Chapter Text
Alguns dias se passaram após o estudo em grupo com Yachi, a dinâmica da dupla e do time permanecia a mesma. Os dias começaram a ficar mais quentes, o verão cada vez mais próximo assim como o campeonato de primavera e o capitão do time era quem mais sentia a pressão disso, dedicava-se mais do que todos, acordava mais cedo, sendo o primeiro a chegar, quando a luz no sol nem estava amostra, para treinar e planejar estratégias de jogo e era o último a sair.
O clube de vôlei estava na quadra realizando o treino diário, Hinata gritava ordens e instruções para os novatos de sua equipe durante uma partida. Os times eram compostos por metade dos novatos e metade dos veteranos para balancear a força, o levantador e o capitão estavam no mesmo time, como de costume. Kageyama faz seu famoso ataque rápido com Shouyou, mas foi bloqueado por Tsukishima no time adversário que sorriu em deboche, fazendo o ruivo grunhir de raiva. No decorrer da partida, Hinata se dedicava em receber todas as bolas dos ataques de Tsukishima em resposta aos bloqueios que sofria, enquanto Tobio se esforçava para acompanhar o ritmo, ainda lento, dos novatos. O time evoluiu bastante desde o início das aulas, os alunos do segundo ano compensam as falhas dos novatos e o terceiro ano é responsável pela maioria dos ataques e das defesas, o que torna-os um time forte.
O time de Hinata marcou um ponto, forçando-o a sacar devido ao rodízio, o garoto se dirigiu a parte de trás da quadra e girou a bola na mão se preparando para sacar, ainda não era tão bom quanto Kageyama, mas ele definitivamente sabia fazer um saque de qualidade agora. A bola foi jogada para cima e Shouyou pulou alto para bater na bola no ar com toda sua força, do mesmo modo que faz nos ataques rápidos. Yamaguchi recebeu a bola desajeitadamente, ela subiu em um ângulo ruim, fazendo-o gritar o nome de um dos garotos do segundo ano em ajuda, o qual prontamente levantou a bola para Tsukishima realizar o ataque, porém o ruivo foi mais rápido e pulou em um bloqueio ofensivo marcando mais um ponto. O levantador moreno elogiou sua dupla em um murmúrio “Boa defesa”, isso fez o central ficar um pouco menos tenso.
Contudo, ainda era visível a tensão nos ombros dele e em determinado momento da partida, o placar 24 a 21 para o time dos capitães - Tobio como vice -, o levantador em uma das extremidades levantou a bola para o meio da quadra, três jogadores foram em direção à bola, uma das típicas jogadas estratégicas do moreno para confundir o time adversário. Hinata se atrapalhou em seu ataque, recebendo uma cotovelada de Haruno - um garoto do segundo ano - em seu rosto, o que fez o ruivo cair desleixado para trás com uma das mãos no nariz que começou a sangrar. A partida parou com um apito de Takeda-sensei, Yachi deu um grito surpreso e os jogadores da Karasuno preocupados com a lesão, ficaram imóveis em seus lugares sem saber o que fazer.
— SENPAI! — gritou o garoto desesperado por ter machucado seu capitão. — Por favor, me desculpe, foi um erro meu, desculpa isso não vai se repetir de novo! — curvou-se para frente quase tocando a cabeça no chão em um ato de desculpas, os lábios tremendo em nervosismo.
– Tá tudo bem pirralho…. foi um erro meu. – disse com uma voz tranquila e tentou disfarçar a careta de dor. A assistente do time rapidamente chegou ao garoto no chão com um pano limpo na mão, mal esperou o ruivo retirar a mão para pressionar o pano no local para conter o sangramento.
Kageyama se aproximou de Shouyou com as sobrancelhas franzidas e o maxilar tenso. – Ainda bem que sabe que foi um erro seu. – de repente o ar na quadra mudou, todos ficaram tensos por não esperarem esse tipo de reação do vice capitão. A loira arregalou os olhos alternando o olhar para a dupla que se encarava intensamente, o ruivo claramente se irritou com o comentário do outro. – O que… você disse?
– Você ouviu o que eu disse. Você errou porque está passando dos limites, isso prejudica mais do que ajuda. Ou você acha que não sei que está treinando em cada maldito minuto que não temos aulas ou quando não esta comendo e dormindo?
