ele os cobria à noite quando ia checá-los antes dele mesmo ir dormir; ele já enfaixou seus ferimentos; lutou contra bandidos que pensaram que poderiam tentar ir atrás dos seus meninos; e ele os aconselhou em tudo o que precisavam de ajuda.

Todavia ele não era o melhor modelo, pois era desajeitado, não podia fumava sem se preocupar em pegar fogo, e deixava os meninos – e pior ainda, os encorajava a – lutarem e os ensinava a aproveitar ao máximo o movimento do adversário, a acertar todos os lugares certos, e como equilibrar seu próprio peso para fazer com que seus ataques tenham mais força.

Mas Rosinante amava aquelas crianças. Ele realmente os amava de todo o coração.

Antes de Law, Rosinante era uma pessoa vazia. Ele era apenas uma casca de quem ele costumava ser. Ele era conhecido como um traidor da marinha, sua família pensava que ele havia os traído, e seu contato com seu Pai (com Sengoku, seu superior que o ordenou naquela missão sabendo muito bem que Rosinante se tornaria essa pessoa vazia e terrível) era muito limitado.

Rosinante foi Corazón, um abusador de crianças, alguém que não dizia uma única palavra. E então Law o esfaqueou, e o loiro viu tanta dor nos olhos daquela criança; foi como se o pequeno tivesse reconectado em Rosinante tudo que um dia ele já foi. Corazón tornou-se Rosinante mais uma vez, aquele que fez de tudo para proteger esse garotinho que o fez perceber que ele não era tão vazio quanto ainda sentia.

E desde então, Rosinante sentiu tudo muito intensamente. Lentamente, suas intenções mudaram junto com seus sentimentos, e ele percebeu que Law era seu filho. Seu tesouro valioso pelo qual morreria.

Nada além de Law importava quando Rosinante percebeu isso. Nem sua dívida com Sengoku, nem sua família adotiva, nem mesmo sua própria vida.

E então eles foram salvos, ambos tiveram a chance de viver, e Rosinante recebeu mais três filhos – quatro meninos no total que importavam mais para o loiro do que sua própria vida.

Rosinante nunca tinha visto Law tão feliz, correndo com seus irmãos com um pequeno sorriso, as manchas de seu corpo desaparecendo lentamente de sua pele – e aquele pequeno, mas tão deslumbrante sorriso dirigido ao loiro, amor e carinho em seus olhos dourados que costumavam ser preenchidos com apenas dor e ódio.

E então Law voltou para casa com uma tatuagem; Corazón escrita no peito com a caligrafia de Rosinante, e o loiro chorou, porque sempre tinha visto Corazón – o abusador de crianças mudo que odiava tudo e todos, alguém que era vazio – como um monstro, como um ser diferente de si. Não importava que seus filhos e seus amigos o chamassem de Cora-san com tanto amor e respeito em suas vozes, nem importava que Shanks o chamasse de Cora com um sorriso suave, Corazón era um pirata que queria que o monstro de seu irmão cuidasse dele, como se fosse uma criança novamente.

Mas aquela tinta no peito de Law, que sorria encabulado, mudou todos aqueles conceitos.

Rosinante e Corazón eram a mesma pessoa, ambos eram pais que fariam de tudo para ver seus filhos sorrirem. E isso era tudo o que importava.

Só que Law não estava sorrindo. Fazia dias que ele estava assim e Rosinante odiava toda essa situação.

Law passou por tanta coisa – viu tanta coisa – e Rosinante só queria que seu filho mais velho fosse feliz.

Rosinante suspirou novamente, fechando o livro. Ele ia acabar não lendo nada se as coisas continuassem como estavam. Ele esfregou as têmporas, tentando afugentar a persistente dor de cabeça, e se levantou. O casaco de penas que o loiro não conseguiu se desfazer pousou em seus ombros, um peso reconfortante, e ele passou pelos bandidos e por Zeff, que tinha Sanji ao seu lado copiando apressadamente seus movimentos, dizendo um curto adeus antes de seguir para onde seu filho.

Law raramente era visto sozinho hoje em dia. Com sua tripulação ou seus irmãos sempre ao seu lado, mas agora ele estava sozinho, Kikoku fora de sua bainha, cortando o ar.

“Law,” Rosinante chamou, e seu filho olhou para ele, olhos dourados estreitados e suor em sua pele bronzeada, a aba de seu chapéu baixa em sua testa.

