Actions

Work Header

A Lady de Pedra do Dragão

Chapter 13: Capítulo 12

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Ano 116 d.C

Pedra do Dragão

 

“Dizem que a princesa pratica magia negra.”
“Que ela fala com dragões como se fossem pessoas.”
“Que faz sacrifícios em altares de pedra para fortalecer seu dragão.”
"Ela reza para demônios"
"A Bruxa de Pedra do Dragão"

Rhaenyra ouviu os ecos pela boca de Jaenera. No dia seguinte, Rhaenys entrou em seus aposentos com expressão grave.

— O povo começa a te temer, menina. Não por ser uma Targaryen com um dragão, mas por ser algo além disso.

Rhaenyra ergueu-se da cadeira, irritada. — É verdade que estudo livros da Antiga Valiria. É verdade que rezo às Quatorze Chamas. Mas não sacrifico inocentes nem danço nua com demônios, como murmuram.

Rhaenys a olhou com severidade. — A verdade pouco importa quando a mentira é mais doce de acreditar.

— E por que deveria me preocupar com que pensam de mim?

— Não seja tola! Sua reputação afeta o comércio da ilha, mercadores não irão querer parar os seus navios aqui por medo de uma maldição. Lordes pararão de comercializar contigo com medo de punição dos Sete.

Elas foram interrompidas por batidas na porta, o guarda anunciou que Daemon estava ali. Ele entrou no quarto com um sorriso de canto de boca, e uma caixa em mãos.

O sorriso dele morreu ao ver a tensão entre as duas princesas.

— O que aconteceu?

— Alguém está fazendo uma campanha de difamação contra Rhaenyra — respondeu Rhaenys, que se virou para a outra princesa — Acredito que tenha se originado daqui, você e Syrax não foram discretas, mas o que começou como um conto de admiração foi deturpado ao chegar em Porto Real.

— O que estão falando?

— Estão dizendo que pratico magia negra, que faço sacrifícios humanos a demônios, que sou uma bruxa — respondeu Rhaenyra, achando os rumores até engraçados, pois apesar de exagerados não estavam longe da realidade.

— Posso falar com meus contatos em Porto Real, descobrir o responsável — Daemon já queria sangue, como sempre.

— Se puder fazer isso kepus, eu fico agradecida.

— Apenas identificar a fonte e pará-la não será o suficiente. Rumores são como pragas e isso já está a solta, logo toda Westeros terá ouvido — avisou Rhaenys

Pela primeira vez, Rhaenyra percebeu que não bastava dominar dragões. Precisava aprender a dominar também as serpentes.

 



— Com toda essa confusão, talvez esse não seja o melhor momento — disse Daemon assim que Rhaenys saiu — Mas queria te dar o seu primeiro presente de cortejo.

Rhaenyra sorriu, feliz pela distração. — O segundo. O primeiro foram as Passopedras.

— Claro, como me esquecer — ele entregou a caixa em suas mãos para a princesa, era feita de madeira e possuia decorações de um estilo que ela nunca vira antes, talvez de algum lugar de Essos?

Ela abriu a caixa. Dentro estava uma intrínseca Tiara toda cravejada de esmeraldas de vários tamanhos.

— Pertenceu a uma Imperatriz de Leng — disse Daemon orgulhoso.

— Daemon! Eu não tenho nem palavras... é lindo! De Leng você disse? Como conseguiu algo tão valioso?

— É segredo — Daemon piscou para ela, completamente satisfeito consigo mesmo.

Depois de alguns instantes, seu humor esfriou, e ele disse — Sobre os rumores... como alguém que carrega as alcunhas de Príncipe Rebelde e Lorde da Baixada das Pulgas desde a adolescência, recomendo que os transforme em sua armadura para que não possam ser usados contra você.

Rhaenyra ficou um tempo pensativa, e depois se virou para Daemon — Acho que tenho uma ideia, mas precisaremos fazer preparativos antes.