Hinata deu uma risada incrédula e debochada, a raiva aumentando dentro de si. – Ah agora eu estou errado por querer ser um bom capitão que se esforça pra ser a porra do pilar do time? – levantou-se afastando a mão de Yachi de si e ficou de pé de frente para o levantador com a cabeça levemente levantada para o encarar no olhos.
— Ugh, não foi isso que eu quis dizer… – grunhiu ao fechar com força os olhos e esfregou as têmporas, automaticamente se arrependendo do que falou sem pensar.
— Então o que caralhos você quis dizer?!
— Não esperava presenciar uma briga de casal tão cedo… — Tsukishima sussurrou para Yamaguchi, esperando que apenas o garoto ao seu lado escutasse, mas não foi isso que aconteceu. Todos estavam tão calados observando a briga que mal respiravam, apenas as vozes dos capitães ecoavam, isso fez a fala do loiro de óculos soar mais alta do que o esperado. A assistente do time virou bruscamente a cabeça para ele com um olhar de censura e desespero.
— Cala a porra da boca, Tsukishima! – respondeu o capitão mais alto do que o necessário e sem quebrar o olhar um segundo sequer com o vice. O bloqueador arregalou os olhos em surpresa e ficou paralisado com a reação, assim como Takeda-sensei e o treinador Ukai, o qual estava com os braços cruzados e uma expressão de preocupação no rosto, ambos observando de longe a discussão sem intervir.
Shouyou segurou firme o pulso do garoto à sua frente e falou seco: – Vem comigo. – puxou o vice capitão para fora da quadra, abandonando toda a equipe no treino, e andou em direção a sala do clube, um local mais reservado e distante para conversarem a sós sem serem interrompidos. A porta foi aberta bruscamente, as luz foram acesas antes de Hinata trancar a porta com os dois dentro. Sua mão passou pelo nariz limpando o sangue que ainda escorria, que por sinal pingou em sua camisa branca de treino a manchando.
— Olha, Shouyou… E-Eu me expressei mal, por favor me desculpa. — o levantador estava com os ombros encolhidos e mal conseguia olhar para o ruivo.
— Porra! — sua voz soou como um grunhido raivoso e as mãos estavam fechadas em punhos ao lado do corpo. — Você não pode falar comigo desse jeito na frente de todo mundo, esqueceu que agora somos capitães? — esfregou o rosto irritado e olhou para os próprios tênis desgastados. — E… invalidar todo meu esforço dessa forma, machucou… — sua voz agora era baixa e revelava a mágoa que sentia.
– E-Eu, uhm, só estou preocupado…– engoliu em seco antes de continuar: – Você sabe que ainda tenho dificuldade de me expressar…– o moreno se aproximou lentamente do mais baixo e colocou de leve uma mão em seus ombros, atraindo o olhar do capitão para si. Tobio olhava com sinceridade para seu parceiro, um brilho de culpa refletindo nos olhos azuis escuros.
— Ser capitão do time traz um peso junto com o título, se dedicar mais, olhar para si mesmo e para todos ao mesmo tempo… — Shouyou soltou um suspiro e fechou os olhos por um momento. — Eu estou dando meu melhor, é a primeira vez que não tem nenhum senpai pra me auxiliar e fazer isso sozinho faz com que eu me sinta ainda mais perdido… E o que você disse fez parecer que todo meu esforço é algo simplesmente patético. — seus olhos se abriram, os fios ruivos longos que ultrapassam suas sobrancelhas disfarçavam as lágrimas acumuladas que se recusavam a cair, mas o levantador as percebeu.
O coração de Kageyama apertou forte no peito, ele não queria nunca mais ver Hinata assim novamente e, sobretudo, por sua causa. O gosto amargo da culpa prevalecia em sua boca, então, sem pensar muito, puxou o mais baixo para um abraço forte, os braços longos e malhados do levantador envolviam os ombros do garoto mais baixo. Shouyou arfou em surpresa, levou alguns segundos até que ele retribuísse o aperto segurando a cintura fina do outro. O rosto do mais alto ficou contra os fios ruivos, inalando o cheiro marcante do shampoo do garoto, ambos ficaram por um tempo nessa posição, sem se mexer e nem falar nada.
— Eu sinto muito, Shouyou… – sua voz era praticamente um sussurro, seu lábio inferior estava preso entre os dentes com tanta força que a qualquer momento sangraria. Tobio afastou Hinata apenas o suficiente para suas testas se juntarem, ambos se encarando com os olhos marejados, agora as mãos do levantador seguravam o rosto bonito em sua direção, os narizes roçando.