Sentando em um tronco, felizmente mantendo o equilíbrio, Rosinante deu um tapinha na madeira. O adolescente pareceu refletir sobre seu pedido antes de embainhar a espada e sentar-se lentamente ao seu lado. O loiro observou as árvores por um momento, Law se movendo ao lado dele, uma pergunta em seus olhos enquanto olhava fixamente para o mais velho, que simplesmente jogou o braço sobre o ombro de seu filho e o abraçou. Law ficou tenso por mais tempo, antes de começar a tremer e agarrar o loiro fortemente.

Rosinante queria que os filhos fossem felizes, mas havia dias em que nem tudo eram flores. Então, ele segurou seu filho, emaranhou os dedos em seu cabelo rebelde e deixou Law botar para fora tudo que estava em sua cabeça. Se o mais velho quisesse contar-lhe, Rosinante ouviria, mas não forçaria. E quem sabe quanto tempo depois, Law se afastou do abraço lentamente, como se não quisesse ir embora, e Rosinante sorriu, enxugando os restos de lágrimas de sua bochecha.

“Law?” Ele perguntou, “Quer conversar?”

“Eu só,” Law limpou a garganta, olhando para cima, “Eu te amo, Pai.”

O coração de Rosinante apertou, ah ele nunca se acostumaria com essas palavras.

“Eu também te amo, Law,”, respondeu, sorrindo.

“Pai,” Law engoliu em seco, tentando encontrar suas palavras, e ele agarrou as mangas de Rosinante, “Eu não quero que você morra. Por favor, você não pode colocar sua vida em risco, não por mim.”

E Rosinante puxou seu filho de volta para um abraço apertado. O que Law pedia era impossível.

Rosinante morreria de bom grado com um sorriso se isso significasse salvar seus filhos.

“Law”, ele murmurou, “eu vou tomar cuidado se você também tomar.”

E Law fungou, acenando com a cabeça no tecido da camisa de Rosinante, e eles simplesmente ficaram sentados lá.

⊱ ────── {.⋅ AMOR⋅.} ────── ⊰

Rosinante amava Shanks.

Não era o tipo de amor normal que Rosinante tinha pelas pessoas, muito menos o tipo paternal que tinha por seus filhos, nem era amigável como tinha pelos bandidos, nem tão pouco o de irmandade que nutria por Makino.

Rosinante estava apaixonado por Shanks.

A princípio, ele descobriu que o Capitão dos Piratas do Ruivo era uma boa companhia, alguém com quem poderia se relacionar com interesses alguma coisa parecidos quando o ruivo parava na ilha a cada poucos meses. Mas então Rosinante começou a ficar animado com as visitas, e também quando Shanks ligava para lhe atualizar sobre novidades sobre seus filhos, e logo essas conversas sobre os meninos transformaram-se em bate-papos ociosos até que se tornou algo... a mais.

Rosinante sabia há muito tempo que se sentia atraído pelo mesmo gênero. Era algo de que ele se envergonhava há muito tempo porque, embora a Marinha não expulsasse ninguém por suas preferências, essas pessoas não eram exatamente recebidas de braços abertos. Sengoku nem sabia, e Rosinante havia compartilhado quase tudo com seu pai. Entretanto, quando ele foi enviado disfarçado para a tripulação pirata de seu irmão, a única coisa que Rosinante sempre escondeu por vergonha foi finalmente assumida.

O que era irônico, visto que ele estava escondendo basicamente tudo o que era durante sua estadia lá.

Mas Shanks tornou fácil não se importar com essas coisas. Bastava um sorriso suave e Rosinante virava uma pilha de mingau. A princípio, isso o assustou, a facilidade com que esse homem que ele conhece há menos de um ano inteiro poderia afetá-lo a esse ponto, mas foi fácil ceder ao sentimento.

Era uma sensação boa, afinal de contas.

Chapter 20: Navegadora, Mikan, Marinha

Notes:

Luffy: (21) 8
Law (28) 15
Bepo: 12
Ace/Sabo/Shachi/Penguin/Kuina: 11
Zoro/Sanji: 10
Corazon: 27
Usopp: 8
Nami: 9

Chapter Text

⊱ ────── {.⋅ NAVEGADORA ⋅.} ────── ⊰

Luffy cantarolava para si mesmo, pulando enquanto olhava ao redor. A Vila de Cocoyasi parecia mais feliz do que ele se lembrava, mas provavelmente era porque Arlong não tinha aparecido.