 



Rhaenyra ordenou que uma cerimônia pública aos deuses valirianos fosse preparado em Pedra do Dragão. Ela queria mostrar que sua ilha era um local seguro para as pessoas de diferentes religiões.

A maioria dos habitantes eram sementes de dragão e descendentes de pessoas que seguiram a família Targaryen quando saíram de Valiria. Claro que haviam pessoas que seguiam os Sete, inclusive entre suas pessoas de confiança como seus guardas e suas damas, mas ela os tinha consultado e nenhum deles parecia ter problemas.

Foi tudo preparado em uma semana. Enquanto isso, os boatos continuavam a se espalhar. Alguns riam, outros temiam. Houve até marinheiros que se recusaram a desembarcar em Pedra do Dragão, temendo cair sob maldição.

O pátio de Pedra do Dragão fora decorado tecidos vermelhos e pretos, com quatorze tochas e altares de obsidiana. Rhaenyra usava um vestido negro bordado com fios escarlates que lembravam chamas. Tomou sua posição no centro das tochas, ao seu redor outros valirianos como Daemon, Rhaenys, os Cuidadores de Dragões e até alguns sementes de dragão. O resto do povo ficou mais a distância, hesitante em se aproximar demais do desconhecido mas muito curiosos para não vir.

Diante do todos ela ergueu as mãos ao fogo.

— Chamam-me bruxa, — anunciou — Mas o que chamam de feitiçaria eu chamo de herança. Sou descendente de cavaleiros de dragão da Antiga Valiria. Assim como os Conquistadores a quem Westeros se curvou. Não temo o fogo, pois ele está no meu sangue.

E então, para espanto de todos, mergulhou a mão nua em uma brasa fumegante do altar. Retirou-a lentamente, sem gritar, e mostrou a palma avermelhada, intacta de queimaduras.

Um suspiro coletivo percorreu a multidão. Alguns se ajoelharam, murmurando orações em valiriano; outros choraram, tocados pelo espetáculo.

Rhaenyra viu as reações com satisfação. Talvez nunca pudesse se livrar da alcunha de bruxa, de feiticeira, mas transformaria aquilo em força.

 


P orto Real


As notícias chegaram rápidas, levadas por marinheiros e mercadores: a Lady de Pedra do Dragão havia feito um ritual diante do povo, colocado a mão no fogo e saído intacta. Em Porto Real, as reações foram tão variadas quanto as ruas da cidade.

Na Baixada das Pulgas, cantores de rua já entoavam versos:

"Bruxa ou Lady, dragão ou serpente,
Rhaenyra com fogo domina a gente."

No Septo da cidade, porém, o Alto Septão pregava inflamado:

— Blasfêmia! A princesa renega os Sete e busca reerguer magias malditas que os deuses derrotaram!

Na Corte, lordes sussurravam uns aos outros, incertos se deveriam rir ou tremer.

— Se não teme o fogo, — disse Tyland Lannister, preocupado — talvez os dragões realmente a obedeçam de maneiras que não compreendemos.

— Apenas um truque, nada mais — rosnou Grande Maester Mellos, embora seus olhos não escondessem inquietação.

Rainha Alicent, pálida, ouviu em silêncio antes de perguntar ao pai — E se o povo acreditar que ela é escolhida pelos deuses antigos de Valíria?

Otto não hesitou — Então devemos lembrá-los de que os Sete são os únicos deuses em Westeros.

Enquanto isso, no Crispinhos (bairro de prostíbulos), marinheiros brindavam:

— Bruxa ou não, ela mergulhou a mão no fogo na frente de todos! — gargalhava um deles. — Se isso não é uma rainha, não sei o que é!

E assim, em cada rua de Porto Real, em cada salão de lordes, o nome de Rhaenyra queimava como brasa: ora reverenciada, ora amaldiçoada.

Notes:

"que os transforme em sua armadura para que não possam ser usados contra você" - essa frase é do Tyrion na primeira temporada, roubei mesmo porque acho boa demais.

Enfim, ainda haverá algumas consequências dos rumores mas os próximos capítulos terão outro foco.