– Você é um capitão incrível, eu só não quero que você se machuque e se sobrecarregue… Sabe, você tem a mim, não sou o vice capitão atoa, pode contar comigo sempre que sentir que está pesado demais, não suporte isso sozinho. – disse antes de, de forma insegura, aproximar seus lábios até se encontrarem com os do outro, grudados suavemente. Era uma forma de demonstrar os sentimentos que nem mesmo o próprio Kageyama entendia. O beijo suave e carinhoso foi cessado quando Tobio sentiu algo molhado escorrendo em seu lábio superior e os olhos dele se abriram automaticamente percebendo que o nariz do capitão a sua frente ainda sangrava, sua mão passou sobre sua boca limpando o sangue rapidamente.
— Voce ainda está sangrando, idiota! — Tobio segurou o queixo de Shouyou levantando a cabeça dele para cima na tentativa de cessar a descida do sangue.
— Eu sei, eu só… não queria me afastar. — o capitão respondeu envergonhado, o que arrancou uma risada tímida do levantador.
No dia seguinte, todos evitaram comentar sobre a briga e o comportamento dos capitães, preferiram ignorar o que havia ocorrido para não causar mais problemas. Ukai-sensei observava os alunos se aquecerem na quadra antes de iniciarem o treinamento proposto, ele direcionou o olhar para Hinata e fez um gesto chamando o garoto para perto. O capitão prontamente foi ao seu sensei e perguntou: — Algum problema, treinador?
O mais velho deu uma risada nasal. — Eu que tenho que te perguntar isso, moleque! Você... já se resolveu com Kageyama? Vocês são os principais jogadores do time, se não estiverem bem e em harmonia o time vai ser afetado, prejudicando os jogos, sabe disso né? Principalmente agora que você é o capitão e ele o vice. — a voz dele era suave, mais preocupada do que irritada.
As bochechas de Shouyou queimaram, a vergonha da briga que teve com Tobio na frente de toda a equipe o consumiu por inteiro.
— Sim, a gente tá bem agora, não precisa se preocupar. Me desculpa treinador, isso não vai se repetir. — inclinou seu tronco para frente em um ato respeitoso. O treinador apenas suspirou e pensou "jovens são tão complicados."
— Como punição, vocês dois vão fazer tempo extra depois da aula, vão fazer um circuito pela quadra 10 vezes seguidas, depois disso você vai treinar salto de bloqueio e saque, enquanto Kageyama vai fazer levantamentos de precisão. É isso, pode voltar. — agora a expressão do treinador era dura, ele fez um gesto para dispensar Hinata, o qual apenas respondeu um “Sim!” alto para poder voltar ao treino em grupo.
As horas se passaram rapidamente, o sol começava a se pôr, formando um brilho levemente alaranjado no céu. Shouyou bocejou durante a aula de literatura, a última do dia, ele tentava lutar contra o sono, quase falhando diversas vezes, seu olhar se desviou do quadro para olhar para Tobio sentado na cadeira ao seu lado de frente para a janela. O moreno rabiscava seu caderno, o cenho franzido em concentração, vez ou outra girando o lápis entre as pontas dos dedos, sendo um hábito típico quando estava focado em algo, ele precisava mexer as mãos de alguma forma. O capitão apoiou parte do queixo e a lateral do rosto na palma da mão, seu olhar percorrendo pelo outro garoto, começando a reparar mais atentamente a detalhes que ele não havia percebido antes, como o cenho franzido que formava uma ruga fofa na testa do garoto, o quão longo são os cílios negros, a tímida pinta perto do olho esquerdo, mal sendo percebida se não olhasse com atenção, o nariz esbelto e, o principal, os lábios rosados. A língua do levantador passou por eles, umedecendo-os, o ruivo sentiu algo se revirando perto de sua virilha e o coração batendo mais forte, para desviar seu foco do garoto, ele balançou a cabeça e, em seguida, levou o lápis a boca para mordê-lo tentando voltar sua concentração para algo que a professora dizia. Kageyama notou a inquietação dele, lançando-o um olhar confuso que passou despercebido por Shouyou. A fala da professora foi interrompida pelo sinal sonoro ecoando pelas salas indicando o fim da aula, a sensei suspirou e disse que na próxima aula continuaria de onde parou, sendo ignorada pela maioria dos alunos que arrumava a mochila apressadamente para irem embora, diferentemente da dupla que teria que passar por um treino extra, enrolando ao máximo o inicio da tortura compartilhada.