E ele nunca iria pisar nessa ilha. Não dessa vez. Não depois do que Luffy fez.

O moreno sorriu largamente para uma mulher que lhe lançou um olhar curioso e ela lhe deu um pequeno sorriso em troca.

“Você é daqui, querido?”, a mulher perguntou, inclinando-se para ficar da altura de Luffy.

“Não!” Luffy respondeu, “Eu vim aqui com meus irmãos!”

“E onde estão seus irmãos?” a senhora perguntou.

Luffy sorriu, “Ah, por aí”, disse ele, “estamos explorando.”

Bem, mais ou menos. Eles estavam procurando por um pirata, a recompensa não era nada que realmente valesse a pena, mas Torao queria algumas ferramentas médicas e seu aniversário estava chegando. Os Chapéus de Palha, os Piratas do Coração, Ace e Sabo decidiram então caçar o máximo de recompensas possíveis para que pudessem comprar esse presente para seu irmão/nakama/Torao. Luffy, obviamente, reivindicou que ficaria responsável por derrotar o mais forte da tripulação que eles estavam caçando.

Se Torao quisesse algumas ferramentas médicas, Luffy as conseguiria. Porque o pequeno Rei daria a Torao tudo o que ele queria porque seu parceiro merecia. (E Luffy queria ver sua pessoa querida feliz, o que de certa forma era um bônus na situação toda.)

“Jovens como você não devem ficar sozinhos,” a velha senhora repreendeu, “Por que não levamos você ao xerife para que possamos encontrar seus irmãos, hm?”

Luffy pensou por um momento antes de assentir e permitir que a mulher segurasse sua mão. Zoro provavelmente já estava perdido, então ele poderia pedir para avisarem caso vissem um garoto com três espadas vagando por aí. Ele também podia ver se Nami estava por perto. E como existia a possibilidade de seu alvo estar na vila, também lhe daria uma grande vantagem.

Luffy continuou a cantarolar para si mesmo, Bink's Sake saindo animadamente de sua boca, enquanto olhava em volta. Até avistar um chapéu de cowboy laranja e sorrir. “Ace! Ace, aqui ó!”

A cabeça de seu irmão virou para eles, e um sorriso se espalhou pelas bochechas sardentas, “Luffy!”

A mulher fez uma pausa, observando curiosamente enquanto Ace olhava para ela com desconfiança escancarada em sua expressão. “Quem é você, o que que você quer com meu irmão?”

“Ela está me levando ao xerife.” Luffy disse, sorrindo, “Zoro está perdido! Shishishi!”

“Zoro está sempre perdido,” Ace bufou, relutantemente acenando para a senhora, “Obrigado por ajudar meu irmão.”

“Sem problemas, querido”, disse a velha senhora, sorrindo. Eles começaram a andar, Luffy tagarelando sobre o que tinha visto, e logo chegaram ao escritório do xerife.

“Oh, Hiji-san,” Genzo disse, olhos vagando para os dois garotos com quem ela entrou, “Quem são esses jovens rapazes?”

“Eu tenho onze anos,” Ace disse, com um olhar cortante.

“Shishi! E eu tenho oito!” Luffy exclamou, “Perdemos nosso espadachim! Você pode nos avisar se vir Zoro?”

Genzo piscou. “Tudo bem, obrigado por trazê-los, Hiji-san.”

A senhora assentiu e se afastou com outro sorriso para os meninos, e Ace virou os olhos desconfiados para o homem na frente deles. Antes que alguém pudesse falar, Luffy se intrometeu.

“Você conhece a Nami?” Luffy perguntou com os olhos arregalados.

“Nami?” Genzo semicerrou os olhos para eles, “Como você conhece a Nami?”

“Nami é Nakama!” Luffy informou. “Você sabe onde ela está?”

Genzo pensou por um momento antes de se levantar, “Eu te levo até ela”.

Ele não fazia ideia de como Nami tinha conhecido esses meninos, nem sabia quem eram eles, mas tudo provavelmente ficaria bem. Alguma coisa estava lhe dizendo que o garoto iria procurar Nami de qualquer maneira, mesmo se ele não mostrasse o caminho.

