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A Última Missão de um Renegado

Chapter 10: O Julgamento do Relâmpago

Notes:

Mil desculpas pela demora, a faculdade está me matando. Vou tentar atualizar com mais frequência. Aproveitem o cap, e me desculpem qualquer erro :)

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

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Boruto mantinha o ritmo junto ao grupo enquanto saltavam pelas árvores da floresta densa do País do Fogo. O som das folhas balançando e o farfalhar suave de suas capas eram os únicos ruídos acompanhando a viagem. O tempo passava devagar, e enquanto avançavam, Boruto não conseguia evitar pensar na estranheza daquela situação. Ele estava lado a lado com pessoas cujo destino ele já conhecia. 

Obito Uchiha. O garoto impulsivo que resmungava ao menor sinal de provocação, que agora lançava olhares desconfiados para Boruto como se quisesse atacá-lo a qualquer momento… Ele se tornaria um dos maiores inimigos do mundo ninja. O líder da Akatsuki nas sombras. Aquele que libertaria a Kurama e destruiria Konoha. E agora?

Ele era só um adolescente irritado, mas também altruísta tentando provar seu valor para o time, reclamando sempre que tinha oportunidade. Boruto o analisou de relance. Era difícil associar aquele garoto explosivo e irritadiço ao mascarado que um dia declararia guerra ao mundo inteiro.

E a pior parte? Obito não fazia ideia do que o aguardava.

Boruto sabia que tentar mudar o passado era perigoso. Mas será que, de alguma forma, ele poderia evitar aquele futuro? Será que deveria? Ele engoliu seco. Esse pensamento o consumiria se ele deixasse. Então ele desviou o olhar para outra pessoa que chamava sua atenção.

Kakashi Katake. Boruto quase riu sozinho ao olhar para o jovem Kakashi. Sério, metódico, focado demais para a própria idade. Nada comparado ao velho Kakashi que ele conhecia.

O Sexto Hokage, sempre preguiçoso, resmungando sobre reuniões e trabalho burocrático. O mesmo homem que o fazia rodar Konoha inteira segurando várias sacolas de compras, enquanto relaxava, lendo seu livro obsceno com um sorriso satisfeito.

"Eu já sou velho demais para carregar peso, Boruto."

"O que um jovem forte como você está reclamando, hein?"

Boruto podia quase ouvir a voz dele na cabeça. E agora, esse mesmo Kakashi estava ao seu lado, rígido como um ANBU, vigiando cada movimento seu, como se estivesse pronto para reagir ao menor sinal de perigo. Era simplesmente bizarro. A vida realmente era cheia de ironias.

Se ele contasse ao velho Kakashi que já o viu jovem assim… ele provavelmente fingiria que não ouviu e mudaria de assunto.

Boruto balançou a cabeça, reprimindo um sorriso. Ele já viu muita coisa estranha, mas essa viagem no tempo definitivamente estava no topo da lista. Não podia correr o risco de mudar os eventos. Salvar Kushina já mudaria tudo.

Se ele começasse a interferir nos destinos de outras pessoas… O futuro que conhecia talvez nem existisse mais. Ele não podia se deixar levar por emoções. Precisava se manter focado.

 

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Minato observou Kushina avançando à frente com determinação, mas não pôde evitar um aperto no coração. Essa era a primeira vez que ela deixava os limites da vila em missão oficial. Normalmente, Konoha mantinha sua jinchūriki protegida, isolada atrás das muralhas da aldeia. Aquela situação o incomodava profundamente; não gostava nem um pouco de vê-la sendo tratada como uma arma, mas, infelizmente, entendia que as circunstâncias estavam além de seu controle.

Ele se lembrava claramente da reunião com o Hokage, das informações preocupantes sobre shinobis infiltrados, entre eles, uma possível jinchūriki. Por mais que odiasse ver Kushina exposta dessa forma, ele sabia que a segurança da vila dependia da força que ela carregava.

O Jonin líder apertou os punhos com frustração silenciosa enquanto saltava agilmente entre as árvores. Odiava admitir para si mesmo que não havia escolha. Ele lutara diversas vezes contra essa visão, mas em momentos como este, não havia como contestá-la.