Ukai-sensei esperava do lado de fora do ginásio, os braços cruzados e um cigarro na boca, mas foi rapidamente apagado quando notou a dupla se aproximando. — Estão preparados para a punição de vocês?
— Sim! — responderam em uníssono, sem ânimo algum. Isso fez o treinador soltar uma risada nasalada antes de entrar na quadra com os meninos atrás de si. Alguns minutos de aquecimento foram dados aos capitães para que iniciassem a série de exercícios, o mais velho dos três ficou sentado o tempo inteiro com uma revista em mãos, lançando olhares rápidos apenas para conferir a dupla, não era preciso pressioná-los para realizarem suas atividades, já eram maduros o suficiente para lidarem com as consequências dos próprios atos. Ukai checou seu relógio percebendo que já estava próximo do fim do expediente de seu amigo na sua loja de conveniência, precisando se apressar para fechá-la. Uma despedida rápida foi dada à dupla que agora praticava as atividades especializadas em suas posições, deixando-os mais uma vez sozinhos no ginásio durante a noite.
Quando ambos terminaram, o suor percorria os corpos e as respirações ofegantes eram o único som que preenchia o ambiente vazio. O treino foi intenso, sentiam uma dor corporal intensa e os músculos contraídos pela fadiga, mas gostavam da sensação, beirava ao masoquismo. Os braços do levantador pesavam ao lado do corpo, doloridos devido à inúmeras levantadas feitas nos mais diferentes ângulos e posições para Hinata, que sentia as pernas queimando e os pés latejando. Shouyou permanecia deitado dramaticamente no chão frio, enquanto Tobio se apoiava com as mãos nas coxas, o tronco inclinado para frente. O céu escuro indicava o anoitecer e a quantidade de tempo que se passou, o qual mal foi percebido pelos dois, eles estavam concentrados demais no próprio mundo para notar.
— Ei. — chamou o capitão.
— Hm?
— Quer dormir lá em casa hoje? A gente pode hm… não sei, ver algo juntos ou coisa do tipo. O que acha? — perguntou fingindo indiferença, mas fazia tanto tempo que o levantador não ia para sua casa que, mesmo negando para si mesmo, um sentimento de saudades o consumia.
— Tudo bem, vou só avisar a minha irmã. — o vice capitão se dirigiu a sua bolsa largada em um dos bancos para pegar o celular e enviar uma mensagem rápida para Miwa e guardá-lo novamente.
Shouyou sentou e espreguiçou seu corpo soltando um gemido arrastado, em um pulo ele ficou de pé para guardar as bolas espalhadas pelo ginásio, o que não demorou muito com a ajuda de Tobio e a quantidade reduzida de bolas usadas. As luzes foram apagadas e o portão da quadra trancado. O moreno guardou as chaves no bolso da jaqueta que vestia e logo segurou a mão do ruivo e entrelaçou seus dedos para andarem lado a lado até a casa deste. Já estava escuro e um vento gélido batia em suas peles, refrescando-as do calor sentido pela intensa atividade física. A caminhada levou alguns minutos até que chegassem à casa do ruivo.
— Mãe, cheguei! – anunciou o filho mais velho da família enquanto tirava os tênis e a jaqueta preta da Karasuno na entrada da casa para calçar suas pantufas, o moreno atrás de si acompanhou o ato. — Eu trouxe Tobio-kun para dormir aqui hoje.
A matriarca da família surgiu da cozinha com um sorriso radiante no rosto, o mesmo que o filho herdou. — Bem vindo de volta, fico muito contente em te ver Tobio-kun! Faz tanto tempo desde a última vez. — Saori depositou um beijo na testa do filho e abraçou o outro garoto que retribuiu de bom grado com um sorriso tímido no rosto. A mãe de Shouyou é uma mulher adorável, sua altura era a mesma do filho, mas seus cabelos eram um tom de castanho bem escuro e curtos na altura do queixo.
— NIIIIII-CHAN! – Natsu veio correndo de seu quarto ao escutar a chegada do irmão, a garota pulou em seus braços, mais pesada do que antes, mas o irmão a segurou com a maior facilidade do mundo, dando um abraço de urso na menor. Aos 12 anos de idade, seus cabelos agora batiam nos ombros formando cachos ruivos delicados, ainda era baixa comparada as garotas de sua idade e sua paixão pelo vôlei já havia surgido pouco tempo depois que seu irmão entrou na Karasuno e a garota assistiu um de seus jogos nos nacionais no primeiro nacional de Shouyou.