⊱ ────── {.⋅ ✯ ⋅.} ────── ⊰

Bell-mère sorriu enquanto tirava as luvas de jardinagem, olhando para as meninas. Nami estava desenhando outro mapa, e a ex-marinheira estava tão orgulhosa de sua filha por ter encontrado algo que ela já amava. Seu olhar então se voltou para o menino que havia encontrado perdido em sua plantação, coçando seu cabelo loiro e olhando em volta confuso. Ela havia oferecido ao garoto um pouco de limonada, e agora ele estava sentado lá com um sorriso, conversando com Nojiko, que parecia nervosa.

Ele disse que veio para a ilha com seus amigos e irmãos, mas se separou e agora estavam todos perdidos pela vila. Bell-mère percebeu que precisava ir até Genzo para encontrar todas as crianças e mandá-las para casa. Ela odiaria se suas filhas desaparecessem; ela não poderia imaginar quanto os guardiões desses meninos estariam preocupados.

“Tudo bem, garoto, qual é o seu nome?” Bell-mère perguntou, sentando-se em frente ao menino.

“Meu nome é Sabo!” O menino disse, com um sorriso infantil, mas de alguma forma atrevido, “Obrigado pela limonada!”, ele acrescentou, segurando sua cartola enquanto se curvava para fazer uma reverência.

Bell-mère sorriu, “Sabo, vamos para a cidade. Tentar encontrar seus amigos.”

Sabo sorriu, pulando da cadeira. “Tudo bem”, disse ele.

“SABO~!”

“Ei! Sabo!”

Bell-mère virou-se para olhar para os dois meninos que vinham correndo até eles, o mais novo sorrindo e acenando com a mão descontroladamente enquanto o mais velho apenas sorria.

“E aí!” Sabo gritou, acenando de volta.

O menino mais novo recém-chegado olhou para Bell-mère, e a mulher se viu presa em seu olhar. Parecia muito velho para um menino de sua idade, muito sábio. Muito sombrio.

E então o olhar do pequeno se virou para Sabo, e seus braços dispararam muito mais do que qualquer ser humano normal deveria, envolvendo o loiro em um abraço apertado, enquanto ria. O garoto sardento parou perto dos dois, colocando a mão no quadril enquanto olhava ao redor.

“Shishishi!” O menino de chapéu de palha olhou em volta até parar seu foco em Nami, e enviou-lhe um sorriso radiante. “Isso é um mapa?”

Sua resposta foi um sorriso brilhante de Nami, “Sim! Eu fiz sozinha!", disse se gabando pelo trabalho bem-feito.

“Que legal!” o menino exclamou, já se desvencilhando de Sabo e correndo para olhar o mapa com mais atenção. Bell-mère se sentiu péssima por estar em guarda por causa de uma criança, mas não conseguia evitar.

“Um dia vou fazer um mapa do mundo inteiro!” Nami disse alegremente.

Algo passou pelo rosto do menino e ele disse “Eu sou o Rei dos Piratas.”.

Nami piscou para ele e riu, “Claro que não, não tem como você ser! Ele é muito mais velho que você!”

“Eu sou o próximo Rei dos Piratas! Shishi!” o menino riu, “E eu quero sonhadores na minha tripulação! Junte-se à minha tripulação e podemos fazer um mapa do mundo juntos!”

Os olhos de Bell-mère se arregalaram. Como é que é? Este menino estava tentando incentivar sua filha a seguir a pirataria? Ele... não parecia ter aquela inocência infantil que dizia que ele estava apenas brincando de pirata, e Bell-mère percebeu que ele estava falando muito, muito sério.

“Sério!?” Nami engasgou de espanto.

Bell-mère levantou-se, “E aí, Genzo? Quem são os pirralhos?”

Nami olhou para ela, aparentemente interessada no que ia ser dito, e Bell-mère suspirou. Crise evitada.

“Este é Ace e Luffy, eles se separaram e se perderam.” Genzo disse, “Luffy disse que conhecia Nami.”

Bell-mère olhou para a criança, “E como você a conhece?”

“O oceano me contou tu~do sobre ela!” Luffy disse, abrindo bem os braços, “Ela disse que Nami é ótima com mapas!”

Bell-mère semicerrou os olhos.