Minato sabia bem que Kushina não era apenas um recipiente para a Kyūbi, ela era incrivelmente forte por si mesma, dotada de uma ferocidade em batalha que poucos shinobi poderiam igualar. Ele a observou avançar entre as árvores, seu cabelo vermelho brilhando sob o luar enquanto saltava habilidosamente, sem vacilar, determinada a provar seu valor.

Por trás da fachada brincalhona e às vezes impulsiva, Minato conhecia uma guerreira destemida, uma lutadora que encararia qualquer ameaça sem recuar um passo sequer. Era exatamente essa combinação de força e coragem que o fazia amá-la profundamente. Por mais que fosse doloroso admitir, ele tinha plena consciência de que, se a situação se complicasse, não havia ninguém melhor para estar ao seu lado.

"Vamos evitar lutar ao máximo. Não quero colocá-la em risco desnecessariamente."

Ela sorriu de volta com confiança, os olhos brilhando com determinação e orgulho.

"Se alguém se atrever a nos descobrir, não se preocupe, Minato. Eu vou ensiná-los a nunca mais subestimarem uma Uzumaki, dattebane!"

Minato apenas assentiu, admirando mais uma vez a intensidade feroz da mulher ao seu lado. Sabia que Kushina faria tudo o que estivesse ao seu alcance para proteger aqueles que amava—e isso incluía ele também.

 

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Boruto observava Minato e Kushina conversando em sua frente. Era estranho vê-los juntos assim, tão próximos, compartilhando pequenas conversas carregadas de preocupação e carinho mútuo. Ele sentiu um aperto profundo no peito, um misto de alegria e dor, enquanto absorvia cada detalhe daquela cena.

Os olhos atentos de Minato nunca se afastavam muito de Kushina, acompanhando cada movimento seu com uma intensidade discreta, preocupado sem ser invasivo. E Kushina, apesar da postura firme e do tom impetuoso, lançava olhares discretos na direção dele, como se estivesse constantemente se certificando de que Minato ainda estava ali, seguro ao seu lado.

Não pôde conter um pequeno sorriso diante da determinação feroz, percebendo pela primeira vez de onde vinha aquela força absurda que ele sempre viu no próprio pai.

"Você é incrível, vovó," ele sussurrou baixinho, lutando para conter a emoção que insistia em embargar sua voz.

"Eu sei disso, Kushina. Nunca duvidei da sua força. Mas quero evitar que você precise lutar desnecessariamente."

Ao ouvir aquilo, Boruto fechou os olhos por um instante, sentindo a emoção apertar ainda mais seu peito. Aquilo era exatamente como ele sempre ouvira falar deles: protetores, amorosos e fortes, um pelo outro. Agora ele estava vendo tudo com os próprios olhos, e era algo tão belo quanto doloroso.

Ele retomou a compostura, seguindo-os pelas sombras, determinado a proteger aquela família que ele nunca pôde conhecer de verdade, mas que amava com todo o ser.

 

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Todos sentiram seus corpos se arrepiaram quando pisaram no chão silenciosamente. O silêncio era profundo demais, quase sufocante. Algo estava muito errado naquela vila. As casas permaneciam quietas, as janelas apagadas e as portas fechadas como se os moradores soubessem que uma tempestade estava prestes a explodir.

Minato manteve os olhos estreitos, alerta, e sussurrou novamente "Devíamos ter encontrado patrulhas a essa altura."

A vila permanecia sombria e quieta, os sinais de vida reduzidos a quase nada. Kushina se aproximou, franzindo a testa enquanto tentava perceber algum movimento.

"É como se tivessem desaparecido de repente," sussurrou ela, cerrando os punhos com nervosismo.

Boruto, no entanto, percebeu algo diferente. Seu senso apurado de chakra captava vestígios de energia se dissipando rapidamente—um chakra pesado, carregado por dor e raiva. Antes que pudesse alertar os demais, um forte estrondo ecoou através da floresta, seguido por um ruído abafado, quase animalesco.

"Ali!" Rin apontou instintivamente, virando-se rapidamente na direção do som.

Sem hesitação, eles correram em direção ao barulho, emergindo logo além da vila, onde o cenário à frente os fez parar em choque por um instante.

Diante deles, havia um campo destruído pela brutalidade de uma batalha recente. Corpos de shinobis da Vila da Pedra estavam espalhados pelo solo, dilacerados, o chão tingido pelo sangue fresco. Kunais e pedaços de armas quebradas estavam espalhados pelo terreno.