— Oi Tobio-kun! – cumprimentou a garota ao ser colocada novamente no chão pelo irmão.
— E ai, pirralha! — os dois, com um sorriso no rosto, deram um soquinho com as mãos fechadas.
— A comida está na geladeira, é só esquentar quando quiserem comer. Vou estar no quarto se precisarem de algo. Boa noite garotos! — Saori deixou o cômodo e entrou em seu quarto.
— Já que Tobio-kun vai dormir aqui a gente pode jogar vôlei no quintal? Por favoooor! — implorou com as mãos juntas, os olhos brilhando como um gatinho e um bico no rosto, expressão que sabia que seu irmão não resistia.
Shouyou soltou um suspiro longo: — A gente está muito cansado Natsu, podemos ir de manhã antes da aula, o que acha? — uma das mãos de Shouyou foram para o topo da cabeça da irmãzinha bagunçando seus fios.
Natsu bufou, mas concordou: — Tudo bem. Amanhã sem falta, viu? — a mais nova se sentou no sofá da sala para assistir algum desenho que gostava. Os dois garotos entraram no quarto de Hinata. Era pequeno, mas aconchegante, alguns posters de vôlei e animes decoravam as paredes, a cama de solteiro encostada em um dos cantos, uma escrivania de madeira próxima a janela possuía livros escolares espalhados pela superfície e, ao lado dela, uma pequena estante com seus mangás. As duas bolsas foram jogadas no chão perto da cama, e o ruivo abriu seu armário para pegar uma toalha para Tobio.
— Toma, pode ir tomar banho primeiro, já sabe onde é o banheiro, né? — a toalha branca foi jogada no rosto do levantador que a pegou rapidamente em reflexo. Um par de roupas também foram entregues a ele, Hinata pegou a maior blusa de seu guarda roupa para dar para ele. Tobio murmurou um “Já volto” e foi para o banheiro.
Cerca de 20 minutos se passaram, Kageyama tem o hábito de demorar no banho e, enquanto isso, Hinata ficou deitado na sua cama lendo One Piece, até que o moreno apareceu na sua porta. Imediatamente sua concentração se desviou para o garoto, observando por cima do mangá tentando ser discreto, o que falhou. O mais alto estava com os fios negros molhados, gotículas de água escorriam por sua testa e pescoço e Hinata acompanhou o caminho feito por cada uma delas, engolindo em seco. Tobio olhou para o ruivo que rapidamente colocou o mangá em frente ao rosto, fingindo estar lendo. Shouyou mais uma vez olhou para ele que terminava de enxugar os cabelos sentado na borda da cama.
— Gosta do que vê? — uma risadinha debochada saiu de Kageyama, o que fez o ruivo corar desviando o olhar novamente.
— Não sei do que você está falando… — AI! — o capitão olhou incrédulo para o vice que tinha acabado de lhe bater na perna com a toalha enrolada. O outro apenas lhe lançou um sorriso debochado, aproximou-se dele ficando com o corpo por cima do deitado e as mãos apoiadas ao lado do corpo menor para sustentar seu peso. As bochechas do ruivo esquentaram com a proximidade repentina e cobriu o tom avermelhado que elas adquiriram com o livro deixando apenas os olhos expostos.
— Quando me beijou você não estava tímido, hein? — a voz provocadora fez o mais baixo grunhir, Kageyama o fazia agir como um virgem desesperado, o que de fato ele é, quando tomava atitudes inesperadas. O nariz esbelto roçou no pescoço do garoto inalando o cheiro do outro como se dependesse disso para respirar, o que resultou em um arrepiou nos pelos ruivos da cabeça aos pés, até que o levantador soltou uma risada baixa: — Você está fedendo.
Um grunhido irritado e envergonhado saiu da garganta do capitão e as mãos menores foram firmes no peito do outro para empurrá-lo para fora de si, fazendo o levantador cair sentado entre as pernas do garoto sem parar de rir.
— Vou tomar banho! Tchau! — Hinata praticamente correu para o banheiro.
Quando ele voltou, agora limpo e cheiroso, para o quarto, Tobio já dormia na cama de solteiro abraçado com o travesseiro do ruivo e a boca aberta, roncando baixinho. A cena fez Shouyou se apaixonar mais pelo garoto. Ele empurrou de leve o dorminhoco para o lado para poder se aconchegar no pequeno espaço que lhe restava para dormir.