“Hã, Luffy, eu pensei que você não conseguia ouvir o oceano?” Sabo perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

“É, eu pensei que eram só com animais.” Ace disse.

“Nope! Eu posso ouvir o oceano quando ela quer que eu ouça! É super difícil, já que o oceano é muito grande, sacou?” Luffy explicou.

“Você pode ouvir o oceano?” Nojiko perguntou com admiração.

“E os animais?” acrescentou Nami.

“Sim, shishishi!” Luffy riu.

De repente, os três garotos pararam, olhando na mesma direção. “Zoro provavelmente os encontrou.” Ace disse.

“Sim, deveríamos ajudá-lo?” Sabo perguntou.

“Zoro é forte.” Luffy disse, sorrindo com orgulho em seus olhos, “Ele pode lidar com isso. Mas precisamos chegar até ele antes que ele se perca de novo, shi~shi~”

Os dois meninos mais velhos suspiraram, "Ainda não consigo acreditar que você chamou aquele cara para se juntar à sua tripulação... e que ele sempre nos encontra quando ele vaga por aí."

“Shishishishi!”

⊱ ────── {.⋅ MIKAN ⋅.} ────── ⊰

Law caminhava lentamente, observando a aldeia ao seu redor. A Vila Cocoyasi serviu brevemente aos Piratas do Coração e aos Chapéus de Palha como uma espécie de refúgio seguro quando a guerra ficou complicada demais para eles lidarem. Nami tinha sido a razão pela qual eles vieram para cá, sua irmã e o xerife – cacete, toda a vila, na verdade – derramando lágrimas pela navegador falecida, que havia sido enterrada ao lado de sua mãe. Eles não ficaram muito tempo, não quando a aldeia estava de luto, tomada pela raiva.

Law nem discutiu com Luffy quando ele disse que eles deveriam partir; o Rei dos Piratas simplesmente acenou com a cabeça, deixando uma mikan no túmulo de sua amiga antes de ordenar que sua tripulação zarpasse. Nami não foi a primeira vítima dos Chapéus de Palha, nem a última, mas sua morte ainda despedaçou cada um deles. Law ainda lembra que Luffy mencionou uma mulher chamada Vivi e como ele estava chateado por eles não poderem confortá-la durante esse período difícil.

Law olhou para cima quando Cora-san tropeçou, estendendo a mão para agarrar a manga de seu pai para impedir que seu rosto batesse no chão. Cora-san deu a ele um sorriso tímido quando se endireitou, apontando para um caminho.

Todavia, Law não era estúpido. Ele sabia que seus irmãos, nakama e Luffy enviaram ele e Cora-san em uma missão sem qualquer importância enquanto eles faziam sabe se lá o quê, mas o capitão tinha a sensação de que era por causa das recompensas que eles estavam juntando. Seus amigos eram péssimos mentirosos, e Luffy era ainda pior do que todos eles, então Law percebeu que tudo isso era para seu aniversário que estava próximo.

Honestamente, aniversários não significavam muita coisa para ele. Ele viveu duas décadas e alguns anos pingados e nunca deu a mínima para esse tipo de coisa já que quando tinha dez anos tinha aceitado sua morte antes dela realmente acontecer. E depois disso, toda vez que seu aniversário chegava, ele sentia como se a vida o insultasse, mostrando que ele ainda estava vivo, mas Cora-san não estava–

Law fez uma pausa, o rosto se aprofundando em uma careta enquanto observava a situação à sua frente. “Ei”, ele chamou, carrancudo, “O que diabos você está fazendo?”

Todos olharam para ele enquanto Cora-san ficava boquiaberto. “ACE DEIXE ESSE POBRE HOMEM IR IMEDIATAMENTE!” ele gritou, horrorizado.

“Mas ele vale seis milhões!” Ace gritou de volta.

“Não quero saber! Põe ele no chão agora!” Cora-san ordenou com firmeza; Law apenas balançou a cabeça.

Por que Ace decidiu que queria usar o cara como um mastro improvisado de todas as coisas que poderia pensar em fazer, ele sinceramente não queria saber. Em vez disso, Law observou as árvores de Mikan ao redor deles e as pessoas. Seu olhar parou na risonha Nami, e ele abaixou ligeiramente a aba de seu chapéu.

“Cadê o Bepo?” ele perguntou, olhando ao redor.