Ao centro daquela destruição, estava a figura responsável por tudo: uma jinchūriki, seu corpo tremendo visivelmente de dor e exaustão, coberto por ferimentos profundos. O chakra avermelhado e violento escapava dela em pulsos descontrolados, deixando claro o preço que ela havia pago naquela luta.

"Ela está fugindo," Kakashi observou rapidamente, percebendo como a jinchūriki recuava cambaleante, lançando olhares desesperados para trás enquanto tentava escapar.

Atrás dela, no meio dos destroços, shinobis da Vila da Pedra jaziam mortos, seus corpos dilacerados pela força esmagadora do chakra da bijū. Porém, Boruto imediatamente notou que os mortos não haviam causado aqueles ferimentos nela.

"Ela não está fugindo deles," Boruto murmurou com urgência, sua voz carregada de tensão. "Ela está fugindo de outra coisa."

Minato percebeu rapidamente o que ele queria dizer e ficou alerta imediatamente. Foi quando, das sombras próximas, surgiram figuras vestidas com trajes shinobis mas havia algo de diferente neles—shinobis da Vila da Pedra não eram responsáveis pelo massacre, eram vítimas dele.

Boruto sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao observar a cena à frente—shinobis dilacerados, sangue manchando a terra, uma jinchūriki desesperada fugindo com o chakra completamente fora de controle. Seu coração disparou ao perceber exatamente o que estava acontecendo.

"Eles não são shinobis comuns," murmurou em voz baixa, quase inconscientemente. "São mercenários. Especializados em sequestrar jinchūriki. Eles usam um jutsu que descontrola o chakra da besta, deixando-os vulneráveis à captura. Negociam jinchurikis entre Vilas e Nações"

Minato imediatamente virou-se para Boruto, com o olhar intrigado e desconfiado ao mesmo tempo. Seus olhos azuis estreitaram-se, analisando o garoto com extremo cuidado.

"Como você sabe desses detalhes?" Minato perguntou calmamente, embora sua voz estivesse impregnada por uma tensão silenciosa, esperando uma resposta convincente.

"Isso é algo que apenas o Hokage e poucos conselheiros sabem," continuou Minato lentamente, tentando extrair alguma reação do garoto misterioso à sua frente. "Nem mesmo shinobis experientes sabem desse nível de detalhes. Como você sabe disso?”

Boruto abriu a boca, mas as palavras não vieram. Ele percebeu tardiamente o quanto tinha falado demais. A lembrança daquela emboscada surgira claramente em sua mente—uma das muitas lições que ele aprendeu com Shino na Academia, detalhando erros estratégicos que levaram grupos de mercenários como esses ao fracasso anos depois. Ele não podia, de jeito algum, revelar isso ali.

"Eu…" Boruto começou, mas sua voz morreu lentamente. Não podia arriscar. Nenhuma explicação convincente viria sem levantar mais suspeitas.

Minato observava-o silenciosamente, captando cada detalhe de sua reação—ou melhor, da falta de uma resposta. O silêncio prolongado aumentou ainda mais a suspeita em seu olhar. O Quarto Hokage era inteligente demais para ignorar algo assim. Ele percebeu claramente que Boruto tinha muito mais conhecimento do que deveria.

Boruto desviou o olhar para o chão, tentando esconder a tensão que agora tomava conta de seu corpo. Minato observou-o por mais alguns segundos antes de finalmente voltar sua atenção para a batalha iminente.

"Falaremos disso depois," disse Minato calmamente, embora a firmeza em sua voz mostrasse claramente que não esqueceria aquela situação. "Agora precisamos recuperar o pergaminho antes que eles escapem."

Enquanto Minato avançava à frente, Boruto sentiu o coração apertado em angústia. Sabia bem que aquele momento ficaria gravado na mente de seu avô. Sabia que teria de lidar com isso eventualmente mas por enquanto precisava apenas sobreviver e garantir que nada mais desse errado.

Observando as costas de Minato e Kushina enquanto avançavam rapidamente para o combate, Boruto apertou os punhos, determinado a nunca mais cometer aquele erro novamente. Afinal, qualquer deslize agora poderia custar muito mais do que apenas sua própria vida.

Notes:

espero que tenham gostado, esse cap é mais curtinho, queria focar mais nos sentimentos dos personagens