“Eu não sei,” Sabo disse pensativo, “Mas não deveríamos estar mais preocupados sobre para onde Luffy foi dessa vez?”

Luffy era capaz de se defender sozinho. Law acenou com a mão, “Deixa ele. Ele pode lidar com qualquer coisa que apareça.”

Ace bufou, “Estou mais preocupado com os problemas que ele vai encontrar.”

“Olá, sinto muito pelos meus filhos,” Cora-san interrompeu a conversa, curvando-se ligeiramente para os dois adultos que observavam toda a situação.

A mulher levantou uma sobrancelha, “Esses pirralhos são seus?”

“Sim”, disse Cora-san, com uma expressão que mostrava o quão preocupado estava pelos meninos.

Ele sempre parecia assim quando sentia a necessidade de se desculpar por eles. Law sorriu; Cora-san ficava muito nervoso se preocupando com todos. Mas não é como se Law não entendesse, é claro. Ele sabia o que era ficar ansioso e preocupado sempre que sua tripulação fazia algo chamativo demais. Com medo de que Doflamingo o encontrasse mais cedo do que seu plano desejava.

Law olhou para as garotas ao lado de Bell-mère e sorriu. “Você deve ser Nami, Luffy ouviu muito sobre você. Você é boa em navegação?”

Nami sorriu.

⊱ ────── {.⋅ MARINHA ⋅.} ────── ⊰

Rosinante soltou um profundo suspiro de alívio quando a Ilha Dawn apareceu. Como aquela viagem de caça a recompensas acabou com Luffy ganhando uma navegadora, ele não sabia, mas estava começando a entender que esse tipo de coisa era normal para o menino. Saber que seu filho ouvia a Voz de Todas as Coisas também não foi um choque, era apenas mais uma coisa que fazia de Luffy, Luffy.

“Ei, Cora-san, tem alguém da Marinha ali na frente.” Zoro disse casualmente.

Rosinante ficou tenso, levantando-se. Os óculos escuros que usava se inclinaram para o lado e ele rapidamente os corrigiu. Sua maquiagem e roupa não eram nada parecidas com as que ele usava quando era um dos marinheiros, então ele sabia que ninguém iria reconhecê-lo (não que ele usasse maquiagem apenas porque era um disfarce. Ele também gostava), mas ele ainda se preocupava profundamente em ser descoberto. Se a Marinha descobrisse sobre Law e a Ope Ope no Mi, Rosinante nem queria pensar no que poderia acontecer.

Sem mencionar os pais biológicos de Ace e Luffy, que basicamente era uma carta de execução expressa para os dois. Rosinante não permitiria nada acontecer aos meninos; a Marinha estava com seus caminhos para justiça distorcidos a partir do momento que não se importavam com Ace e Luffy serem apenas crianças.

“EI! SEUS PIRRALHOS! O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO!?”

“Ah, não!” os três garotos gritaram, todos parecendo vagamente horrorizados, “É o nosso Avô!”

“Garp?” Law perguntou, com os olhos arregalados.

“Garp!?” Rosinante choramingou.

“Sim! Vocês dois têm que dar o fora daqui agora!” Luffy disse, apontando para ele e Law. “Zoro, Sanji, Kuina, Usopp,” ele se virou para sua tripulação, “Levem-nos para a costa, vocês não podem pegar um barco.”

Os olhos de Usopp se arregalaram, “Você espera que a gente vá nadando!?”

“Bem, duh, Cora-san e Torao não podem nadar,” Ace disse, “Vocês deviam saber que estamos fazendo um favor a todos vocês. Vocês não querem conhecer nosso Avô de merda.”

Law soltou um suspiro, “Isso é verdade, Bepo, Shachi, Penguin, vamos então.”

“Sim!”

“E-Espere!” Rosinante gaguejou.

Zoro sorriu, “Você vai ficar bem, Cora-san.”

Rosinante não gostou daquele sorriso que recebeu.

“Quem levar mais gente mais rápido é o mais forte!” Kuina gritou, derrubando Rosinante do barco.

Naquele momento, Rosinante se perguntou se era tarde demais para ter permanecido na última ilha que zarparam.

⊱ ────── {.⋅ OMAKE ⋅.} ────── ⊰

“Shishishishi! Eu sou o Rei dos Piratas, Vovô! Eu faço o que eu quero!” Luffy exclamou.

“Fist of Love!”

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